Hoje, 19, será realizado em todo o país o “Dia D de Vacinação contra o Sarampo”. A data é uma mobilização para estimular pessoas a se imunizarem contra a doença, cujos casos vêm crescendo no país nos últimos meses. Postos de saúde estarão abertos para receber os interessados em se proteger contra o sarampo ou que não tenham tomado todas as doses.
O “Dia D” faz parte da Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo, lançada no dia 7 de outubro pelo Ministério da Saúde, em parceria com secretarias estaduais e municipais.
A mobilização nacional de amanhã integra a primeira fase da campanha, até 25 de outubro, voltada a crianças com idade entre seis meses e 4 anos. Os bebês de até um ano apresentam coeficiente de incidência da doença de 92,3 a cada 100 mil habitantes, 12 vezes maior do que as demais faixas.
Na segunda etapa, programada para o período entre 18 e 30 de novembro, o foco será em pessoas de 20 a 29 anos. Essa faixa inclui a maioria do número de casos confirmados da doença, com 1.694, embora com coeficiente menor (13,2 casos a cada 100 mil habitantes) devido ao número de brasileiros nessa faixa de idade.
Devem ser vacinados os bebês de seis meses a 1 ano, que tomarão a chamada “dose 0”. As crianças de 1 a 5 anos devem receber duas doses, uma aos 12 meses e outra aos 15 meses. Em caso de aplicação de apenas uma das doses, é preciso se dirigir aos postos para realizar o complemento da segunda.
O objetivo é vacinar 39 milhões de pessoas ao longo da campanha, cerca de 20% dos brasileiros. Foram disponibilizadas neste ano 60,2 milhões de doses da tríplice viral, que imuniza contra sarampo, caxumba e rubéola. Para o próximo ano, o ministério anunciou a aquisição de mais 65,2 milhões de doses. O público-alvo será ampliado, abrangendo também as faixas de 50 a 59 anos.
Casos
Segundo o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde sobre Sarampo, de janeiro até outubro deste ano já haviam sido confirmados 6.640 casos e seis mortes. No período de 7 de julho a 29 de setembro, foram registrados 5.404 casos confirmados, enquanto 22.564 ainda estão em investigação. Outras 7.554 suspeitas foram descartadas. O período concentrou 81% dos casos confirmados neste ano.
Esses episódios ocorreram em 19 unidades da Federação, sendo a quase totalidade em São Paulo, com 5.228 casos (96,74%), em 173 cidades, principalmente na região metropolitana da capital paulista. Em seguida vêm o Paraná (39 casos, em 10 cidades), o Rio de Janeiro (28, em 9 municípios), Minas Gerais (25, em 8 localidades) e Pernambuco (24, em 8 cidades).
Como os registros estão em municípios específicos, quem quiser mais informações deve buscar a Secretaria de Saúde do estado para saber se a sua cidade está entre os locais de ocorrência da doença. Entre as mortes, cinco foram em São Paulo e uma em Pernambuco.
Paraná
A Secretaria de Saúde do Estado realiza campanha contra o Sarampo voltada para orientação, ressaltando que as informações incorretas sobre as vacinas, que circulam nas redes sociais, promovem um desserviço à população. “Informações sem comprovação científica, propagadas por sites não confiáveis, se transformam em uma ameaça para a saúde”, afirma o secretário Beto Preto. “Um exemplo é o que está acontecendo com o sarampo: as baixas coberturas vacinais dos últimos anos fizeram a doença reemergir. O Paraná, que não apresentava casos há 20 anos, registra agora mais de 100 confirmados. O sarampo é altamente transmissível e tem na vacina a única forma de proteção”, enfatiza.
Além do sarampo, doenças infecciosas como difteria, hepatite, poliomielite, rubéola, caxumba, coqueluche, gripe, tuberculose e febre amarela, entre outras, podem ser evitadas com a imunização. “Nosso esforço diário é de aumentar o índice de pessoas vacinadas, seguindo no combate à doenças que são evitáveis. A Secretaria da Saúde, em parceria com as 22 Regionais do Estado e as secretarias municipais, trabalha para atingir 95% de cobertura em todas vacinas oferecidas”, explica o secretário.
Segundo Vera Maia, as vacinas são seguras e estimulam o sistema imunológico a proteger a pessoa contra doenças transmissíveis. “Elas são produzidas a partir do agente causador da doença. Depois de colocado no corpo este antígeno desenvolve um sistema de defesa que nos protege”. Segundo dados da Organização das Nações Unidas, as vacinas salvam anualmente, cerca de 2 milhões de vidas em todo o mundo.
União da Vitória
Segundo informou a Secretaria Municipal de Saúde a vacinação pode ser feita em qualquer Unidade Básica de Saúde com o cartão SUS. A primeira fase da campanha ocorre até o dia 25 de outubro e é destinada a crianças de 6 meses a 5 anos incompletos. O dia D da campanha será no dia 19 de outubro juntamente com as ações do Outubro Rosa.
“É importante que os pais tenham consciência com a saúde de seus filhos e, também, com toda a comunidade brasileira, para que possamos interromper a circulação do vírus do sarampo”, explica o Secretário de Saúde, Ary Carneiro Junior. “A segunda fase da campanha será entre os dias 18 a 30 de novembro. Deverão ser vacinados jovens entre 20 a 29 anos”, relembra.
A Unidade Básica de Saúde do Bairro Salete estará aberta no período da noite, das 18h às 20h, para realização das vacinas contra o Sarampo. A ação ocorre até o dia 25 de outubro, primeira fase da campanha, que é destinada a crianças de 6 meses a 5 anos incompletos.
Sarampo
Causado por vírus, o sarampo é uma doença infecciosa grave, que pode levar à morte. A transmissão ocorre por via aérea, ou seja, quando a pessoa infectada tosse, fala ou respira próximo de outras pessoas.
Mesmo quando o paciente não morre, há possibilidade de a infecção ocasionar sequelas irreversíveis. Quando a doença ocorre na infância, o doente pode desenvolver pneumonia, encefalite aguda e otite média aguda, que pode gerar perda auditiva permanente.
Os sintomas do sarampo são febre acompanhada de tosse, irritação nos olhos, coriza (nariz escorrendo ou entupido) e mal-estar intenso. Quando o quadro completa de três a cinco dias, podem aparecer manchas vermelhas no rosto e atrás das orelhas.
A prevenção ao sarampo, feita por meio da vacinação, é fundamental, já que não há tratamento para a doença. O tipo de vacina varia conforme a idade da pessoa e a situação epidemiológica da região onde vive, ou seja, é necessário levar em conta a incidência da doença no local. Quando há um surto, por exemplo, a dose aplicada pode ser do tipo dupla viral, que protege contra sarampo e rubéola.
Existem ainda as variedades tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela, mais conhecida como catapora). As vacinas estão disponíveis em unidades públicas e privadas de vacinação. Segundo o Ministério da Saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece doses gratuitamente em mais de 36 mil salas de vacinação, localizadas em postos de saúde de todo o Brasil.
O governo brasileiro recomenda que pessoas na faixa de 12 meses a 29 anos de idade recebam duas doses da vacina. Para a população com idade entre 30 a 49 anos, a indicação é de uma dose.
Recentemente, o Brasil perdeu o certificado de eliminação da doença. Na semana passada, passaram a apresentar semelhante condição quatro países da Europa: o Reino Unido, a Grécia, República Tcheca e Albânia. De acordo com o ministério, no primeiro semestre deste ano, o Cazaquistão, a Geórgia, Rússia e Ucrânia concentraram 78% dos casos registrados na Europa.
HISTÓRICO
A primeira campanha em massa do país ocorreu há mais de 100 anos. Idealizada pelo médico e a bacteriologista Oswaldo Cruz, ela teve como objetivo controlar a varíola, enfermidade grave que matou muitos brasileiros. O último caso registrado da doença no país foi em 1971.