Panorama de Mercado
No Brasil
Revisão de Projeções Após Reuniões do FMI
No cenário externo, projeta-se que o Federal Reserve, banco central americano, iniciará o ciclo de corte de juros em dezembro (antes previa-se em julho). Agora, projeta-se a taxa de câmbio em de 4,70 para 5,00 reais por dólar ao final de 2024 e de 4,90 para 5,15 ao final de 2025. O PIB de 2024 foi elevado de 2,0% para 2,2%, enquanto o de 2025, reduzido de 2,0% para 1,7%. Diante de câmbio mais depreciado, atividade resiliente e alta nos preços de commodities, o IPCA deste ano foi revisado de 3,5% para 3,7%, enquanto o IPCA de 2025 segue em 4,0%. Por fim, espera-se que a taxa Selic encerre o atual ciclo de flexibilização monetária em 10,0% (antes 9,0%), com três cortes de 0,25 ponto percentual nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), e mantenha-se neste patamar até o final de 2025.
Fala do Presidente do Banco Central Sinaliza Desaceleração no Ritmo de Cortes da Taxa Selic
O Presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, participou de uma reunião com investidores organizada pela XP em Washington, durante a conferência do Fundo Monetário Internacional (FMI). A autoridade falou a respeito dos impactos da deterioração no cenário externo e da mudança na meta fiscal sobre os preços de ativos financeiros, além de delinear cenários possíveis para a política monetária adiante.
Segundo Campos Neto, o Banco Central não terá medo de fazer o que é preciso para atingir suas metas. Além disso, também no evento, o diretor de política econômica do Banco Central, Diogo Guillen, teria reforçado preocupação sobre a evolução do cenário econômico e reforçou a possibilidade de reduzir o ritmo de flexibilização monetária, hoje em 0,50 ponto percentual, nas próximas reuniões do Copom.
PLDO Estabelece Meta de Déficit Zero para 2025
O governo enviou ao Congresso o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), estabelecendo meta de déficit zero para o próximo ano. Isto representa uma redução no ritmo de ajuste fiscal inicialmente previsto pelo governo quando da apresentação do novo arcabouço fiscal, que previa um superávit de 0,5% do PIB para 2025. Vale ressaltar que, apesar da mudança, o governo necessitará apresentar medidas adicionais de elevação de arrecadação para atingir a meta. O texto também reduziu o esforço fiscal para os próximos anos, o que gerou desconforto entre especialistas do tema. Ao todo, o anúncio representa um aumento do risco fiscal e, consequentemente, das taxas de juros de longo prazo.
IBC-Br Sobe pelo Quarto Mês Consecutivo, Conforme o Esperado
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) – proxy mensal para o PIB – avançou 0,4% em fevereiro contra janeiro, em linha com as expectativas. O resultado marcou a quarta elevação mensal consecutiva. Em comparação a fevereiro de 2023, o indicador cresceu 2,6%. Em síntese, a atividade doméstica ganhou tração nos últimos meses. O consumo das famílias permanece sólido em meio ao forte aumento da renda disponível. Além do mercado de trabalho firme e do elevado nível de transferências governamentais, chamamos a atenção para os efeitos dos pagamentos de precatórios no 1º trimestre de 2024.
No Mundo
Adiamento do Início do Ciclo de Flexibilização pelo Fed
As autoridades do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, optaram por não indicar quando as taxas de juros poderão ser cortadas, preferindo manter uma política monetária mais restritiva. Jerome Powell, presidente do Fed, afirmou que “os dados recentes não nos deram maior confiança e indicam que é provável que leve mais tempo do que o esperado para alcançar essa confiança”. Ele também acrescentou que “é apropriado dar mais tempo para que a política restritiva funcione e deixar que os dados e a evolução das perspectivas nos guiem”.
Acredita-se que a inflação deva permanecer acima da meta por mais tempo. Agora vemos o Fed começando o ciclo de flexibilização em dezembro (antes: julho). Continuamos estimando a taxa neutra em 3,5%, embora essa não deva necessariamente ser alcançada no próximo ano.
Resultados Surpreendentes do PIB Chinês, mas Sinais de Desaceleração
O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 5,3% no primeiro trimestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior, superando as expectativas do mercado de 5,0%. Este resultado representou a expansão anual mais significativa desde o segundo trimestre de 2023, em linha com as medidas contínuas de apoio do governo e gastos mais robustos relacionados às festas do Ano Novo Lunar. Nos primeiros três meses do ano, os investimentos em ativos fixos cresceram 4,5% ao ano, a maior variação em três anos e acima do consenso de 4,3%. Os resultados mostram uma base sólida para o cumprimento da meta de crescimento do PIB de 5,0%.
No entanto, os dados publicados referentes a março mostraram um crescimento mais fraco do que o esperado na produção industrial e nas vendas no varejo, indicando que estímulos adicionais podem ser necessários. Enquanto isso, a taxa de desemprego atingiu 5,2% em março, ante 5,3% no mês anterior, permanecendo ainda em nível elevado.
Indicativos de Corte de Juros na Zona do Euro
A inflação na zona do euro desacelerou para 2,4% ao ano no mês passado, de 2,6% ao ano em fevereiro, em linha com a estimativa preliminar divulgada no início deste mês. Enquanto isso, o núcleo da inflação – que exclui os preços voláteis de alimentos e energia – caiu de 3,1% ao ano para 2,9% ao ano. Apesar do arrefecimento do índice, os preços de serviços se mantiveram em 4,0% ao ano, um nível desconfortavelmente alto.
Projetamos que o Banco Central Europeu (BCE) reduzirá as taxas de referência a partir da reunião de junho. Embora o BCE não tenha se comprometido com um ritmo de flexibilização monetária, vemos espaço mais confortável para cortes sequenciais de 0,25 ponto percentual até o final de 2024.
Reações Moderadas de Mercado à Tensão no Oriente Médio
No final de semana, o Irã lançou ataques com mísseis e drones contra Israel. Embora a maior parte dos artefatos tenha sido interceptada pela defesa de Tel Aviv e não tenha gerado efeito relevante sobre os mercados, os investidores permanecem atentos à situação no Oriente Médio. Será necessário monitorar os acontecimentos na região, uma vez que os preços de petróleo e derivados seguem pressionados.
Bolsas
- O Ibovespa caiu 0,7% em reais e 2,0% em dólares, e fechou a semana em 125.124 pontos. Já o dólar continuou a subir, chegando perto dos R$ 5,30 ao longo da semana antes de fechar em R$ 5,20 na sexta. Os principais destaques nos últimos dias foram: i) preocupações com a inflação e juros nos EUA, ii) aumento das tensões geopolíticas no Oriente Médio, e iii) o anúncio de mudanças na meta fiscal no Brasil.
- As taxas de juros das Treasuries continuaram a subir, refletindo a reprecificação do mercado em relação ao corte de juros pelo Federal Reserve. A taxa de 10 anos subiu 10 bps, fechando aos 4,62%. O movimento impactou os índices americanos, como o S&P 500 que caiu 3,1%, puxado para baixo pelas empresas de tech antes da divulgação de balanços do setor nesta semana.
- No micro, Petz (PETZ3; +31,2%) registrou a maior alta semanal após notícias sobre fusão com a Cobasi. Na outra ponta, CVC (CVCB3; -14,3) teve a maior baixa, estendendo a queda do ano para -42%.Fonte: https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-projetamos-taxa-selic-a-1000-com-corte-de-025-p-p-a-partir-de-maio/
https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-tem-nova-queda-em-mais-uma-semana-negativa-para-os-mercados-globais/
Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
4traderinvest.com.br
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