O fim do ano se aproxima e a expectativa para o Natal aumenta. A data deve movimentar as ruas de todo o país, levando mais de 118 milhões de consumidores às compras. É o que aponta pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). De acordo com o levantamento, o Natal deste ano deve injetar R$ 66,6 bilhões na economia.
Percebe-se uma estabilidade na intenção de compras quando comparado ao ano passado, 73% pretendem dar presente(s) para outras pessoas no Natal deste ano (em 2021, eram 77%).
Entre os que não vão presentear, 30% afirmam não gostar ou não ter o costume, 28% não têm dinheiro, e 16% estão desempregados. O presidente da CNDL, José César da Costa, destaca a importância da data para o comércio.
“O Natal é o período mais aguardado do ano pelos consumidores e comerciantes, é a principal data comemorativa do calendário. O brasileiro tem a tradição de presentear os familiares e amigos e esse ano não será diferente. O período promete movimentar as ruas de todo o país e o comércio conta com as vendas para fechar as contas do ano. Os últimos tempos foram de muitos desafios para o setor de Comércio e Serviços, por isso é o momento de se preparar para aproveitar a oportunidade da melhor data comemorativa do Varejo”, destaca Costa.
Filhos serão os mais presenteados. Roupas, calçados, perfumes/cosméticos e brinquedos lideram o ranking dos presentes
De acordo com a pesquisa, os mais lembrados na hora de presentear serão os filhos (62%), o cônjuge (45%) e a mãe (41%). Além disso, 59% dos consumidores pretendem comprar presentes para si mesmo no Natal, uma queda de 10 pontos percentuais em relação ao ano passado. Em média, os consumidores pretendem comprar 4,2 presentes para algum familiar ou amigo no Natal e o ticket médio de cada presente será de R$ 132. Vale destacar ainda que 40% daqueles que vão comprar presentes desejam gastar até R$ 100,00 por presente.
Entre os itens mais comprados, 57% afirmam que pretendem comprar roupas, 38% calçados, 36% perfumes/cosméticos, 34% brinquedos e 21% acessórios.
De acordo com os consumidores que presentearam no Natal de 2021, 44% pretendem comprar este ano a mesma quantidade de presentes adquiridos no ano passado, enquanto 29% pretendem comprar mais presentes e 16% menos, uma queda de 6 pontos percentuais em relação ao ano passado.
Entre os pesquisados, 41% pretendem gastar mais nas compras de presentes este ano, um aumento de 10 pontos percentuais em comparação a 2021 e principalmente as classes A/B). Enquanto 29% têm intenção de gastar a mesma quantia e 21% pretendem gastar menos – queda de 13 pontos percentuais frente a 2021, e com destaque nas classes C/D/E e consumidores até 54 anos.
Entre aqueles que devem gastar mais em 2022, 40% afirmam que os preços estão mais caros, 21% que darão mais presentes e 20% afirmam que darão um presente melhor.
Principais compras serão feitas nos canais off-line, principalmente nas lojas de departamento e shopping center
De acordo com a pesquisa, 82% dos consumidores pretendem realizar compras nos canais off-line, principalmente nas lojas de departamento (42%) e em shopping center (40%). E 50% pretendem fazer alguma compra pela internet, representando 81,2 milhões de consumidores.
Entre aqueles que farão compras online, 36% devem comprar quase todos os presentes na internet, 31% metade dos presentes, e 21% todos os presentes dessa forma, em média, 7 a cada 10 presentes serão comprados por este canal. 77% devem utilizar os aplicativos, 76% os sites e 18% o Instagram para adquirir os produtos.
O levantamento aponta ainda que 85% dos consumidores pretendem fazer pesquisa de preços antes de comprar os presentes, sendo que 86% vão utilizar a internet, sobretudo os sites e aplicativos. Os principais sites e aplicativos utilizados na pesquisa serão os de lojas varejistas (77%) e os buscadores (67%).
Já 67% farão pesquisas de forma offline, principalmente nas lojas de shopping e de rua.
Na percepção da maioria dos consumidores (70%), os preços dos presentes deste ano estão mais caros que do ano passado e 23% que estão na mesma faixa de preço.
Os consumidores também estão atentos aos preços. Quando se trata da escolha do estabelecimento onde pretendem comprar os presentes, 53% são influenciados pelo preço. Já 39% escolhem o local por conta de ofertas e promoções; 23%, pela variedade de produtos; e 29%, pelo valor do frete, um aumento de 7 pontos percentuais em comparação com o ano passado. Cartão de crédito parcelado e PIX serão principais formas de pagamento. Número médio de parcelas será de 4,7
As principais formas de pagamento dos consumidores nas compras de Natal serão: cartão de crédito parcelado (45%), PIX (42%), cartão de débito (36%) e dinheiro (35%). Entre os que pretendem pagar parcelado, o número médio será de 4,7 parcelas, o que significa que o consumidor pagará a última prestação em abril de 2023.
De acordo com os consumidores, 47% pretendem parcelar as compras para ter condições de comprar todos os presentes, 43% para poder comprar presentes melhores e 39% afirmam que mesmo tendo condições de pagar à vista, preferem pagar desta forma para garantir sobra de dinheiro no orçamento.
“O pagamento por PIX teve um importante crescimento em relação ao ano passado. São 12 pontos percentuais de aumento. Essa é uma tendência que o lojista precisa ficar atento. Mesmo comprando nas lojas físicas, o consumidor deve utilizar o online para pagar as compras. As lojas precisam se adaptar para não perder vendas”, alerta Costa.
CNC projeta maior oferta de vagas temporárias desde o Natal de 2013
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) prevê a contratação de 109,4 mil trabalhadores temporários no país para dar conta do aumento previsto para as vendas no varejo relativas ao Natal, estimado em 2,1%. Essa deve ser a maior oferta de trabalho temporário em 9 anos, quando, em 2013, foram abertos 115,5 mil postos.
A estimativa da CNC, divulgada é que a taxa de efetivação seja de 11%, o que representa 3 pontos percentuais a menos do que em 2021.
Regionalmente, São Paulo (30,3 mil), Minas Gerais (12,2 mil), Paraná (8,9 mil) e Rio de Janeiro (8 mil) concentrarão 54% da oferta de vagas para o Natal deste ano. As previsões da CNC são baseadas em aspectos sazonais das admissões e desligamentos no comércio varejista, registrados mensalmente pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
“A conversão de vagas temporárias em efetivas em 2022 não deve ser tão expressiva quanto depois do Natal de 2021, quando chegou a 15%, porque, no ano passado, o varejo ainda estava repondo os postos que haviam sido fechados nas duas primeiras ondas de covid-19”, disse o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Segundo a CNC, 97 mil trabalhadores temporários foram contratados em 2021, 46% a mais do que o registrado em 2020, o primeiro ano da pandemia da covid-19. Dois meses antes dos Natais de 2020 e 2021, a circulação de consumidores no varejo ainda estava, respectivamente, 22,1% e 4,8% abaixo do nível pré-pandemia. Atualmente, o fluxo de consumidores nas lojas já é 3,1% acima do período imediatamente anterior ao início da crise sanitária.
Os maiores volumes de contrato devem se concentrar no ramo de hiper e supermercados, no qual a previsão é de abertura de 45,5 mil vagas temporárias, e no setor de vestuário, com 25,8 mil. “Se, por um lado, os hiper e supermercados, que são os segmentos que mais empregam no varejo, tem destaque no número absoluto de vagas, as lojas de roupas, acessórios e calçados são, historicamente, as mais beneficiadas pelas vendas natalinas”, disse o economista da CNC responsável pela pesquisa, Fabio Bentes.
Enquanto o faturamento do varejo cresce, em média, 34% no período de fim de ano, o setor de vestuário costuma registrar alta de até 90%.
O salário médio de admissão deverá alcançar R$ 1,6 mil, avançando, portanto, 2,5% em termos nominais, na comparação com o mesmo período do ano passado, quando a remuneração média ficou em R$ 1,5 mil. Os valores mais altos, de R$ 2,3 mil, devem ser pagos pelas lojas especializadas na venda de produtos de informática e comunicação, seguidas pelo ramo de artigos farmacêuticos, perfumarias e cosméticos, que deve pagar em torno de R$ 1,8 mil. Entretanto, esses segmentos respondem por apenas 2,3% das vagas totais a serem criadas.
A previsão da CNC é que haja aumento de 2,1% nas vendas de fim de ano no varejo como um todo. O ramo de hiper e supermercados tende a registrar alta de 4,8% nas vendas, já descontada a inflação, mas as vendas nas lojas de utilidades domésticas e eletroeletrônicos devem cair 3,4% em relação ao ano passado.
“Essa perspectiva decorre do somatório entre a desaceleração da inflação e o encarecimento do crédito, já que a taxa de juros de operações envolvendo pessoas físicas atingiu o maior patamar desde abril de 2018, o que favorece as compras em segmentos que dependem menos de empréstimos e financiamentos”, explicou Fabio Bentes.