O nefasto laberinto do Papa Francisco

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Nossa crítica neste artigo ao pontificado de Francisco, não quer dizer que deixaremos de apoiar suas reformas. Seguiremos ao seu lado custe o que custar, apesar da exclusão da proposta do sínodo para admissão de padres casados no documento final. Mas é imperiosa tecer critica a decisão do Papa. O Papa não é infalível em questões disciplinares. E desta vez, o Bispo de Roma se curvou para o lado sombrio da história.

Talvez, Bergoglio tenha alguma carta na manga. Mas, no fundo, isso é a pior das ilusões. O Papa, teve que se curvar perante as pressões da ala conservadora da Igreja Católica. Por isso, as frases de impacto de cunho teológico-hermenêutico presente na Exortação Apostólica “Querida Amazônia”, já não têm mais efeito de resposta a não ser para mascarar a realidade ad intra (para dentro) e ad extra (para fora) da igreja católica. O problema da Igreja não é a Amazônia em si, o problema da Igreja é de cunho disciplinar. Roma está num laberinto depressivo!

Num artigo publicado por José Manuel Vidal, em Religión Digital, lança uma crítica bem fundamentada, afirmando, que, Bergoglio não quer entrar na História como o Papa que aboliu o celibato obrigatório. O Papa não teve coragem em aprovar uma mínima exceção ao celibato. A velha voz medrosa do conservadorismo estéril foi mais forte, que a voz e expectativa do povo de Deus. O papa flertou novamente a favor do obscurantismo moralista. E assim, Francisco, não quis abrir uma pequena janela de libertação na lei do celibato obrigatório do clero. E, como é lógico, há decepção e tristeza em amplos setores da Igreja Católica mais comprometida e evangélica. Setores que estão cansados da hipocrisia hierárquica. Entre outras coisas, porque as expectativas eram altas, e, por consequência, maior a decepção. Perdeu-se uma oportunidade histórica, única.

O Papa, por medo ou por pressão da Cúria Romana optou mais uma vez pelo obscurantismo e pela clandestinidade do celibato e dos celibatários. Nem a voz profética de Francisco teve coragem de quebrar a obscura tradição do celibato. E assim o velho discurso moralista continuará latindo no discurso eclesial, principalmente no discurso de Padres e Bispos sem muita autoridade moral na questão do celibato. E assim, a passo de tartaruga, a igreja ficará mais vazia de fieis. Um retrocesso enorme para o Catolicismo do século XXI.

É importante lembrar, como já frisamos antes, que do sínodo saiu a petição no documento final para abrir espaço a ordenação de padres casados. Uma proposta que cumpria todos os requisitos e foi aprovada pela maioria dos dois terços dos bispos presentes na sala sinodal. E a proposta era assim: “propomos estabelecer critérios e disposições por parte da autoridade competente, no âmbito da Lumen Gentium 26, para ordenar padres a homens da comunidade adequados e reconhecidos, que ter um diaconado permanente frutífero e receber formação adequada para o presbiterado, poder ter uma família legitimamente constituída e estável, para sustentar a vida da comunidade cristã através da pregação da Palavra e da celebração dos sacramentos nas áreas mais remotas da região Amazônica. Nesse sentido, alguns defenderam uma abordagem universal ao problema”. Porém, o pedido foi engavetado nos porões obscuros do Vaticano. O Papa Francisco, utilizou-se do artificio da hermenêutica-teológico ou por medo ou simplesmente por comodismo.

O tempo revelará os segredos de tal decisão. Francisco,não quis dar o salto de mudança e se deixou domesticar pelos conservadores. Bergoglio não quer entrar na História como “o Papa que aboliuo celibato obrigatório. E a casa ainda está sem varrer! A sujeira continua amontoando-se embaixo do tapete obscuro da história eclesial. O catolicismo no ocidente tem um vício arraigado, um tanto estupido e cheio de artifícios hermenêuticos vazios, em que tece crítica, as estruturas injustas do mundo, mas não tem coragem de limpar sua própria casa, seu próprio quintal, e prefere ficar obscurecidos pelos escândalos sexuais de padres e bispos pedófílos; um grande número ministros ordenados alcoólatras; outros, ainda, padres com filhos não reconhecidos; e os casos de padres e bispos envolvidos em relações homo afetivos. Exemplos não faltam. Quase em todas as dioceses essas características se repetem. São esses escândalos que desprestigiam a vivencia fantasiosa é hipócrita do celibato.

Bergoglio não teve ousadia para aprovar alguma mínima exceção ao celibato, porque talvez considere que a instituição eclesial ainda não está preparada para isso. Sabe-se que uma das máximas de Francisco é “que o tempo é superior ao espaço”, ou seja, que prefere iniciar processos longos, lentos e custosos, a ocupar espaços de poder com decisões pessoais que, evidentemente, tem alcance da lei.

A Igreja Católica precisa com urgência voltar seu olhar a formação ad intra (para dentro da Igreja). Nem padres ou nem bispos responsáveis pela formação de novos ministros podem tolerar a presença de pedófilos; padres já ordenados com filhos não reconhecidos; e padres homo afetivos mascarando ser celibatário, e assim, causam grandes danos e escândalos ao povo de Deus. Os católicos, a grande maioria, estão cansados desses jogos obscuros e fantasiosos dos porões das sacristias e das intermináveis explicações de cunho hermenêutico-teológico. Esses escândalos sangram continuamente a credibilidade moral da estrutura eclesial. Também é evidente que o Papa, querendo fugir da autoreferencialidade tão insultada da Igreja, não quis colocar o debate sobre o celibato no centro de sua Exortação. Porque o centro tem que ocupar o coração do documento. E nesse núcleo está a luta contra o “pecado ecológico” que mata os pobrese aTerra e a conversão quádruplapastoralculturalsocialeecológica. Francisco utiliza o velho truque hermenêutico para mascarar a realidade!

O Papa que veio do “fim do mundo”, esqueceu de forma súbita que os escândalos causados por pedófilos e homo afetivos na igreja católica é muito mais grave e preocupante para a credibilidade das comunidades eclesiais na Amazônia ou em qualquer parte do mundo. O povo católico prefere e anseia em suas comunidades, dentro ou fora da Amazônia, os padres casados, constituindo família vivendo uma sexualidade sadia, que, causando escândalos com atitudes criminosas como a pedofilia ou escândalos sexuais como relacionamentos homo afetivos dentro da Igreja Católica ou pior ainda, padres que nem reconhecem seus filhos biológicos. Uma triste realidade que se alastra em nome de uma fantasia chamada “vida celibatária”. Roma preferiu lançar frases de cunho teológico-hermenêutica e esquecer o anseio dos seus fiéis.

O professor de Teologia Andrea Grillo do Pontifício Ateneu Santo Anselmo, em Roma descreve sinteticamente a realidade atual da Igreja Católica: “A Amazônianos faz sonhar. E também faz Roma sonhar. Mas Roma também sofre de insônia. E até mesmo o papa que “dorme bem” e que sabe reconfigurar o sonho eclesial de modo tão eficaz, às vezes, pode se encontrar sofrendo de insônia, quase como se permanecesse com os olhos “esbugalhados”. Francisco repousa no seu próprio laberinto!

* Daniel Andrés Baez Brizueña é formado em Teologia, Ciencia das religiões, Marketing, Letras e Filosofia.

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