A nova onda de calor está fazendo o termômetro explodir no Sudeste, Sul e Nordeste, e a previsão é de que esse forno siga ligado até o fim de fevereiro. Em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, a sensação térmica deve passar dos 40ºC. Já em Mangaratiba, Angra dos Reis e Barra Mansa, no Rio de Janeiro, a saída foi reduzir pela metade o horário das aulas nesta semana para preservar o bem-estar dos alunos e funcionários diante das altas temperaturas.
Segundo o Censo Escolar de 2022, 70% das escolas do país não são climatizadas. A maioria das salas de aula não tem ar-condicionado ou outro equipamento para amenizar o calor, e muitas também não dispõem de espaços abertos e arejados para a circulação de ar. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o governo afirma que há recursos para comprar aparelhos de ar-condicionado, mas as redes elétricas de alguns municípios não suportariam a carga.
O impacto na educação é gigante. Um estudo de Harvard revelou que, acima dos 38ºC, o desempenho escolar pode cair até 50%. Isso ocorre porque, no calor extremo, o cérebro entra no modo “sobrevivência”, desviando a energia da concentração para aliviar o desconforto térmico. Crianças são ainda mais vulneráveis, com risco maior de desidratação, exaustão e insolação do que os adultos, segundo alerta da Sociedade de Pediatria do Rio de Janeiro.
E a crise climática só piora o cenário. Em 2023, um estudo do Banco Mundial mostrou que, em anos com mais de 37 dias acima dos 25ºC, a nota média dos estudantes do quinto e nono anos do ensino fundamental cai quase 2% na Prova Brasil, principal avaliação da educação básica do país.
A cada dia surgem mais sinais de que ignorar a crise ambiental tem consequências reais – até mesmo dentro da sala de aula. Tratar o colapso climático como um problema do futuro pode condenar toda uma geração a tentar aprender em meio ao sufoco, enquanto a educação brasileira literalmente derrete.

SUANDO PARA APRENDER
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