A pedido do governador Carlos Moisés, o Governo do Estado de Santa Catarina realizou um levantamento com entidades econômicas e turísticas sobre a possibilidade do retorno do horário de verão. A posição das instituições é praticamente unânime pelo retorno do mecanismo de adiantar uma hora nos relógios durante a temporada. Foram consultadas as lideranças empresariais do setor de hospedagem, de eventos, bares e restaurantes, do comércio e também do turismo.
Para o presidente da Agência de Desenvolvimento do Turismo de Santa Catarina (Santur), Renê Meneses, os benefícios para o setor são diversos com o retorno do programa. “Além de diminuir os custos, o horário de verão traz para o turismo um aumento no fluxo de pessoas em um horário que propicia viagens, aquisição de produtos e também diversas outras formas de atividades turísticas, como bares, restaurantes e hotéis. Em nossa consulta com o trade, vimos que todos são favoráveis”, disse.
“Santa Catarina é favorável à mudança para horário de verão, pois iria minimizar a crise energética causada pela escassez hídrica”, completou o secretário de Estado da Fazenda (SEF), Paulo Eli.
Entidades a favor do horário verão
A iniciativa é defendida pelas principais entidades dos setores produtivos, como a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina (Fecomércio), a Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc), a Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV-SC), Associação de Brasileira de Bares e Restaurantes de SC (Abrasel-SC), Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc-SC), Associação Brasileira de Indústria de Hotéis (ABIH-SC), Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Santa Catarina (Fhoresc) e também o Fórum de Turismo de Santa Catarina (Fortur).
“A nossa Federação apoia o horário de verão como fator de benefício para o turismo, em especial porque o turista aproveita mais nossas praias e propicia a frequência de bares e restaurantes por mais tempo. Dessa forma, a economia do consumo de energia se junta com mais horas de aproveitamento do ócio que o visitante busca na alta temporada”, fala o presidente da Fhoresc, Estanislau Bresolin.
O vice-presidente da Fecomércio, Emílio Rossmark Schramm, aponta ainda o avanço no calendário de vacinação para reforçar a posição das entidades. “A volta do horário de verão pode ser uma medida estratégica para impulsionar a retomada do comércio, serviços e turismo no fim do ano. Com o avanço da imunização e a diminuição das medidas de isolamento, as pessoas se sentem mais seguras e podem usar o horário extra para diversas atividades, principalmente as relacionadas ao turismo, além de circular por mais tempo no comércio e consumir mais serviços”, explica. Ele complementa, ainda, que o Turismo foi um dos mais afetados pela pandemia, com perdas de 10,1% nos últimos 12 meses no Estado.
“Fizemos uma pesquisa com os nossos associados e, apesar de não sermos técnicos no assunto, entendemos também como uma questão ambiental. Se agravar a crise hídrica, iremos ter mais prejuízos no setor. Então, com o horário de verão, diferentes áreas de eventos serão beneficiadas”, destaca a presidente da Abeoc-SC, Jane Balbinotti.
A presidente da ABAV-SC, Maria Conceição Junckes, compreende que o turista também tem ganhos com a mudança de rotina. “O horário de verão tem muito a contribuir principalmente para a retomada do setor, pois, com o dia mais longo, o turista aproveita mais a infraestrutura turística oferecida”, disse. Já o presidente da Abrasel, Raphael Dabdab destaca que essa é uma forma de evitar também o racionamento. “Também não queremos que a energia elétrica aumente o valor. Na grande maioria dos destinos turísticos, o horário de verão favorece no ganho da receita das atividades. É bom para todo o nosso setor, ainda mais em um ano tão importante de retomada”, ressalta.
O agravamento da crise energética, crescente em todo o país nos últimos meses, faz com que o retorno do programa seja discutido. O horário de verão adia em uma hora o fim do dia e, além disso, tem relevância na diminuição do consumo de energia elétrica. Vale destacar que o Governo de Santa Catarina deve, a partir do apoio dos setores econômicos e de turismo, manifestar-se favorável. Entretanto, a decisão cabe ao Governo Federal.
O horário de verão foi extinto em 2019 e, de acordo com especialistas ouvidos por diferentes setores do grupo econômico do estado, garante um melhor uso da iluminação natural.
“Sob o ponto de vista técnico, estudos mostram que muito pouco se tem de ganhos com o horário de verão adiantando uma hora nos relógios, já no ponto de vista econômico tem se mostrado com resultados positivos e vários segmentos são beneficiados com mais uma hora de luz natural, por exemplo setores de bares, lazer e mesmo o comércio. Diante de uma possível crise energética, o horário de verão pode vir a contribuir e reduzir o custo energético para grande parte da sociedade”, esclarece o presidente da Facisc, Sérgio Alves.
2019, fim do horário de verão
O Brasil não adotou mais o horário de verão a partir de 2019. O presidente Jair Bolsonaro assinou decreto que extingue a medida, em cerimônia no Palácio do Planalto. A decisão na época foi baseada em recomendação do Ministério de Minas e Energia, que apontou pouca efetividade na economia energética, e estudos da área da saúde, sobre o quanto o horário de verão afeta o relógio biológico das pessoas.
“As conclusões foram coincidentes. O horário de pico hoje é às 15 horas e [o horário de verão] não economizava mais energia. Na saúde, mesmo sendo só uma hora, mexia com o relógio biológico das pessoas”, disse.
De acordo com a secretaria de Energia Elétrica do MME, a economia de energia com o horário de verão diminuiu nos últimos anos e, neste ano, estaria perto da neutralidade.
A entidade afirmou que o horário de verão foi criado com o objetivo de aliviar o pico de consumo, que era em torno das 18 horas, e trazer economia de energia na medida em que a iluminação solar era aproveitada por mais tempo.
O horário de verão foi criado em 1931 e aplicado no país em anos irregulares até 1968, quando foi revogado. A partir de 1985, foi novamente instituído e vinha sendo aplicado todos os anos, sem interrupção. Normalmente, o horário de verão começava entre os meses de outubro e novembro e ia até fevereiro do ano subsequente, quando os relógios deveriam ser adiantados em uma hora em parte do território nacional.
“Ele [ministro] trouxe um parecer 100% favorável ao fim do horário de verão. No parecer dele, [o horário de verão] não causa economia [de energia] para nós e mexe no teu relógio biológico, então atrapalha a economia, em parte. E só temos o que ganhar, no meu entender, mantendo o horário como está”, disse Bolsonaro.
O horário de verão foi criado em 1931 com o intuito de economizar energia, a partir do aproveitamento de luz solar no período mais quente do ano, e tem sido aplicado no país, sem interrupção, ao longo dos últimos 35 anos.
O horário de verão ocorria entre outubro e fevereiro, quando os relógios deveriam ser adiantados em uma hora, e vigora nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal.
O Jornal O Iguassú perguntou aos seus leitores sobre o retorno do horário de verão e a maioria das pessoas que deram suas opiniões aprovam a volta do horário.
Para Giulia Bogdan que é a favor, “voltar do trabalho em plena luz solar é mais segurança, sem falar nas horas do dia que podem ser aproveitadas tanto em economia de energia, quanto em atividades de lazer. Melhoria da qualidade de vida, até o sono fica mais em ordem, a produtividade também, a tarde fica mais longa e proveitosa”, disse.
Leonardo Jorge Iwanko concorda com o horário de verão, “Embora dizem que a economia seja relativa, poder sair do trabalho e ter luz solar pra dar uma passeada, uma curtida nos filhos, já vale a pena”, afirmou.
Já Evanira Maria de Souza Weingartner é contra, “Não aceito o horário de verão! Absurdo! Acho muito ruim acordar no escuro e jantar a luz do Sol”, diz.