Os impactos positivos do coronavírus no comércio

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Apesar dos impactos negativos que o coronavírus teve na economia, houve nichos que foram favorecidos pela pandemia e pelo isolamento social. Desde vidraçarias à serviços de tele entrega, conversamos com os empreendedores que foram beneficiados pela crise do Covid-19.

            Carla Moromalocelli, proprietária da Vidraçaria Avenida, disse que a maior diferença sentida no período de quarentena foi a atitude dos clientes, “Percebemos o receio do cliente de receber a gente nesse período”, afirmou. Para o proprietário da Casa do Bronze, Leonardo Hoffman, a diferença foi o aumento das vendas, “no nosso caso, como temos produtos de atividades outdoor, de aventura, pesca, nossas vendas aumentaram. Isso se deve ao fato das pessoas estarem mais em casa, terem mais tempo para comprar, estarem indo mais para sítios, chácaras e pescarias devido a falta de opção de eventos na cidade”, relatou Hoffman, revelando um lado diferente do comércio, que foi afetado positivamente pelas circunstâncias causadas pela pandemia. Roberto Bona, proprietário da Casa das Rendas, disse que depois de reabrir seu negócio, tomando todas as precauções necessárias, sentiu um aumento no movimento, “deu um ápice nas minhas vendas”, afirmou.

            Todavia, o aumento da demanda na indústria têxtil se tornou um grande problema para Bona e seus fornecedores, “por um lado o aumento foi bom, mas por outro lado estamos sentindo essa dificuldade. Estou com um problema de falta de mercadoria”. Para a vidraçaria de Moromalocelli, a situação não foi tão drástica, “nós temos algumas dificuldades com o que vem de São Paulo, ou de mais longe. O prazo de entrega aumentou. Mas estamos recebendo, só que num prazo um pouco maior”, contou. A Casa do Bronze também sentiu uma dificuldade em manter seu estoque, principalmente com produtos online. “Inclusive, alguns deixamos de comprar, devido as altas decorrentes do dólar”, relatou o proprietário do estabelecimento.

            Uma das saídas para as dificuldades econômicas enfrentadas durante a pandemia é o empreendimento autônomo. Sobre isso, Moromalocelli, disse que, “enquanto algumas pessoas ficaram com medo de investir, outras correram atrás do prejuízo. Algumas ficaram chorando nesse momento ruim, outras buscaram investimento, maneiras de mudar a situação, se sobressaíram. Algumas pessoas se surpreenderam com elas mesmas, acharam saídas que se não estivessem nesse período não achariam”.

A loja de Bona, por exemplo, foi a fonte de matéria prima para o empreendimento de muitas pessoas, pelo fato de vender tecidos e elásticos, necessários para a fabricação de máscaras, “com certeza as pessoas estão empreendendo mais”, afirma ele.

            Para Hoffman é difícil dizer quais serão as mudanças pós-pandemia, “difícil dizer quais serão as mudanças. No momento está positivo, mas vai depender do governo, de criar um plano de ação, deixar a população segura, criar um clima de confiança no mercado”. Já Moromalocelli diz acreditar que muitas mudanças se consolidarão, “Eu acho que algumas mudanças vão perdurar. Alguns cuidados vão manter. A tendência é melhorar nesse sentido, se precaver, tomar alguns cuidados. É claro que vai mudar, impossível ficar do mesmo jeito”, afirmou.

Sobre o fortalecimento do comércio online, Bona afirmou que foi obrigado a entrar no sistema de comércio via internet, devido ao número de clientes que necessitavam dessa ferramenta para fazer seus pedidos, “é algo a mais para poder atender todos os clientes. Teremos que nos adequar à uma nova realidade. É algo diferente, com que nunca trabalhei, mas preciso me adequar. Pós-pandemia, tenho certeza que as coisas vão mudar para melhor”, afirmou. Ainda disse que os pedidos por entrega estão aumentando cada vez mais: “eu acho que em pouco tempo, os pedidos online podem até superar os pedidos na loja”, diz.

            Na Casa do Bronze, Hoffman contou que todas as medidas de segurança foram respeitadas, “não à resistência dos clientes quanto à máscara, álcool em gel, isso já virou rotina”, afirma. Já na Vidraçaria Avenida, Moromalocelli afirmou que “estamos tendo os cuidados que todos estão tendo, máscara, álcool em gel, álcool líquido, a higienização em geral”. Para Bona, foi necessário também mudar o layout de sua loja, para facilitar a circulação, mantendo distanciamento.

            Tanto a Vidraçaria Avenida como a Casa das Rendas se beneficiaram pelo maior tempo que as pessoas precisaram ficar em casa no período de quarentena. Moromalocelli conta que na vidraçaria “trabalhos residenciais aumentaram bastante”, e justificou dizendo que “o fato das pessoas estarem em casa, perceberam que precisavam consertar um espelho, fechar uma sacada, entre outras melhorias. Mas como as pessoas não paravam em casa, elas não observavam essas coisas. Agora que as pessoas estão em casa, elas prestam atenção e tem tempo de fazer a troca”, afirmou. Bona disse que “até pela questão de as pessoas ficarem em casa, compram um material para passar seu tempo. É uma forma até de buscar um subterfúgio, para não ficar ansioso ou sem o que fazer”, contou o proprietário da Casa das Rendas.

            Enquanto o processo de compras na Casa do Bronze não foi afetado, oferecendo opções de parcelamento mais longo e maiores descontos para compra à vista para manter a compra atrativa, a Casa das Rendas necessitou de adaptações na relação comercial com os clientes. Além de entrar no comércio online para evitar a necessidade de deslocamento físico, mercado antes não explorado pela loja, Bona contou que foi necessário achar soluções para se adequar à nova realidade, como repensar o modelo de negócios tradicional com que ele estava acostumado.

            Em relação as expectativas iniciais para o ano de 2020, os entrevistados foram surpreendidos. Hoffman afirmou que “nossas vendas aumentaram”. Já Moromalocelli disse que, “as expectativas eram muito altas, mas nós também não podemos dizer que está sendo um ano ruim. Temos trabalhado quase no mesmo ritmo, alguns serviços tiveram até uma demanda maior. Não está sendo tudo aquilo, mas também não está sendo um ano ruim”, enaltece. Já Bona contou que, por mais que o comércio no geral tenha entrado em crise, suas vendas foram alavancadas, “com essa pandemia, parece que houve um pico maior”, relatou.

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