O TRIPÉ

3237 views
9 mins leitura

As pessoas sempre reclamam sobre inflação, dólar e juros elevados, além dos problemas estruturais de nosso país.
Políticos em geral adoram pregar soluções simplistas, imediatistas e aparentemente óbvias para os mais variados problemas do país. Quase sempre, as soluções se resumem em destinar investimento público a alguma área como saúde, educação ou infraestrutura.

Mas será que a solução é simples assim?
Espero que esse conteúdo te instrua sobre a complexidade e responsabilidade da política econômica e de todos envolvidos.

Tripé Econômico: Câmbio, Inflação e Meta Fiscal.
Esse tripé sustenta toda a economia, bem-estar social e competitividade do nosso país e da maioria dos países desenvolvidos.
No Brasil, foi implementado em 1999 por Armínio Fraga, então presidente do Banco Central.
O Objetivo era combater a crise inflacionária e fiscal que assolavam o país desde muitos anos antes.
O objetivo foi atingido!

O Tripé
O tripé econômico é o equilíbrio entre as três pernas, Câmbio Flutuante, Meta de Inflação e Meta Fiscal.
Um impacta o outro e força as decisões do Banco Central e do Governo Federal.
O uso desse mecanismo garante a oferta e demanda de nossa moeda “Real” com base na confiança que as decisões da política monetária e do governo são tomadas sob a ótica de controle da inflação e na busca por Superávit Primário (Governo arrecadar mais do que gastar).

Pilar 1 -Câmbio Flutuante
Significa que o preço do Real é livre, relativo à moeda usada para comprá-lo, e a disposição do comprador em oferecer mais ou menos moeda estrangeira pelo Real.
Ou seja, se houver interesse em investir no Brasil, o estrangeiro precisa comprar Real para isso. Se há motivo e atratividade para investir no país, o estrangeiro terá mais disposição em pagar mais por cada Real.
O simples fato de o câmbio flutuante existir garante mais credibilidade a moeda, e junto a isso, impõe mais responsabilidade para governantes fomentarem um ambiente de negócios atrativo e uma gestão fiscal responsável.

Inflação
Inflação é o aumento dos preços em geral, e consequente perda do poder de compra, se eu preciso de mais dinheiro hoje do que a um mês para comprar a mesma coisa, o meu dinheiro está valendo menos.
Isso pode ocorrer por alguns motivos, um deles, é o governo injetar dinheiro novo, além do que arrecada com impostos, para gastar em políticas públicas, isso faz com que haja mais capital em circulação e mais demanda por bens e serviços. Se a demanda é muito grande, os vendedores sobem o preço.

Pilar 2 – Meta de Inflação
A meta de inflação diz que, se a inflação subir acima de certo nível, o banco central deve elevar juros para forçar ela para baixo. Juros elevados tornam o dinheiro mais “caro” existe menos empréstimo feito por empresas para investimento em fábricas, empreendimentos e negócios que geram empregos e ainda mais renda.
Além disso, juro elevado gera menos gasto e consumo de bens e serviços, pois as pessoas preferem manter o dinheiro rendendo em aplicações financeiras em vez de consumir, fazendo as vendas caírem e obrigando os vendedores a baixar os preços.
Juro elevado é um remédio amargo, mas necessário, no combate à inflação.

Pilar 3 – Meta Fiscal
Ela limita o governo a gastar menos do que arrecada evitando que a dívida pública cresça descontroladamente. Quando o governo gasta mais do que arrecada, ele faz isso emitindo dívida via tesouro nacional.
Se a dívida cresce a níveis perigosos e irresponsáveis, a percepção dos investidores globais é negativa e o valor do Real cai, ou seja, o Dólar se valoriza, pois, a demanda por Real cai, fruto do risco de investir no país aumentar.
O próprio governo não ter responsabilidade na gestão da máquina pública retira confiança de investidores.

O que precisamos?
Precisamos que o Real tenha valor justo, já que precisamos importar bens de outros países, para isso precisamos comprar moeda estrangeira usando Real.Além de precisarmos que empresas globais invistam no país gerando emprego, renda, bens e serviços.
Precisamos que a inflação siga sob controle, inflação elevada significa perda de poder de compra, diminuição da qualidade de vida e indiretamente perda de valor do real perante outras moedas.
Precisamos de responsabilidade fiscal do governo, sem isso a inflação se eleva, a confiança e atratividade do país caem e os investimentos também, acelerando ainda mais o problema.

E a solução?
Longe de ser simples, a solução é gerar equilíbrio entre os pés do tripé.
O governo deve gastar sua arrecadação de forma eficiente sem elevar a dívida, transmitindo confiança e responsabilidade na gestão, ajudando assim a fomentar um ambiente fértil e previsível para investimento direto no país. Como consequência o Real se mantém em bom nível de valorização perante outras moedas.
A inflação deve ser gerida de forma eficaz pela política monetária, mesmo que momentaneamente isso signifique menos crescimento.
A harmonia entre as pernas do tripé irá gerar crescimento sustentável na economia, aumento na arrecadação do governo e, consequentemente, gerando mais dinheiro disponível para investimento em políticas públicas na saúde, educação, infraestrutura e todas as demais áreas que temos carência.

Após essa leitura você deve se perguntar: Mas se essa é a solução, por que não fazemos isso?

Pois a solução impõe paciência, disciplina e remédios amargos. São fatores que governantes não tem a tendência de usar. A preferência por soluções temporárias como elevar dívida costuma ser a mais comum. Isso gera grandes crises de tempos em tempos.
Precisamos ter conhecimento e responsabilidade em quem elegemos, quem sabe assim, cresceremos juntos.
Espero que tenha aproveitado o conteúdo!

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
4traderinvest.com.br
41 9 9890 9119

Deixe um comentário

Your email address will not be published.

Publicação anterior

Aconteceu na semana passada 16 a 23/09

Próxima publicação

Resumo da semana 05 a 11-11