Com a reinauguração da Praça Coronel Amazonas em setembro desse ano, um projeto que custou milhões aos cofres públicos, surgiram críticas ao planejamento da obra e às regras impostas no local público que excluem skatistas e praticantes de BMX a realizarem atividades no local. Em resposta às diretrizes que proíbem o uso dos skateboards e bicicletas, praticantes dessas modalidades se reuniram num protesto pacífico, que contou com o apoio da organização Batalha da Fonte U.V.A, e gerou polêmica ao ser realizado sem distanciamento social ou máscaras.
O projeto da nova Praça Coronel Amazonas foi desenhado para atender as necessidades da comunidade que frequenta o local, como os estudantes da Unespar e as crianças que brincam no parquinho, mas a prática de esportes foi deixada de lado. No dia 2 de outubro foram anunciadas num banner uma série de regras criadas pela prefeitura para preservar a praça, pois nas poucas semanas desde a reinauguração, alguns grupos incomodaram os moradores com som alto e abuso de substâncias no local. As regras determinam que não se pode andar de skate, bicicleta, patins ou patinete no perímetro da Coronel Amazonas, assim como fica vedado o consumo de bebidas alcoólicas, jogos de esportes coletivos, reprodução de músicas com volume alto ou jogar lixo no chão. Segundo a administração, a quem interessar praticar algum dos esportes não permitidos na Coronel Amazonas, existem espaços como a Praça dos Expedicionários, o Parque Ambiental ou o Estádio Antíocho Pereira, onde tais atividades são permitidas.
Todavia, o novo regulamento não foi bem recebido por todos. Na madrugada do domingo quatro de outubro, o banner que anunciava as regras foi vandalizado, e encontrado no chão na manhã seguinte. Após esse acontecimento, diversos participantes da comunidade do skate e BMX se pronunciaram alegando que o ato de vandalismo não representa a postura dos esportistas como um todo. Também ocorreu um protesto pacífico, no qual praticantes dos esportes e simpatizantes contaram com a ajuda da organização Batalha da Fonte U.V.A, que promove batalhas de rap, para contestar as determinações da prefeitura. Um grupo de jovens se reuniu na praça para a ocasião, onde quebraram as regras estabelecidas, andando de skate e BMX, e trouxeram ainda mais atenção à situação. Aglomerados, diversos participantes do ato não usaram máscaras, levantando questionamentos sobre segurança. Houve inúmeras discussões acerca do protesto nas redes sociais, com algumas pessoas justificando a aglomeração promovida, e outras a criticando, alegando que os organizadores deveriam ter sido mais responsáveis com a saúde dos participantes ao exigir o uso de máscara.
A prefeitura de União da Vitória emitiu um comunicado oficial, onde afirmou que “Menos de um mês depois de inaugurada, a Praça Coronel Amazonas já vem sendo alvo de vandalismo. O uso inapropriado do local já fez com que os bebedouros precisassem ser trocados e que alguns pontos da praça sofressem diversos outros danos, como é o caso dos bancos e muretas […] inclusive com denúncias de tráfico de drogas. Estes fatos, aliados ao uso da praça para práticas não apropriadas ao local, fizeram com que a administração municipal precisasse intervir e proibir as ações”. Então, informam a instalação do banner que estabelece as regras e o vandalismo que a prosseguiu, “Mas ainda assim, os atos de vandalismo se repetiram na madrugada deste domingo, 04, quando os banners que orientam sobre a proibição foram arrancados do local”, constatam. Por fim, determinam que as pessoas interessadas na prática de esportes como BMX, skate e esportes coletivos utilizem a Praça dos Expedicionários, onde existe a infraestrutura para a prática dessas modalidades.
Na página do Facebook do Jornal O Iguassú, a maioria dos leitores do jornal afirmou apoiar as proibições feitas pela prefeitura. “A praça já está toda marcada pelos pneus e rodinhas dos skates”, afirmou um usuário chamado Felipe, que disse que os interessados nesses esportes podem praticá-los nos locais públicos próprios para isso. Outra usuária chamada Kamilla pediu que a praça seja destinada para “a família caminhar com tranquilidade. Ficou linda a praça. Vamos cuidar, pois ela é nossa”, disse. Leonardo afirmou que as calçadas devem ser apenas para pedestres, “quer ir de ‘bike’ ou skate, leva empurrando ou debaixo do braço. Nada contra a prática, mas existe praça própria para isso”, completou. Para Jhosy, a praça “está linda assim, com a prática de esportes é inevitável que acabem acelerando os sinais de uso”, afirmou. Outro comentário é categórico ao demandar a necessidade de uma guarda municipal, “coloquem guardas municipais nessa praça. Senão, infelizmente, já sabem o que vai acontecer”, disse Valter.
Também conversamos com a página oficial da Batalha da Fonte U.V.A, uma das organizadoras do protesto pacífico que demandou a liberação da prática dos esportes na praça. Sobre o protesto, eles nos informaram que “O motivo principal foi a indignação com o prefeito por ter tomado uma decisão sem dialogar com os jovens, usando a repressão como resposta. Em resposta ao ato de sábado, o prefeito disse que ajudou a pensar em cada canto no projeto da nova praça, mas infelizmente ele esqueceu de ouvir os jovens para buscar atender as reais demandas”, disseram. Para eles, a praça deve ser um espaço para uso coletivo, tanto para lazer quanto a prática de esporte e cultura, “Entendemos a preocupação em relação à infraestrutura, mas há maneiras de evitar os danos. Lembrando que o skate e BMX tem várias vertentes, e uma delas é o ‘street’, onde as manobras são feitas diretamente no chão ou na arquitetura urbana. Em nenhum momento foi utilizado bancos ou lixeiras para isso”, afirmaram. Também ressaltaram que algumas mídias da cidade e a prefeitura culparam os jovens que praticam esportes pelo vandalismo ao banner que instituía as regras, algo que não condiz com a prática esportiva e não tem relação com esses atletas. Explicaram que a Batalha da Fonte é um movimento de hip hop que também “busca garantir o direito ao acesso à cidade para nossa juventude que na maioria das vezes é criminalizada”. Sobre os cuidados com o contágio do coronavírus no protesto, fomos informados que “houve a preocupação do uso de máscara e álcool em gel, tivemos a infelicidade de na hora das fotos uma porcentagem estar sem máscara”, esclareceram. Ainda ressaltaram o fato de que a maioria das pessoas que frequentam a praça não fazem uso da máscara, assim como as festividades e bares estão tendo um grande número de pessoas sem máscara. Vale lembrar que a praça sempre foi frequentada pelos praticantes do skate e BMX muito antes da reforma, sem nenhuma restrição.
A importância do incentivo ao esporte e cultura urbana
A Batalha da Fonte U.V.A esclareceu à redação qual a importância do incentivo ao esporte e cultura urbana por parte da prefeitura, dizendo que “A importância é imensurável, pois o esporte e a cultura são ferramentas que mantem nossos jovens fora do mundo das drogas. Infelizmente as ultimas gestões não tiveram tanta preocupação com o incentivo, já que temos alguns jovens de nossa cidade que estão para fora representando outras cidades no skate e no BMX, na cultura isso não é diferente. A gestão que antecedeu a atual pecou ao encerrar as atividades da Companhia de Teatro Estação. Desde então o apoio e incentivo aos nossos jovens artistas é muito fraco, no esporte não é diferente visto que a prioridade das gestões sempre foi futebol e basquete, deixando de lado o skate, visto que é um dos esportes que mais cresce no mundo e hoje faz parte como modalidade esportiva oficial das olimpíadas mundiais”, afirmaram.
Opinião pública
Questionados na página do Facebook do Jornal O Iguassú, a maioria dos internautas afirmaram concordar com as proibições impostas pela prefeitura, que determinou que não se se pode andar de skate, bicicleta, patins ou patinete no perímetro da Coronel Amazonas.
-Guy: que usem a pista de skate do parque linear.
-Waldemar: Com certeza [apoio as proibições], existe local destinado para a prática do esporte.
-Rosani: Sim, apoio totalmente. Tem uma pista de skate na Praça Expedicionário.
-Ana Paula: Apoio [as proibições], já tem lugar para isso.
Enquanto isso, outro usuário chama a atenção para a falta de conscientização sobre o uso correto dos espaços públicos:
-Ruan: Tem que conscientizar sobre a prática de atividades nos locais corretos! Não só proibir, tem que conscientizar!