Vendas no Natal devem movimentar R$ 60 bilhões na economia, estimam CNDL/SPC Brasil

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Mesmo com o orçamento apertado, a maior parte dos brasileiros não vai abrir mão de garantir os presentes de Natal, a data mais importante para o varejo tanto em volume de vendas quanto em faturamento. A conclusão é de uma pesquisa feita em todas as capitais pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). De acordo com o levantamento, 77% dos consumidores devem presentear alguém no Natal deste ano, percentual próximo aos 79% que fizeram compras na data do ano passado. Isso significa que, acompanhando os passos da retomada gradual da economia no pós-crise, aproximadamente 119,8 milhões de brasileiros devem ir às compras este ano.

Considerando somente a aquisição de presentes natalinos, a injeção de dinheiro na economia deverá ser da ordem R$ 60 bilhões no comércio e no setor de serviços, a cifra é próxima à soma do movimento estimado em datas como Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia dos Namorados e Dia das Crianças deste ano, o que ajuda a ter uma ideia da magnitude da importância do Natal para a economia do país.

De acordo com a pesquisa, 17% dos consumidores ainda não decidiram se vão adquirir presentes e apenas 7% declararam abertamente não terem a intenção de presentear terceiros. Entre aqueles que não pretendem presentear no Natal, a principal justificativa é a falta de dinheiro (39%). Há ainda 15% de entrevistados que não têm o costume e outros 15% que estão desempregados.

Na avaliação do presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, a pesquisa demonstra que a força simbólica e cultural do Natal se sobrepõe às adversidades que os brasileiros ainda lidam com as finanças pessoais. “O Natal é o período mais aguardado do ano para consumidores e comerciantes e dá indícios de que a disposição dos brasileiros para consumir está retornando, ainda que aos poucos. Mesmo que a recente liberação dos recursos do FGTS vá, principalmente, para o pagamento de dívidas, o comércio pode se beneficiar da medida para novas vendas, pois esses consumidores estarão recuperando seu crédito na praça. De modo geral, os dados comprovam que o hábito de presentear nesta data é cultural entre os brasileiros e sobrevive mesmo quando há dificuldades econômicas”, explica a Pellizzaro Junior.

37% dos consumidores acreditam que vão gastar mais com presentes deste ano. Ticket médio é de R$ 125

Em média, os consumidores ouvidos pelo levantamento devem adquirir quatro presentes. Já o ticket médio, ou seja, o valor a ser gasto pelo consumidor com cada item comprado, será de R$ 124,99, cifra que sobe para R$ 143,26 entre os consumidores das classes A e B e cai para R$ 119,11, entre os de mais baixa renda. Há, contudo, uma parcela considerável de 23% de consumidores que ainda não se decidiu quanto ao valor a ser desembolsado.

De modo geral, a maior parte (37%) dos consumidores acredita que vai gastar mais no Natal deste ano na comparação com 2018. A principal justificativa é o fato de terem economizado ao longo do ano e, agora, se sentem com mais liberdade para gastar (29%). Já 27% mencionam o aumento dos preços, fato que acaba pressionando os gastos para cima e 26% que desejam comprar presentes melhores.

Os que vão diminuir os gastos na comparação com o Natal passado somam 22% dos entrevistados, motivados pela necessidade de economizar (38%), por estarem com o orçamento apertado (31%) ou por terem outras prioridades de compra (15%).

72% dos compradores vão pagar presentes à vista. Para quem vai parcelar, média será de cinco prestações

Neste ano, o pagamento à vista será o meio mais utilizado pela maioria dos entrevistados ouvidos (72%), seja em dinheiro (56%) ou no cartão de débito (34%). Os que vão se utilizar de alguma modalidade de crédito somam 56% dos compradores, sendo que o cartão de crédito parcelado lidera, com 36% de menções, seguido do cartão de crédito em parcela única (20%) e do cartão de loja (8%).

Para quem vai dividir o valor da compra em parcelas, a média é de cinco prestações. Isso significa que quem comprar os presentes neste mês de novembro ou dezembro, estará com a renda comprometida com prestações pelo menos até os meses de abril e maio de 2020, respectivamente. Segundo opinião dos próprios entrevistados que irão dividir o pagamento das compras, o parcelamento é a estratégia que 44% dos consumidores usam para conseguir comprar todos os presentes que precisam. Já 33% parcelam para comprar presentes de melhor qualidade. O mesmo percentual de 33% alega que parcela por hábito, mesmo tendo condições financeiras de adquirir os presentes à vista, pois assim garantem sobras no orçamento.

“Dividir as compras em grande quantidade de parcelas sem avaliar o peso no orçamento pode atrapalhar o planejamento para o começo de um novo ano livre das dívidas. Sempre que possível, o ideal é pagar à vista, evitando o endividamento e procurando descontos. Mas, caso seja preciso parcelar, é recomendável restringir o número prestações para diminuir o impacto dessas compras no longo prazo”, orienta o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli.

86% vão pesquisar preço e internet será principal ferramenta de comparação

Mesmo com a inflação controlada e abaixo da meta oficial, a maioria dos consumidores tem a impressão de que os preços estão maiores em relação ao ano passado. De acordo com a pesquisa, mais da metade (53%) acredita que os valores praticados pelos varejistas subiram neste Natal. Para 33% os valores estão na mesma faixa, enquanto somente 5% acreditam em valores mais baixos.

Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a percepção dos brasileiros sobre preços elevado está relacionada à dificuldade para lidar com o orçamento e manter as contas em dia. “A inflação tem se mantido em patamares baixos, mas o aperto financeiro e o desemprego elevado produzem uma avaliação mais negativa. Muitas vezes se desdobrando para honrar seus compromissos, o consumidor sente eu seu dinheiro não é o suficiente para quitar as contas e fica com a impressão de que os produtos e serviços estão custando mais caro, quando na verdade, o problema é a falta de renda”, explica.

Quando falta dinheiro, uma boa estratégia para o orçamento render e garantir todos os presentes é fazer uma pesquisa de preço. O levantamento mostra que esse é um hábito comum para a maioria: 86% dos que vão gastar no Natal pretendem pesquisar preços antes de concluir a compra contra apenas 6% que não veem importância nisso. Na busca por comparar as ofertas, a internet se mostra como a principal aliada, já que 80% vão usar sites e aplicativos para essa tarefa. Há ainda 70% que vão gastar sola de sapato para encontrar boas ofertas, seja caminhando por lojas de rua (45%) ou em estabelecimentos dentro de shopping centers (45%).

Lojas de departamento e internet superam shopping Center e comércio de rua. Roupas permanecem na primeira posição do ranking

Por mais um ano as roupas permanecem na primeira posição do ranking (58%) de produtos mais procurados para presentear no Natal. Em segundo lugar ficaram os brinquedos (40%). Também merecem destaque perfumes e cosméticos (34%), calçados (32%) e acessórios (25%). Livros (17%) e smartphones (14%) completam o ranking.

Na hora de receber os presentes, os mais lembrados serão as mães (48%), cônjuges (46%), filhos (40%) e sobrinhos (24%). No geral, o presente mais caro será destinado, sobretudo, aos filhos (27%) e às mães (23%).

Quanto aos principais centros de compras, a pesquisa mostra que as lojas de departamento mantiveram a dianteira e são a preferência de 41% dos consumidores, empatadas com as lojas on-line, que teve o mesmo percentual. Em terceiro lugar ficaram os shopping centers (37%), seguidos dos shoppings populares (24%) e das lojas de rua (22%). De modo geral, considerando os que pretendem realizar compras on-line, 60% de todos os presentes serão comprados pela internet, um aumento de seis pontos percentuais na comparação com 2018.

O preço (54%) e as promoções (45%) figuram como os fatores que mais pesam na escolha do local de compra, segundo os próprios entrevistados. O atendimento também ganha importância, citado por 24%, mesmo percentual de quem destaca a variedade de produtos.

Vendas nas Gêmeas do Iguaçu

Segundo sócio proprietário da Casa Estrela, Thiago Iwanko, a perspectiva nas cidades é boa “a melhora deve seguir o que vem ocorrendo em todas as datas festivas desse ano comparado aos anos anteriores. Como o natal é a principal data do comércio, é esperado um acréscimo de 6 a 8% nas vendas nas Cidades Gêmeas”, informou.

Assim como a pesquisa da CNDL apontou as roupas permanecem na primeira posição do ranking de produtos mais procurados para presentear no Natal. “Em segundo lugar ficaram os brinquedos e também merecem destaque perfumes e cosméticos, calçados e acessórios.  Livros e smartphones completam o ranking”, afirmou.

Sobre o valor médio que o consumidor deve gastar com os presentes em nossas cidades ainda não uma estatística, mas a forma de pagamento que deve ser mais usada é à vista. “Neste ano, o pagamento à vista será o meio mais utilizado pela maioria dos entrevistados ouvidos, seja em dinheiro ou no cartão de débito. Na modalidade parcelada temos como principal o uso do o cartão de crédito parcelado, seguido do crediário próprio das lojas, vindo em seguida o cartão de crédito em parcela única. Para quem vai dividir o valor da compra em parcelas, a média é de cinco prestações”, destacou Iwanko.

Governo do Paraná injeta quase R$ 6 bilhões na economia até o Natal

Entre 29 de novembro e 23 de dezembro o Governo do Estado vai injetar quase R$ 6 bilhões na economia paranaense. O valor se refere somente à folha de pagamentos dos servidores públicos. Por determinação do governador Carlos Massa Ratinho Junior o décimo terceiro foi antecipado e os vencimentos de dezembro e o terço de férias para o dia 23.

Cada uma das três folhas salariais que o Estado vai liberar nas próximas semanas é de R$ 1,83 bilhão, para pagamento de 300 mil servidores ativos, aposentados e pensionistas. A gratificação de férias em dezembro atende principalmente o magistério estadual, maior quadro da administração pública do Paraná. “Esses recursos ajudam o servidor a organizar o final do ano e vão potencializar o comércio”, destaca Ratinho Junior.

O governador ressalta que a antecipação dos pagamentos ocorre em razão do cuidado com as contas públicas. “Isso só acontece graças à organização financeira do Estado, que estamos levando de uma forma muito rígida”, explicou o governador, lembrado os cortes feitos na estrutura do Estado ao longo de 2019 e também a redução nos gastos de custeio da máquina.

Rodrigo Rosalem, diretor de planejamento e gestão da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR), reforçou o caráter social das antecipações dos pagamentos. “Teremos um impacto muito interessante na economia, seja por um dinheiro a mais para fazer compras ou para pagar dívidas”, explicou. “Lembrando que ao usar o dinheiro extra para pagar dívidas, o consumidor volta a ter crédito para poder comprar novamente”, acrescentou.

PREÇO MENOR

Presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Gláucio José Geara, lembrou de outra ação tomada pelo Governo do Estado que também terá influência direta no comércio paranaense.

Segundo ele, a mudança no sistema de tributação de mais de 60 mil itens alimentícios com a retirada da Substituição Tributária e da consequente cobrança antecipada do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) terá reflexo na diminuição do preço de uma série de produtos alimentícios.

“A produção e comercialização de alimentos terá um impacto muito grande no Paraná, não tenho dúvida. A mesa do paranaense será mais farta neste fim de ano”, disse Geara. Dados da ACP indicam crescimento da economia do Estado no período na ordem de 2,8%.

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