A religião do Nazismo Ontem e Hoje (I)

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Religião nenhuma deve tutelar a barbárie do Nazismo, menos ainda o Cristianismo. Nem o Catolicismo Romano e nem o Neopentecostalísmo Evangélico podem admitir que seus ministros (sejam padres, leigos, lideranças comunitárias ou pastores e suas lideranças) sejam propagadores ou patronos da barbárie. A religião do Nazismo é a barbárie. É insano pensar que em pleno século XXI os numerosos pseudos líderes religiosos cristãos flertem com a monstruosidade da violência como narrativa de salvação. É escandalosamente contraproducente para o cristianismo (Católico ou Evangélico) observar seus fiéis fazendo arminhas em templos religiosos. Sendo assim, caro leitor, fica evidente que a religião do Nazismo sempre será a barbárie e jamais o cristianismo pode tutelar isso. Para os simpatizantes da barbárie, resta lembrar que o cristianismo é uma religião de paz, amor, esperança e humanismo. A religião do nazismo é a violência e a barbárie.
Aliás, é bom fazer uma breve síntese histórica para os mais jovens e desinformados: Caro leitor, o nazismo foi uma ditadura política que ocorreu na Alemanha em 1933, quando Adolf Hitler tornou-se chanceler, tendo o poder político do país em suas mãos. Suas metodologias constituíam basicamente a violência e a opressão que através da Gestapo disciplinava seus opositores. Para propagarem o nazismo, colocou a frente da divulgação Joseph Goebbels, homem que exercia forte poder sobre as escolas e os meios de comunicação. Este, que se mostrava fanático e escárnio, conquistou grande parte da nação Alemã. Quando se perde o espirito humanista, abre-se espaço para a barbárie. No Brasil, a apologia ao nazismo é crime, a lei 7.716/89 prevê prisão de dois a cinco anos, além de multa, para quem “fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”. As autoridades devem reprimir qualquer indicio dessa natureza
Segundo Walter Charles Langer, Hitler tinha uma “intuição política milagrosa, desprovida de todo senso moral” Ele conseguia a lealdade do povo, a tal ponto que “parecia tirar-lhes o discernimento”, de uma tal maneira que, “mesmo diante de provas de que ele nem sempre é o que finge ser”, o povo continuava a acreditar nele. Ainda, segundo Langer, foi interessante observar que o líder nazista não sabia como trabalhar regularmente: “de fato, ele é incapaz de trabalhar. Ele nunca foi um ardoroso trabalhador” Ainda que se tratasse de um assunto importante trazido pelos seus assistentes, “ele se recusa a levá-los a sério, a menos que seja um projeto do seu interesse. É raro permanecer numa reunião de gabinete, porque elas o entendiam” Tampouco segundo Langer, Hitler “raciocinava de forma lógica e consistente”, pois “seus processos mentais funcionam ao contrário. Em vez de estudar o problema, como alguém cerebral faria, ele o evita e se ocupa com outras coisas, até que os processos inconscientes lhe forneçam uma solução. Seus processos de pensamento vão do emocional ao factual, em vez de começarem com os fatos, como alguém cerebral normalmente faz. Nesse aspecto, sua orientação é de um artista, e não a de um político”. O improviso e o amadorismo é uma receita tentadora do Nazismo.
Seguindo as observações de Langer, Hitler, conseguiu descobrir e aplicar com êxito diversos fatores da psicologia de grupo, a partir daquela “intuição politica milagrosa”, conseguiu arrebanhar uma legião de seguidores, por exemplo: “1) Conquistar o apoio da juventude; 2) Sentir, identificar e expressar, em linguagem apaixonada, as necessidades e os sentimentos mais profundos do alemão comum; 3) Capacidade de apelar às inclinações mais primitivas do homem para despertar os instintos mais baixos e, mesmo assim, mascará-los com nobreza, justificando todas as ações como meios para alcançar um objetivo ideal; 4) Aptidão de recorrer às tradições do povo, evocando as emoções inconscientes mais profundas do público; 5) Compreensão de que a ação política entusiasmada não ocorre se as emoções não estiverem profundamente envolvidas; 6) Um aguçado reconhecimento do valor dos slogans, das palavras da moda, das frases dramáticas e dos epigramas felizes em penetrar nos níveis mais profundos da psique; 7) Reconhecimento do importante papel desempenhado pelas pequenas coisas que afetam a vida diária do homem comum na construção e manutenção do moral do povo; 8) Reconhecimento pleno do fato de que a maioria esmagadora das pessoas quer ser liderada e está pronta e disposta a se submeter caso o líder consiga ganhar seu respeito e sua confiança; 9) Capacidade de convencer os outros a repudiarem suas consciências individuais e permitirem que ele assuma esse papel; 10) Uso pleno do terror e capacidade de mobilização dos medos do povo, os quais ele interpretou com precisão quase excepcional”. A barbárie tem a estranha possessão de verdade sobre os energúmenos.
Ainda, segundo Langer, quando Hitler “era confrontado por fatos contraditórios, ficava em apuros”, pois ele “quer as coisas do seu jeito e fica louco quando encontra oposição firme e embasada. Quando é feita uma pergunta inesperada, Hitler fica completamente confuso.”. Era comum “ele dar broncas, gritar e gaguejar e, em algumas ocasiões, espuma de saliva se acumula nos cantos de sua boca. Fúria e insultos tornaram-se as armas favoritas de seu arsenal” Ele não tinha “verdadeira intimidade com nenhum de seus colaboradores”. É consenso entre pesquisadores, historiadores e biógrafos, que, criado por pais católicos, batizado e usando de inúmeras referências a Deus e Jesus em seus discursos, o Führer estava longe de ser cristão.
A partir da “intuição politica e milagrosa” e com o poder nas mãos, Hitler e o Partido Nazista colocaram em curso uma outra estratégia eficiente que consiste em procurar enfraquecer a influência do cristianismo na sociedade. A partir de 1930, seu regime era cada vez mais dominado por militantes virulentamente contrários a igreja como Martin Bormann, Heinrich Himmler e Alfred Rosenberg, os dois últimos flertando com ocultismo e neopaganismo. Se, por um lado, o nazismo tinha uma face mística, por outro era radicalmente anticlerical e anticristão. Os católicos e evangélicos adeptos do nazismo estão apontando para si mesmo a arma da barbárie.

CONTINUA…

*Daniel Andrés Baez Brizueña é formado em Teologia, Ciencia das religiões, Marketing, Letras e Filosofia.

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