Polícia Científica de União da Vitória a coleta de DNA de familiares de pessoas desaparecidas

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Acontece entre os dias 14 e 18 de junho, na Polícia Científica de União da Vitória, a coleta de DNA de familiares de pessoas desaparecidas. A ação faz parte de uma Campanha Nacional, elaborada pelo grupo de trabalho da Rede Integrada de Banco de Perfis Genéticos (RIBPG), do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).

Os familiares podem agendar a coleta pelo telefone (42) 3524-1000. A Polícia Científica está localizada na Rua Cel. João Gualberto, 337, no Centro de União da Vitória.

“Estaremos atendendo os municípios de Bituruna, General Carneiro, Porto Vitória, Rio Azul, Rebouças, Mallet, São Mateus do Sul, Cruz Machado, São João do Triunfo, União da Vitória, Paula Freitas, Paulo Frontin”, anunciou a entidade.

Serão coletadas amostras biológicas de familiares para exame de DNA e inclusão no Banco de Perfil Genético. O trabalho englobará todas as polícias científicas do Brasil, tornando mais fácil encontrar o paradeiro das pessoas desaparecidas em qualquer lugar do país.

A instituição paranaense, assim como a de outros estados, aproveitou o Dia Internacional das Crianças Desaparecidas (25 de maio) para iniciar o incentivo à doação de DNA.

O secretário da Segurança Pública, Romulo Marinho Soares, destacou que a iniciativa é uma oportunidade para os familiares encontrarem as pessoas desaparecidas por meio deste vínculo genético familiar. “A Polícia Científica do Paraná foi feliz no lançamento desta campanha, promovendo a mobilização para coletas de DNA de famílias que tenham entes desaparecidos. Com isso, incentivamos uma maior doação de DNA ao banco de perfis genéticos”, disse o secretário.

EXAME                                                                    

A campanha vai coletar amostras biológicas de familiares de pessoas desaparecidas para a realização de exame de DNA e inclusão nos bancos de perfis genéticos, por meio de encaminhamentos das amostras, de referências diretas da vítima desaparecida, que podem ser coletadas em objetos como escova de dentes, aparelho de barbear, entre outros materiais.

Para o diretor-geral da Polícia Científica do Paraná, o perito oficial Luiz Rodrigo Grochocki, a campanha tem o objetivo de acabar com dúvidas das famílias que buscam seus entes desaparecidos. Com o maior número de amostras no banco nacional de perfis, será mais fácil encontrar o paradeiro destas pessoas em qualquer lugar do País.

“Essa campanha nacional é fundamental para o nosso trabalho, pois englobará todas as polícias científicas do Brasil, chamando os familiares que buscam estes desaparecidos para coletarem o material genético, que será inserido no Banco de Perfil Genético. Muitas vezes o perfil das pessoas que estão desaparecidas pode estar em qualquer lugar, inserido no banco, mas se você não tiver o material dos familiares para o confronto de amostras, o caso pode ficar sem solução”, ressalta.

A campanha prevê que sejam coletadas, preferencialmente, amostras de dois familiares de primeiro grau, seguindo a ordem de preferência, com os pais em primeiro, depois filhos, pai/mãe do filho e os irmãos. As amostras poderão ser confrontadas com restos mortais não identificados (ossada) e pessoas de identidade desconhecida cadastradas no Banco de Perfis Genéticos, exclusivamente para fim de identificação humana.

Segundo a perita dos Laboratórios de Genético Forenses da Polícia Científica do Paraná, Marianna Maia Taulois do Rosário, as amostras coletadas terão apenas um intuito, inserir perfis genéticos de familiares no banco nacional para encontrar somente as pessoas desaparecidas. “As amostras dos familiares coletadas na campanha não serão confrontadas com as amostras de cenas de crime, pois são confrontos distintos e o intuito, neste caso, é encontrar pessoas”, completa.

Para a aplicação do exame, os familiares devem ter um registro ou ocorrência policial aberta de desaparecimento de pessoa. Além disso, o registro deve ter um período mínimo de desaparecimento (cerca de 30 dias – podendo variar conforme a circunstância do desaparecimento) com o objetivo de garantir que tenha uma investigação policial.

BANCO DE PERFIL GENÉTICO

A Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG) foi criada para manter, compartilhar e comparar perfis genéticos a fim de ajudar na apuração criminal e no processo de investigação, inclusive, de pessoas desaparecidas.

Até a divulgação do último relatório, em novembro de 2020, o Banco Nacional de Perfis Genéticos contava com mais de 91 mil cadastrados, sendo mais de 5,5 mil mapeados pela Polícia Científica do Paraná. O dado coloca o Estado na sexta colocação com a maior contribuição absoluta de perfis genéticos no Banco Nacional.

DNA é o ácido que registra a genética dos seres humanos. É graças à ciência que uma identidade pode ser apontada por meio da metodologia de comparação.

A RIBPG, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, foi criada com o objetivo de manter, compartilhar e comparar perfis genéticos para ajudar na apuração criminal e no processo de investigação em todo o Brasil.

O software do Banco Nacional de Perfis Genéticos é atualizado semanalmente com material colhido de presos que cometeram crimes hediondos, inclusive no Paraná.

Até a divulgação do último relatório, em maio de 2020, o banco contava com cerca de 82 mil perfis cadastrados, mais de 5,4 mil deles mapeados pela Polícia Cientifica do Paraná, posicionando o Estado como o quinto do País com a maior contribuição absoluta de perfis genéticos no Banco Nacional.

No Paraná, de acordo com o mesmo relatório, 65 coincidências de vestígios e nove coincidências de indivíduos confirmadas no Banco Nacional de Perfis Genéticos auxiliaram em investigações criminais no Brasil até maio de 2020.

Dentre os perfis genéticos mapeados no Estado, as situações mais recorrentes em que os materiais genéticos foram analisados referem-se a condenados, vestígios de crimes e restos mortais identificados e não identificados.

Foi graças a essa tecnologia que um dos crimes mais chocantes no Estado, e de repercussão nacional, foi solucionado. O caso da menina Rachel Genofre, que tinha apenas nove anos quando foi morta. Seu corpo foi encontrado dentro de uma mala na Rodoferroviária de Curitiba, em 2008. O autor do crime foi identificado 11 anos depois e condenado a 50 anos de prisão.

BUSCA DE DESAPARECIDOS

Para a solução do caso, o registro do boletim de ocorrência, que pode ser feito em qualquer delegacia no Estado ou também via internet, deve ser o primeiro passo para o início da busca pela vítima desaparecida. A partir deste procedimento, a Polícia Civil do Paraná, por meio do Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (SICRIDE), Delegacia de Proteção à Pessoa (DPP) ou qualquer outro distrito policial, alinhará a tecnologia à expertise dos policiais, e iniciará a investigação para dar respostas rápidas e efetivas ao familiar.

ROBÔ DE DNA

Outra novidade no Estado é o Robô de DNA, ou Plataforma de Automatização Starlet ID, que acelera a extração de amostras dos materiais genéticos relacionados a crimes, otimizando tempo na obtenção de perfis genéticos dos possíveis autores.

Na prática, o robô permite que o DNA de mais de 80 amostras diferentes seja extraído, simultaneamente, no mesmo período em que, antes, um único fragmento poderia ser processado. Com isso, a Polícia Científica visa analisar, em um ano, cerca de 2 mil vestígios de crimes sexuais ocorridos no Estado, cujas investigações ainda não puderam ser concluídas por não haver suspeitos para o confrontamento de DNA

O coordenador do Laboratório de Genética Molecular Forense e Científica da Polícia Científica do Paraná, Marcelo Malaghini, destaca que por ser uma plataforma de automatização ela permite acelerar grande parte do processo técnico analítico, um grande diferencial para todos os peritos criminais do Laboratório de Genética.

“Com esse ganho de tempo conseguiremos fazer as tratativas do que chamamos de backlog, que são os casos de vítimas de violência sexual que ainda não foram solucionados, como já aconteceu em algumas situações específicas, como o caso da menina Rachel”, explica.

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