Caso de hantavirose é registrado em Cruz Machado

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Após o registro de dois casos positivos e dois casos suspeitos de Hantavirose no município de Cruz Machado, a secretaria municipal de saúde está com as atenções voltadas para esta doença que, em anos anteriores, já vitimou sete pessoas no município. Dos casos positivos, um foi na linha Encantilado e o outro na linha Rio da Areia. Os casos suspeitos estão localizados na linha Palmital e em outro ponto da linha Rio da Areia. O primeiro caso positivo do município em 2021 foi também o primeiro caso da doença registrado no Paraná neste ano, o que ligou o sinal de alerta.

Tendo em vista a prevenção e tratamento a possíveis casos da doença, na terça-feira, 17, foi realizada uma capacitação em União da Vitória, com a participação de representantes 4ª Regional de Saúde de Irati, divisão de zoonoses da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, (SESA-PR) e representantes de todos os municípios que compõe a 6ª Regional de Saúde de União da Vitória, com o tema “Hantavirose, inspeção do local provável de inspeção e aplicação do roteiro de investigação”. Cruz Machado esteve participando com Felipe Siepko, Felício Suski Júnior, Daniel Lipinski, Rose Ferch, Sandro José Krawczyk, Dr. Helton Choman e Dr. Lázaro Daniel Pacheco.

Já na quarta-feira, 18, ocorreu pela manhã a parte prática da capacitação, com  a realização de um trabalho a campo na linha Rio da Areia, com representantes de todos os municípios da 6ª Regional e técnicos da 4ª Regional de Saúde. A equipe da divisão de zoonoses da Sesa continuou durante a semana passada em Cruz Machado, realizando o monitoramento dos casos suspeitos. Na sexta-feira, 27, a equipe da 6ª Regional de Saúde estará novamente em Cruz Machado, desta vez realizando uma capacitação com os agentes comunitários de saúde.

Histórico da doença no Paraná

Em 1998, a hantavirose apareceu no Paraná no município de Bituruna, pertencente a 6ª Regional de Saúde de União da Vitória. No mês de setembro de 1998, dois pacientes, marido e mulher, adoeceram e faleceram ao mesmo tempo, com quadro de insuficiência respiratória aguda.

Tal fato chamou a atenção dos profissionais da 6ª Regional de Saúde, levando-os a pensar em hantavírus. Todavia, como ambos os pacientes já haviam falecido quando a notificação foi realizada, não foi possível a coleta de amostras e consequente confirmação laboratorial. Por isso, foram considerados “suspeitos” de hantavirose. A partir desses dois casos, todo paciente com quadro clínico similar passou por uma investigação mais profunda, tentando caracteriza-la. Eles foram os dois únicos casos suspeitos em 1998. No ano de 1999, em janeiro, no município de Honório Serpa, pertencente a 7ª Regional de Saúde de Pato Branco, ocorreu um caso suspeito de leptospirose, cuja sorologia resultou negativa. O paciente, após queda do leito no hospital onde esteve internado, fez fratura de crânio, vindo a falecer no dia 20/01/99. O Laboratório Central do Estado guardou parte do soro utilizado para o diagnóstico de leptospirose e, com a confirmação do primeiro caso de hantavírus em outubro/99, enviou o mencionado soro para diagnóstico de hantavírus, que resultou positivo para o vírus Sin Nombre, sendo este, portanto, o primeiro caso confirmado laboratorialmente no Estado do Paraná, mas não o caso índice, já que só ficou conhecido em novembro.

No mês de agosto de 1999, em Cruz Machado, uma trabalhadora na área rural, apresentou quadro de insuficiência respiratória aguda e evoluiu para óbito. Os profissionais que a atenderam no Hospital Regional de União da Vitória suspeitaram de hantavirose e coletaram amostra para exame laboratorial.

Em outubro de 1999, o Instituto Adolfo Lutz de São Paulo confirmou a positividade para hantavírus Sin Nombre. Este caso se constitui no “caso índice”, uma vez que foi o primeiro caso confirmado da doença. Logo após a confirmação do primeiro caso em Cruz Machado em outubro/99 profissionais do nível central do CSA se deslocaram até a residência da vítima para a análise epidemiológica do caso, quando se constatou a presença de inúmeros locais ou fatores de risco do meio ambiente, como presença de roedores, paióis com depósito de milho, feijão, ou outros alimentos, não sendo possível estabelecer o local ou a maneira de transmissão.

No ano de 2000, novos casos apareceram, a partir de agosto, todos envolvidos com corte de Pinus, no município de General Carneiro.

Em Santa Catarina

A doença ocorre em todas as regiões do estado, embora a frequência seja maior no Oeste, Meio Oeste e Vale do Itajaí. Os casos são registrados durante todo o ano e estão relacionados, principalmente, às atividades de produção em área rural, bem como pesca e acampamentos. Em 2020, (última informação sobre o assunto no site da Secretaria de saúde e da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), mostra a semana epidemiológica 28 (11/07) onde foram registrados 08 casos, entre estes, três evoluíram para óbito. Em decorrência da pandemia de Covid-19, em que os quadros clínicos, afetando o sistema respiratório, podem ser semelhantes, é importante que os profissionais de saúde estejam atentos a possibilidade de hantavirose, realizando a suspeição e o manejo clínico indicado. (Com informações com as agências de Notícias dos governos do Paraná e Santa Catarina)

O QUE É HANTAVIROSE?

É uma doença perigosa, que pode levar à morte. Ela é causada por um vírus presente na urina, fezes e saliva dos ratos que vivem no mato (rato do arroz, rato da taquara).

COMO SE PEGA A DOENÇA?

Pela respiração de poeiras contaminadas com o vírus, principalmente em locais fechados. O contágio também é possível pela mordida do rato do mato.

QUAIS SÃO OS SINTOMAS

No começo, parece uma gripe. A pessoa sente febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, tosse seca e falta de ar. Também podem ocorrer náuseas, vômitos e diarreias.

QUEM TEM MAIS CHANCES DE PEGAR HANTAVIROSE?

As pessoas que podem ter contato com os ratos do mato, como agricultores; pescadores; trabalhadores das áreas de reflorestamento; quem vive ou trabalha no campo; quem varre ou dorme em locais fechados há muito tempo, como galpões, paióis, armazéns, casas rurais, casas de campo, dentre outros. 

Como a hantavirose é transmitida?

A infecção humana por hantavirose ocorre mais frequentemente pela inalação de aerossóis, formados a partir da urina, fezes e saliva de roedores infectados. As outras formas de transmissão, para a espécie humana, são:

percutânea, por meio de escoriações cutâneas ou mordedura de roedores;

contato do vírus com mucosa (conjuntival, da boca ou do nariz), por meio de mãos contaminadas com excretas de roedores;

transmissão pessoa a pessoa, relatada, de forma esporádica, na Argentina e Chile, sempre associada ao hantavírus Andes.

O período de transmissibilidade do hantavírus no homem é desconhecido. Estudos sugerem que o período de maior viremia seria alguns dias que antecedem o aparecimento dos sinais/sintomas. Já o período de incubação do vírus, ou seja, o período que os primeiros sintomas começam a aparecer a partir da infecção, é, em média, de 1 a 5 semanas, com variação de 3 a 60 dias.

Fatores ambientais

Diversos fatores ambientais estão associados com o aumento no registro de casos de hantavirose, e estão ligados ao aumento da população de roedores silvestres como, o desmatamento desordenado, a expansão das cidades para áreas rurais e as áreas de grande plantio, favorecendo a interação entre homense roedores silvestres.

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