Leptospirose

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Fim e início de ano também é época de chuvas mais fortes e alagamentos e com isso também há a preocupação com a leptospirose, doença causada pela bactéria leptospira, presente na urina principalmente de ratos, que com as chuvas se mistura à água de valetas, lama, lagoas, cavas e até mesmo nos locais com formação de enchentes.

A médica infectologista Dra. Suzanne Pereira, em suas redes sociais, alerta a população e aos cuidados sobre a doença. “Podemos desenvolver uma forma branda de doença ou grave com insuficiência renal e morte. Se tivermos contato com esses lugares, ao pisarmos com pés desprotegidos ou mesmo fazendo limpeza com as mãos sem luvas, a Leptospira pode penetrar por pequenos ferimentos na nossa pele, causando a Leptospirose. Por isso, quando for limpar valetas; calhas e ralos, use sempre luvas de borracha e botas de cano alto. E ter ainda mais cuidado quando ocorrem as enchentes”, orienta.

Uma média dos últimos cinco anos no Paraná aponta que 49% dos casos confirmados da doença ocorreram nos primeiros meses do ano, quando há maior ocorrência das chuvas.

De 2015 a 2019 foram confirmados 1.866 casos de leptospirose no Paraná. “A secretaria realiza constantemente capacitações e reuniões com as Regionais de Saúde levando informações e orientações aos profissionais da área para que a população possa receber o melhor atendimento possível”, destacou a enfermeira da Divisão de Vigilância de Zoonoses e Intoxicações, Tatiane Brites Dombroski.

No ano passado, 262 casos de leptospirose foram confirmados em SC. Desses, sete acabaram indo a óbito. A maioria foi registrada em homens e a maior parte das contaminações aconteceu na área urbana. Em 2018, foram notificados 257 casos da doença e cinco mortes. Nos últimos dois anos, o mês de janeiro foi o que mais registrou casos da doença em SC.

Segundo Miriam Ghazzi, bióloga da SES, é possível associar a distribuição de casos de leptospirose com o regime mensal de chuvas, entre dezembro e março. “Ano passado, os casos permaneceram com número elevado até o mês de junho, devido as enxurradas ocorridas no final do semestre em Santa Catarina”, explica.

A infecção humana resulta da exposição direta ou indireta à urina de animais infectados – roedores, caninos, suínos, bovinos, equinos, ovinos, caprinos e, eventualmente, mamíferos silvestres. A penetração da bactéria ocorre através da pele com pequenos ferimentos ou lesões, da pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada ou através das mucosas.

A leptospirose pode ser adquirida tanto em áreas urbanas como nas áreas rurais, principalmente nas atividades relacionadas ao manejo e alimentação de animais de produção e na limpeza dos locais com maquinários e armazenamento de grãos/ração/silagem.

Após a infecção, o período de incubação da doença é, em média, de sete a 14 dias após o contato com a água contaminada. A leptospirose só poderá ser confirmada com exames laboratoriais feitos pelo Laboratório Central do Estado (Lacen) uma semana após o início dos sintomas. Embora 90% dos casos tenham evolução benigna, a doença pode levar à morte se não for tratada de modo correto e precocemente.

Os primeiros sintomas da leptospirose são febre alta, mal-estar, dores de cabeça constantes e intensas, dores pelo corpo, principalmente na panturrilha, cansaço e calafrios. Dores abdominais, náuseas, vômitos, diarreia e desidratação também são frequentes.

A população deve ficar alerta e não utilizar como medida de controle dos roedores produtos químicos (raticidas, agrotóxicos e outros) sem a devida orientação técnica de profissional habilitado. Este procedimento pode causar o envenenamento de crianças e de animais domésticos e não alcançar o objetivo inicial de eliminar os roedores.

Cuidados importantes para evitar a leptospirose:

Não jogar lixo ou objetos nos rios e bueiros. Isso represa a água da chuva e pode causar enchentes. Guardar os alimentos em lugares secos e dentro de recipientes fechados.

Solicitar água à Sanepar ou à prefeitura em caso de desabastecimento.

Manter os quintais, terrenos baldios públicos ou privados sempre limpos, evitando acumulo de entulhos que favorecem o esconderijo de ratos.

DEPOIS DE ALAGAMENTOS

Não brincar ou nadar em lagos, cavas e córregos nem nas águas de enchente.

Não usar água de poço ou reservatório inundado antes da desinfecção.

Lavar e desinfetar utensílios e a caixa de água.

Evitar contato com água e a lama, usando sempre botas e luvas de borracha, ou sacos plásticos amarrados nos pés e nos braços.

Inutilizar alimentos naturais ou preparados, assim como medicamentos que entraram em contato com a água da enchente.

Filtrar e ferver por 15 minutos a água para consumo ou usar hipoclorito de sódio a 2,5% (água sanitária) na seguinte medida: duas gotas para cada litro de água. Esperar no mínimo 15 minutos antes de consumir (seguir orientações da Vigilância Sanitária).

– Se a casa for inundada pela enchente, espere a água baixar, remova a lama e desinfete o local, sempre usando luvas, botas de borracha ou outro tipo de proteção para braços e pernas, como sacos plásticos duplos;

– Descarte os alimentos e medicamentos que tiveram contato com a água de enchente ou enxurrada;

– Não deixe crianças e cães brincarem ou nadarem em locais com água e lama de enchentes ou outros pontos que possam estar contaminados pela urina de roedores;

– Se a caixa d’água foi atingida por lama, descarte a água e faça a desinfecção do reservatório;

– Não pesque em rios e lagoas após as chuvas;

– Pessoas que trabalham na limpeza da lama, retirada de entulhos e desentupimento de esgotos devem sempre usar botas e luvas de borracha ou outro material de proteção.

Como prevenir a doença

– Acondicione o lixo em sacos plásticos ou em recipientes bem fechados, armazenando-o em local alto até que seja coletado;

– Guarde sempre os alimentos em recipientes bem fechados e em locais elevados do solo;

– Mantenha a cozinha limpa, sem restos de alimentos;

– Retire as sobras de alimentos ou ração de animais domésticos antes do anoitecer, mantendo sempre o vasilhame limpo;

– Mantenha quintais, ruas, terrenos e as margens dos córregos limpos e capinados;

– Evite acumular nos quintais e terrenos entulho e objetos como telhas, madeiras e material de construção, para não servirem de abrigo aos roedores;

– Feche buracos e vãos nas paredes e rodapés;

– Mantenha as caixas d’água limpas e tampadas e trate a água de poços antes da utilização.

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