Sessão no Senado destaca importância de Brasília no desenvolvimento do país

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O Senado realizou nesta segunda-feira (22) uma sessão especial em homenagem aos 59 anos de fundação de Brasília, celebrada em 21 de abril.

A maioria dos oradores presentes valorizou o fato de que a busca da interiorização do desenvolvimento sempre permeou o inconsciente coletivo brasileiro. Isso fez com que as constituições, a partir da proclamação da República em 1889, passassem a prever a construção de uma nova capital no interior, pois as capitais sempre se localizaram em regiões litorâneas (Salvador e, na época, Rio de Janeiro). Mas a intenção só saiu do papel a partir da presidência de Juscelino Kubitschek (1956-1961), quando a construção de Brasília foi a meta-síntese de seu plano de desenvolvimento “50 anos em 5”.

A senadora Leila Barros (PSB-DF) falou que foram três anos e dez meses de um “trabalho extenuante, um prodígio nas realizações deste país”. Ela destacou que brasileiros de todos os sotaques uniram-se em torno do primeiro projeto nacional de nossa história, chegandoa uma “região antes isolada buscando por trabalho, movidos por sonhos e coragem”.

— As estradas que se abriram interligaram um país que até então ainda não se conhecia realmente. Brasília não foi uma unanimidade, na época muitos duvidaram que seria finalizada, e muitos também fizeram oposição. Principalmente no Rio de Janeiro houve vigorosa resistência na mídia, de parlamentares e de boa parte da população. Garantiam que a construção de Brasília quebraria o país, mas o que ocorreu foi o contrário. Diversos setores da economia foram beneficiados pela demanda constante de uma infinidade de materiais de construção, como aço, vidros, tijolos e acabamentos — afirmou a senadora, ressaltando a interiorização do progresso como um grande objetivo que foi alcançado.

Um ponto de vista semelhante foi apresentado pelo requerente da sessão, senador Isalci Lucas (PSDB-DF). Ele lembrou de que veio para Brasília ainda criança, filho de uma família de migrantes pobres de Araújos (MG).

— Meu pai veio pouco depois da inauguração, um dos muitos candangos que vieram de todos os cantos deste país, especialmente do Nordeste e de Minas Gerais. Naquela época, os cariocas ainda estavam inconformados com a mudança da capital. JK e os candangos tiveram força e disposição de transformar Brasília na abertura para todos os caminhos do interior do país. Com Brasília as estradas viriam, o desenvolvimento chegaria e o escondido e rico interior apareceria — disse.

O deputado Israel Batista (PV-DF) também observou que o período da presidência de JK e da construção de Brasília foi marcado pelo desenvolvimentismo e pela valorização da auto-estima nacional ainda em outras áreas, à despeito de questionamentos que reconhece como “fundamentados”.

— Foi o momento em que o brasileiro passou a ter mais auto-estima. Com todas as críticas que já conhecemos, algumas delas bem fundamentadas, a economia se expandia. O PIB cresceu naquele período à uma média de 7% ao ano. O país foi tomado por uma injeção de ânimo, e nossa cultura também era mais reconhecida internacionalmente. O impacto da criação de Brasília para a economia do Centro-Oeste foi enorme, a construção desta cidade foi o passo mais consistente da política nacional de “Marcha para o Oeste”, levado antes por outros pioneiros como os bandeirantes e o marechal Rondon — afirmou o deputado.

Desemprego e desigualdade

Porém os problemas atuais da cidade e do Distrito Federal como um todo, não foram esquecidos. Israel Batista apontou que dados oficiais indicam que Brasília é a segunda capital mais desigual do país no que tange ao acesso à renda, ficando atrás apenas de Manaus. O vice-presidente da Câmara Legislativa do DF, deputado Rodrigo Delmasso (PRB), também chamou a atenção para o índice de desemprego da região, hoje de 18,7%, o mais alto do Brasil. Além destas questões, os senadores Leila Barros e Izalci também querem esforços conjuntos de todos os poderes nas áreas de segurança pública, saúde, assistência social e educação.

Sociedade civil

Representantes da sociedade civil também participaram da homenagem, como a presidente do Memorial JK e neta do ex-presidente, Anna Christina Kubitschek, e a educadora Nyedja Gennari.

Anna Christina considera importante o país não se esquecer da perseguição política que JK sofreu a partir da instalação do regime militar, em 1964. O mandato que então exercia como senador foi cassado poucos dias após o golpe, e ele chegou a ser proibido de visitar Brasília até sua morte, em 1976. E Gennari, muito reconhecida em Brasília como contadora profissional de histórias no sistema educacional e no meio artístico do DF, realizou uma performance sobre poema de Alessandra Roscoe em alusão à história da cidade.


Source: Senado

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