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Mateus H. Passero

Mateus é Sócio da 4Trader Investimentos escritório se assessoria credenciado a XP Investimentos.
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Impactos da Reeleição de Donald Trump: Desafios e Oportunidades para o Brasil

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A recente reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos deve trazer profundas mudanças para o cenário econômico global, com impactos diretos sobre a economia brasileira. A volta de Trump à presidência reaqueceu tensões comerciais e marcou um retorno ao protecionismo, com políticas voltadas para a expansão da produção doméstica americana. Para o Brasil, essa nova fase implica tanto riscos quanto oportunidades, especialmente em setores estratégicos. Abaixo, exploramos as principais áreas afetadas.

Agronegócio Brasileiro: Beneficiário do Conflito EUA-China

O agronegócio brasileiro se encontra entre os maiores beneficiários dessa reeleição. Durante o primeiro mandato de Trump, a guerra comercial com a China forçou o país asiático a buscar novos fornecedores de commodities, favorecendo o Brasil como alternativa de exportação de soja, milho e proteínas. Agora, com a renovação das tensões, o cenário se repete, e o Brasil deve capturar uma parte ainda maior da demanda chinesa.

Empresas como SLC Agrícola e BrasilAgro já observam um aumento na exportação de grãos para a China, aproveitando as dificuldades das relações comerciais entre americanos e chineses. Este movimento representa um impulso significativo para o setor, fortalecendo a posição do Brasil como fornecedor preferencial de commodities agrícolas.

Tarifas sobre Importações: Impacto nas Exportações Brasileiras

Por outro lado, a nova política tarifária de Trump imporá desafios para as exportações brasileiras para os EUA. A proposta de uma tarifa global de 10% sobre todas as importações afeta diretamente produtos brasileiros como petróleo, aço semiacabado e café. No mandato anterior, o Brasil obteve isenções em tarifas de aço e etanol, mas, nesta reeleição, essas exceções não foram renovadas, o que reduz a competitividade desses produtos no mercado americano.

Além disso, Trump poderá implementar uma tarifa de 60% sobre as importações chinesas, o que desestabilizou o mercado global de aço e minério de ferro. A medida gera um desequilíbrio entre oferta e demanda nos EUA, impactando o preço global desses produtos. As siderúrgicas e mineradoras brasileiras agora enfrentam margens mais apertadas e desafios de competitividade em um ambiente internacional cada vez mais restritivo.

Petróleo e Volatilidade no Mercado Global

Trump voltará a incentivar a produção doméstica de petróleo nos EUA, flexibilizando restrições ambientais e promovendo estímulos para exploração e extração. Com isso, a produção americana atingiu novos recordes, reduzindo a necessidade de importação e pressionando o preço do petróleo no mercado global. Para o Brasil, esse cenário representa uma ameaça às receitas do setor de óleo e gás, com empresas como a Petrobras sendo diretamente impactadas pela queda nos preços internacionais.

A postura agressiva de Trump frente a países como Rússia e Venezuela também eleva a volatilidade do mercado de petróleo. Em 2017, sanções americanas contribuíram para uma alta de 9,9% no preço do Brent em um mês, mas as tensões atuais são ainda maiores, com o mercado reagindo fortemente a cada nova medida. Esse ambiente de volatilidade constante afeta as previsões e estratégias de empresas brasileiras no setor.

Dólar Forte e Inflação: Consequências para o Câmbio e as Taxas de Juros no Brasil

A reeleição de Trump trará cortes de impostos nos EUA, acompanhados de tarifas protecionistas que impulsionarão a inflação americana. Esse cenário fortalece o dólar, forçando o Federal Reserve a manter juros elevados por mais tempo, o que impacta a competitividade das exportações brasileiras e pressiona o real.

Para o Brasil, a consequência é um cenário inflacionário mais intenso, já que a alta do dólar encarece as importações, desde produtos de consumo até insumos industriais. Esse contexto provavelmente levará o Banco Central a manter uma política de juros altos, aumentando os custos de financiamento para empresas e consumidores.

Oportunidades para Empresas com Exposição ao Dólar e Mercado Internacional

Apesar dos desafios, algumas empresas brasileiras conseguem se beneficiar desse cenário. A mineradora Gerdau, por exemplo, possui operações nos EUA que a protegem das tarifas sobre o aço e se beneficia de preços mais altos no mercado americano devido às restrições. Braskem, com receitas em dólar e custos parciais em reais, também vê sua lucratividade crescer.

Empresas como a Rumo, no setor de transporte, e a Aura Minerals, produtora de ouro, também se beneficiam com o dólar forte. O ouro, em particular, se torna um ativo seguro em tempos de inflação alta, e a exposição ao dólar fortalece os ganhos das empresas no setor de commodities e exportação.

Um Cenário Misto para o Brasil

A reeleição de Donald Trump coloca o Brasil em uma posição delicada. O agronegócio deve se fortalecer com o aumento da demanda chinesa, mas exportadores de produtos como aço e petróleo enfrentam novos desafios tarifários e preços pressionados. O fortalecimento do dólar e as pressões inflacionárias levarão o Banco Central a adotar uma política monetária restritiva, com juros elevados afetando a economia doméstica.

Nesse contexto, investidores e empresas brasileiras precisam adotar uma postura cautelosa e estratégica, buscando mitigar os riscos e aproveitar as oportunidades surgidas. A renovada volatilidade e as mudanças nas políticas comerciais globais exigem adaptação e visão de longo prazo, especialmente em tempos de incertezas e protecionismo.

FONTE:https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/o-impacto-das-eleicoes-americanas-no-brasil/

 

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
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Panorama de Mercado

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Copom eleva novamente a Selic; projetamos que atinja 13,75% em maio

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, de forma unânime, aumentar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, alcançando 11,25%. A decisão, amplamente antecipada pelo mercado, acelera o ritmo de elevação dos juros. O comunicado pós-reunião manteve tom semelhante ao anterior, enfatizando os riscos para as perspectivas inflacionárias e adotando uma postura firme em relação à política monetária futura.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro, também divulgado nesta semana, reforça a preocupação expressa pelo Banco Central. A inflação acumulada em 12 meses subiu para 4,76%, ultrapassando o limite superior de tolerância da meta, que é de 4,50%. Para os próximos meses, a depreciação do câmbio e o aumento no preço da carne devem continuar exercendo pressão sobre os índices de preços.

Diante desse cenário mais complexo, revisamos nossa projeção para o IPCA de 2024, elevando-a de 4,6% para 4,9%, e ajustamos nossa estimativa para a taxa Selic terminal de 12,00% para 13,25%.

Também atualizamos nossas projeções para a taxa de câmbio, estimando R$ 5,70 por dólar ao final deste ano, em resposta à significativa depreciação cambial observada recentemente.

Real volátil com eleições nos EUA e expectativas sobre pacote de gastos

O real exibiu alta volatilidade durante a semana, encerrando a sexta-feira cotado a R$ 5,74. Os movimentos foram influenciados por fatores externos, como as eleições nos Estados Unidos, e internos, como a expectativa pelas medidas que integrarão o pacote de revisão de gastos, que não haviam sido anunciadas até a noite de sexta-feira.

Várias reuniões ocorreram entre ministros e o Palácio do Planalto, mas, segundo a imprensa, ainda não há consenso.

Resultado primário reflete arrecadação recorde, mas despesas preocupam

O resultado primário do governo central apresentou déficit de R$ 5,3 bilhões em setembro e de R$ 105,2 bilhões no acumulado do ano. A arrecadação tributária continua em níveis recordes, crescendo 9,7% em termos reais entre janeiro e setembro deste ano. No entanto, as despesas seguem sendo motivo de preocupação, pois crescem a uma taxa superior à inflação.

Apesar disso, consideramos alta a probabilidade de o déficit primário ficar dentro do intervalo de tolerância da meta fiscal, devido à expectativa de ingresso de recursos não recorrentes provenientes de medidas aprovadas no Congresso para compensar a perda de receita com a desoneração da folha de pagamentos. Assim, o resultado primário com as exceções à meta deve atingir um déficit de R$ 28,3 bilhões (0,3% do PIB) em 2024, valor apenas R$ 0,5 bilhão acima do limite inferior da meta (R$ 28,8 bilhões).

Cenário internacional

Trump é eleito com maioria republicana no Congresso

Donald Trump, do Partido Republicano, venceu as eleições nos Estados Unidos com amplo apoio no Congresso. Os resultados eleitorais geram incertezas sobre as perspectivas econômicas globais. A vitória de Trump, aliada à maioria republicana no Senado e na Câmara dos Deputados, tende a amplificar potenciais impactos econômicos, incluindo: maior crescimento nos EUA no curto prazo; fortalecimento do dólar; pressões inflacionárias adicionais; elevação das taxas de juros; preocupações fiscais intensificadas; e aumento das barreiras comerciais, especialmente com a China. Este último ponto pode elevar a inflação global e ter um efeito negativo sobre o crescimento e a produtividade.

Uma economia americana menos aberta impactaria diretamente países como China, Alemanha e México, com efeitos indiretos em outras nações. Para os mercados emergentes, como o Brasil, a desvalorização das moedas frente ao dólar tende a ser mais acentuada do que nos mercados desenvolvidos.

Com economia forte, Fed reduz ritmo de corte de juros

O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, cortou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, situando-a no intervalo entre 4,50% e 4,75%. A decisão representa uma desaceleração em relação ao corte de 0,50 ponto percentual realizado em setembro. Em coletiva de imprensa, o presidente Jerome Powell destacou que o Fed adotará uma postura mais cautelosa em relação à política monetária futura, mas deve continuar reduzindo os juros no curto prazo.

Em nossa avaliação, com a inflação próxima da meta de 2,0% e os juros ainda elevados, o Fed deve continuar reduzindo as taxas gradualmente, alcançando 3,5% até o final do ano.

China anuncia novo pacote de estímulos econômicos

A China divulgou um pacote fiscal de US$ 1,4 trilhão (cerca de 10 trilhões de yuan) visando aumentar a emissão de títulos por governos locais. Esta é mais uma medida dentro de um conjunto de estímulos que o governo vem implementando para reverter a desaceleração econômica. As ações têm mostrado resultados: o PMI Composto Caixin — pesquisa que avalia o sentimento dos gerentes de compras em relação à economia — subiu para 51,9 pontos em outubro, ante 50,3 em setembro, a leitura mais alta desde junho. Valores acima de 50 pontos indicam expansão.

No futuro próximo, será crucial monitorar as medidas de restrição comercial que o governo Trump poderá adotar em relação à China e seus possíveis impactos sobre a taxa de câmbio e a produção doméstica.

Bolsa

Na semana, o Ibovespa fechou com queda de 0,2% em reais, mas registrou alta de 1,2% em dólares, alcançando 127.907 pontos.

Foi uma semana significativa para os mercados globais. A eleição de Donald Trump como presidente dos EUA e a redução da taxa de juros pelo Fed em 0,25 ponto percentual, conforme esperado, marcaram o período. Com a vitória de Trump, o dólar se fortaleceu frente às principais moedas globais, e os índices americanos fecharam em alta (S&P 500: +4,7%; Nasdaq: +5,4%), com destaque para empresas de pequeno porte e o setor financeiro.

O destaque positivo da semana foi a Gerdau (GGBR4), com alta de 12,4%, após divulgar sólidos resultados no terceiro trimestre (confira aqui o comentário). A empresa também se beneficiou da vitória de Trump, pois, (i) suas operações nos EUA significam ausência de exposição a tarifas e (ii) ela se favorece de preços mais altos do aço americano, também decorrentes do aumento de tarifas.

Entre os destaques negativos, está a Braskem (BRKM5), que caiu 7,9%, repercutindo o balanço do terceiro trimestre, que mostrou uma queima de caixa.

FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-dolar-se-fortalece-em-resposta-a-trump/
https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-bolsas-nos-eua-sobem-com-vitoria-de-trump-enquanto-o-ibovespa-sofre-ainda-no-aguardo-do-pacote-de-cortes-de-gastos/

 

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
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Panorama de Mercado

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Real em Queda: Desvalorização entre Países Emergentes

Na última semana, o real atingiu R$ 5,87, o maior valor desde maio de 2020, representando o pior desempenho entre moedas emergentes. Internacionalmente, o dólar enfraqueceu com o aumento das chances de vitória de Donald Trump nos EUA, favorecendo o “Trump trade”—valorização de ativos beneficiados por um governo republicano. No Brasil, a pressão sobre o real veio da deterioração na percepção de risco fiscal, devido às incertezas sobre o pacote de cortes de despesas que o governo pretende anunciar.

Expectativas sobre o Ajuste Fiscal

O mercado está atento às medidas de ajuste fiscal. Os ministros Fernando Haddad e Rui Costa se reuniram para discutir a revisão de gastos. A ministra Simone Tebet informou que o presidente Lula ainda não decidiu sobre o pacote, embora conheça as propostas.

Mercado de Trabalho Forte no Brasil

O mercado de trabalho brasileiro mostra robustez. A taxa de desemprego ajustada caiu para 6,2% em setembro, a mais baixa desde 2012. Os rendimentos reais tiveram leve queda, mas seguem elevados. Projeta-se um aumento de 4,5% no rendimento médio em 2024 e uma desaceleração para 3% em 2025, alinhada à redução do estímulo fiscal. Em setembro, foram criados 247,8 mil empregos formais, acima do esperado, com quase todos os setores apresentando saldo positivo.

Pressão Inflacionária pelas Carnes

Essas condições sustentam a demanda doméstica, favorecendo as projeções do PIB, previsto para crescer 3,1% em 2024 e 1,8% em 2025. No entanto, aumentam as preocupações com a inflação futura, especialmente em serviços. O IPCA para 2024 foi revisado de 4,50% para 4,55%, influenciado pelo aumento nos preços de alimentos, principalmente carnes. O preço do boi gordo subiu quase 20% em São Paulo em outubro, refletindo a inversão do “ciclo do boi”, seca nos pastos e forte demanda. Nossa projeção para o IPCA é de 4,6%, com viés de alta.

Economia dos EUA Afastando Risco de Recessão

Nos Estados Unidos, o PIB cresceu 2,8% entre o segundo e o terceiro trimestre de 2024, confirmando a força da economia. O consumo das famílias avançou 3,7%, impulsionado pelo mercado de trabalho resiliente e pela valorização do mercado acionário. As importações aumentaram, refletindo a forte demanda interna. Espera-se desaceleração gradual nos próximos trimestres, acompanhando o reequilíbrio do mercado de trabalho e a manutenção da alta de juros.

Inflação e Mercado de Trabalho nos EUA

A inflação, medida pelo núcleo do PCE, mantém-se estável em torno de 2,7% em 12 meses, indicando desinflação gradual. Contudo, riscos como consumo forte e estímulos chineses podem pressionar os preços. O mercado de trabalho americano mostra equilíbrio, com criação de 12 mil vagas e taxa de desemprego em 4,1%. Eventos como furacões e greves influenciaram os números. Mantemos a projeção de cortes de 0,25 ponto percentual na taxa de juros nas próximas reuniões do Federal Reserve.

Eleições Americanas e Impactos Econômicos

As eleições nos EUA estão próximas, com pesquisas indicando empate entre Donald Trump e Kamala Harris. No mercado de apostas, Trump é o favorito. Uma vitória de Trump pode levar a um dólar mais forte e a conflitos comerciais. Ambos os candidatos têm propostas que podem aumentar o déficit público, dificultando a desinflação.

China Avalia Novos Estímulos

A China considera emitir mais de 10 trilhões de yuans em dívida adicional para estimular a economia. Medidas como essa podem influenciar a valorização das commodities brasileiras, beneficiando o real. Uma vitória de Trump poderia levar a China a intensificar estímulos, respondendo a possíveis tarifas sobre seus produtos.

Petróleo Influenciado por Geopolítica e OPEP+

O petróleo Brent fechou a semana em torno de US$ 73 por barril, influenciado por tensões geopolíticas e possíveis mudanças na produção da OPEP+. Variações no preço do petróleo impactam a inflação global.

Zona do Euro: Crescimento e Inflação

O PIB da zona do euro cresceu 0,4%, acima do esperado, impulsionado por eventos como os Jogos Olímpicos na França. A inflação subiu para 2,0% em 12 meses, com o núcleo estável em 2,7%. Esses dados afastam temores de recessão, mas indicam que a convergência sustentável da inflação ainda não foi alcançada. É esperado um corte gradual de juros pelo Banco Central Europeu.

Bolsas

O Ibovespa caiu 1,6% em reais em outubro e 1,4% na semana, fechando aos 128.121 pontos. Globalmente, empresas de tecnologia tiveram resultados mistos no terceiro trimestre. No Brasil, o risco fiscal permaneceu em foco, com decepção pela falta de detalhes sobre cortes de gastos. A EZTEC destacou-se positivamente com alta de 10,9%, enquanto a Hypera caiu 13,3% após a retirada de uma proposta de aquisição.

 

Mateus H. Passero
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Panorama de Mercado

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Inflação em Alta: Uma Visão Geral dos Recentes Indicadores Econômicos

Os indicadores econômicos recentes apontam para um aumento nas pressões inflacionárias, tanto no Brasil quanto no cenário internacional. De ajustes nas políticas monetárias a preocupações com a dívida pública, o panorama econômico global está em transformação.

IPCA-15 de Outubro Indica Aceleração da Inflação no Brasil

O IPCA-15 de outubro, que serve como prévia da inflação mensal, registrou um aumento de 0,54% em relação a setembro. Nos últimos 12 meses, a inflação acelerou de 4,12% em setembro para 4,47% em outubro. Um fator significativo foi a ativação da bandeira vermelha nível 2 nas tarifas de energia elétrica, resultando em uma alta de 5,3% nos preços de energia entre setembro e outubro. Além disso, o índice de serviços subjacentes, que exclui os preços mais voláteis, superou as expectativas. Tendências semelhantes foram observadas nos custos de alimentação fora do domicílio, refletindo os recentes aumentos nos preços dos alimentos.

Esses dados sugerem uma possível deterioração adicional no setor de serviços nos próximos meses, impulsionada pela forte demanda interna, mercado de trabalho aquecido e expectativas de inflação acima da meta. Com a inflação no Brasil em trajetória ascendente, nossa previsão anterior de IPCA em 4,6% para 2024 pode necessitar de revisão para cima.

Autoridades do Banco Central Manifestam Preocupação com Projeções Inflacionárias

Em um recente evento organizado pelo Fundo Monetário Internacional, que reuniu líderes globais, ministros, presidentes de bancos centrais e instituições financeiras de destaque, diretores do Banco Central do Brasil expressaram suas preocupações. Paulo Picchetti destacou inquietações sobre as expectativas de inflação para 2024 e 2025 permanecerem acima da meta de 3%, indicando um possível descolamento. Ele enfatizou que as futuras decisões de política monetária dependerão dos dados disponíveis. Na mesma linha, Diogo Guilen reafirmou o compromisso do Banco Central em conduzir a inflação de volta aos patamares desejados, ressaltando a importância da análise de dados para as próximas decisões. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ecoou esses sentimentos, observando que, no cenário atual, fornecer orientações futuras sobre os passos da política monetária pode não ser vantajoso.

Prevemos que o ciclo atual de aumento de juros elevará a taxa Selic para 12,00% até janeiro de 2025. Essa taxa deve ser suficiente para manter o IPCA dentro da faixa alvo ao longo do tempo, com expectativas de inflação em torno de 3,0%. No entanto, é crucial reconhecer que o ambiente macroeconômico pode apresentar riscos que exijam uma Selic ainda mais alta.

Arrecadação Federal Forte, mas Meta Fiscal Ainda em Risco

Em setembro, a arrecadação de impostos federais alcançou R$ 203,2 bilhões, representando um aumento real de 11,6% em comparação com o mesmo mês do ano anterior. No acumulado do ano, as receitas tributárias cresceram 9,7% em termos reais, totalizando R$ 1,934 trilhão. Embora as medidas para aumento de receita ainda estejam surtindo efeito, a forte atividade econômica e o mercado de trabalho robusto têm apoiado significativamente a arrecadação na segunda metade do ano. Destaca-se que o crescimento das receitas foi generalizado entre as diferentes bases tributárias e setores, especialmente aqueles mais ligados à atividade econômica.
Apesar dessa tendência positiva, acreditamos que ela pode não ser suficiente para atingir a meta fiscal primária, que dependerá de receitas não tributárias, como dividendos de estatais e a apropriação de depósitos judiciais.

Cenário Internacional

Dirigentes do Fed Defendem Redução Gradual dos Juros nos EUA

Alguns membros do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, reiteraram a importância de avançar com cautela na redução das taxas de juros. Essa abordagem permite uma avaliação cuidadosa das incertezas relacionadas ao mercado de trabalho e à inflação. Raphael Bostic, presidente do Fed de Atlanta, afirmou não ter pressa em baixar os juros e enfatizou que as taxas devem permanecer restritivas para garantir o controle inflacionário. Lorie Logan, presidente do Fed de Dallas, sugeriu que as taxas cairão “gradualmente”, destacando que, embora a economia esteja “forte e estável”, persistem “incertezas significativas” nas projeções econômicas.

No mês passado, o Fed reduziu os juros em 0,5 ponto percentual—o primeiro corte em mais de quatro anos. A próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto está agendada para os dias 6 e 7 de novembro. Nossa perspectiva antecipa cortes mais moderados de 0,25 ponto percentual nas próximas reuniões. Projetamos um cenário de “pouso suave”, em que a inflação desacelera sem provocar recessão, alinhado com reduções graduais até uma taxa terminal de 3,50% em 2025.

FMI Mantém Projeções de Crescimento Global, mas Alerta sobre Dívida Pública

No mais recente relatório “Perspectivas da Economia Mundial”, o Fundo Monetário Internacional (FMI) manteve a projeção de crescimento do PIB global em 3,2% para 2024 e 2025. Para os cinco anos subsequentes, a estimativa é de um crescimento de 3,1%, ligeiramente abaixo das tendências observadas antes da pandemia. Para 2024, o FMI ajustou para cima a projeção de crescimento dos EUA em 0,2 ponto percentual, chegando a 2,8%, principalmente devido ao consumo mais forte do que o esperado. A previsão de crescimento do Brasil também foi elevada em 0,9 ponto percentual, atingindo 3,0%, impulsionada pelo aumento do consumo privado e dos investimentos—marcando o terceiro ano consecutivo de crescimento nesse patamar. Em contrapartida, a estimativa para o crescimento da China em 2024 foi revisada para baixo em 0,2 ponto percentual, para 4,8%, atribuída em grande parte à fraqueza do setor imobiliário e à baixa confiança do consumidor.

No entanto, o FMI expressou preocupações sobre a trajetória da dívida pública global, sugerindo que a situação pode ser mais grave do que o previsto. O relatório destaca os crescentes déficits fiscais nos EUA e na China, estimando que a dívida pública mundial ultrapassará US$ 100 trilhões até o final de 2024. Até o fim da década, a relação dívida/PIB global pode atingir 100%. Os EUA e a China são responsáveis por uma parcela significativa desse aumento; excluindo esses países, a relação dívida/PIB global seria aproximadamente 20% menor, segundo o FMI.

Em relação ao Brasil, o FMI revisou suas projeções para a dívida pública bruta do país, prevendo que esta alcançará 97,6% do PIB em 2029, com superávits primários não esperados antes de 2027. É importante salientar que os métodos de cálculo do FMI diferem dos adotados pelo governo brasileiro. Os níveis de endividamento bruto são indicadores cruciais da solvência de uma nação e são monitorados de perto por analistas e investidores.

Banco Central Chinês Reduz Juros para Mínimos Históricos

O Banco Popular da China (PBoC) cortou suas taxas de juros de referência para novos patamares históricos, em um esforço para estimular uma economia em desaceleração. A Taxa Preferencial de Empréstimo (LPR) de um ano, referência para a maioria dos empréstimos corporativos e pessoais, foi reduzida em 0,25 ponto percentual, para 3,1%. Da mesma forma, a LPR de cinco anos, que influencia as taxas hipotecárias, foi diminuída em igual medida, para 3,6%.

Nos últimos meses, o PBoC e o Ministério da Habitação implementaram diversas medidas visando aliviar os encargos financeiros dos proprietários e restaurar a confiança do consumidor. Em setembro, o banco central iniciou seus esforços de estímulo mais agressivos desde a pandemia, focando em apoiar o debilitado setor imobiliário e impulsionar o consumo. Embora esperemos alguma melhoria na atividade econômica a curto prazo, a recuperação geral permanece lenta.

Otimismo no Banco Central Europeu Diante de Queda na Inflação

Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), expressou otimismo em relação às recentes tendências inflacionárias na Zona do Euro. Ela indicou que a inflação está diminuindo e pode alcançar a meta de 2% mais rapidamente do que o previsto anteriormente, fortalecendo o argumento para novos cortes nos juros. “Estou absolutamente confiante de que atingiremos esse objetivo de forma sustentável ao longo de 2025”, afirmou Lagarde. Ela enfatizou que, embora a direção da política monetária esteja “clara”, o ritmo dos futuros cortes na taxa de depósito, atualmente em 3,25%, dependerá dos dados econômicos que surgirem.

O BCE iniciou a redução das taxas de juros da Zona do Euro em 0,25 ponto percentual a cada duas reuniões. No entanto, cortes consecutivos estão se tornando mais prováveis à luz de números de inflação mais fracos.

Atualização do Mercado de Ações

Nesta semana, o índice Ibovespa recuou 0,5% em reais e 0,8% em dólares, fechando aos 129.893 pontos.

No cenário global, a semana foi marcada pela temporada de resultados do terceiro trimestre. Foi um período movimentado para as empresas americanas, com 183 companhias do S&P 500 divulgando seus resultados. Destas, 76% superaram as estimativas de lucros, com uma surpresa média de 6%, segundo dados da Bloomberg.

No âmbito doméstico, declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a política fiscal e o comprometimento com a meta de inflação levaram a uma redução na percepção de risco, resultando em uma queda significativa nas taxas de juros ao longo da semana. Em relação aos dados econômicos, o destaque foi o IPCA-15 de outubro, que veio acima das expectativas, reforçando preocupações sobre a deterioração inflacionária no Brasil.

Entre os principais destaques positivos, a Usiminas (USIM5) registrou alta de 8,5% após divulgar resultados do terceiro trimestre acima do esperado. Por outro lado, a Azul (AZUL4) foi o principal destaque negativo da semana, com queda de 9,6% após ter seu preço-alvo reduzido por um banco de investimentos.

FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-cai-em-semana-fraca-para-os-mercados-globais/
https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-fmi-eleva-projecao-do-pib-do-brasil-para-30/

 

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
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Quando menos é mais

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Você já parou para pensar em como os impostos afetam o nosso dia a dia? Seja no preço do pãozinho na padaria ou no valor daquele smartphone novo, os tributos estão sempre lá, muitas vezes escondidos, mas impactando diretamente o nosso bolso. Mas será que aumentar os impostos sempre significa mais dinheiro entrando nos cofres do governo? Acredite ou não, a resposta pode ser não!

É aqui que entra a famosa Curva de Laffer, um conceito econômico que pode parecer complicado à primeira vista, mas que vamos explicar de maneira bem tranquila. Imagine uma curva em forma de sino que mostra a relação entre a taxa de impostos e a arrecadação do governo. No início, ao aumentar a taxa de impostos, a arrecadação também aumenta. Até aí, tudo bem. Mas chega um ponto em que, se o governo continuar aumentando os impostos, a arrecadação começa a cair. Estranho, né?

Isso acontece porque taxas muito altas desestimulam as pessoas e empresas a trabalharem ou investirem, ou até as incentivam a buscar alternativas para pagar menos impostos, como a sonegação ou a informalidade. Ou seja, o governo acaba dando um tiro no pé: ao tentar arrecadar mais, acaba arrecadando menos.

 

Estados Unidos na era Reagan

Nos Estados Unidos, na década de 1980, o presidente Ronald Reagan implementou uma série de cortes significativos nas alíquotas de impostos, especialmente nas faixas mais altas de renda. As taxas máximas de imposto de renda caíram de 70% para 28%. A ideia era simples: reduzir os impostos para estimular a economia, aumentar a produção, o emprego e, consequentemente, a arrecadação.

E o que aconteceu? A economia americana experimentou um período de forte crescimento, conhecido como “Reaganomics”. A arrecadação total do governo federal aumentou de cerca de **517 bilhões de dólares em 1980 para mais de 1 trilhão de dólares em 1990**. No entanto, é importante notar que, apesar do aumento na arrecadação, o déficit orçamentário também cresceu significativamente devido ao aumento nos gastos públicos, especialmente em defesa.

Rússia e a taxa única de imposto

Outro caso interessante é o da Rússia. Em 2001, o país enfrentava problemas sérios de evasão fiscal e baixa arrecadação. A solução? Implementar uma taxa única de imposto de renda de 13%, simplificando o sistema tributário e reduzindo as alíquotas. Muita gente achou arriscado, mas os resultados foram surpreendentes.

A arrecadação de impostos aumentou significativamente nos anos seguintes. Em 2004, apenas três anos depois, a receita fiscal quase dobrou em relação a 2000. A simplificação do sistema e a redução das alíquotas incentivaram os contribuintes a declararem seus rendimentos corretamente, diminuindo a evasão fiscal e aumentando a base tributária.

Reino Unido e a redução de impostos

Vamos adicionar mais um exemplo à nossa lista: o Reino Unido na década de 1980, sob o governo de Margaret Thatcher. Conhecida por suas políticas econômicas liberais, Thatcher reduziu a taxa máxima de imposto de renda de 83% para 60% em 1979, e posteriormente para 40% em 1988.

Essas mudanças visavam incentivar o investimento e a produtividade. O resultado? O Reino Unido experimentou um período de crescimento econômico e a arrecadação tributária aumentou em termos reais. Além disso, houve uma queda na taxa de desemprego e uma revitalização de setores importantes da economia britânica.

E o Brasil nessa história?

Aqui no nosso querido Brasil, a carga tributária é tema constante de debates e, muitas vezes, de dor de cabeça para os cidadãos e empresas. Com uma das cargas mais altas entre os países emergentes e um sistema considerado complexo, não é raro ouvirmos falar sobre a alta informalidade e a sonegação fiscal.

Será que estamos no ponto da Curva de Laffer em que aumentar impostos não traz mais benefícios? Alguns especialistas acreditam que sim. A complexidade do sistema tributário brasileiro e as altas alíquotas podem estar desestimulando investimentos e o crescimento econômico.

Recentemente, discussões sobre reforma tributária têm ganhado força. A ideia é simplificar o sistema, talvez até reduzir algumas alíquotas, na esperança de estimular a economia e, quem sabe, aumentar a arrecadação no longo prazo. Um sistema tributário mais simples e justo pode incentivar empresas e indivíduos a cumprirem suas obrigações fiscais, reduzindo a informalidade e a evasão.

A Curva de Laffer nos mostra que, em se tratando de impostos, nem sempre mais é mais. Encontrar o equilíbrio é um desafio e tanto, mas essencial para garantir que o governo tenha recursos sem sufocar a economia. Enquanto isso, seguimos acompanhando e torcendo para que as mudanças tributárias no Brasil tragam um pouco de alívio para o nosso bolso e um impulso para o país crescer.

 

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
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Panorama de Mercado

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Brasil prepara pacote de medidas para revisar despesas ainda em 2023

O governo federal está finalizando um pacote de medidas destinado à revisão de gastos públicos, com previsão de apresentação ainda neste ano. Conforme informações veiculadas na imprensa, o plano poderá incluir alterações em programas como seguro-desemprego, abono salarial, Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS) e benefícios temporários da previdência social. Também está em pauta o fim dos supersalários no setor público.

Embora não haja uma data definida para o anúncio oficial, a intenção é encaminhar as medidas ao Congresso Nacional após as eleições municipais. A revisão das despesas obrigatórias é considerada essencial para manter o limite de gastos estabelecido pelo arcabouço fiscal. O crescimento acelerado dessas despesas pode reduzir o espaço para gastos discricionários de custeio e investimento, comprometendo a manutenção das regras fiscais em vigor.

Cenário Internacional

Economia dos EUA demonstra resiliência e mercado ajusta expectativas para taxa de juros

Nos Estados Unidos, as vendas no varejo registraram um aumento de 0,4% em setembro em relação a agosto, superando as expectativas e indicando a resiliência do consumo das famílias. Por outro lado, a produção industrial decepcionou ao apresentar uma contração de 0,3% na comparação mensal, resultado influenciado por questões climáticas e greves no setor aeronáutico. No mercado de trabalho, os pedidos de seguro-desemprego totalizaram 242 mil na semana passada, abaixo do esperado, após uma surpresa negativa na leitura anterior.

Diante desse conjunto de indicadores, o mercado passou a majoritariamente esperar uma manutenção ou possível aumento na taxa de juros na próxima reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed), marcada para novembro, alinhando-se às projeções de diversos analistas.

China apresenta baixa inflação e crescimento econômico moderado

Na China, a inflação ao consumidor recuou de 0,6% em agosto para 0,4% em setembro na variação acumulada em 12 meses, ligeiramente abaixo das previsões. A inflação ao produtor também diminuiu, passando de -1,8% para -2,8%, o nível mais baixo desde março.

Em relação à atividade econômica, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,9% no terceiro trimestre em comparação com o segundo trimestre de 2023. Na comparação com o mesmo período de 2022, a economia chinesa expandiu 4,6%, ainda abaixo da meta anual de crescimento de 5%. No entanto, os dados de setembro superaram levemente as expectativas. As vendas no varejo aumentaram 3,2% em relação a setembro de 2022 (expectativa: 2,5%), enquanto a produção industrial cresceu 5,4% (expectativa: 4,6%). No acumulado do ano até setembro, os investimentos em ativos urbanos cresceram 3,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. A taxa de desemprego também recuou, passando de 5,3% em agosto para 5,1% em setembro. Por outro lado, conforme já antecipado pelo mercado, os investimentos imobiliários caíram mais de 10% no acumulado do ano.

Em síntese, esses resultados confirmam um cenário de demanda doméstica relativamente fraca e riscos crescentes de deflação, apesar dos esforços contínuos do governo chinês para reverter essa tendência. O mercado aguarda detalhes adicionais sobre o pacote de estímulos recentemente anunciado para ajustar suas projeções de crescimento nos próximos trimestres. A expectativa é de uma aceleração da atividade econômica no curto prazo.

Mercado de Ações

Nesta semana, o Ibovespa registrou alta de 0,4% em reais, mas caiu 0,4% em dólares, fechando aos 130.499 pontos. As atenções dos investidores permaneceram voltadas para o cenário fiscal. No início da semana, o mercado reagiu positivamente à possibilidade de uma revisão de despesas por parte do governo. Porém, os ativos sofreram pressão após a notícia de uma proposta para um novo tratamento de empresas estatais dependentes da União, o que poderia abrir espaço para o limite de gastos.

A China divulgou uma série de dados de atividade econômica que, em geral, superaram as expectativas, embora o PIB ainda esteja abaixo da meta de 5%. Nos Estados Unidos, os resultados do terceiro trimestre de 2023 têm sido sólidos até o momento. Das 72 empresas do S&P 500 que já divulgaram seus balanços, 76% superaram as estimativas de lucro por ação, com uma surpresa positiva de 6,2%, segundo dados da Bloomberg.

O principal destaque positivo da semana foi a Marfrig (MRFG3), que registrou alta de 14,6%, impulsionada por expectativas favoráveis em relação aos resultados do terceiro trimestre de 2023 para o setor de frigoríficos e após receber recomendação de compra de um banco de investimentos. No lado negativo, a PetroReconcavo (RECV3) caiu 6,0%, refletindo a queda de 7,4% no preço do petróleo Brent ao longo da semana.

FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-sobe-04-na-semana-ainda-pressionado-por-preocupacoes-fiscais/ https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-estimulos-adicionais-na-china-e-corte-de-juros-na-europa/

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
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Crescimento Econômico Patrocinado

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O crescimento econômico nem sempre é sinônimo de saúde fiscal ou prosperidade duradoura. Em diversas ocasiões, economias florescem rapidamente, impulsionadas por políticas públicas expansionistas, com o aumento dos gastos governamentais. Contudo, essas fases de crescimento podem ser o prenúncio de grandes crises, especialmente quando baseadas em desequilíbrios fiscais. Um exemplo clássico desse cenário foi o colapso econômico da Grécia na década de 2010, e um paralelo importante pode ser traçado com o que ocorreu no Brasil durante o governo Dilma Rousseff (2011-2016) e as políticas adotadas no cenário brasileiro atual.

 Caso Grego: Crescimento Insustentável e Colapso

Nos anos 2000, a Grécia experimentou um período de crescimento econômico robusto após sua entrada na Zona do Euro. Com a adesão à moeda comum, o país teve acesso a crédito barato, facilitando a ampliação dos gastos públicos e investimentos em infraestrutura. No entanto, os desequilíbrios fiscais se agravaram, com sucessivos déficits e uma dívida pública crescente. A crise financeira global de 2008 expôs a fragilidade do modelo de crescimento grego, levando o país à beira da insolvência em 2010. Com a impossibilidade de rolar suas dívidas, a Grécia teve que recorrer a resgates internacionais, implementando políticas de austeridade que resultaram em severas contrações econômicas e sociais.

O Governo Dilma e o Crescimento Insustentável no Brasil

No Brasil, uma situação semelhante pode ser observada durante o governo Dilma Rousseff. No início de seu mandato, o país ainda colhia os frutos de uma década de crescimento econômico impulsionado pelo boom das commodities e políticas de expansão do crédito. Contudo, em resposta à desaceleração da economia mundial e ao esgotamento desse ciclo de crescimento, o governo adotou uma série de medidas intervencionistas para estimular a economia.

Essas políticas, que ficaram conhecidas como “Nova Matriz Econômica”, incluíram a ampliação dos gastos públicos, controle de preços de energia e combustíveis, desonerações fiscais e crédito subsidiado. Embora essas ações tenham mantido a atividade econômica em crescimento no curto prazo, elas ampliaram significativamente o déficit fiscal e a dívida pública. Em 2014, o crescimento econômico estagnou, e o Brasil mergulhou em uma recessão profunda a partir de 2015. A deterioração fiscal foi acompanhada pela perda do grau de investimento, inflação crescente e aumento da dívida pública.

Comparações com a Grécia e o Cenário Atual

Os paralelos entre a Grécia e o governo Dilma são evidentes. Ambos os países buscaram manter o crescimento econômico por meio do aumento dos gastos públicos e políticas de estímulo, sem considerar a sustentabilidade fiscal de longo prazo. No caso grego, o resultado foi a falência e um longo período de austeridade. No Brasil, o final do governo Dilma foi marcado pela recessão mais severa em décadas e pela necessidade de reformas urgentes para estabilizar as contas públicas.

Atualmente, o Brasil enfrenta um desafio semelhante. Após a crise provocada pela pandemia de COVID-19, o governo federal adotou políticas de estímulo econômico, como o auxílio emergencial e o aumento dos investimentos públicos. Isso ajudou a mitigar os impactos mais profundos da recessão, mas a situação fiscal permanece delicada. O déficit primário persiste, e a dívida pública já ultrapassa 75% do PIB, um nível preocupante para uma economia emergente.

Assim como ocorreu na Grécia e no governo Dilma, o risco de um “crescimento patrocinado” está novamente presente. Embora seja compreensível a necessidade de estímulos para acelerar a recuperação econômica, a falta de um plano sustentável para as contas públicas pode colocar o Brasil em uma trajetória de instabilidade. O governo atual precisa equilibrar os gastos públicos com a responsabilidade fiscal para evitar que o país entre em uma nova crise econômica.

A Necessidade de Pensar no Longo Prazo

A lição da Grécia e do governo Dilma é clara: crescimento econômico sem sustentabilidade fiscal é uma armadilha. O Brasil deve evitar os erros do passado, que focaram em resultados de curto prazo às custas da saúde fiscal de longo prazo. Isso significa promover reformas estruturais, como a reforma administrativa e tributária, e garantir que o crescimento seja impulsionado por investimentos produtivos e não por políticas de expansão fiscal que apenas postergam problemas maiores.

A recuperação econômica é importante, mas o caminho deve ser traçado com visão de longo prazo, para que o crescimento seja duradouro e não apenas uma ilusão temporária. O desafio é claro: é necessário encontrar um equilíbrio entre a retomada da economia e a preservação da responsabilidade fiscal. Caso contrário, o Brasil corre o risco de repetir a história, vivendo ciclos de crescimento seguidos por crises profundas e dolorosas.

 

Mateus H. Passero
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Preços das carnes e de energia elétrica elevam inflação em setembro

A inflação medida pelo IPCA registrou alta de 0,44% em setembro de 2024, levando o acumulado de 12 meses para 4,42%, em linha com as expectativas do mercado. A maior parte desse aumento foi impulsionada pelos preços da energia elétrica, que subiram 5,4% após a mudança da bandeira tarifária de “verde” para “vermelha 1”. Além disso, os preços das carnes continuaram pressionando a inflação, elevando o custo de alimentação no domicílio.

Apesar da desaceleração pontual em alguns itens, as pressões inflacionárias devem persistir nos próximos meses. Problemas climáticos podem impactar ainda mais os preços dos alimentos e da energia, e o comportamento dos preços das proteínas tem surpreendido o mercado. A expectativa é que o IPCA feche o ano com uma alta de 4,6%, acima do limite de tolerância da meta do Banco Central.

Galípolo será o novo presidente do Banco Central

O Senado aprovou a indicação de Gabriel Galípolo como o próximo presidente do Banco Central, a partir de 2025. Atualmente, ele ocupa o cargo de Diretor de Política Monetária da instituição. Galípolo substituirá Roberto Campos Neto, cujo mandato termina em 31 de dezembro deste ano. A votação no Senado foi unânime, com 26 votos a favor e nenhum contra, após uma sabatina de quatro horas.

Governo estuda reforma do Imposto de Renda para isentar quem ganha até R$ 5 mil

O Ministério da Fazenda está considerando elevar a faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para quem recebe até R$ 5 mil mensais, uma mudança significativa em relação ao patamar atual de R$ 2.824. O impacto fiscal previsto com essa alteração varia entre R$ 28 bilhões e R$ 35 bilhões. Para compensar essa perda de receita, o governo avalia a criação de um imposto mínimo para pessoas de alta renda, com alíquotas entre 12% e 15%. A medida visa manter a neutralidade do ponto de vista arrecadatório.

Vendas no varejo e serviços indicam moderação na economia

As vendas no varejo ampliado recuaram 0,8% em agosto na comparação com o mês anterior, sinalizando uma desaceleração do consumo. Esse recuo foi observado em diversas categorias, confirmando a expectativa de uma moderação no crescimento do consumo de bens no segundo semestre, após um desempenho forte na primeira metade do ano. No entanto, quando comparado ao mesmo período do ano passado, o setor apresentou crescimento.

No setor de serviços, as receitas caíram 0,4% em agosto frente a julho, um resultado que também ficou abaixo das expectativas. Ainda assim, na comparação anual, o crescimento foi de 1,7%. A análise do setor requer cautela, devido à revisão de dados no grupo de “Serviços Técnico-Profissionais”. No geral, esses indicadores reforçam a expectativa de crescimento moderado para o PIB de 2024, com uma projeção mantida em 3,1%.

Cenário internacional: inflação nos EUA e política monetária

Nos Estados Unidos, a inflação ao consumidor subiu 0,2% em setembro, ligeiramente acima das previsões. No acumulado de 12 meses, a inflação desacelerou de 2,5% para 2,4%, atingindo o menor patamar desde fevereiro de 2021. O núcleo da inflação, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, também veio acima das expectativas, impulsionado por tarifas aéreas e seguros de automóveis. O índice de preços ao produtor (PPI) permaneceu estável em setembro, após uma alta de 0,2% em agosto.

A ata da última reunião do Federal Reserve mostrou uma divisão entre os membros do comitê sobre o ritmo de cortes de juros. Embora a maioria tenha apoiado uma redução de 0,50 pontos percentuais, alguns membros preferiam cortes mais graduais, de 0,25 p.p.. Espera-se que o Fed adote uma postura mais cautelosa nas próximas reuniões, com previsões de cortes menores, de 0,25 p.p. em novembro e dezembro.

Ibovespa cai com preocupações fiscais e alta no dólar

O Ibovespa fechou a semana em queda de 1,4% em reais e 4,4% em dólares, aos 129.992 pontos. O principal fator de pressão foi a preocupação com a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda, que gerou incertezas fiscais. O dólar superou os R$ 5,60, enquanto os juros futuros atingiram os níveis mais altos do ano.

No cenário global, os índices americanos registraram novas máximas (S&P 500 +1,1%; Nasdaq +1,2%) impulsionados pelo início da temporada de resultados corporativos do terceiro trimestre. Em destaque positivo no Brasil, as ações do Pão de Açúcar (PCAR3) subiram 15,5%, enquanto o lado negativo foi liderado por Minerva (BEEF3), que caiu 13,2% devido à alta no preço do boi gordo e preocupações com a alavancagem da empresa

 

Mateus H. Passero
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Moody’s eleva classificação de crédito do Brasil e setor de petróleo impulsiona a bolsa

A agência de classificação de risco Moody’s aumentou a nota de crédito do Brasil de Ba2 para Ba1, aproximando o país do grau de investimento. A mudança é fruto de melhorias na economia, com maior crescimento do que o previsto anteriormente e um histórico recente de reformas fiscais e econômicas que reforçam a resiliência do Brasil. No entanto, a agência destacou que o arcabouço fiscal brasileiro ainda carece de credibilidade total, refletido nos elevados custos da dívida pública.

A perspectiva positiva para a nota de crédito sugere que, com o cumprimento das regras fiscais, o Brasil poderá ver uma redução mais acentuada no custo dos empréstimos e uma maior credibilidade institucional. Apesar disso, a Moody’s alertou que, para estabilizar a dívida pública em 82% do PIB, seria necessário um superávit primário de 1,2%, algo difícil de alcançar nas condições fiscais atuais.

Projeções para inflação e crescimento

A inflação projetada para 2024 foi ajustada para 4,6%, acima do limite da meta do Banco Central. Mesmo assim, o crescimento do PIB em 2024 segue projetado em 3,1%, e para 2025 a expectativa é de 1,8%. A volatilidade no câmbio persiste, com a previsão da taxa de câmbio fixada em R$ 5,40 por dólar. Quanto à Selic, aponta uma elevação para 12% até o fim de 2024, com um aumento de 0,50 p.p. na próxima reunião do Copom.

Medidas fiscais e desafios no curto prazo

O governo lançou as Medidas Provisórias 1261 e 1262 para melhorar a arrecadação. A primeira prorroga para 2026 o prazo para dedução de perdas com inadimplência, enquanto a segunda impõe tributos sobre multinacionais com faturamento superior a €750 milhões, que devem gerar mais receitas a partir de 2026. O impacto no curto prazo, entretanto, é limitado.

Produção industrial e déficit público

A produção industrial apresentou uma leve alta de 0,1% em agosto, mas o acumulado trimestral até o mês mostrou um avanço de 2,2%, confirmando a recuperação do setor em 2024. A expectativa é que a produção industrial cresça cerca de 3,5% até o fim do ano. Enquanto isso, o setor público consolidado registrou um déficit de R$ 21,4 bilhões em agosto, com o governo central acumulando a maior parte desse déficit. No acumulado de 12 meses, o governo central tem um déficit de R$ 265,1 bilhões (2,3% do PIB).

Impacto internacional e mercado de petróleo

Nos Estados Unidos, o mercado de trabalho continua surpreendendo com a criação de 254 mil empregos formais em setembro, superando as expectativas. Isso fortalece a visão de que o Federal Reserve deve cortar os juros em 0,25 p.p. nas duas reuniões restantes deste ano.

O petróleo, por sua vez, registrou um forte aumento, saltando de US$ 72 para US$ 78 por barril em poucos dias, em meio à escalada de tensões no Oriente Médio. Esse movimento impulsionou o setor de Petróleo e Gás na Bolsa, com Petrobras (PETR4) subindo 4,8% na semana, acompanhando a alta do preço do Brent, que avançou 8,8%. Essa valorização trouxe um impacto positivo para a balança comercial brasileira, já que o petróleo é uma das principais commodities exportadas pelo país.

Desempenho do Ibovespa

Apesar das notícias positivas para o setor de petróleo, o Ibovespa recuou 0,7% em reais e 1,3% em dólares, fechando a semana aos 131.792 pontos. O principal fator de pressão foi o aumento das tensões geopolíticas no Oriente Médio, que aumentaram a aversão ao risco no mercado global. Por outro lado, o forte relatório de empregos dos EUA ajudou a impulsionar os mercados no final da semana, com o S&P 500 e Nasdaq registrando altas de 1,4% e 1,7%, respectivamente.

No Brasil, além de Petrobras, outro destaque foi Azul (AZUL4), que registrou alta de 6,3% após a companhia anunciar negociações com arrendadores para melhorar sua estrutura de capital. Na ponta negativa, a Assaí (ASAI3) caiu 14,2% após receber um termo de arrolamento da Receita Federal, com um valor devido de R$ 1,3 bilhão.

Em resumo, o cenário econômico do Brasil segue positivo, com o reconhecimento da Moody’s reforçando a trajetória de crescimento e reformas. Entretanto, os desafios fiscais ainda impõem obstáculos, especialmente para a estabilização da dívida pública e o controle das contas.

FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-moodys-eleva-nota-de-credito-soberano-do-brasil/

https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-comeca-outubro-em-queda-indice-cai-07-na-semana/

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
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Vamos falar de juros, de novo….

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Vamos falar de juros, de novo….

A política monetária no Brasil é frequentemente discutida nos meios econômicos e financeiros, especialmente em tempos de alta inflação ou dificuldades econômicas. Um tema central nessas discussões é a taxa Selic, que é utilizada pelo Banco Central para influenciar o comportamento da economia. Mas como exatamente a Selic, a meta para essa taxa, os juros de longo prazo e o custo do crédito interagem entre si? E por que forçar a queda dos juros via meta da Selic pode ser uma estratégia ineficaz?

O que é a meta da taxa Selic?

A meta da taxa Selic é aquela definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil. É dela que ouvimos falar quando o presidente reclama que os juros estão altos por culpa do banco central. Porém ela representa, apenas, o objetivo que a autoridade monetária estabelece para a taxa básica de juros da economia, não é de fato a taxa selic. O intuito dessa meta é influenciar o nível geral dos juros na economia e, consequentemente, controlar a inflação. O Copom ajusta a meta da Selic com base em suas expectativas sobre a inflação futura e a atividade econômica. Se a inflação estiver alta, o Banco Central pode aumentar a meta da Selic para conter o consumo e o crédito, o que ajuda a reduzir a pressão sobre os preços.

Então o que é a taxa Selic de fato?

A taxa Selic propriamente dita é a taxa de juros efetivamente praticada no mercado para operações de curtíssimo prazo lastreadas em títulos públicos federais. Essa taxa também é utilizada como indexador de diversos investimentos, e formas de crédito ou financiamento. Ela flutua diariamente, mas tende a seguir a meta estabelecida pelo Copom. Esse mecanismo de ajuste ocorre por meio de operações de mercado aberto conduzidas pelo Banco Central, onde os bancos e o tesouro nacional compram ou vendem títulos públicos para manter a taxa próxima da meta.

Juros de Longo Prazo

Os juros de longo prazo refletem as expectativas do mercado em relação à economia no futuro. Eles são influenciados não apenas pela taxa Selic, mas também por fatores como o risco fiscal, a percepção de inflação futura, a credibilidade das políticas econômicas e as condições internacionais. Enquanto a Selic influencia o custo do dinheiro no curto prazo, os juros de longo prazo capturam as incertezas e riscos que o país enfrenta em horizontes mais amplos.

Quando o governo tem uma política fiscal descontrolada ou há incerteza sobre o futuro da economia, os investidores exigem prêmios maiores (juros) para emprestar dinheiro por prazos mais longos, o que eleva os juros de longo prazo. Portanto, mesmo que a Selic esteja baixa, se os juros de longo prazo continuarem altos, os financiamentos de longo prazo, como imobiliário e investimentos empresariais, permanecem caros.

O custo do crédito no Brasil

O custo do crédito é o quanto as empresas e consumidores pagam para obter empréstimos e financiamentos. No Brasil, ele tende a ser significativamente mais alto do que em outros países, devido a uma combinação de fatores. Além da taxa Selic, outros componentes como spread bancário (a diferença entre o que os bancos pagam para captar recursos e o que cobram ao conceder crédito), risco de inadimplência, impostos, e custos operacionais influenciam o valor final pago pelo tomador de crédito.

Por que a meta da Selic não basta para reduzir os juros?

É comum ouvir o clamor por uma redução da meta da Selic como forma de forçar a queda dos juros. No entanto, essa medida isolada é ineficaz por vários motivos:

  1. Expectativas do mercado: A queda da meta da Selic pode ser vista com ceticismo se os agentes econômicos não acreditarem na sustentabilidade da política fiscal. Se houver incertezas sobre o controle da inflação no futuro, os investidores exigirão taxas de juros mais altas em prazos mais longos, mantendo elevado o custo do crédito para empresas e consumidores.
  2. Risco país: O risco fiscal e a percepção de instabilidade econômica podem aumentar os juros de longo prazo. Mesmo que a Selic caia, se o governo não demonstrar comprometimento com políticas fiscais sólidas, os investidores irão precificar um prêmio de risco adicional, mantendo os juros de longo prazo elevados.
  3. Inércia inflacionária: Em muitos casos, a inflação está enraizada em expectativas e contratos de longo prazo. Reduzir a meta da Selic artificialmente pode aumentar a inflação futura se os agentes econômicos interpretarem a medida como sinal de relaxamento no combate à inflação. Com isso, os juros de longo prazo podem subir, em vez de cair.
  4. Spread bancário elevado: No Brasil, o spread bancário é alto devido a fatores como inadimplência, regulação, e a própria estrutura do sistema bancário. Assim, mesmo que a Selic seja reduzida, o custo do crédito pode não cair proporcionalmente, pois os bancos mantêm margens elevadas para compensar os riscos de crédito e operacionais.

No fim das contas

Reduzir a meta da Selic pode ser uma ferramenta útil em determinadas condições econômicas, mas forçar a queda dos juros apenas por meio dessa política sem uma base sólida — como controle da dívida pública, melhora na confiança do mercado e na eficiência do sistema financeiro — é ineficaz. O custo do crédito e os juros de longo prazo são fortemente influenciados por fatores como risco fiscal, expectativas inflacionárias e a eficiência do sistema financeiro. Portanto, uma abordagem ampla, que combine política monetária responsável, controle fiscal e reformas estruturais, é essencial para reduzir o custo de financiamento de forma sustentável no Brasil.

 

Mateus H. Passero
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PIB surpreende positivamente mais uma vez

No segundo trimestre de 2024, o PIB do Brasil registrou um crescimento de 1,4% em relação ao primeiro trimestre, superando as previsões de um aumento de 1,0%. Esse desempenho veio após uma alta de 1,0% no trimestre anterior, reforçando a robustez da economia no curto prazo. Esse avanço foi impulsionado principalmente pela forte demanda interna, com o consumo se mantendo resiliente e os investimentos em recuperação. Outros fatores que contribuíram para esse cenário positivo incluem um mercado de trabalho aquecido, elevados níveis de transferências fiscais e maior concessão de crédito.
Revisamos para cima a projeção de crescimento do PIB em 2024, de 2,7% para 3,1%. Esse ajuste reflete as surpresas positivas no segundo trimestre e a força da demanda interna. Outro ponto importante foi a redução da expectativa de déficit primário, de 0,4% para 0,3% do PIB, graças ao aumento de receitas extraordinárias, elevando as chances de cumprimento da meta fiscal. Para 2025, no entanto, o desafio de aumentar a arrecadação e controlar os gastos permanece significativo. No que diz respeito à política monetária, projetamos uma elevação da Selic dos atuais 10,50% para 12,00% até janeiro de 2025.

Governo apresenta detalhes do PLOA 2025

O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025, que contém as projeções do governo para receitas e despesas no próximo ano, estima que o limite total de gastos será de R$ 2,249 trilhões. O ajuste fiscal dependerá quase exclusivamente de receitas, com uma previsão de R$ 168,3 bilhões em receitas adicionais, das quais R$ 121,5 bilhões virão de medidas extraordinárias e R$ 46,7 bilhões de receitas condicionais. Entretanto, essas receitas extraordinárias são incertas – para 2024, por exemplo, a previsão original foi reduzida em cerca de 40% e tem baixa probabilidade de concretização. As receitas condicionais também enfrentam desafios políticos, pois dependem da aprovação do Legislativo. No lado das despesas, o orçamento prevê uma revisão de R$ 25,9 bilhões, com foco em áreas como previdência e assistência social. Avaliamos que essas medidas terão impacto limitado no ajuste fiscal, dado o pequeno efeito sobre o valor médio dos benefícios e o fluxo de novos beneficiários, que tende a aumentar com o envelhecimento da população.
As incertezas orçamentárias continuam em 2025. Nossas projeções indicam um déficit de R$ 63,7 bilhões, menor do que o previsto pelo PLOA. Acreditamos que o orçamento se apoia em medidas incertas e será necessário buscar novas fontes de receita ao longo do ano para alcançar a meta, assim como ocorreu em 2024. Em relação às despesas, vemos uma subestimação nas áreas de previdência social e BPC/LOAS, mesmo considerando as medidas de revisão planejadas.

Secretário da Fazenda esclarece temas fiscais

Em entrevista ao “Estadão”, o Secretário Executivo da Fazenda, Dario Durigan, comentou que o programa “Auxílio-Gás” voltará a ser incluído no Orçamento de 2025 e respeitará as regras fiscais, após preocupações levantadas pelo PLOA de 2025, que sugeria um financiamento majoritário por renúncia de receita, contornando o teto de despesas. Ele também mencionou que a proposta de limitar o crescimento de despesas como previdência, saúde e educação a 2,5% acima da inflação – teto já imposto a outras despesas – está em discussão e que, no momento certo, o governo tomará uma decisão.
Durigan reforçou ainda o compromisso do governo em atingir a meta fiscal deste ano e não descartou medidas adicionais no final de 2024 para garantir o cumprimento do objetivo.

Diretor do Banco Central sinaliza início gradual de ciclo de alta de juros, caso necessário

Diogo Guillen, Diretor de Política Econômica do Banco Central, afirmou que a última ata do Copom sinaliza que, caso um ciclo de aumento de juros seja necessário, ele começará de forma gradual. Segundo Guillen, tanto o início quanto o fim dos ciclos de política monetária costumam ser marcados por ajustes moderados. O diretor também destacou que as decisões dependerão dos dados econômicos e que o principal mandato do Banco Central é manter a inflação na meta.
A nosso ver, a comunicação recente do Copom sustenta a expectativa de um ciclo gradual de alta de juros já na próxima reunião.

Produção industrial cai em julho, mas mantém tendência de alta

A produção industrial brasileira registrou uma queda de 1,4% em julho na comparação com junho, resultado abaixo das expectativas. No entanto, em comparação com julho de 2023, houve um crescimento de 6,1% na produção total. A análise setorial mostrou resultados positivos, com 18 das 25 atividades industriais registrando crescimento em julho. Notamos, em especial, o avanço em Bens de Capital, sinalizando um possível fortalecimento da Formação Bruta de Capital Fixo no terceiro trimestre, e em Bens de Consumo Duráveis, puxados pela produção de veículos, máquinas e móveis.
Esses dados não alteram nossa perspectiva de que a indústria brasileira segue em uma trajetória de crescimento no curto prazo.

Cenário internacional

Mercado de trabalho dos EUA mostra sinais de equilíbrio

Os dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos, referentes a agosto, foram divulgados recentemente. O Nonfarm Payroll reportou uma criação líquida de 142 mil empregos, abaixo das expectativas de 165 mil. Outros indicadores mostraram sinais mistos: o relatório JOLTS apontou para um reequilíbrio no mercado, enquanto o relatório ADP veio abaixo do esperado. Por outro lado, o indicador ISM de emprego apresentou um resultado mais forte e os pedidos de auxílio-desemprego permaneceram baixos.
O mercado continua dividido sobre a magnitude do corte de juros pelo Fed (0,25 p.p. ou 0,50 p.p.) na próxima reunião de setembro. Os dados sugerem um mercado de trabalho em reequilíbrio, mas ainda sólido. Nossa expectativa é que o Fed corte 0,25 p.p. nas taxas. O Diretor do Fed, Christopher Waller, corroborou essa visão, afirmando que o mercado de trabalho está equilibrado, sem sinais de recessão.

Presidente do Banco do Japão mantém perspectiva de alta de juros

Kazuo Ueda, Presidente do Banco Central do Japão, afirmou que a autoridade monetária continuará subindo os juros se houver sinais de aceleração da inflação. Mesmo após o aumento da taxa básica em julho, Ueda considera que a economia ainda está estimulada, já que os juros reais permanecem bastante negativos.

OPEP+ estende cortes na produção de petróleo

O preço do petróleo Brent caiu cerca de 9% nesta semana, atingindo US$ 71 por barril, o menor valor desde junho de 2023, em meio à percepção de uma queda na demanda global, especialmente da China. Como resposta, a OPEP+ decidiu estender os cortes de produção até o final de novembro. Até o momento, os efeitos dessa decisão foram limitados.
A queda no preço do petróleo beneficia a inflação global, mas prejudica a balança comercial e a arrecadação de países produtores, como o Brasil.

Bolsa

O Ibovespa recuou 1,0% em reais e ficou estável em dólares, encerrando a semana aos 134.572 pontos. Nos mercados internacionais, houve volatilidade devido aos dados mistos dos EUA, com o S&P 500 caindo 4,2% e o Nasdaq 5,8%
O destaque doméstico foi o crescimento do PIB no segundo trimestre, que reforçou o cenário de uma economia aquecida e aumentou as expectativas de um novo ciclo de alta de juros. Nosso time revisou a estimativa do PIB para 2024 para 3,1% e espera um corte de 0,25 p.p. na Selic na próxima reunião do Copom.

FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-pib-deve-crescer-ao-redor-de-3-em-2024/ https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-025-ou-050-eis-a-questao-mercados-globais-caem-na-semana-com-politica-monetaria-global-e-no-brasil-no-foco/

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
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Construindo um Legado

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Recentemente, minha vida mudou de uma maneira que me fez refletir sobre o futuro de forma muito mais profunda.
Domingo, 01 de setembro de 2024, as 5:45a.m. me tornei pai!
A chegada do Erick, trouxe novamente a perspectiva sobre o que significa construir um legado, não apenas para garantir minha própria aposentadoria, mas para proporcionar segurança e estabilidade à minha família. E, com isso, uma pergunta que muitos enfrentam também ganhou ainda mais peso: como se preparar financeiramente para o futuro? Decidi falar sobre duas formas simples de fazer isso e que todos podem repetir.
Criar um plano de Previdência privada ou construir uma carteira de ações.

Previdência Privada: Segurança e Previsibilidade para o Futuro da Família

Aos pais menos entusiastas de finanças e investimentos, a previdência privada me parece uma escolha que oferece segurança e previsibilidade — fatores que agora, mais do que nunca, são importantes. A previdência, seja através do PGBL ou do VGBL, proporciona a oportunidade de poupar de forma regular, com a tranquilidade de saber que estará construindo uma reserva que poderá lhe sustentar na aposentadoria e, potencialmente, proteger sua família.
Com a previdência privada, há também a vantagem da previsibilidade nos rendimentos, geralmente atrelados a investimentos de renda fixa, o que garante uma certa segurança no longo prazo. Além disso, muitos planos oferecem coberturas adicionais, como pensão por morte e invalidez, o que me faz pensar que, mesmo na minha ausência, meu filho teria uma proteção financeira garantida. Esse tipo de estabilidade, no papel de pai, é algo difícil de ignorar. Mesmo utilizando os planos sem benefícios por morte, essa falta pode ser facilmente coberta pela contratação de um seguro de vida de qualidade.
A previdência privada nada mais é do que um fundo de investimentos gerido por uma equipe de profissionais que irá investir o dinheiro dos cotistas em ativos diversos, usualmente títulos de renda fixa, porém, existem previdências de ações ou multimercado também. É uma ferramenta simples, que à primeira vista, lembra uma poupança, o investidor pode investir todos os meses ou sempre que quiser.
Contudo, essa segurança vem acompanhada de retornos mais modestos. Embora a tranquilidade seja um ponto positivo, o crescimento do patrimônio pode ser mais limitado, o que me faz ponderar sobre alternativas que ofereçam maior potencial de valorização ao longo do tempo.

Carteira de Ações: Potencial de Crescimento e um Legado de Valor

Por outro lado, criar uma carteira de ações pode oferecer não só um futuro confortável para a aposentadoria, mas também a oportunidade de construir um patrimônio substancial que eu poderia deixar para meu filho. Investir em ações de boas empresas, com potencial de crescimento, e reinvestir os dividendos, é uma estratégia que pode gerar um legado significativo ao longo dos anos.
Claro, o mercado de ações envolve riscos. A volatilidade e as oscilações podem ser desafiadoras, especialmente em momentos de incerteza. Mas, com uma visão de longo prazo e uma estratégia bem definida, os retornos podem ser consideravelmente superiores aos de uma previdência privada. E isso faz pensar: que legado estou disposto a construir para o futuro do Erick?
O desejo de deixar algo substancial para meu filho faz com que a construção de uma carteira de ações se torne uma opção atraente, uma vez que ela pode se valorizar consideravelmente até o momento em que ele esteja pronto para assumir sua própria jornada financeira.
Importante frisar que investir em ações significa comprar participações em negócios reais, empresas de grande porte, ser sócio de uma empresa significa que irei precisar acompanhar seu desenvolvimento, seus resultados e os mercados nos quais minhas empresas estão atuando. Para mim, que estou diariamente recebendo informações, conteúdo, relatórios e mais relatórios, e que consigo entender minimamente um demonstrativo de resultado, e os indicadores de performance de ações, pode ser uma boa alternativa para a construção de um legado para o Erick, para minha esposa Giovana e os demais filhos que podem vir.
Entretanto, pode não ser a melhor alternativa ao pai que não tem tanto tempo disponível para acompanhar o mercado. (A menos que ele tenha um bom assessor de investimentos).

Combinar Segurança com Crescimento: O Equilíbrio para um Legado

Ao refletir sobre a chegada do Erick, a responsabilidade de garantir um futuro sólido para ele, e pensando que muitos outros pais nas mais diversas realidades e fases da vida podem ter as mesmas dúvidas, percebo que, talvez, a melhor estratégia seja uma combinação de previdência privada e investimentos em ações. A previdência me oferece a segurança e a estabilidade necessárias para assegurar a aposentadoria, enquanto uma carteira de ações bem estruturada pode ser o motor de crescimento necessário para deixar um legado duradouro.
Com a ajuda de um assessor ou consultor financeiro, você pode traçar uma estratégia que une o melhor dos dois mundos: a previsibilidade e a proteção da previdência privada, junto com o potencial de valorização das ações. Dessa forma, não só garantirá o seu futuro, mas também plantará as sementes de um legado que o seu filho poderá colher.

 

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
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Panorama de Mercado

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Gabriel Galípolo é Indicado para Presidência do Banco Central

O economista Gabriel Galípolo, atual Diretor de Política Monetária do Banco Central, foi indicado oficialmente pelo Presidente Lula para assumir a presidência da instituição a partir do próximo ano. A indicação, que já era amplamente aguardada pelo mercado, agora segue para a aprovação do Senado Federal, onde Galípolo passará por uma sabatina. Se aprovado, ele comandará o Banco Central de 2025 a 2028. Além disso, Lula ainda precisa nomear três novos diretores para as áreas de Regulação, Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, e Política Monetária, cujos nomes serão definidos em breve, conforme informado pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

IPCA-15 de Agosto Não Traz Alívio

O IPCA-15, que é uma prévia da inflação oficial, registrou alta de 0,19% em agosto comparado a julho, em linha com nossas expectativas. A inflação acumulada em 12 meses recuou de 4,45% para 4,35%, mas os detalhes do índice não trouxeram boas notícias. O núcleo da inflação, que exclui itens mais voláteis, avançou 0,28% no mês, com a média móvel trimestral anualizada (3M SAAR) permanecendo em 4,2%, acima da meta de 3%. Além disso, o núcleo de serviços teve alta de 0,39% no mês e 5,4% na média móvel trimestral, refletindo um mercado de trabalho aquecido e demanda doméstica robusta, o que deve manter a inflação pressionada nos próximos trimestres.

Diante disso, nossas previsões de curto prazo permanecem inalteradas. Projetamos que o IPCA de 2024 fechará em alta de 4,4%, impulsionado pela persistência da inflação de serviços e pela aceleração dos preços de bens industrializados. Com isso, acreditamos que o Copom deve iniciar um ciclo de aperto monetário moderado já na reunião de setembro para reancorar as expectativas inflacionárias.

Corte de Despesas de R$ 25,9 Bilhões: Estratégia do Governo

O Ministério do Planejamento detalhou o corte de R$ 25,9 bilhões nos gastos obrigatórios do Orçamento de 2025, anunciado em julho. Essa revisão de despesas incide principalmente sobre programas sociais e previdenciários, sem mudanças estruturais nas despesas obrigatórias. INSS e BPC, por exemplo, já respondem por metade do valor total dos cortes, somando R$ 13,7 bilhões. Além disso, o governo pretende reduzir R$ 2,3 bilhões do “Bolsa Família” para o próximo ano. Se essas medidas não atingirem os resultados esperados, o governo poderá ser forçado a realizar novos bloqueios e contingenciamentos.

Mercado de Trabalho Mostra Vigor

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrou a criação líquida de 188 mil empregos formais em julho. De janeiro a julho de 2024, foram geradas 1,490 milhão de vagas, superando as 1,175 milhão criadas no mesmo período de 2023, com destaque para o setor de serviços. O salário real de admissão cresceu 0,3% em julho ante junho e 2,2% em comparação com julho de 2023, enquanto o salário real de demissão recuou 0,1% no mês, mas subiu 1,4% em termos anuais. A taxa de desemprego mensal, medida pela PNAD Contínua, manteve-se em 6,8% em julho, próximo aos níveis mais baixos da série histórica, iniciada em 2012. Os rendimentos reais do trabalho cresceram quase 5% em comparação com julho de 2023, e projetamos que a renda real disponível às famílias cresça cerca de 6,5% em 2024, bem acima das estimativas iniciais.

Mantemos nossa visão positiva sobre o mercado de trabalho. Os altos níveis de emprego e renda devem sustentar a demanda nos próximos meses, mas também manterão a inflação de serviços elevada no curto prazo. Esperamos que o PIB cresça 2,7% em 2024.

Banco Central Intervém no Câmbio

O Banco Central do Brasil realizou sua segunda intervenção no mercado de câmbio este ano, ofertando até 1,5 bilhão de dólares para conter a valorização da moeda americana, sem previsão de recompra. Essas intervenções visam corrigir distorções pontuais e assegurar o bom funcionamento do regime cambial flutuante. Projetamos que o dólar terminará 2024 em R$ 5,40. Parte do prêmio de risco embutido nos ativos brasileiros deve se tornar permanente, mantendo o câmbio em patamares mais depreciados do que o sugerido pelos fundamentos econômicos, que indicam um intervalo entre R$ 5,00 e R$ 5,20.

Setor Público Registra Déficit de R$ 21,3 Bilhões em Junho

O setor público consolidado, que inclui União, Estados, Municípios e Empresas Estatais, registrou um déficit de R$ 21,3 bilhões em julho, pior do que o esperado pelo mercado. O Governo Central teve déficit de R$ 8,6 bilhões, os Governos Regionais de R$ 11,0 bilhões e as Empresas Estatais de R$ 1,7 bilhão. O déficit acumulado em 12 meses equivale a -2,3% do PIB. A Dívida Bruta do Governo Geral atingiu 78,5% do PIB, totalizando R$ 8,8 trilhões.

Cenário Internacional: EUA, China e Zona do Euro

Nos Estados Unidos, a inflação medida pelo PCE, deflator das despesas de consumo pessoal, subiu 0,16% em julho, ligeiramente abaixo do esperado. Nos últimos 12 meses, o PCE acumula alta de 2,6%, em linha com junho. A segunda estimativa do PIB dos EUA para o segundo trimestre mostrou crescimento anualizado de 2,95%, acima da leitura preliminar. O forte desempenho do consumo pessoal reforça a visão de que a economia americana está sólida, aliviando temores de recessão. Acreditamos que o Fed iniciará o ciclo de cortes de juros na reunião de setembro, com três reduções de 0,25 p.p. até o final do ano.

Na China, o Banco Popular da China (PBoC) manteve a taxa de juros para empréstimos de médio prazo (MLF) em 2,3%, após tê-la reduzido em julho. Além disso, o PBoC injetou 300 bilhões de yuans no sistema financeiro para apoiar a atividade econômica em meio à fragilidade do setor imobiliário.

Na zona do euro, a inflação subiu 0,2% em agosto, e o núcleo da inflação, que exclui itens voláteis, aumentou 0,3% no mês. Embora os dados estejam em linha com as expectativas, a persistente inflação de serviços pode influenciar a decisão do BCE nas próximas reuniões.

Bolsa de Valores

 

O Ibovespa encerrou o mês com alta de 6,5% em reais e em dólares, o melhor desempenho mensal de 2024. Na semana, o índice subiu 0,3% em reais e caiu 2,6% em dólares, fechando aos 136 mil pontos. No cenário global, o destaque foi o deflator PCE, que manteve a tendência de desinflação nos EUA. Além disso, os resultados do 2T24 da Nvidia, apesar de positivos, levaram a uma queda de 5,0% nas ações da empresa.

No Brasil, a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central foi bem recebida pelo mercado, especialmente após seus comentários mais duros sobre a disposição do Copom em elevar os juros se necessário. Outro destaque foi a intervenção do BC no câmbio, após a alta do dólar provocada por um rebalanceamento de índice internacional. No final da semana, Roberto Campos Neto afirmou, em painel da EXPERT, que o Banco Central está atento às distorções cambiais e poderá intervir novamente se necessário.

Entre os destaques da semana, Petrobras (PETR3, +9,0%; PETR4, +6,7%) subiu com o aumento do preço do Brent, impulsionado por conflitos geopolíticos no Oriente Médio e interrupções na produção na Líbia. Na outra ponta, Azul (AZUL4, -29,1%) teve queda após rumores de que a empresa estaria considerando um pedido de Chapter 11 nos EUA, equivalente à recuperação judicial. A empresa esclareceu que houve uma má interpretação dos fatos e reafirmou que está em negociações para melhorar sua estrutura de capital.

FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-governo-indica-o-proximo-presidente-do-banco-central/ https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-sobe-65-em-agosto-e-marca-melhor-mes-do-ano/

 

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
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Panorama de Mercado

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No Brasil: Olhares Voltados ao Banco Central

Nesta semana, os ativos brasileiros se movimentaram conforme os discursos do Presidente e dos Diretores do Banco Central do Brasil. Gabriel Galípolo, Diretor de Política Monetária, reafirmou que o Copom está preparado para elevar a taxa Selic se necessário, destacando que o cenário para a política monetária está mais desconfortável, com projeções de inflação acima da meta. Mesmo assim, Galípolo enfatizou que não há orientação prévia para a próxima reunião do Copom, em setembro. Em contraste, as declarações do Presidente Roberto Campos Neto foram vistas como mais leves. Ele reafirmou que o Copom elevará a Selic caso seja preciso, mas ressaltou que tal movimento não está previsto no cenário atual. Segundo Campos Neto, o Banco Central quis reforçar a mensagem de que suas decisões são baseadas em critérios técnicos, frente à percepção de menor credibilidade futura da política monetária. Já o Diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, também mencionou projeções de inflação mais elevadas e riscos aumentados, o que torna o cenário mais desafiador para o Comitê. Além disso, ele reiterou a dependência dos próximos dados para decisões sobre os juros na reunião de setembro.

Os juros futuros no mercado apontam para o início de um ciclo de alta na próxima reunião do Copom, o que deve impactar a taxa de câmbio. Com efeito, o câmbio voltou a mostrar volatilidade, aproximando-se de R$5,60 por dólar nesta semana, em resposta às declarações incertas dos membros do Copom.

Expectativa de Alta na Selic a partir de Setembro

Diante do aumento das expectativas de inflação e da robustez da atividade econômica, revisamos nossa projeção para a taxa Selic de 10,50% para 11,75% ao final de 2024. Esperamos agora que o PIB cresça 2,7% este ano, impulsionado pela recuperação dos investimentos e por um mercado de trabalho aquecido, que sustenta o consumo das famílias. Além disso, a inflação deve atingir 4,4% no final de 2024, acima dos 4,1% anteriormente previstos. Nesse contexto, para ancorar as expectativas de inflação, o Copom deve iniciar um ciclo moderado de ajuste monetário em setembro. Projetamos que a Selic chegue a 12,00%, após uma alta de 0,25 p.p., seguida de duas elevações de 0,50 p.p. e uma última de 0,25 p.p. em janeiro de 2025. Acreditamos que o Copom possa encontrar espaço para cortes nas taxas ao final de 2025 ou início de 2026, conforme os dados evoluírem.

Senado Aprova Desoneração da Folha de Pagamentos

O Senado aprovou o projeto de lei que encerrará gradualmente a desoneração de 17 setores econômicos até 2028 e de prefeituras com até 156 mil habitantes até 2027. O aumento da alíquota de JCP (Juros sobre Capital Próprio) não foi incluído, apesar do pedido do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. As medidas de compensação incluem: 1) renegociação de multas de agências reguladoras; 2) repatriação de recursos no exterior; 3) atualização de bens no imposto de renda; 4) regularização de ativos; 5) receita de apostas esportivas; 6) taxação de importados até US$ 50; 7) recursos esquecidos em contas de depósito; e 8) apropriação de depósitos judiciais e extrajudiciais. Também foram incluídas ações de revisão em benefícios previdenciários e assistenciais. O projeto segue agora para a Câmara dos Deputados.

 

Apesar das incertezas quanto às estimativas, o projeto de lei deve, ao menos em parte, compensar as perdas geradas pela desoneração da folha neste ano, ajudando o governo a alcançar a meta de resultado primário. Quanto às despesas, o impacto é menor, mas o alívio de curto prazo pode reduzir a necessidade de bloqueios adicionais nos próximos relatórios bimestrais.

Cenário Internacional: Fed e China em Foco

Durante o Simpósio de Jackson Hole, o Presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, indicou maior confiança na convergência da inflação à meta de 2% e sugeriu que o momento para começar a reduzir a taxa de juros está próximo. Além disso, Powell destacou uma preocupação maior com o mercado de trabalho do que com a inflação, sugerindo disposição do Fed em ser mais agressivo na flexibilização caso os dados de emprego mostrem enfraquecimento adicional.

Outro ponto relevante foi a ata da última reunião de política monetária, que mostrou que, apesar da manutenção da taxa de juros em 5,25% – 5,50% na reunião de julho, “vários membros observaram que o progresso recente na inflação e o aumento na taxa de desemprego forneceram um argumento plausível para reduzir o intervalo em 0,25 p.p.”. Além disso, a revisão anual dos números de criação de emprego revelou a criação de 818 mil postos a menos do que o inicialmente divulgado, aumentando as preocupações com o crescimento econômico e o mercado de trabalho.

Esperamos que o Fed inicie o ciclo de cortes com uma redução de 0,25 p.p., embora um corte mais agressivo não esteja descartado se o próximo relatório de emprego for mais fraco que o esperado. Ainda assim, consideramos que os dados do mercado de trabalho indicam equilíbrio, não deterioração.

Na China, o Banco Popular da China (PBoC) manteve as taxas de juros de referência, 3,35% para a Loan Prime Rate (LPR) de 1 ano e 3,85% para a de 5 anos, em linha com o esperado. No mês anterior, ambas as taxas foram reduzidas inesperadamente em 0,10 p.p. A economia chinesa segue enfrentando uma crise imobiliária prolongada, e os sinais de atividade econômica permanecem mistos, reforçando a previsão de uma recuperação modesta e desigual ao longo de 2024.

Bolsa de Valores e Movimentações Recentes

Nesta semana, o Ibovespa registrou alta de 1,2% em reais e 0,8% em dólares, encerrando em 135.608 pontos, após alcançar a marca de 137 mil pontos. Globalmente, o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole, foi mais suave do que o esperado, o que melhorou o sentimento dos investidores em relação ao ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos, após Powell afirmar que está preparado para agir rapidamente se o mercado de trabalho mostrar sinais adicionais de enfraquecimento.

No cenário doméstico, as declarações dos membros do Copom reforçaram a disposição do comitê em elevar a taxa de juros se necessário. Com isso, houve uma abertura na curva de juros, alta do dólar e impacto negativo sobre as ações mais cíclicas da Bolsa.

A temporada de resultados do segundo trimestre chegou ao fim, com quase todas as ~150 empresas da cobertura XP divulgando seus números. No geral, as empresas apresentaram resultados sólidos, com 36% superando nossas estimativas de EBITDA, 49% em linha e 14% abaixo do esperado. O destaque positivo foi a Petz (PETZ3, +39,3%), impulsionada pelo anúncio de fusão com a Cobasi, enquanto a Prio (PRIO3, -4,4%) se destacou negativamente, em função da queda nos preços dos contratos futuros de petróleo.

FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-tem-nova-alta-semanal-impulsionada-pelo-macro-externo/ https://conteudos.xpi.com.br/morning-call/dados-de-inflacao-emprego-e-resultados-fiscais-na-agenda-da-semana/

Mateus H. Passero
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Como Transformar Crises em Oportunidades de Crescimento

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No mundo dos investimentos, é comum que os investidores sigam a maré do mercado, comprando quando tudo parece promissor e vendendo ao menor sinal de incerteza. Contudo, essa abordagem pode ser arriscada, levando a decisões precipitadas e prejuízos consideráveis. Uma alternativa poderosa e menos convencional é a combinação da estratégia de investimentos anticíclica com o conceito de antifragilidade, introduzido por Nassim Nicholas Taleb, autor de obras como *”A Lógica do Cisne Negro”* e *”Antifrágil: Coisas que se Beneficiam com o Caos”*.

Entendendo a Antifragilidade

Para Taleb, a antifragilidade vai além da simples resiliência. Um sistema resiliente é aquele que resiste ao choque e volta ao seu estado original; um sistema antifrágil, por outro lado, se beneficia da desordem, se fortalecendo com o estresse, o caos e a volatilidade. No contexto dos investimentos, ser antifrágil significa prosperar em tempos de crise, utilizando as quedas e as incertezas do mercado como oportunidades para crescer e se posicionar para o futuro.

Estratégia Anticíclica Potencializando a Antifragilidade

A estratégia anticíclica, que envolve comprar ativos quando o mercado está em baixa e vendê-los quando está em alta, é inerentemente antifrágil. Em vez de temer as crises e a volatilidade, o investidor anticíclico as vê como oportunidades para adquirir ativos subvalorizados. Assim, ele não apenas resiste aos choques do mercado, mas também se beneficia deles.

A Crise Financeira de 2008 e as Ações Bancárias

Durante a crise financeira de 2008, as ações de grandes bancos como Goldman Sachs e JPMorgan Chase despencaram, acompanhando o colapso do mercado financeiro global. A maioria dos investidores vendeu suas ações em pânico, temendo que essas instituições não sobrevivessem à crise. No entanto, alguns investidores, adotando uma postura anticíclica e antifrágil, viram uma oportunidade única de compra. Warren Buffett, por exemplo, investiu bilhões de dólares em ações do Goldman Sachs e do Bank of America durante o ápice da crise. Quando o mercado se recuperou, esses ativos tiveram uma valorização expressiva, gerando retornos substanciais.

O Crescimento das Empresas de Tecnologia na Pandemia de 2020

Em 2020, a pandemia do COVID-19 causou uma queda abrupta nos mercados globais, com investidores vendendo ações por medo do impacto econômico. No entanto, empresas de tecnologia como Amazon, Zoom e Netflix, que já tinham modelos de negócios digitais, não apenas resistiram ao choque como se beneficiaram dele. Investidores que compraram essas ações durante a baixa inicial não apenas recuperaram suas perdas, mas viram seus investimentos se valorizar significativamente à medida que o mundo se adaptava ao “novo normal”.

Títulos Públicos e a Alta dos Juros

No Brasil, durante o ciclo de alta da Selic em 2022, os preços dos títulos públicos pré-fixados caíram consideravelmente, criando uma oportunidade para investidores antifrágeis. A lógica aqui é que, ao adquirir títulos quando os juros estão altos, o investidor se posiciona para ganhos futuros à medida que as taxas de juros eventualmente caem. Essa estratégia não apenas protege o capital contra a inflação, mas também oferece um potencial de valorização significativo.

Por Trás da Antifragilidade

Nassim Taleb argumenta que o mundo é inerentemente imprevisível e que o verdadeiro sucesso em um ambiente incerto não vem de tentar prever o futuro, mas sim de se preparar para o inesperado. Investidores antifrágeis adotam essa mentalidade, estruturando seus portfólios de maneira que possam não apenas sobreviver, mas prosperar em tempos de incerteza. Eles evitam o “risco de ruína”, diversificando suas apostas e mantendo reservas de capital para aproveitar as oportunidades que surgem durante as crises.

Unindo Estratégias

Quando a estratégia anticíclica se une ao conceito de antifragilidade, o investidor desenvolve uma abordagem que transforma as crises em oportunidades de crescimento. Ele entende que, em momentos de pânico, ativos de qualidade podem ser comprados a preços descontados, oferecendo um potencial de valorização no longo prazo. Além disso, a antifragilidade garante que o portfólio esteja posicionado para se beneficiar da volatilidade, em vez de apenas resistir a ela.

A união entre a estratégia de investimentos anticíclica e o conceito de antifragilidade oferece uma abordagem robusta e diferenciada para navegar pelos mercados financeiros. Em vez de ser uma vítima da volatilidade, o investidor antifrágil a utiliza como uma ferramenta para crescer e prosperar. Tal como ensinado por Nassim Taleb, o verdadeiro sucesso vem de se preparar para o inesperado, aproveitando o caos como uma oportunidade para transformar o portfólio e alcançar retornos extraordinários.

Por fim, é sempre recomendável consultar um assessor de investimentos para garantir que essa estratégia esteja alinhada aos seus objetivos e perfil de risco. A chave para o sucesso reside em transformar incertezas em oportunidades, aproveitando o poder da antifragilidade em tempos de crise.

Mateus H. Passero
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