O ano começou com tudo, e nada melhor do que entender os rumos que a economia e as classes de investimentos podem seguir, para ajustar as velas do seu portfólio.A seguir vou trazer reflexões sobre economia e minha visão sobre ativos para 2024.
BRASIL
Desde o final do ano, existe grande otimismo com a queda dos juros, isso trás uma visão de crescimento econômico, porém, a queda de juros seguirá em ritmo moderado respeitando o diferencial de juros americano, se os juros não caírem lá, a queda aqui será freada pela necessidade de manter juros domésticos suficientemente superiores aos americanos, visando reter investimento estrangeiro.
Além do diferencial de juros, temos o problema da gastança desenfreada do estado, caso o risco fiscal se mantenha elevado (governo gastando mais do que arrecada) a queda de juros também será impactada devido ao risco de subida da inflação.
Em relação ao fiscal brasileiro, a expectativa é de necessidade de controle de gastos, já que a meta de zerar o déficit parece inalcançável agora, ou o governo corta gastos, ou sobe impostos. O que acha que será feito?
Com o cenário descrito, a expectativa é de uma SELIC terminal na casa dos 10% ou 9% ao fim do ano.
Ao redor do mundo, as pressões inflacionárias parecem estar diminuindo, isso ajudará o Brasil a manter a inflação controlada e o câmbio estável em patamar de R$4,70 a R$4,90/dólar ao longo do ano.
Com a entrada de fluxo estrangeiro em nossa bolsa de valores, e a queda de juros, esperamos que o IBOVESPA chegue em 142 mil pontos ao final do ano.
EUA
Devido a resiliência da economia americana, esperamos que os juros demorem mais para cair lá, uma vez que a inflação mesmo que não subindo, ainda está acima da meta. Economia crescendo, desemprego baixo e inflação fora da meta, indicam juros elevados.
Levando em conta o ano de eleições presidenciais nos EUA, podemos esperar gastos públicos superiores, o que também não ajuda na queda da inflação e consequente redução de juros. (Atualmente Trump é o favorito).
O cenário de desequilíbrio fiscal nos EUA, devido ao ano eleitoral e a falta de disciplina na emissão monetária dos últimos anos, pode trazer volatilidade nas taxas de juros dos títulos públicos americanos, que impactam todos os ativos globais, pois são a base da reserva financeira mundial.
EUROPA
A inflação elevada fará os juros ficarem altos por mais tempo, porém sem mais elevações adicionais. Se o crescimento for muito impactado, poderá haver queda de juros antes do previsto, mesmo que signifique elevação na inflação.
CHINA
O crescimento econômico menor do que o esperado, e a mudança nos padrões internos de produção, saindo de construção e exportação, e caminhando para tecnologia e consumo interno, irão gerar uma demanda menor por commodities, porém, os preços tendem a se manter devido a manutenção de estoques elevados e o preço do petróleo estar elevado devido ao controle da produção da OPEP+ e aos riscos dos conflitos armados atuais.
Pontos de Reflexão sobre a alocação de portfólios
Prefiro renda fixa internacional no lugar de Renda Variável internacional.
Reduzirei Renda Fixa pós-fixado Brasil devido a queda de juros aparente.
Manterei Renda Fixa IPCA+ em prevenção a possível elevação da Inflação.
Farei entradas pontuais em Renda Fixa pré-fixada em momentos de volatilidade.
Cuidarei com a qualidade dos títulos de Renda Fixa, houve muita emissão a taxas elevadas, e pode haver dificuldades pontuais de alguns emissores de crédito privado em arcar com os juros assumidos.
Continuarei com ações em carteira, a bolsa de valores tende a subir devido a queda de juros e baixa inflação.
Aparentemente os fundos multimercados estão com melhor visibilidade para pegar as tendências em 2024 do que estavam em 2023.
Entendo que fundos Imobiliários se beneficiarão da queda dos juros devido ao aquecimento do mercado imobiliário. Shoppings são meus favoritos pois o varejo se aquece com queda de juros. Logísticos, teoricamente se beneficiam com a melhora do varejo, mas vejo o risco de as locatárias ainda estarem em más condições financeiras. Recebíveis seguem como sólido pagador de dividendos.
Por fim!
Não Faça o que eu digo e nem o que eu faço!!
Use as reflexões e dados que você tem para pensar por conta própria. Isso não é uma recomendação de investimento. Essas análises foram feitas no início do ano e tudo pode mudar muito rapidamente.
Estude, mantenha-se informado e sempre conte com a ajuda de profissionais da área para investir!
Ótimo 2024 a você!
Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
4traderinvest.com.br
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