Panorama de Mercado

366 views
8 mins leitura

 

No Brasil

Bloqueio de Despesas Acima do Esperado, Mas Desafios Fiscais Persistem

O governo brasileiro anunciou um congelamento de despesas no valor de R$ 15 bilhões. Desse total, R$ 11,2 bilhões representam um bloqueio, ou seja, uma redução de despesas não obrigatórias para acomodar o crescimento das despesas obrigatórias e cumprir o limite de gastos. Os restantes R$ 3,8 bilhões são referentes a um contingenciamento, uma diminuição do total das despesas para atingir a meta de resultado primário.

A notícia do congelamento de despesas foi bem recebida pelo mercado, que viu nisso um esforço maior para o cumprimento das regras fiscais. O bloqueio é considerado significativo, alinhando-se às nossas estimativas de R$ 16 bilhões. Se houver necessidade de novos bloqueios, espera-se que sejam menores. No entanto, o contingenciamento ficou abaixo do necessário, que estimamos em aproximadamente R$ 26 bilhões. Algumas premissas otimistas no relatório do governo reduziram a necessidade de cortes maiores. Caso haja frustração de receitas, novos cortes podem ser realizados ou a meta de resultado primário pode ser revisada.

Prazo para Acordo sobre Desoneração da Folha Prorrogado

O Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, estendeu até 11 de setembro o prazo para que o Congresso e o governo federal cheguem a um acordo sobre a desoneração da folha de pagamento de 17 setores e municípios. O prazo inicial venceria nesta sexta-feira, mas o Ministério da Fazenda e os senadores ainda não chegaram a um consenso sobre as fontes de compensação para financiar o benefício.

Os senadores propuseram medidas alternativas que, segundo nossas estimativas, gerariam menos de R$ 10 bilhões em receita este ano. O governo insiste em um possível aumento da alíquota da CSLL para complementar a compensação, caso as medidas do Senado não sejam suficientes. Com a elevação proposta da CSLL, o impacto potencial chegaria a R$ 11,6 bilhões, ainda abaixo dos R$ 18 bilhões necessários para compensar a desoneração.

Real se Desvaloriza Contra o Dólar

Nesta semana, o Real desvalorizou cerca de 2% frente ao Dólar, encerrando próximo de R$ 5,60/US$. Essa depreciação ocorreu mesmo com o anúncio de contenção de gastos além do esperado pelo mercado, devido a fatores externos. Na quarta-feira, o Iene se valorizou fortemente contra o Dólar diante de especulações sobre intervenção do banco central do Japão. Isso levou a um rebalanceamento das carteiras, com forte venda de Real e outras moedas emergentes, como as do Chile e da Colômbia, que cederam cerca de 3% na semana. Sem essa interferência internacional, os ativos brasileiros provavelmente teriam respondido de maneira mais positiva às notícias fiscais domésticas.

Cenário Internacional

 

BCE Mantém Taxas de Juros

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter suas taxas de juros de referência na reunião de julho. A comunicação que acompanhou a decisão foi neutra, indicando que o banco central não está muito preocupado com a inflação, apesar das recentes surpresas altistas. O BCE continua monitorando os riscos de baixa para as perspectivas de crescimento econômico e a sustentabilidade fiscal, especialmente na França e Itália.

Economia dos EUA Mostra Sinais de Reequilíbrio

Apesar da volatilidade dos dados no primeiro semestre, a economia dos EUA parece estar respondendo à política monetária restritiva. As vendas no varejo estagnaram em junho, reforçando a perspectiva de desaceleração do crescimento econômico. Jerome Powell, Presidente do Fed, indicou progressos na convergência gradual da inflação à meta de 2%, com leituras benignas de inflação corrente no segundo trimestre. Falas de diretores do Fed ao longo desta semana corroboraram o discurso de Powell, com Christopher Waller mencionando a aproximação do ciclo de corte nos juros e John Williams afirmando que os dados de inflação estão se movendo consistentemente na direção correta.

Atividade na China Decepciona

Na China, o PIB cresceu 4,7% no segundo trimestre de 2024, abaixo da previsão de 5,1%. Este foi o crescimento anual mais fraco desde o primeiro trimestre de 2023, devido à recessão imobiliária, fraca demanda interna, desvalorização do Yuan e tensões comerciais com o Ocidente. Em relação aos indicadores de junho, as vendas no varejo cresceram apenas 2,0%, o menor acréscimo em quase 17 meses, enquanto a produção industrial aumentou 5,3%, o ritmo mais lento em três meses.

Bolsas de Valores

O Ibovespa interrompeu sua sequência de quatro ganhos semanais, caindo 1,0% em reais e 3,5% em dólares, fechando aos 127.616 pontos. No cenário global, a retórica mais branda do Federal Reserve, combinada com dados de inflação e emprego moderados, indicou uma economia sólida. A rotação de ações de tecnologia para papéis cíclicos continuou, com a Nasdaq caindo 4,0% e o S&P 500, 2,0%, na semana. Domesticamente, o foco esteve nos ruídos fiscais, com o mercado aguardando clareza sobre medidas para cumprir a meta de déficit fiscal.

Destaques da Semana

Positivo: Usiminas (USIM5)

A Usiminas teve alta de 5,8%, impulsionada por uma perspectiva positiva sobre a demanda por aço na América Latina e aumento da participação acionária da BlackRock.

Negativo: Pão de Açúcar (PCAR3)

O Pão de Açúcar caiu 13,4%, pressionado pela abertura na curva de juros.

FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-governo-indica-contencao-de-gastos/  https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-interrompe-sequencia-de-altas-semanais-em-meio-a-incertezas-fiscais/

 

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
4traderinvest.com.br
41 9 9890 9119

Deixe um comentário

Your email address will not be published.

Publicação anterior

As Principais Vertentes Econômicas: Ortodoxa e Heterodoxa

Próxima publicação

Dólar a R$5,60 está caro?