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Mateus H. Passero

Mateus é Sócio da 4Trader Investimentos escritório se assessoria credenciado a XP Investimentos.
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Panorama de Mercado

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Brasil eleva projeções econômicas, mas cenário global gera cautela

Em abril, as projeções econômicas para o Brasil mostraram um leve avanço, segundo relatório recente divulgado por analistas. Apesar do aumento do risco de recessão nos Estados Unidos e da recente desvalorização do dólar, a expectativa é que tanto o índice global da moeda norte-americana (DXY) quanto os preços das commodities tenham uma leve recuperação nas próximas semanas. Com isso, especialistas mantiveram as previsões para o câmbio em R$ 6,00 por dólar no final deste ano, subindo para R$ 6,20 ao final de 2026.

A perspectiva para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro também melhorou, subindo de 2,0% para 2,3% em 2025 e de 1,0% para 1,5% em 2026, impulsionada por recentes medidas governamentais. Entre essas medidas estão a liberação extraordinária do FGTS, aumento de recursos para o programa Minha Casa Minha Vida, expansão do crédito consignado privado e reforma no Imposto de Renda. A expectativa para a inflação (IPCA) deste ano permaneceu em 6,0%, com leve ajuste de alta para 2026, passando de 4,5% para 4,7%. Ainda é previsto um aumento na taxa Selic para até 15,50%, embora uma eventual desaceleração econômica mais acentuada possa antecipar o fim do ciclo de alta.

Congresso brasileiro aprova medida de resposta a tarifas americanas

O Congresso brasileiro aprovou recentemente a chamada “Lei de Reciprocidade”, que permite ao governo adotar medidas tarifárias proporcionais às impostas pelos Estados Unidos. No entanto, autoridades brasileiras, incluindo o vice-presidente Geraldo Alckmin, destacaram a preferência pela diplomacia e negociação, indicando que uma reação imediata e significativa é improvável, dada a tarifa relativamente baixa (10%) imposta pelo governo Trump.

Semana turbulenta leva dólar a fortes oscilações no Brasil

A taxa de câmbio brasileira experimentou uma semana marcada pela instabilidade, oscilando entre R$ 5,59 e R$ 5,85 por dólar. A volatilidade refletiu diretamente a preocupação dos mercados financeiros com as incertezas globais, mantendo a previsão da taxa cambial em R$ 6,00 ao final de 2025.

Trump eleva tarifas e provoca queda nos mercados internacionais

As medidas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, resultaram em forte aumento das tarifas de importação, superando até as previsões mais pessimistas. Se implementadas integralmente, as tarifas poderão atingir mais de 25%, nível não visto desde o início do século XX. Como resultado, índices acionários internacionais despencaram e commodities, como o petróleo, caíram aproximadamente 12%.

Especialistas alertam que tais tarifas poderiam reduzir o crescimento global e provocar inflação, afetando significativamente as cadeias produtivas estabelecidas nas últimas décadas.

China responde às tarifas americanas

Em retaliação imediata, a China anunciou tarifas de 34% sobre produtos norte-americanos, aprofundando o conflito comercial. A medida derrubou ainda mais as commodities e levou o petróleo Brent ao patamar mais baixo desde 2021, enquanto o índice Nasdaq entrou em mercado baixista, com queda acumulada de 20% em relação às máximas recentes.

Europa prepara resposta às tarifas dos EUA

A União Europeia também está se articulando para responder às tarifas adicionais impostas pelos EUA, especialmente a Alemanha, cuja exposição econômica aos EUA corresponde a 5% do PIB. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, enfatizou que o bloco responderá em conjunto às medidas americanas.

Dados mistos nos EUA refletem incerteza econômica

Apesar da criação de 228 mil novos empregos nos EUA em março, com uma taxa de desemprego estável em 4,2%, os índices PMI apresentaram sinais contraditórios. O PMI industrial caiu para 49,0 pontos, indicando contração, enquanto o setor de serviços recuou para 53,5 pontos, seu nível mais baixo desde junho de 2024.

Economia chinesa demonstra sinais de recuperação

Na contramão das tensões comerciais, a economia chinesa mostrou recuperação moderada, com o PMI composto subindo para 51,8 pontos em março. O PMI industrial também avançou, atingindo 51,2 pontos, seu melhor desempenho em quatro meses. Ainda assim, a guerra tarifária aumenta significativamente os riscos para a economia chinesa em 2025.

Inflação europeia dá sinais positivos

Na Europa, a inflação anual recuou para 2,2% em março, com o núcleo da inflação (que exclui itens voláteis como alimentos e energia) baixando para 2,4%. No entanto, a economia europeia enfrenta desafios adicionais devido às novas tarifas americanas, podendo levar a revisões negativas do crescimento do PIB.

Mercados financeiros reagem negativamente às tarifas

O Ibovespa terminou a semana com queda de 3,5%, fechando em 127.256 pontos, em meio à volatilidade causada pelo anúncio das tarifas norte-americanas. O índice VIX, que mede a volatilidade global, subiu 109%, refletindo o receio dos investidores. Petrobras e Vale lideraram as perdas na bolsa brasileira, enquanto o destaque positivo foi o Pão de Açúcar, que subiu 18,8% após mudanças na sua administração.

Embora desafiadora, essa conjuntura pode permitir ao Brasil encontrar novas oportunidades comerciais e fortalecer sua posição no mercado global, sobretudo se conseguir manter um equilíbrio entre respostas tarifárias e diplomáticas.

FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-dia-da-libertacao-eleva-risco-global/
https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-cai-com-anuncio-de-tarifas-e-aumento-de-temores-de-recessao-nos-eua/
Mateus H. Passero
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Panorama de Mercado

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Copom indica que ciclo de alta dos juros pode estar próximo do fim

Em sua última ata divulgada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reforçou cautela ao indicar que a luta contra a inflação permanece desafiadora, exigindo continuidade na política monetária restritiva. Embora reconheça que os efeitos das recentes altas na taxa Selic devam ser observados mais claramente na segunda metade do ano, o comitê sinalizou que o ciclo atual de aperto monetário pode estar próximo de sua conclusão. Analistas projetam a taxa Selic alcançando até 15,50%, com elevações de 0,75 p.p. em maio e 0,50 p.p. em junho.

IPCA-15 surpreende para baixo em março

O IPCA-15 de março, divulgado pelo IBGE, registrou alta de 0,64%, inferior às expectativas do mercado, que variavam entre 0,70% e 0,72%. A surpresa positiva foi impulsionada por preços menores do que previsto em bens industrializados e aluguéis. Contudo, todas as principais métricas permanecem acima da meta anual de inflação de 3%, indicando que pressões inflacionárias persistem, especialmente em razão da depreciação cambial anterior e do mercado de trabalho aquecido. Para o ano de 2025, estima-se um IPCA acumulado de 6,0%.

Nova modalidade de consignado para setor privado ganha força

O governo federal lançou novas regras que ampliam o acesso ao crédito consignado através do aplicativo “Carteira de Trabalho Digital”. A iniciativa estende essa opção para cerca de 47 milhões de trabalhadores privados, incluindo empregados domésticos e rurais. Dados iniciais mostram uma adesão expressiva: entre 21 e 25 de março, cerca de R$ 550 milhões foram contratados por aproximadamente 90 mil trabalhadores, com valor médio individual de R$ 6.200 e parcelas em torno de R$ 320 durante 19 meses, em média. A demanda potencial já ultrapassa 10 milhões de pedidos e 71 milhões de simulações.

Emprego formal supera expectativas em fevereiro

O mercado de trabalho brasileiro demonstrou forte desempenho em fevereiro, com a geração líquida de 432 mil vagas formais, bem acima das expectativas que apontavam 227,5 mil novos postos. A taxa de desemprego se manteve baixa, em 6,8% no trimestre móvel encerrado em fevereiro. Este cenário indica que o consumo e a demanda interna continuarão firmes, pressionando os preços no setor de serviços em curto prazo.

Déficit em conta corrente aumenta com elevação nas importações

A conta corrente brasileira apresentou déficit de US$ 8,8 bilhões em fevereiro, resultado significativamente pior do que os US$ 3,9 bilhões negativos do mesmo mês do ano passado. O principal motivo foi o fraco desempenho da balança comercial, com déficit de US$ 1,0 bilhão, impactado por uma importação excepcional de US$ 2,7 bilhões em equipamento petrolífero da China e atrasos nas exportações agrícolas. As importações permaneceram elevadas, tendência que deve continuar até uma eventual desaceleração econômica.

Resultado primário melhora em fevereiro devido a efeito pontual

O governo central registrou déficit primário de R$ 31,7 bilhões em fevereiro, desempenho melhor do que esperado, especialmente devido à mudança no cronograma de pagamentos de precatórios. Em termos reais, as receitas líquidas aumentaram 3,1%, enquanto as despesas totais recuaram 12,6%, movimento influenciado pelo adiamento de pagamentos judiciais. No entanto, projeta-se desaceleração na arrecadação com o esfriamento econômico, enquanto as despesas, especialmente previdenciárias, devem continuar pressionando as contas públicas.

Cenário Internacional

EUA anunciam tarifas ao setor automotivo; mercado teme inflação

O presidente norte-americano Donald Trump anunciou novas tarifas de 25% sobre automóveis e autopeças importadas, sob alegação de proteção industrial. Representantes do Federal Reserve (Fed) destacaram que a medida elevará os preços ao consumidor e reforça a necessidade de cautela na política monetária. Países afetados, como Alemanha e Brasil, prometem contestar junto à Organização Mundial do Comércio (OMC).

Inflação nos EUA permanece alta e confiança do consumidor cai

Em fevereiro, a inflação americana medida pelo índice PCE registrou alta acumulada de 2,5% ao ano, com o núcleo da inflação atingindo 2,8%, ambos acima da meta do Fed de 2%. Indicadores de confiança recuaram pelo terceiro mês seguido, refletindo preocupações crescentes com as políticas comerciais do governo Trump e aumento dos temores de recessão ainda em 2025.

Rússia e Ucrânia concordam em trégua parcial; tensões continuam

Após negociações, Rússia e Ucrânia estabeleceram uma trégua no Mar Negro para proteger rotas marítimas. Entretanto, um cessar-fogo mais amplo segue condicionado à retirada das sanções econômicas contra a Rússia, considerada “irrealista” pelo presidente ucraniano Zelensky. Pouco após o anúncio, novos ataques russos foram reportados em áreas supostamente protegidas.

Bolsa

Ibovespa fecha semana em leve queda em meio à tensão internacional

O Ibovespa terminou a semana com recuo moderado de 0,3%, fechando em 131.902 pontos, influenciado por turbulências globais devido às novas tarifas anunciadas pelos Estados Unidos e preocupações com inflação e atividade econômica. Nos EUA, o S&P 500 e o Nasdaq caíram 1,5% e 2,4%, respectivamente. No Brasil, apesar dos dados econômicos mistos e da aproximação do fim da temporada de resultados corporativos, ações como Brava (BRAV3) se destacaram positivamente, subindo 19,5%. Na contramão, Embraer (EMBR3) recuou 11,2%, impactada por preocupações com tarifas americanas e realização de lucros recentes.

FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-incerteza-com-tarifas-atinge-confianca-global/ https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-recua-em-meio-a-continua-incerteza-no-cenario-macro-global/

Mateus H. Passero
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Paridade Cambial:

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Paridade Cambial: O Que Ela Revela Sobre uma Economia

Entendendo a Paridade Cambial
A compreensão da paridade cambial é essencial para decifrar os movimentos econômicos entre países, especialmente em um cenário global marcado por volatilidade e tensões comerciais. Mas, afinal, o que significa essa expressão, e por que ela é tão relevante?
Paridade cambial é um conceito econômico que estabelece uma taxa de câmbio teórica, na qual o valor de moedas distintas estaria equilibrado ao considerar o poder de compra entre as economias. Em outras palavras, é uma taxa que permitiria adquirir a mesma cesta básica de produtos em países diferentes, considerando as respectivas moedas locais.

O Índice Big Mac
Um exemplo clássico desse conceito é o famoso índice Big Mac, criado pela revista britânica The Economist. Esse índice compara o preço do sanduíche vendido pela rede McDonald’s em diversos países para estimar se as moedas locais estão sub ou sobrevalorizadas em relação ao dólar americano. Se o preço do Big Mac convertido em dólares é mais baixo em um país comparado aos EUA, indica-se que a moeda daquele país está subvalorizada; caso contrário, está sobrevalorizada.

A Paridade Cambial no Brasil
No Brasil, essa análise frequentemente aponta uma subvalorização do Real em relação ao dólar. Em janeiro de 2024, por exemplo, o Big Mac custava cerca de R$ 22 no Brasil, equivalente a cerca de US$ 4,50 pela cotação da época, enquanto nos Estados Unidos, custava aproximadamente US$ 6. Isso sugere que o Real estaria desvalorizado em aproximadamente 25% em relação ao dólar naquele momento.

Fatores que Influenciam a Paridade Cambial
Existem vários fatores que podem influenciar a paridade cambial, incluindo:

Inflação: Países com alta inflação tendem a ter moedas desvalorizadas, pois seus preços domésticos aumentam mais rapidamente em comparação com outros países.

Taxa de juros: Taxas de juros mais altas podem atrair capital estrangeiro, valorizando a moeda local. Por outro lado, taxas baixas podem afastar investidores, levando à desvalorização.

Déficit fiscal: Países com grandes déficits fiscais frequentemente enfrentam desvalorização cambial, já que a confiança na moeda diminui devido ao risco financeiro elevado.

Balança comercial: Países com déficits comerciais (importações superiores às exportações) tendem a experimentar uma desvalorização da moeda, já que há maior demanda por moeda estrangeira.

Riscos políticos e econômicos: Incertezas políticas e econômicas reduzem a confiança na moeda local, resultando em desvalorização.

Fluxos financeiros internacionais: Movimentações intensas de capital estrangeiro podem alterar significativamente o valor das moedas locais, dependendo das perspectivas econômicas globais e nacionais.

Implicações Econômicas
Apesar disso, o conceito é útil para identificar desequilíbrios econômicos e analisar tendências comerciais e financeiras. Países com moedas persistentemente subvalorizadas, por exemplo, podem ter vantagens comerciais competitivas, impulsionando exportações. Entretanto, também enfrentam riscos inflacionários mais elevados, já que produtos importados se tornam mais caros.
Assim, acompanhar a paridade cambial ajuda governos, investidores e empresas a tomarem decisões econômicas informadas e estratégicas, contribuindo para o equilíbrio econômico e a sustentabilidade financeira de longo prazo.

Mateus H. Passero
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Panorama de Mercado

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Economia brasileira dá sinais de arrefecimento gradual

Os números de janeiro confirmaram a perspectiva de desaceleração moderada após resultados pouco animadores no fim do ano passado. No setor de serviços, a receita real recuou 0,2% na comparação mensal, em linha com as projeções. As atividades ligadas ao consumo das famílias têm perdido força, enquanto o varejo, embora registre certa melhora em segmentos mais dependentes de crédito, deve manter a tendência de esfriamento. Na indústria, a produção não saiu do lugar em janeiro, frustrando expectativas, ainda que, ao se observar os dados por setor, prevaleçam pontos positivos. Analistas estimam crescimento levemente superior a 1% do PIB no primeiro trimestre, alavancado sobretudo pela resiliência em áreas industriais, serviços e comércio. Uma desaceleração mais nítida, contudo, está projetada para começar no segundo trimestre.

Inflação pressionada por energia e imposto sobre combustíveis

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,31% em fevereiro, conforme o esperado, o que elevou a taxa em 12 meses de 4,56% para 5,06%. Esse patamar supera o teto da meta do Banco Central. Os fatores que contribuíram para o aumento incluem o retorno das tarifas de energia a um nível anterior ao desconto de janeiro (a variação da “energia elétrica residencial” chegou a 16,8%) e a alta de ICMS, que encareceu combustíveis em 2,9% no mês. Além disso, o reajuste de mensalidades escolares, típico de fevereiro, também impactou os preços. Especialistas veem a inflação pressionada ao longo de 2025, motivada tanto por fatores domésticos quanto externos, com peso maior do cenário interno. A projeção para o IPCA do ano se mantém em 6,0%.

Novo Orçamento e reforma do IR devem movimentar o Congresso

O Executivo enviou ao Legislativo um ofício pedindo ajustes no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), adicionando R$ 3 bilhões ao Auxílio-Gás e R$ 8 bilhões nos gastos previdenciários, ao mesmo tempo em que corta R$ 7,7 bilhões do programa Bolsa Família. O texto, assinado pela ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), tem previsão de votação na próxima semana. Também está para ser apresentado um projeto de lei que amplia a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil mensais. O plano inclui criar uma alíquota mínima efetiva para rendas mais elevadas, a fim de compensar a perda estimada entre R$ 25 bilhões e R$ 35 bilhões de arrecadação.

Isenção de imposto de importação sobre alimentos busca segurar inflação

A Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou, sem votos contrários, a retirada do imposto de importação em 11 itens alimentícios, como carnes bovinas desossadas, café, milho em grãos, azeite de oliva, óleo de girassol, açúcar, biscoitos, massas e sardinha. Segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin, a renúncia fiscal pode chegar a R$ 650 milhões, caso a desoneração seja mantida por 12 meses. A medida formaliza o anúncio feito anteriormente para conter os preços de alimentos.

CENÁRIO INTERNACIONAL

Guerra comercial se intensifica: EUA ampliam tarifas sobre metais, e China reage

Entrou em vigor a tarifa de 25% sobre as importações de aço e alumínio nos Estados Unidos, atingindo países como Canadá, México e Brasil. A iniciativa faz parte das promessas de Donald Trump para fortalecer a indústria nacional. A China, por sua vez, retaliou impondo taxas de 10% a 15% a produtos agropecuários americanos, incluindo frango e carne bovina. Além disso, o governo Trump determinou uma tarifa de 200% sobre vinhos e espumantes europeus, depois de a União Europeia elevar para 50% o imposto sobre uísque produzido nos EUA. As medidas contribuem para a alta de preços globais e reforçam o temor de uma guerra comercial generalizada.

EUA: inflação mais fraca e mercado de trabalho resiliente

Os preços ao consumidor subiram 0,2% em fevereiro, abaixo das estimativas. Em 12 meses, o índice recuou de 3,0% para 2,8%, enquanto o núcleo (sem itens voláteis) também avançou 0,2%, desacelerando de 3,7% para 3,2% no acumulado anual. Já a inflação ao produtor ficou estável. Em sentido contrário, os dados do relatório JOLTS mostraram 7,74 milhões de vagas abertas, superando as previsões do mercado. O recém-criado Departamento de Eficiência Governamental, responsável por cortes de pessoal, não impactou esse levantamento inicial de 2025. Persistem incertezas quanto ao crescimento econômico e à inflação futura, em meio ao contexto de novas tarifas comerciais.

Trégua na Ucrânia esbarra em exigências da Rússia

Os Estados Unidos propuseram um cessar-fogo de 30 dias na guerra na Ucrânia, e Kiev se mostrou favorável. Já o presidente russo, Vladimir Putin, endossou a ideia, mas ressaltou a necessidade de definir garantias para que o intervalo de paz não sirva apenas para reorganização das tropas ucranianas. O líder russo exige diálogo com os EUA para abordar as causas estruturais do conflito.

China aprofunda tendência de deflação

Dados recentes de inflação ao consumidor e ao produtor na China indicam continuidade de um quadro deflacionário. Em 12 meses, os preços ao consumidor recuaram -0,7%, superando as estimativas de -0,4%. A fraca demanda doméstica frente a uma produção ainda robusta alimenta o risco de queda de preços no país, o que preocupa analistas quanto ao desempenho econômico chinês em 2025.

BOLSA

Ibovespa fecha semana em alta de 3,1% e dribla perdas no exterior

Enquanto os índices norte-americanos registraram desempenho negativo (S&P 500, -2,3%; Nasdaq, -2,5%) e chegaram a entrar em território de correção, o Ibovespa contrariou o cenário internacional adverso e subiu 3,1% em reais (4,3% em dólares), terminando aos 128.957 pontos. Nos EUA, o mercado foi afetado pela incerteza das políticas comerciais do governo Trump, bem como pelos dados de inflação, que vieram mais brandos que o esperado, sem alterar substancialmente as apostas sobre a próxima decisão de juros do Federal Reserve (prevista para o dia 19 de março). No Brasil, o IPCA de fevereiro e as vendas do varejo de janeiro coincidiram com as expectativas, e alguns balanços agradaram, como o de Magazine Luiza (MGLU3, +22,1%) e CSN (CSNA3, +16,1%). Apesar disso, a safra de resultados do quarto trimestre de 2024 segue modesta: de 91 empresas acompanhadas, 38% superaram previsões, 41% vieram abaixo e 21% cumpriram o projetado.
Magazine Luiza foi o grande destaque positivo, impulsionada pelos números acima do previsto. Já Natura (NTCO3) despencou 28,9%, no pior desempenho diário de sua história, impactada por resultados fracos e questionamentos sobre a lucratividade da companhia.

FONTE:https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-se-destaca-em-mais-uma-semana-de-volatilidade-global/ https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-sinais-mais-claros-de-desaceleracao-no-brasil/

Mateus H. Passero
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Destruição Criativa

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A Força Transformadora da “Destruição Criativa”

Você já reparou como, de repente, um novo produto ou serviço muda completamente o jeito de fazermos as coisas? Foi assim quando os smartphones tomaram o lugar dos celulares tradicionais, ou quando o streaming deixou as locadoras de vídeo para trás. Esses exemplos ajudam a entender o que o economista Joseph Schumpeter chamou de “destruição criativa”: uma ideia que mostra como a inovação pode substituir o que é antigo e abrir espaço para crescimento econômico e oportunidades.

Destruição Criativa?

A expressão “destruição criativa” pode parecer contraditória à primeira vista. Afinal, como algo pode ser “destruído” e, ao mesmo tempo, gerar algo melhor? Schumpeter, um importante economista austríaco, explicou que o capitalismo avança graças a constantes inovações que derrubam estruturas antigas para dar lugar a novas ideias, produtos e modelos de negócio.

Nesse processo, algumas empresas saem de cena, enquanto outras nascem. Foi o que aconteceu com muitas lojas de CDs quando surgiram serviços de música online, ou com grandes redes de hotéis ao surgirem aplicativos de hospedagem alternativa. Ao mesmo tempo que temos perdas de empregos e negócios tradicionais, surge também criação de novas vagas, tecnologias e empreendimentos – uma renovação que Schumpeter via como o motor do desenvolvimento econômico.

Quem Inspirou Schumpeter?

Embora tenha sido Schumpeter o principal responsável por tornar o termo popular, ele bebeu na fonte de Karl Marx, que observava como a indústria e as inovações do século XIX mudavam radicalmente as relações de trabalho e a sociedade. A diferença é que, para Schumpeter, essas transformações faziam parte da essência do capitalismo, e não apenas um efeito colateral.

Outro autor que complementa o tema é Clayton Christensen, criador do conceito de “inovação disruptiva”. Ele mostra como ideias aparentemente simples podem, aos poucos, conquistar o mercado e deixar para trás grandes empresas que não conseguem acompanhar o ritmo das mudanças.

Setor de Tecnologia

Startups surgem com soluções mais ágeis e baratas, ganhando clientes que antes dependiam de empresas maiores e mais lentas.

Computadores pessoais e smartphones transformaram como trabalhamos e nos comunicamos, superando máquinas antigas em pouco tempo.

Serviços Financeiros

As chamadas “fintechs” entraram no mercado, oferecendo contas digitais sem tarifas, empréstimos rápidos e investimentos online.

Alguns bancos tradicionais tiveram que correr para se adaptar ou corriam o risco de perder clientes para essas novas plataformas.

Transporte e Hospedagem

Aplicativos de transporte mudaram a forma como nos locomovemos, abalando o modelo dos táxis convencionais.

Plataformas de hospedagem, que conectam viajantes a proprietários de imóveis, competiram com hotéis que precisaram se reinventar para continuar atraentes.

Os Dois Lados da “Destruição”

É claro que, nesse processo, existem ganhos e perdas. Novas empresas podem gerar milhares de empregos e serviços mais baratos, mas também é comum ver negócios tradicionais fechando as portas e causando demissões. Cidades e regiões dependentes de uma única indústria podem enfrentar desafios quando essa indústria deixa de existir ou se moderniza.

Por isso, muitos especialistas defendem a criação de programas de recolocação profissional e incentivos para que as pessoas afetadas possam aprender novas habilidades. Assim, reduzimos o impacto negativo desse movimento natural da economia e aproveitamos os benefícios da inovação.

Como Ficar de Olho no Futuro

Para os empreendedores, a mensagem da destruição criativa é clara: é preciso inovar sempre. Não dá para contar que o modelo de negócio de hoje continuará rendendo resultados amanhã sem nenhuma mudança. A história mostra que quem ignora as tendências acaba sendo ultrapassado por algo novo.

Para quem faz políticas públicas, o desafio é equilibrar a proteção de setores importantes para o país com a abertura para ideias e tecnologias que podem trazer crescimento e desenvolvimento. A chave é preparar a população para essas transformações, investindo em educação e criando condições para que as empresas adotem e desenvolvam novidades com rapidez.

A “destruição criativa” pode parecer dolorosa quando atinge um mercado que conhecemos, mas é justamente esse processo que impulsiona a economia a se renovar. Afinal, cada ideia revolucionária traz consigo melhorias e oportunidades que não existiam antes – e é nesse ciclo de “derrubar o velho para criar o novo” que a sociedade avança.

Entre perder o medo e enxergar a chance de evoluir, é a inovação que alimenta o futuro econômico. Hoje em dia, com mudanças cada vez mais rápidas, entender a destruição criativa é um passo importante para se manter relevante, seja na carreira, nos negócios ou na formulação de políticas que busquem conciliar progresso tecnológico com bem-estar social.

Mateus H. Passero
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Economia brasileira avança 3,4% em 2024, mas ritmo perde força

A atividade econômica do país cresceu 3,4% ao longo de 2024, conforme dados divulgados recentemente. No entanto, o resultado do quarto trimestre – com expansão de 0,2% em relação aos três meses anteriores – frustrou expectativas do mercado, que projetava algo em torno de 0,4% a 0,5%. Em comparação ao mesmo período de 2023, o avanço foi de 3,6%. A principal surpresa negativa ficou por conta do consumo das famílias, que recuou 1% no trimestre. Por outro lado, o investimento das empresas manteve trajetória positiva, fechando o ano com incremento de 7,3% e alta de 0,4% no quarto trimestre.
Para 2025, estima-se um crescimento de 2%, com destaque para a agropecuária, beneficiada por uma safra recorde de grãos. O mercado de trabalho, embora apresente sinais de acomodação, ainda exibe níveis sólidos de emprego e renda. Medidas anunciadas pelo governo podem oferecer estímulos de curto prazo, contrabalançando a desaceleração econômica.

Governo reforça pacote para baratear alimentos

Seis medidas foram anunciadas com o propósito de segurar os preços dos alimentos. A principal delas zera a alíquota de importação em nove itens (incluindo carnes, café e açúcar). Também estão previstas a ampliação de estoques estratégicos e estímulos a setores específicos. Além disso, o Executivo pretende convencer governadores a zerar o ICMS sobre produtos da cesta básica. Embora o corte de tarifas possa ter efeito limitado na inflação, a remoção desse imposto estadual teria potencial mais robusto de aliviar os preços ao consumidor.

CENÁRIO INTERNACIONAL

Trump adia cobrança de tarifas sobre vizinhos, mas eleva pressão contra a China

O governo dos Estados Unidos voltou a postergar a aplicação de taxas contra produtos do México e do Canadá até 2 de abril, mantendo dúvidas sobre a intensidade da disputa comercial. Já em relação à China, foi concretizado o aumento das tarifas de 10% para 20%. O gigante asiático, em retaliação, também elevou impostos sobre itens importados dos EUA. O chanceler chinês, Wang Yi, criticou Washington e disse estar disposto a negociar, mas que seu país não recuará diante de uma “guerra tarifária”.

Crescem sinais de desaceleração nos EUA, e Fed vê menor pressão para subir juros

Indicadores recentes apontam para um arrefecimento da economia americana. Vendas no varejo vieram abaixo do esperado e o ritmo de geração de emprego ficou aquém das projeções do mercado, com 151 mil vagas criadas em fevereiro. A inflação, por sua vez, segue próxima das metas. Diante desse cenário, as chances de o Federal Reserve elevar os juros neste ano diminuíram, aliviando os temores de parte dos investidores. Os rendimentos dos títulos do Tesouro recuaram, impulsionando mercados emergentes como o Brasil, onde o dólar chegou a cair para cerca de R$ 5,75 após ter encerrado antes do feriado próximo de R$ 5,92.

Europa reduz juros em meio à estagnação e mantém foco na inflação

Na zona do euro, o resultado final do PIB do quarto trimestre de 2024 apontou alta de 0,2% frente ao período anterior, muito próximo de um quadro de estagnação. Com isso, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu cortar os juros em 0,25 ponto percentual, fixando-os em 2,5%. Apesar de a inflação dar sinais de queda, os preços de serviços e salários seguem elevados, e as tarifas impostas pelos Estados Unidos podem pressionar custos. O BCE elevou a projeção inflacionária de 2,1% para 2,3% em 2025, acima do objetivo de 2%. O mercado espera um novo corte de mesma proporção na próxima reunião.

Alemanha planeja pacote de 500 bilhões de euros e revê regras de endividamento

Partidos que negociam formar o próximo governo alemão acertaram a criação de um fundo de infraestrutura no valor de 500 bilhões de euros, além da reformulação das normas de empréstimo, visando fortalecer as Forças Armadas e reaquecer a maior economia da Europa. O anúncio elevou os juros dos títulos alemães de dez anos a 2,80%, enquanto o euro se valorizou frente ao dólar.

China prevê 5% de crescimento e amplia déficit para enfrentar tarifas

O governo chinês fixou a meta de expansão econômica em 5% para 2025 e projeta um déficit de 4% do PIB, o mais alto em 30 anos, como forma de atenuar o impacto das tarifas americanas. Embora a atividade venha desacelerando, o país sinaliza estímulos fiscais para cumprir seus objetivos de crescimento. Se essas medidas surtirem efeito, setores exportadores do Brasil podem se beneficiar, dada a relevância da China para a balança comercial brasileira.

BOLSA

Ibovespa avança 1,8% em semana de menor liquidez

O principal índice da B3 subiu 1,8% em reais (3,5% em dólares), fechando aos 125.035 pontos, em semana mais curta devido ao Carnaval. Nos Estados Unidos, o S&P 500 e o Nasdaq recuaram cerca de 3%, pressionados por sinais de desaceleração econômica e incertezas comerciais. Também pesaram fatores técnicos ligados a grandes fundos quantitativos. Em sentido oposto, mercados de Hong Kong (HSI, +5,7%) e Europa (STOXX50, +4,4%) exibiram ganhos, reforçando a tendência de rotação regional. Já no Brasil, o fechamento da curva de juros e a queda do dólar, que encerrou o período em R$ 5,79 (-2,7%), contribuíram para o desempenho positivo das ações, mesmo após dados de PIB mais fracos no quarto trimestre. Entre as empresas locais, papéis ligados ao consumo, como Magazine Luiza e Cogna (MGLU3, +9,9%; COGN3, +8,6%), destacaram-se favoravelmente com a redução das taxas de juros. Já a Petrobras (PETR3, -4,2%; PETR4, -3,6%) refletiu a desvalorização do petróleo no mercado internacional (Brent, -3,9%), liderando as quedas da semana.

 

FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-pib-brasileiro-desacelerou-no-final-de-2024/
https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-sobe-em-semana-mais-curta-e-em-meio-a-volatilidade-global/
Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
4traderinvest.com.br
41 9 9890 9119

 

DERIVATIVOS E CRISE

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Instrumentos Financeiros e Riscos Sistêmicos

Nos últimos anos, o setor financeiro passou por diversas inovações, resultando em uma ampla variedade de instrumentos e produtos, muitos deles de alta complexidade. Apesar de oferecerem oportunidades de diversificação e proteção contra riscos específicos, essas ferramentas podem – em grande escala – amplificar crises financeiras e comprometer todo o sistema econômico. Entre esses instrumentos, destacam-se derivativos, securitizações e práticas de alavancagem que, quando somadas a um ambiente de alta interconexão entre instituições, podem gerar vulnerabilidades sistêmicas.

O Papel dos Derivativos

Os derivativos são contratos financeiros cujo valor está ligado a outro ativo, como ações, taxas de juros, moedas e até commodities (por exemplo, petróleo e soja). Entre os tipos mais comuns, podemos citar futuros, opções e swaps. Em princípio, eles servem para “segurar” riscos – uma companhia aérea, por exemplo, pode comprar contratos futuros de combustível para se proteger de possíveis aumentos no preço do petróleo. Contudo, na prática, instituições financeiras e grandes investidores acabam usando derivativos para especular, buscando lucros rápidos em movimentos de preços.
Quando esses derivativos são negociados em larga escala, especialmente fora de bolsas reguladas (o chamado “mercado de balcão” ou OTC, na sigla em inglês), a obscuridade sobre quem está exposto a quais riscos, aumenta. Isso significa que, em um cenário de stress financeiro, pode ser difícil identificar onde estão os maiores prejuízos – e quem precisará de socorro. Foi o que ocorreu em 2008, quando os Credit Default Swaps (CDS) – derivativos usados para “segurar” o risco de calote em títulos ligados a ipotecas imobiliárias – estavam espalhados por todo o sistema bancário global, ampliando a insegurança dos mercados.

Securitização: Do Crédito ao Mercado de Capitais

A securitização é um mecanismo que transforma dívidas (como hipotecas e empréstimos de carros) em títulos negociáveis no mercado. Em vez de manter esses financiamentos em sua carteira, o banco “empacota” e vende essas dívidas a investidores, convertendo-as em papéis chamados Mortgage-Backed Securities (MBS) ou Asset-Backed Securities (ABS), conforme o tipo de crédito.
Teoricamente, essa prática redistribui o risco e libera recursos para que a instituição financeira conceda mais crédito. Porém, na euforia pré-crise de 2008, muitos desses títulos eram lastreados em dívidas de baixa qualidade e alto risco de inadimplência, mas receberam notas elevadas de agências de classificação de risco. Assim, parecia que os papéis eram seguros – quando, na verdade, eram extremamente arriscados. Quando o mercado de hipotecas entrou em colapso, ninguém quis ficar com esses ativos “tóxicos” e a desconfiança espalhou-se rapidamente, paralisando o crédito global.

A Alavancagem e o Efeito Dominó

A alavancagem ocorre quando uma instituição utiliza recursos emprestados para potencializar seus ganhos (e perdas). Embora essa estratégia seja antiga, a facilidade de acessar financiamentos e produtos financeiros complexos elevou a possibilidade de alavancagem a níveis muito altos. Bancos, fundos de investimento e até empresas de outros setores podem tomar crédito para aumentar suas posições em derivativos ou outros ativos, buscando retornos maiores.
O problema surge quando há uma “virada de mercado”: se os ativos perdem valor rapidamente, a queda afeta não apenas o capital próprio, mas também todo o dinheiro emprestado. Essa situação pode provocar vendas forçadas em larga escala, pois as instituições precisam cobrir perdas, gerando uma queda ainda maior nos preços. O resultado é o efeito dominó que, em crises, leva bancos a quebrar e obriga governos e bancos centrais a intervir para evitar um caos ainda maior.

Fragilidade Sistêmica: Por Que Tudo Está Conectado

A complexidade dos instrumentos financeiros não seria tão perigosa se não houvesse interconexão entre os participantes do mercado. Hoje, bancos, corretoras, fundos de hedge e seguradoras estão todos interligados, seja por empréstimos recíprocos ou por contratos de derivativos. Se um deles enfrenta problemas, é possível que outros sejam diretamente afetados. Esse fenômeno é conhecido como “contágio”.
Além disso, há o chamado mismatch de prazos: instituições financeiras captam recursos de curto prazo (por exemplo, depósitos bancários ou empréstimos de overnight) para financiar ativos de longo prazo (como títulos hipotecários). Quando a confiança no mercado balança, a fuga de capitais pode ser rápida, enquanto o valor dos ativos de longo prazo permanece incerto ou ilíquido. Esse desencontro de prazos dificulta a liquidez imediata e acirra a crise de confiança, forçando intervenções emergenciais dos bancos centrais.

Inovações Financeiras: Onde Estão os Limites?

É importante destacar que inovação financeira não é, em si, negativa. Derivativos podem proteger empresas contra variações de preço, a securitização pode expandir o acesso ao crédito e a alavancagem pode viabilizar projetos que, de outra forma, não seriam realizados. O problema surge quando essas inovações são usadas de forma irresponsável, sem transparência e sem regulamentação adequada.
Transparência: Instrumentos negociados fora de bolsas (mercado de balcão) são difíceis de rastrear; não há clareza sobre quem está comprando o quê.
Regulação: Faltam normas eficientes que limitem a alavancagem excessiva, forcem maior divulgação de riscos e exijam colchões de capital para cobrir eventuais perdas.
Governança: As empresas devem reforçar controles internos e políticas de gestão de risco, evitando “apostas” desproporcionais que coloquem em perigo a saúde financeira de todo o grupo.

Como Prevenir a Próxima Crise?

A experiência dos últimos anos mostra que as crises financeiras tendem a nascer do acúmulo de riscos pouco entendidos. Para evitar novos colapsos, é crucial:
Melhorar a Supervisão: Os reguladores precisam ter visão clara das posições de risco, especialmente no mercado de balcão.
Exigir Colchões de Capital: Instituições financeiras devem manter reservas suficientes para cobrir perdas em cenários adversos.
Promover Transparência: A negociação de derivativos em bolsas, com compensação centralizada, ajuda a reduzir a opacidade e a identificar concentrações de risco.
Educar Investidores e Gestores: Quanto mais conhecimento existe sobre a estrutura e os impactos potenciais de produtos complexos, maior a cautela na hora de aplicá-los.
No fim das contas, a inovação deve servir à economia real, não o contrário. Sempre que um produto financeiro se torna tão complicado que até especialistas têm dificuldade em entendê-lo, é sinal de que os riscos podem estar fora de controle. E, como a história mostra, quando a “bolha” estoura, quem paga a conta não são apenas os grandes investidores, mas toda a sociedade – em forma de desemprego, recessão e instabilidade econômica.

 

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
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Panorama de Mercado

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Inflação surpreende para baixo, mas cenário permanece desafiador

O índice oficial de preços ao consumidor (IPCA) de janeiro apresentou variação de 0,16%, a menor alta para o mês desde a implantação do Plano Real. A redução temporária na conta de luz, favorecida por repasses vinculados à usina de Itaipu, contribuiu para o resultado. Ainda assim, o acumulado em 12 meses recuou de 4,83% para 4,56%, mantendo-se acima do limite de 4,5% estabelecido como teto. Especialistas apontam que o alívio tende a ser passageiro, já que a queda da tarifa elétrica deve ser revertida em fevereiro e persiste a pressão de alta, sobretudo nos segmentos de serviços e bens, em razão do dinamismo econômico e da desvalorização do real no final de 2024. A estimativa de inflação para 2025 permanece em 6,1%.

Indicadores econômicos reforçam ritmo mais brando

Sinais de esfriamento no consumo vieram do setor de serviços, que registrou queda de 0,5% entre novembro e dezembro, superando para baixo a previsão de expansão de 0,2%. Além disso, o dado de novembro sofreu revisão negativa, passando de -0,9% para -1,4%. Ainda assim, na comparação trimestral, o segmento avançou 0,8% no fim de 2024, prolongando uma sequência de sete períodos de crescimento. O varejo também não escapou do enfraquecimento, com recuo de 1,1% nas vendas na passagem mensal – contrapondo as projeções de ligeira alta. A visão predominante é de que a demanda por bens sofra um revés ao longo deste ano, influenciada por juros elevados, inflação elevada e alguns sinais de acomodação no mercado de trabalho. Ao mesmo tempo, embora o setor de serviços tenha perdido tração nos meses finais de 2024, não se espera um movimento de queda muito acentuado. O resultado do PIB do ano passado deve ficar em torno de 3,5%.

TCU investiga despesas fora do Orçamento

O Tribunal de Contas da União (TCU) abriu auditoria para mapear gastos federais que não transitam oficialmente pelo Orçamento, entendendo que esse tipo de prática pode comprometer a credibilidade da administração pública. O procedimento ocorre após o tribunal conceder 120 dias para o Executivo incorporar recursos remanescentes do programa Pé-de-Meia na lei orçamentária de 2025. Também há pendências no Auxílio-Gás e ajustes relacionados ao salário mínimo e à inflação, itens que impactam prestações previdenciárias e assistenciais.

No Exterior

Estados Unidos: inflação acelera enquanto varejo recua

Nos EUA, os preços ao consumidor cresceram 0,5% em janeiro sobre dezembro, a taxa mais alta desde agosto de 2023, levando a inflação anualizada a 3,0%. O núcleo do índice, que exclui componentes voláteis, avançou 0,45%, também superior às projeções. Do lado oposto, as vendas no varejo caíram -0,9%, abaixo da expectativa de -0,2%, em meio a fatores pontuais como incêndios em Los Angeles e invernos rigorosos em outras regiões. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, tem reiterado que não há pressa em reduzir os juros, dada a força da economia e do mercado de trabalho, reforçando a tendência de estabilidade das taxas ao longo de 2025.

Novas tarifas americanas sobre aço e alumínio

O governo Donald Trump anunciou taxa de 25% para aço e alumínio, com vigência a partir de 12 de março, e confirmou a adoção de tarifas “recíprocas” para seus parceiros comerciais em 1º de abril. Entre os potenciais afetados estão Brasil, Canadá, México, Coreia do Sul e Vietnã. No caso brasileiro, há preocupações sobre a eventual equiparação de tarifas em produtos como etanol, hoje isento ao entrar nos EUA, ao passo que o Brasil cobra 18% sobre o combustível norte-americano. Ainda que possa gerar impactos setoriais, analistas veem repercussão macroeconômica moderada, considerando a pauta de exportações ao mercado norte-americano.

China enfrenta tendência de baixa nos preços

Na China, o índice de preços ao consumidor (CPI) aumentou 0,7% em janeiro, pouco abaixo das estimativas do mercado. Em 12 meses, a inflação ficou em 0,5%. Ao mesmo tempo, os preços no atacado continuaram em queda, o que destaca sinais persistentes de deflação na indústria local, alimentados por uma demanda interna ainda fraca frente à oferta robusta.

Ações

Ibovespa avança 2,9% com clima externo menos tenso

O principal índice da bolsa brasileira encerrou a semana em 128.219 pontos, com elevação de 2,9% em reais e 4,0% em dólares. Após a Casa Branca anunciar, no último domingo, tarifa de 25% sobre importações de aço e alumínio, novos anúncios de taxas comerciais foram divulgados na quinta-feira, mas com poucos detalhes e prazos dilatados, o que reduziu o impacto negativo nos mercados. Nos Estados Unidos, a inflação acima do esperado pesou momentaneamente, mas foi contrabalançada pelo indicador de preços ao produtor, que trouxe alguns indícios de alívio. Trump e Putin também deram início a conversas para encerrar a guerra na Ucrânia. No âmbito corporativo, a temporada de balanços do quarto trimestre de 2024 segue em ritmo acelerado, com 384 companhias do S&P 500 tendo reportado resultados. Destas, 74,9% superaram as previsões de lucro, em média 6,5% acima do esperado, segundo dados da Bloomberg. Já no mercado doméstico, o real se fortaleceu, terminando a semana a R$ 5,70 (-1,9%), enquanto a curva de juros recuou após o IPCA de janeiro vir um pouco melhor do que o consenso. Declarações do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reafirmando compromisso com a meta de inflação, também contribuíram para o tom otimista. Entre os destaques positivos, Carrefour Brasil (CRFB3) subiu 19,0% depois que seu controlador francês apresentou proposta de fechamento de capital no mercado brasileiro. Na contramão, a joalheria Vivara (VIVA3) recuou 5,0%, reagindo à saída de seu diretor de marketing.

FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-energia-traz-alivio-passageiro-para-a-inflacao/
https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-sobe-em-meio-a-novidades-sobre-tarifas/

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
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O Paradoxo da Produtividade: Mais Eficiência, Menos Crescimento?

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Nas últimas décadas, avanços tecnológicos e novos métodos de gestão prometeram revolucionar a produtividade em diversos setores da economia. Máquinas mais rápidas, processos automatizados e ferramentas de análise de dados cada vez mais precisas deveriam, em teoria, gerar um salto de crescimento econômico e prosperidade. No entanto, a realidade tem sido mais complexa. Apesar de toda a evolução na forma de produzir, muitos países desenvolvidos (e até emergentes) não têm registrado o aumento de crescimento que se esperaria. Esse fenômeno, conhecido como “paradoxo da produtividade”, levanta um questionamento intrigante: por que, mesmo com tanta inovação, o crescimento econômico não acompanha o ritmo do ganho de eficiência?

O que é o Paradoxo da Produtividade?

O termo ganhou destaque a partir dos anos 1980, quando o economista Robert Solow notou que os investimentos em tecnologia não se refletiam proporcionalmente nos indicadores de produtividade. Ele resumiu essa ideia em uma frase célebre: “Podemos ver a era dos computadores em toda parte, exceto nas estatísticas de produtividade”. A partir daí, estudiosos passaram a se debruçar sobre possíveis razões que explicassem essa desconexão.

Em essência, o paradoxo da produtividade ocorre quando os ganhos de eficiência (produzir mais com menos recursos) não se traduzem em crescimento econômico mais robusto, ou quando esse impacto é menor do que o esperado. Embora existam diversos fatores que possam influenciar, alguns se destacam pela relevância e atualidade.

Principais Causas Apontadas

  1. Problemas de Mensuração

Um argumento comum é que nem sempre medimos corretamente os ganhos de produtividade. Muitas das inovações atuais são intangíveis – como softwares, aplicativos, serviços online e plataformas digitais – cujos benefícios para a qualidade de vida e para a produção podem não se refletir adequadamente nos indicadores tradicionais de PIB e produtividade. Dessa forma, a produtividade pode estar aumentando, mas seus efeitos não aparecem de forma clara nas estatísticas.

  1. Desigualdade de Acesso a Tecnologias

A tecnologia tende a favorecer aquelas empresas e pessoas que conseguem se adaptar mais rapidamente. Grandes corporações com poder de investimento se beneficiam, enquanto pequenos negócios e trabalhadores sem acesso a treinamentos ficam para trás. Nesse cenário, parte da economia cresce e outra estagna, resultando em um efeito líquido menos significativo sobre o crescimento global.

  1. Automação e Empregos

Quanto mais eficientes se tornam as empresas, menos mão de obra é necessária em determinadas áreas. Em princípio, isso poderia liberar pessoas para outras atividades mais produtivas, porém a transição nem sempre é imediata. A deslocação de trabalhadores entre setores pode gerar desemprego de longo prazo ou subempregos, o que pressiona a demanda por bens e serviços e reduz o ritmo de crescimento econômico.

  1. Efeitos sobre Salários e Consumo

Ao buscar eficiência máxima, algumas empresas comprimem custos de mão de obra. Se a renda disponível para consumo não cresce na mesma velocidade, a demanda por produtos também não avança como se esperaria. Em outras palavras, se quem produz mais não tem condições de gastar mais, o ganho de produtividade fica limitado ao lado da oferta, não se convertendo em crescimento robusto na economia real.

  1. “Burocracia da Inovação”

Embora as empresas estejam cada vez mais automatizadas, a complexidade regulatória e as barreiras para a adoção de novas tecnologias podem atrasar a difusão de inovações. Processos de licenciamento, patentes, conformidades legais e padrões internacionais podem resultar em lentidão na incorporação das descobertas científicas e tecnológicas, reduzindo seu impacto econômico no curto prazo.

Exemplos e Contexto Internacional

Setor de Serviços: Muitos serviços, especialmente aqueles de atendimento ao cliente, não podem ser automatizados totalmente. Isso limita o ganho de produtividade em larga escala e pode explicar, em parte, por que alguns indicadores não acompanham as revoluções tecnológicas em setores mais industriais.

Economias Desindustrializadas: Em países onde houve transferência de fábricas para regiões de mão de obra mais barata, o crescimento na produtividade local não necessariamente reflete um aumento de produção interno. Isso pode inflar os ganhos de produtividade em certos indicadores ao mesmo tempo em que reduz a capacidade produtiva local de bens tangíveis.

Casos de Sucesso: Há exemplos de países que conseguiram alinhar produtividade, inovação e bem-estar, como alguns escandinavos. Eles investiram pesadamente em educação, infraestrutura digital e políticas de inclusão, o que facilitou a transição para novas tecnologias e garantiu que a eficiência fosse acompanhada de renda suficiente para manter o consumo e o crescimento.

O Paradoxo no Brasil

No cenário brasileiro, o debate sobre produtividade ganha contornos ainda mais complexos devido a fatores estruturais, como deficiências na infraestrutura, carga tributária elevada, burocracia e desigualdade social. Embora empresas de setores como agronegócio e fintechs tenham apresentado ganhos de produtividade, o país como um todo ainda enfrenta desafios na educação e na formação de mão de obra qualificada.

Além disso, a adoção de tecnologia de ponta em regiões metropolitanas não se espalha com a mesma velocidade para áreas mais remotas do país, contribuindo para uma disparidade regional. Consequentemente, o crescimento econômico não acompanha na mesma proporção os avanços de produtividade de alguns polos de excelência.

Como Superar o Paradoxo

Educação e Capacitação
Investir em educação de qualidade e treinamento constante de trabalhadores é fundamental para garantir que o avanço tecnológico não se concentre em poucas empresas. Quanto mais pessoas aptas a lidar com novas ferramentas, maior a chance de a produtividade ganhar escala na economia.

Infraestrutura Digital e Logística
Melhorar a infraestrutura física (estradas, portos, energia) e digital (internet de alta velocidade, data centers) é essencial para que inovações se espalhem rapidamente e possibilitem ganhos de produtividade de forma ampla.

Políticas de Incentivo à Inovação
Governos podem estimular a pesquisa e desenvolvimento, concedendo incentivos fiscais e facilitando parcerias entre universidades e empresas. Quando a inovação chega ao mercado, seu impacto na produtividade tende a ser mais rápido e expressivo.

Redução de Burocracias
Processos simplificados de licenciamento e regulamentação podem acelerar a adoção de tecnologias. Se a legislação acompanhar o ritmo da inovação, as empresas terão menos obstáculos para colocar novos produtos e serviços no mercado.

Distribuição de Renda
Para que o aumento de produtividade se converta em crescimento, é importante que trabalhadores recebam parte dos ganhos na forma de salários mais altos ou benefícios. Uma população com renda crescente tende a consumir mais, criando demanda para novos bens e serviços.

O chamado “paradoxo da produtividade” nos lembra que a eficiência por si só não garante crescimento econômico acelerado. Para que os ganhos de produtividade realmente estimulem a expansão do PIB e o desenvolvimento social, é necessário atacar gargalos estruturais, investir em educação, melhorar a infraestrutura e pensar em políticas que promovam equilíbrio entre competitividade e inclusão.

Em última instância, a produtividade não deve ser vista apenas como um objetivo de aumento de margem de lucro, mas como um mecanismo de melhoria de vida para trabalhadores e de criação de oportunidades de negócio. Quando bem direcionada, a eficiência impulsiona o crescimento; porém, se ficar concentrada em poucos segmentos ou for limitada por desigualdades e burocracias, o resultado pode ser justamente o oposto: muito avanço tecnológico, mas pouco crescimento econômico de fato.

Mateus H. Passero
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Panorama De Mercado

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Copom mantém tom firme contra a inflação
A ata divulgada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), referente à reunião de janeiro, realça as dificuldades para conter a alta de preços. As estimativas para o IPCA seguem acima do objetivo oficial, e o colegiado apontou riscos de alta inflacionária, ressaltando que a desaceleração econômica ainda não se encontra totalmente confirmada. O Copom também demonstrou preocupação com as expectativas do mercado e reconheceu que eventuais impactos de uma possível “guerra comercial global” podem, em certa medida, aliviar o quadro, caso os cenários que já se refletem nos preços não se concretizem.
Analistas avaliam que essas considerações reforçam a previsão de a Selic alcançar 15,50%. Ainda assim, se o câmbio permanecer em níveis mais favoráveis e o ritmo da atividade econômica enfraquecer mais rápido, o ciclo de ajuste dos juros pode terminar já em maio, antecipando o cenário-base atual, que prevê o encerramento em junho.

Produção industrial em queda, mas resultado surpreende
A indústria brasileira recuou 0,3% na passagem de novembro para dezembro, desempenho que, apesar de negativo, superou as projeções de contração em torno de 1%. Foi o terceiro mês consecutivo de retração na produção, com 3 das 4 categorias econômicas e 15 dos 25 segmentos manufatureiros apresentando queda. No acumulado do quarto trimestre, houve redução de 0,1% ante o período anterior, mas ainda assim se registrou aumento de 3,1% quando comparado ao quarto trimestre de 2023. Para este ano, a expectativa é de maior dificuldade, devido aos juros mais altos, renda das famílias em expansão moderada e percepção crescente de risco no ambiente de negócios. No entanto, não se espera um tombo acentuado no setor fabril.

Renovações no Congresso Nacional
As eleições no Legislativo resultaram em trocas de comando. Hugo Motta assumiu a presidência da Câmara dos Deputados, substituindo Arthur Lira, enquanto Davi Alcolumbre foi eleito para dirigir o Senado. A partir de agora, o Planalto busca avançar com o Orçamento de 2025 e defender as prioridades do Ministério da Fazenda, entre elas a regulamentação da reforma tributária sobre consumo e a isenção de Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil. Contudo, permanecem entraves como o impasse acerca das emendas travadas no último exercício e as negociações para possíveis mudanças ministeriais.

CENÁRIO INTERNACIONAL

Mercado de trabalho dos EUA segue aquecido
Nos Estados Unidos, o relatório de emprego (Nonfarm Payroll) registrou a criação de 143 mil vagas em janeiro, um número abaixo das previsões, mas que ainda reflete certa firmeza. A taxa de desemprego recuou de 4,1% para 4,0%, mantendo-se em patamar historicamente baixo. Em 2024, o país gerou quase 2,0 milhões de empregos, após ter criado 3,0 milhões em 2023. Apesar de indícios de perda de ímpeto, o mercado de trabalho americano continua apertado. Diante desse quadro, analistas acreditam que o Federal Reserve (Fed) não retome os cortes de juros neste ano, pois considera a inflação ainda sujeita a pressões de alta e vê a economia operando de modo equilibrado com a taxa vigente.

Dólar valorizado e rumo protecionista de Trump
O Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que a administração Trump mantém a defesa de um dólar forte. Já Jamieson Greer, indicado para a posição de representante comercial, diz analisar a adoção de tarifas de importação de alcance geral, com o objetivo de reduzir o déficit externo do país. O governo também promete taxas equivalentes às que outras nações impõem aos Estados Unidos, mas não especificou quais países seriam afetados. As tarifas comerciais contra Canadá e México, anunciadas inicialmente em 25%, foram postergadas por 30 dias após um acordo para reforçar a fiscalização das fronteiras e coibir imigração e tráfico de entorpecentes. Com a China, porém, segue em vigor a taxa geral de 10%. Em resposta, o gigante asiático informou que, a partir de 10 de fevereiro, aplicará 15% sobre carvão e GNL, além de 10% em petróleo cru, máquinas agrícolas, picapes e determinados veículos de luxo norte-americanos. A Casa Branca confirmou um contato telefônico entre os líderes dos dois países nos próximos dias.

Europa vislumbra leve alívio nos preços
Na zona do euro, a inflação ao consumidor passou de 2,4% em dezembro para 2,5% em janeiro, puxada principalmente pelo encarecimento da energia. No entanto, o índice que exclui itens voláteis manteve-se em 2,7%, enquanto o setor de serviços desacelerou, sinalizando algum alento para o Banco Central Europeu. A entidade ainda lida com o desafio de equilibrar o controle da inflação em alta e o fraco crescimento econômico na região.

 

MERCADO DE AÇÕES

Ibovespa encolhe 1,2% na semana
O principal índice da B3 terminou o período em queda de 1,2% em reais e 0,2% em dólares, aos 124.619 pontos. Lá fora, os mercados começaram a semana pressionados pela decisão dos EUA de impor tarifas sobre produtos de Canadá, México e China. Contudo, o humor melhorou quando Washington adiou em um mês a aplicação de boa parte dessas medidas. A cautela voltou, porém, após Donald Trump mencionar a adoção de novas represálias comerciais contra um grupo não especificado de países. Somaram-se a isso dados econômicos fracos, como o ISM de serviços, e balanços que decepcionaram, sobretudo nos setores de tecnologia (caso de Google e AMD) e de outras áreas da economia americana. Ao todo, das 308 empresas do S&P 500 que já divulgaram resultados do quarto trimestre de 2024, 77% bateram as projeções de lucro, com surpresa média de 6,6%, de acordo com informações da Bloomberg. No Brasil, teve início a temporada de balanços do quarto trimestre, destacando instituições bancárias relevantes.

Os números vieram sólidos, mas as projeções para o ano revelaram cautela, principalmente devido ao cenário macroeconômico adverso. O mercado também ficou atento às declarações do ministro Wellington Dias, responsável pelo Bolsa Família, que sugeriu possíveis ajustes no programa para mitigar a inflação dos alimentos. O anúncio gerou divergências com a equipe econômica e, consequentemente, pressão sobre a curva de juros — o DI/jan 34 abriu 16 pontos-base. Embraer (EMBR3, +4,4%) figurou entre os melhores desempenhos, após anunciar um contrato de venda de aeronaves para a FlexJet, estimado em cerca de US$ 7 bilhões. Já Azul (AZUL4, -17,8%) liderou as baixas, diante das dificuldades para concretizar uma fusão com a Gol e do plano de levantar até R$ 6,1 bilhões em nova oferta de ações.

FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-ata-do-copom-reforca-cenario-de-inflacao-desafiador/
https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-recua-em-meio-a-ruidos-globais-e-domesticos/7

Mateus H. Passero
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Fechamento de Mercado

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Selic a 13,25% e projeção de nova escalada até junho

O Banco Central decidiu elevar a taxa básica de juros em um ponto percentual, passando a Selic de 12,25% para 13,25%. O movimento, já esperado pelos analistas, reflete a preocupação do Comitê de Política Monetária (Copom) com o ritmo de alta de preços, especialmente tendo em vista que a projeção de inflação para o terceiro trimestre de 2026 permanece bem acima da meta estipulada. A sinalização oficial também aponta para um possível acréscimo de magnitude semelhante na próxima reunião, em março, embora não haja diretrizes claras para o encontro de maio. Caso o crescimento econômico arrefeça nos próximos meses, o Copom teria margem para reduzir o ritmo de elevação dos juros.
Economistas avaliam que a decisão, alinhada a recentes indicadores, fortalece o cenário em que a Selic chegue a 15,50% em junho, após aumentos sucessivos de 1,00, 0,75 e 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões.

Arrecadação recorde em 2024 e meta fiscal cumprida

Dados divulgados pelo governo confirmam a maior arrecadação federal da série anual, com R$ 2.652,7 bilhões em 2024, o que representa um crescimento de 9,6% acima da inflação. Esse desempenho, somado a um ambiente econômico favorável e a receitas extraordinárias, contribuiu para que o Executivo alcançasse sua meta formal de resultado primário. Ainda que o déficit do governo central tenha sido de R$ 43 bilhões no ano passado (-0,4% do PIB), o montante é bem menor que os R$ 228,5 bilhões de 2023 (-2,1% do PIB).
Para 2025, espera-se menor dependência de receitas pontuais, mas não deve haver grandes obstáculos para atingir a meta de saldo primário. O governo segue amparado por um nível de atividade que, embora em desaceleração, permanece razoavelmente firme, e pela possibilidade de ajustes nas despesas, viabilizada pela aprovação de um pacote de contenção de gastos. Segundo estimativas, a arrecadação federal deve avançar 2,1% em termos reais, alcançando R$ 2.870,0 bilhões neste ano.

Desemprego historicamente baixo, mas ritmo de contratações arrefece

A taxa de desemprego em 2024 fechou em 6,6%, a menor marca desde que se iniciou a série anual, em 2012. Apesar de o mercado de trabalho se manter robusto, há sinais de desaceleração na criação de vagas: as contratações com carteira assinada recuaram de 120 mil para 25 mil entre novembro e dezembro, o que pode indicar falta de mão de obra em setores específicos. Paralelamente, os salários reais continuam a subir, pressionando a inflação. O quadro reforça a perspectiva de redução gradual no ritmo de crescimento econômico e de inflação mais alta em serviços. A projeção oficial para o PIB de 2025 aponta aumento de 2,0%, após um avanço de 3,6% observado em 2024.

Cenário Externo

Governo Trump intensifica tom protecionista

Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump seguiu ameaçando elevar tarifas de importação em sua segunda semana de mandato. A Colômbia chegou a ser alvo, após recusar voos que deportavam imigrantes, mas um entendimento entre os dois países evitou a aplicação das medidas. O governo norte-americano declarou tarifas em 25% as importações do México e do Canadá – dois parceiros econômicos de grande relevância – além de impor uma alíquota de 10% para produtos chineses a partir de 1º de fevereiro, justificando o combate à entrada de imigrantes ilegais e de carregamentos de fentanil.
Há também a possibilidade de uma taxa de 100% contra os países do Brics, caso avancem na ideia de criar uma moeda própria para substituir o dólar no comércio internacional.

Economia dos EUA mantém tração; inflação acima do alvo

No quarto trimestre, o Produto Interno Bruto americano cresceu 2,3% em taxa anualizada, após ter registrado 3,1% no trimestre anterior. O consumo das famílias, que responde por cerca de dois terços do PIB, avançou 4,2%, enquanto os gastos governamentais subiram 3,2%. Por outro lado, o investimento privado recuou 5,6% e o comércio exterior mostrou contração de 0,8% em exportações e importações. Como resultado, o PIB dos EUA aumentou 2,8% em 2024, número próximo dos 2,9% registrados em 2023.
No âmbito inflacionário, o deflator PCE – referência preferida pelo Federal Reserve – subiu 0,3% em dezembro, alinhado às expectativas. Com isso, o indicador encerrou 2024 em 2,6%, ainda acima da meta oficial de 2%. Some-se a isso as políticas econômicas de Donald Trump, que oferecem riscos de aceleração nos preços, e tem-se um contexto que explica por que o Fed optou por não mexer na sua taxa de juros de referência.

Fed congela cortes e BCE segue reduzindo taxas

Diante de uma economia americana aquecida, desemprego em baixa e inflação superior aos objetivos, o Federal Reserve decidiu manter os juros básicos no intervalo de 4,25% a 4,50%. O comunicado que se seguiu à reunião foi mais cauteloso, ao retirar menções de “progresso” em direção à meta de 2%. Em entrevista coletiva, Jerome Powell, presidente do Fed, reiterou que o órgão não pretende retomar cortes na taxa até que os indicadores de emprego e preços justifiquem tal decisão. Há, portanto, um viés de alta para a projeção atual de dois cortes de 0,25 ponto percentual até o fim do ano. Em paralelo, cresce a possibilidade de a instituição manter os juros inalterados durante boa parte de 2025.
Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) reduziu suas taxas em 0,25 ponto percentual, levando a taxa de depósito a 2,75% ao ano. É a quinta queda seguida, em uma tentativa de equilibrar a inflação que volta a subir e um crescimento econômico frágil. Christine Lagarde, presidente do BCE, manifestou preocupação com o desempenho da atividade na zona do euro, justificando a continuidade do afrouxamento monetário.

Startup chinesa sacode o mercado de Inteligência Artificial

A semana começou turbulenta nas bolsas internacionais devido ao lançamento de um novo chatbot de IA pela startup chinesa DeepSeek, que afirma ter custos de produção significativamente menores e eficiência superior quando comparada a rivais como o ChatGPT, da OpenAI. A notícia gerou ampla especulação sobre a competitividade das empresas de tecnologia ocidentais, provocando queda expressiva nas ações de companhias envolvidas com infraestrutura de IA, sobretudo a Nvidia, que registrou retração de 17,0% na última segunda-feira.

Mercado de Ações

Ibovespa avança 3,1% e enfrenta menos turbulências que o exterior

Apesar do cenário internacional conturbado, o Ibovespa encerrou a semana em alta de 3,1% em reais e 4,1% em dólares, a 126.241 pontos. No acumulado de janeiro, a valorização é de 4,9% em reais e 11,0% em dólares. Os mercados globais começaram a semana sob tensão, impulsionados pela estreia do chatbot de IA da DeepSeek. Empresas relacionadas à tecnologia despencaram, notadamente a Nvidia (-17,0%). Enquanto isso, a temporada de balanços do quarto trimestre de 2024 nos Estados Unidos segue surpreendendo positivamente: 78% das 179 companhias do S&P 500 que já divulgaram resultados superaram as expectativas, com margem de 5,9% acima das projeções, segundo dados da Bloomberg. No campo macro, o Federal Reserve manteve as taxas inalteradas e adotou postura firme ao reconhecer os desafios de trazer a inflação de volta ao patamar de 2%. No Brasil, porém, o ambiente foi mais otimista. A redução nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) e a elevação da Selic em 1 ponto percentual – acompanhada de um sinal mais flexível do Copom – favoreceram a tomada de risco. Como consequência, a curva de juros doméstica teve queda de 0,42 p.p. e o dólar recuou 1,2%, cotado a R$ 5,84. O índice Ibovespa também foi impulsionado pelo desempenho de empresas de grande relevância, como a Vale (VALE3, +2,2%), cujos dados de produção e vendas vieram ligeiramente acima das expectativas. Em declarações recentes, o presidente Lula destacou o papel estratégico da mineradora, o que ajudou a dar suporte às ações. Entre as altas de maior destaque figuraram Magazine Luíza e YDUQS (MGLU3, +17,1%; YDUQ3, +10,8%), que se beneficiaram do recuo na curva de juros. Já a fabricante de motores e equipamentos Weg (WEGE3, -4,9%) apresentou queda na esteira das especulações envolvendo sua exposição ao mercado de inteligência artificial.

FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-acomodacao-no-cambio-mas-pressao-na-inflacao-2/  https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-encerra-a-forte-alta-de-janeiro-com-bom-desempenho-de-setores-ciclicos/

 

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
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O Efeito Cantillon

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O Efeito Cantillon: Por Que a Inflação Não Afeta Todos da Mesma Forma?

A inflação é um fenômeno econômico que, em teoria, deveria afetar toda a economia de forma proporcional. No entanto, a realidade é bem diferente: enquanto alguns setores e grupos sociais se beneficiam da expansão monetária, outros sofrem com a perda de poder de compra. Esse fenômeno foi descrito pelo economista irlandês Richard Cantillon no século XVIII e ficou conhecido como Efeito Cantillon.

De forma simplificada, Cantillon demonstrou que o impacto da expansão monetária não ocorre de maneira uniforme. O dinheiro novo entra na economia em pontos específicos e beneficia primeiro aqueles que o recebem antes que a inflação se manifeste. Com o tempo, à medida que esse novo dinheiro se espalha pelo sistema, os preços começam a subir, e aqueles que recebem por último sofrem as consequências da desvalorização da moeda.

A lógica é simples: quem recebe o dinheiro novo primeiro pode gastá-lo antes que os preços subam; quem recebe por último paga mais caro por tudo sem ter tido um aumento proporcional em sua renda. Esse mecanismo gera uma redistribuição de riqueza silenciosa, que muitas vezes passa despercebida pelo público e pelos formuladores de políticas econômicas.

Como o Efeito Cantillon Funciona na Prática?

Para entender melhor esse fenômeno, imagine que o Banco Central decida expandir a base monetária para estimular a economia. Esse dinheiro novo não é distribuído diretamente para todas as pessoas igualmente. Ele entra na economia de forma seletiva, geralmente através de empréstimos para bancos, grandes empresas e investidores institucionais.

Esses primeiros receptores do dinheiro têm uma vantagem: eles podem comprar ativos financeiros, imóveis e bens de capital antes que a inflação seja sentida pelo resto da população. Conforme o dinheiro circula na economia e atinge os trabalhadores e consumidores comuns, os preços já subiram e o poder de compra da moeda já foi corroído.

Na prática, o Efeito Cantillon beneficia os mais próximos da criação de dinheiro (bancos, grandes empresas e investidores) e prejudica aqueles que recebem o dinheiro mais tarde (trabalhadores, aposentados e a classe média).

Exemplos Práticos do Efeito Cantillon

O Efeito Cantillon pode ser observado em diversas situações do mundo real. Abaixo, listamos alguns exemplos marcantes:

  1. Crises Financeiras e Resgates Bancários
    Durante a crise financeira de 2008, governos e bancos centrais injetaram trilhões de dólares no sistema financeiro para salvar bancos e grandes empresas. Esse dinheiro novo entrou no topo da economia, beneficiando o setor financeiro e os mercados de capitais. Enquanto isso, trabalhadores perderam empregos, viram seus salários desvalorizados e enfrentaram uma inflação crescente no custo de vida.
  2. Expansão Monetária e Mercado Imobiliário
    Nos últimos anos, bancos centrais ao redor do mundo mantiveram políticas de juros baixos e injeção de liquidez, o que incentivou a compra de imóveis por grandes fundos de investimento. Isso elevou os preços das moradias, tornando a compra de um imóvel mais difícil para a classe média. Enquanto os grandes investidores lucraram com a valorização, os trabalhadores viram o sonho da casa própria se tornar mais distante.
  3. Aumento dos Preços de Commodities
    Em economias emergentes, a expansão monetária muitas vezes causa inflação em alimentos e energia antes que os salários sejam ajustados. Isso ocorre porque o dinheiro novo primeiro é utilizado para investimentos e especulação, elevando o custo de insumos básicos. No Brasil, por exemplo, a alta dos preços dos alimentos e combustíveis entre 2020 e 2022 impactou fortemente a população de baixa renda, que viu seus gastos essenciais aumentarem sem uma compensação equivalente em seus rendimentos.
  4. Setor Tecnológico e a Bolha de Liquidez
    Nos últimos anos, a política de juros baixos facilitou a captação de recursos por startups e grandes empresas de tecnologia, que tiveram acesso a bilhões de dólares em investimentos baratos. Enquanto isso, trabalhadores desses setores passaram a enfrentar cortes de empregos à medida que as condições financeiras se tornaram mais apertadas, mostrando como o dinheiro barato inicialmente beneficia apenas alguns antes de gerar desequilíbrios na economia.

O Efeito Cantillon no Brasil

O Brasil tem uma longa história de políticas monetárias expansionistas e seus impactos desiguais na sociedade. Durante a pandemia, o governo e o Banco Central adotaram políticas para injetar dinheiro na economia e manter o crédito barato. No curto prazo, isso ajudou a evitar uma recessão mais profunda. No entanto, essa liquidez rapidamente inflacionou ativos financeiros e imóveis, beneficiando investidores e grandes empresas.

Por outro lado, a classe média e os trabalhadores viram os preços de bens essenciais dispararem, especialmente alimentos, combustíveis e aluguel. O aumento da inflação corroeu o poder de compra da população, evidenciando mais uma vez que a criação de dinheiro beneficia uns antes de prejudicar outros.

As Lições do Efeito Cantillon

O Efeito Cantillon é uma realidade em qualquer sistema onde há emissão de moeda e expansão do crédito. Ele demonstra que a política monetária não é neutra: quem está mais próximo da fonte de dinheiro se beneficia, enquanto os mais distantes sofrem as consequências da inflação.

Para investidores, compreender esse fenômeno é essencial para proteger seu patrimônio. Em períodos de política monetária expansionista, ativos escassos como ouro, imóveis e ações costumam ser refúgios contra a perda de valor da moeda. Já para a população em geral, a lição é clara: quando há expansão monetária, é preciso estar atento, pois quem recebe o dinheiro novo por último sempre paga a conta.

Em tempos de impressão de dinheiro e estímulos econômicos, é fundamental entender que a inflação não é apenas um número no boletim do IBGE, mas um mecanismo de redistribuição de riqueza muitas vezes invisível para a maioria da população.

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
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Panorama de Mercado

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Brasil mantém Real valorizado, mas projeções seguem pessimistas para 2025
Nos últimos dias, o câmbio nacional registrou apreciação para aproximadamente R$ 5,90 por dólar, resultado que posicionou o Real entre as moedas emergentes de melhor desempenho. Especialistas atribuem esse recuo, em grande medida, ao cenário internacional, diante de sinais de que a política comercial dos Estados Unidos possa ser menos dura do que a retórica de Donald Trump durante sua campanha sugeria.
Apesar da recente valorização, há projeções de que a taxa de câmbio alcance R$ 6,20 por dólar ao término de 2025. Em avaliação de analistas, os fatores que impulsionaram a desvalorização do Real no fim de 2024 continuam presentes, o que tende a manter elevados os prêmios de risco nos mercados locais.

 Prévia da inflação acende alerta para serviços
O IPCA-15 de janeiro, indicador que antecipa a inflação oficial, avançou 0,11% em comparação a dezembro, superando a estimativa de -0,02%. No acumulado de 12 meses, o índice diminuiu de 4,71% para 4,50%. Ainda assim, o segmento de serviços exibiu forte pressão: o núcleo do setor, sem itens mais voláteis, registrou alta de 0,96% no período. Componentes habitualmente mais estáveis, como aluguéis, que em 2024 haviam mostrado comportamentos moderados, também aceleraram consideravelmente em janeiro.
Os serviços intensivos em mão de obra, métrica observada de perto pelo Banco Central, avançaram 0,85%. Além disso, os principais indicadores vinculados à inflação seguem acima da meta de 3%. Diante desse panorama, mantém-se a estimativa de 6,1% para o IPCA de 2025, com viés de alta.

Reforma do Imposto de Renda está entre prioridades do governo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enumerou 25 medidas econômicas consideradas essenciais para 2025. Entre as principais propostas estão o aperfeiçoamento do arcabouço fiscal, a reforma do Imposto de Renda — que deve isentar quem recebe até R$ 5 mil por mês — e a regulamentação da recente reforma tributária, incluindo a instituição do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), além de fundos e imposto seletivo.

Orçamento pressiona manutenção de programas sociais
O governo assegurou a continuidade do Auxílio-Gás mesmo após ficar sem recursos para bancar todas as parcelas de 2025. Do total aprovado de R$ 600 milhões, a verba cobre somente uma das cinco parcelas previstas. Inicialmente, o Ministério do Desenvolvimento Social não dispunha de calendário ou garantias de pagamento, mas, posteriormente, comprometeu-se a ajustar as despesas para honrar o programa. A primeira parcela de 2025 está marcada para fevereiro. Paralelamente, o Tribunal de Contas da União (TCU) bloqueou R$ 6 bilhões do programa Pé-de-Meia — iniciativa que oferece incentivos financeiros e educacionais para alunos do ensino médio público — devido à falta de previsão orçamentária. Com isso, restou apenas R$ 1 bilhão para custear o projeto, quantia classificada como insuficiente. Em resposta, Haddad afirmou que busca uma solução provisória em diálogo com o TCU, enquanto trabalha para incluir os recursos necessários no Orçamento Geral da União.

Governo descarta subsídios para controlar preços de alimentos
Em meio às especulações de que seria criada uma rede popular subsidiada para reduzir os preços de alimentos, o Ministério da Fazenda negou qualquer plano de intervenção direta nesse mercado. O ministro Fernando Haddad ressaltou que “não existe espaço fiscal para esse tipo de medida” e defendeu que a melhor estratégia passa por ampliar a concorrência, aperfeiçoar o ambiente de negócios e equilibrar as contas externas.

Cenário Internacional

Sem aumento imediato de tarifas na primeira semana de Trump
Nos Estados Unidos, Donald Trump iniciou o mandato com decretos voltados a imigração, clima e questões geopolíticas. Entre as decisões, estão a declaração de emergência na fronteira sul, a saída do país do Acordo de Paris e da Organização Mundial da Saúde, além do anúncio de “retomada” do Canal do Panamá. Durante participação no Fórum Econômico Mundial de Davos, Trump requisitou a redução imediata das taxas de juros, tanto no mercado americano quanto em outras economias, e sinalizou que pressionará a Arábia Saudita e a Opep a reduzir o valor do petróleo. Ele também ameaçou aplicar tarifas a empresas que optem por fabricar fora dos EUA. Embora tenha reiterado a intenção de elevar as tarifas de importação, o presidente não forneceu datas ou percentuais definitivos. Há apenas a indicação de que uma alíquota de 10% pode incidir sobre produtos vindos da China a partir de 1º de fevereiro, ao passo que outras regiões, como México, Canadá e União Europeia, podem se tornar alvo de medidas semelhantes.

Japão leva juros ao maior nível em 17 anos
O Banco Central do Japão (BoJ) aumentou a taxa básica de juros de 0,25% para 0,50% — o maior patamar em 17 anos. Segundo Kazuo Ueda, presidente da instituição, novos ajustes podem ocorrer, contanto que a elevação salarial e a inflação sustentem esse movimento, mas não há clareza sobre o ritmo dessas mudanças. O aumento interrompe um longo período marcado por deflação e crescimento estagnado no país. Após o anúncio, os títulos públicos japoneses de 2 anos passaram a oferecer 0,725% ao ano, nível não visto desde outubro de 2008. Os analistas de mercado preveem outro acréscimo de 0,25 ponto percentual nos juros até o fim deste ano.

Cessar-fogo entre Israel e Hamas inicia com troca de reféns, mas futuro é incerto
Entra em vigor o acordo de cessar-fogo firmado entre Israel e o grupo Hamas, após mais de um ano de confrontos. As duas primeiras etapas envolvem a liberação de reféns de ambos os lados e, a partir de 3 de fevereiro, começa a fase de negociações para reconstruir a Faixa de Gaza. Apesar da trégua, não há garantia de encerramento definitivo do conflito. Em pronunciamento oficial, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que o atual acordo é “temporário”.

Pressões inflacionárias na América Latina; repercussões externas variam de neutras a negativas
Segundo relatório sobre a economia global e latino-americana divulgado neste mês, as movimentações iniciais do governo Trump podem ter reflexos relevantes para diversos países da região, em especial o México. Para Brasil, Chile e Colômbia, a análise aponta impactos entre neutros e negativos. No contexto interno, as nações vizinhas vivenciam um processo de desinflação e desaceleração, mas ainda lidam com riscos de inflação persistente. O México, por exemplo, mantém cortes de juros graças ao patamar historicamente elevado de sua taxa real, enquanto o Chile se vê pressionado pela desvalorização cambial e pelo aumento recente de custos. Já na Colômbia, o cenário fiscal indefinido e o reajuste do salário mínimo acima do esperado demandam cautela. Nesse ambiente, a tendência é que as autoridades monetárias da região adotem posturas mais conservadoras nos próximos meses.

Mercado de Ações

Ibovespa fecha com leve ganho; volatilidade marca sessão
O Ibovespa encerrou a semana com elevação modesta de 0,1% em reais, mas registrou alta de 2,7% em dólares, totalizando 122.447 pontos. A liquidez do principal índice da B3 permanece restrita, com negociação diária média (ADTV) de R$ 12,6 bilhões até quinta-feira. Em janeiro, a média fica em R$ 14,9 bilhões, abaixo dos R$ 16,4 bilhões observados nos últimos 12 meses. Parte dessa redução reflete o feriado nos Estados Unidos, que reduziu a atividade global de negociação. No exterior, os holofotes se voltaram para a posse de Donald Trump na Casa Branca. Apesar de declarações protecionistas, o novo presidente não impôs tarifas em seus primeiros dias, o que alimentou certo otimismo nos mercados. No Fórum Econômico de Davos, ele defendeu corte imediato de juros e classificou o preço do petróleo (Brent) como excessivo, levando a uma queda de 3,0% na cotação do barril. Paralelamente, a temporada de balanços do quarto trimestre de 2024 segue superando previsões nos EUA: das 78 empresas do S&P 500 que divulgaram resultados, 79% apresentaram lucros acima das estimativas, com surpresa positiva média de 7,9%, de acordo com dados da Bloomberg. A fraqueza do dólar no período também se refletiu no recuo de 2,7% da moeda americana ante o Real, fixando a cotação em R$ 5,91. No plano doméstico, o IPCA-15 de janeiro surpreendeu para cima, em especial nos serviços, reforçando o quadro inflacionário. Para 2025, a projeção de 6,1% no indicador oficial permanece em alta. Entre as ações, Cogna (COGN3) subiu 9,6% após anunciar recompra de ações e figurar entre as preferidas de um banco de investimentos. Já Raízen (RAIZ4) recuou 7,4%, pressionada pela prévia operacional do terceiro trimestre de 2025, considerada aquém das expectativas, e pela consequente redução de preço-alvo por outra instituição financeira.

FONTE:https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-tem-leve-alta-mas-a-liquidez-permanece-baixa/
https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-acomodacao-no-cambio-mas-pressao-na-inflacao/

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
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Ciclos

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Os ciclos econômicos podem ser entendidos como o ritmo natural de sobe e desce da atividade econômica de um país ou região. Em outras palavras, são variações recorrentes no nível de produção, emprego, renda e preços ao longo do tempo. Essas flutuações são resultado de múltiplos fatores, como mudanças na demanda dos consumidores, nos investimentos das empresas, nas políticas de governo e até em fenômenos externos, como crises globais ou oscilações nos preços de commodities.

As Fases dos Ciclos: Expansão, Pico, Recessão e Recuperação

Expansão: É o momento de crescimento econômico. As empresas investem, o consumo aumenta e o mercado de trabalho se aquece. Aqui, a confiança do consumidor e do empresário costuma ser alta, impulsionando ainda mais a produção e os lucros.

Pico: Após um período prolongado de crescimento, a economia atinge o seu ápice. Os preços podem começar a subir em ritmo acelerado (inflação), e sinais de desequilíbrios, como dívidas excessivas ou escassez de mão de obra, podem surgir.

Recessão: Nesta fase, a atividade econômica passa a diminuir. Há menor investimento, o desemprego cresce e o consumo tende a cair. A redução na procura pelos bens e serviços leva as empresas a produzirem menos, enquanto os governos tentam adotar medidas de incentivo para frear a queda.

Recuperação: É o período em que a economia começa a dar sinais de retomada. A confiança volta gradualmente, o consumo se estabiliza e novos investimentos podem surgir. Com o tempo, a expansão retorna, reiniciando todo o ciclo.

Impactos no Seu Dia a Dia

Empregos: Em fases de expansão, há maior oferta de vagas e melhores salários. Já na recessão, as contratações diminuem e o desemprego tende a subir, afetando a renda das famílias.

Preços e Inflação: Quando a economia está aquecida, a alta demanda pode pressionar os preços para cima; na recessão, a demanda fraca costuma segurar os reajustes e a inflação cai.

Crédito e Juros: Bancos tendem a facilitar empréstimos na expansão, mas podem restringir o crédito e encarecê-lo em momentos de incerteza.

Bolsos das Famílias: Com menor renda ou dificuldade para honrar compromissos, as famílias acabam priorizando itens essenciais e adiando compras de maior valor.

Políticas Governamentais e o Papel do Banco Central

Para suavizar as oscilações, governos e bancos centrais adotam políticas econômicas:

Política Monetária: O Banco Central ajusta as taxas de juros e a oferta de moeda para conter a inflação em ciclos de alta ou para estimular o crescimento em períodos de baixa.

Política Fiscal: O governo pode reduzir impostos e aumentar gastos públicos para impulsionar a economia na recessão, ou fazer o contrário (cortar gastos e elevar impostos) para esfriar a inflação em períodos de forte expansão.

Preparando-se para as Oscilações

Diversificação de Investimentos: Não concentrar todo o dinheiro em um único tipo de aplicação ajuda a lidar melhor com períodos de turbulência.

Reserva de Emergência: Ter uma poupança para cobrir despesas em caso de perda de renda ou imprevistos é essencial na recessão.

Planejamento de Longo Prazo: Evitar gastos impulsivos e manter-se atento a sinais de mudança no cenário econômico são maneiras de proteger o orçamento familiar.

Em qual fase o Brasil está?

Nos últimos anos, o Brasil passou por um período de recessão agravada pelos efeitos da pandemia, mas aos poucos a economia dá sinais de recuperação. Indicadores como a queda gradual do desemprego e a retomada de investimentos em alguns setores sugerem que o país pode estar saindo de uma fase mais conturbada e entrando em uma etapa de crescimento moderado.

Por outro lado, ainda há desafios que tornam essa recuperação desigual. Fatores como juros ainda elevados, inflação acima do ideal e incertezas no cenário fiscal podem atrasar a expansão. Além disso, a dependência de fatores externos — como os preços de commodities e as políticas monetárias de outros países — também afeta o ritmo com que o Brasil avança.

Portanto, se por um lado existem sinais positivos na economia brasileira, por outro há um ambiente ainda cauteloso, que demanda atenção constante de empresários, investidores e famílias. O país parece transitar rumo à recuperação, mas a consolidação de um ciclo mais robusto de expansão requer tempo, estabilidade política e a manutenção de políticas econômicas responsáveis.

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
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Panorama de Mercado

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Atividade de Serviços Aponta Perda de Fôlego no 4º Trimestre

A economia brasileira começa a exibir sinais de desaquecimento, sobretudo no setor de serviços. Em novembro, a receita real do segmento recuou 0,9% frente ao mês anterior, abaixo da projeção de -0,5%. Ainda assim, o indicador cresceu 1,5% na média móvel trimestral. Serviços ligados a transporte rodoviário de cargas, além de atividades profissionais e administrativas, foram os mais afetados. Em contrapartida, as categorias voltadas às famílias mantiveram bom desempenho em novembro, refletindo a resiliência do consumo doméstico. Apesar de se manter em nível elevado, o setor de serviços tende a moderar o ritmo de crescimento nos próximos meses.

IBC-Br Indica Ritmo Fraco em Novembro
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), referência mensal para o Produto Interno Bruto (PIB), avançou apenas 0,1% em novembro comparado a outubro, resultado que coincide com as expectativas do mercado. A desaceleração do setor de serviços, somada ao recuo da produção industrial e à queda das vendas varejistas, compôs o cenário de menor tração econômica no período.

Projeções: Crescimento mais Modesto para 2025
A expectativa é de que o PIB brasileiro registre expansão de 2,0% em 2025, após alta de 3,6% em 2024. Entre os fatores que embasam esse cenário estão o avanço recente da inflação, o cenário de juros mais elevados e a redução dos estímulos fiscais, o que tende a limitar o ritmo de crescimento na próxima temporada.

Reforma Tributária: Sancionada Primeira Regulamentação

Na quinta-feira, o Presidente da República aprovou a primeira legislação complementar que organiza a reforma tributária sobre o consumo. A Lei Complementar nº 214/2025 criou dois tributos – o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) – que substituirão PIS, Cofins, ICMS e ISS. A sanção manteve pontos sensíveis, como incentivos fiscais a refinarias localizadas na Zona Franca de Manaus e regras de tributação para plataformas digitais. No entanto, foi vetada a isenção destinada a fundos imobiliários (FII) e Fiagros, como estruturas.

De acordo com estimativas do governo, a alíquota padrão do IBS/CBS deve chegar a 28,5%, superando a da Hungria (28,0%), atualmente a maior do mundo. Em média, porém, a taxa deve ficar em torno de 22% em razão de diversos regimes especiais concedidos a produtos e serviços específicos. A regulamentação do comitê que administrará o IBS, assim como a definição da partilha de receitas entre entes federados, compõe a próxima etapa dessa reforma.

Cenário Externo

China Cumpre Meta de Crescimento, mas Incertezas Persistem
O Produto Interno Bruto da China aumentou 5,4% no quarto trimestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior, superando a previsão de 5,0% e o resultado de 4,6% observado no trimestre anterior. Dessa forma, o governo chinês atinge a meta de 5,0% estabelecida para 2024, apoiado por um conjunto de medidas de incentivo adotadas desde setembro passado. Apesar do bom resultado, o desemprego urbano subiu de 5,0% para 5,1% em dezembro, e a renda disponível das famílias avançou 4,4%, abaixo do ritmo da economia.

Para 2025, analistas seguem cautelosos: a demanda interna não acompanha o mesmo ritmo da produção, elevando riscos de deflação. Adicionalmente, o futuro presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, planeja impor uma tarifa extra de no mínimo 10% sobre produtos chineses, ampliando incertezas comerciais.

Alívio na Inflação dos EUA…
Nos Estados Unidos, o núcleo do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) – que exclui itens como alimentos e energia – aumentou 0,2% em dezembro ante novembro, abaixo do consenso do mercado. No acumulado de 2024, a taxa atingiu 3,2%. Já o indicador geral subiu 0,4% no mês, encerrando o ano com alta de 2,9%, patamar ainda superior à meta de 2,0% do Federal Reserve. A boa surpresa no CPI – sobretudo no grupo de serviços – fez recuar os rendimentos dos títulos do Tesouro americano e trouxe novo fôlego às bolsas.

O Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) também subiu apenas 0,2% em dezembro, acumulando 3,3% em 2024, abaixo dos 3,5% previstos.

Contudo, Atividade Forte Mantém Cautela do Fed
Ainda nos EUA, as vendas no varejo tiveram alta de 0,4% em dezembro, após avanço de 0,8% em novembro. A taxa anual, comparando dezembro de 2024 com dezembro de 2023, atingiu 3,9%. Ao se observar o núcleo do varejo – indicador que exclui setores como automóveis, combustíveis, construção e alimentação fora do lar –, o aumento foi de 0,7% em dezembro, contra 0,4% no mês anterior. Já a produção industrial subiu 0,9%, superando a projeção de 0,2%.

O conjunto desses dados evidencia a força do consumo e justifica a cautela do Federal Reserve na condução da política monetária. O cenário-base aponta para mais dois cortes de 0,25 ponto percentual nos juros em 2025, situando a taxa final em 3,75% a 4,00%. Há, no entanto, o risco de o banco central americano preferir manter os juros inalterados ao longo deste ano.

Debate Interno no BCE sobre Política de Juros
Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) divulgou a ata de sua última reunião, na qual reduziu as taxas de referência em 0,25 ponto percentual no dia 12 de dezembro – a taxa de depósito, por exemplo, passou de 3,25% para 3,00%. O documento revela dissenso entre os dirigentes: enquanto alguns defendiam um corte maior, de 0,50 p.p., em resposta à atividade econômica fragilizada, outros temiam que uma decisão mais agressiva pudesse afetar a credibilidade do BCE. Sem fornecer pista clara sobre os próximos passos, a instituição reforçou o compromisso de avaliar dados e definir a estratégia em cada reunião.

Petróleo Oscila, mas Fecha Estável

O barril do petróleo tipo Brent encerrou a semana cotado a cerca de 80 dólares, após variações expressivas nos dias anteriores. Pesaram sobre os preços, de um lado, as novas sanções americanas ao setor de energia da Rússia e o anúncio da Opep+ de que a demanda global pode crescer em 2025. De outro, o acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza contribuiu para aliviar a pressão. Vale lembrar que, na segunda metade de dezembro, o barril chegou a se aproximar de 70 dólares.

Para o Brasil, a cotação elevada do petróleo costuma impactar positivamente a arrecadação de impostos, mas também exerce pressão inflacionária. A Petrobras, inclusive, deve analisar possíveis reajustes nos preços de combustíveis em seu próximo encontro de Conselho, já que a gasolina e o diesel comercializados no país estão abaixo do valor internacional.

Mercado de Ações

O Ibovespa subiu 2,8% em reais (3,8% em dólares), encerrando a semana aos 122.350 pontos. No exterior, os índices americanos registraram desempenho positivo (S&P 500, +2,9%; Nasdaq, +2,8%), impulsionados pelo núcleo da inflação ao consumidor abaixo das estimativas, além de bons resultados de instituições financeiras. Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA caíram, com a taxa de 10 anos finalizando a semana em 4,63%. Já as bolsas chinesas também apresentaram ganhos (CSI 300, +2,1%; HSI, +2,7%), refletindo indicadores de atividade econômica mais sólidos, como o PIB do quarto trimestre e os dados de varejo e produção industrial.

A combinação de menor aversão ao risco internacional e melhora no panorama de commodities, favorecida pelo otimismo em relação à China, impulsionou as ações brasileiras. O dólar também cedeu 0,5%, encerrando cotado a R$ 6,08. No plano político, o governo federal revogou uma norma da Receita que disciplinava o monitoramento de movimentações financeiras, após críticas sobre o alcance das medidas.

No âmbito corporativo, a Petz (PETZ3) liderou as valorizações da semana (+10,1%), em meio a notícias de que a fusão com a Cobasi pode ser autorizada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ainda no primeiro trimestre. Azul (AZUL4) também se destacou (+7,0%) ao anunciar a assinatura de um Memorando de Entendimento (MoU) com a Abra – holding controladora da Gol (GOLL4, +6,9%) – para discutir uma potencial fusão. Entre os desempenhos negativos, a Marfrig (MRFG3) recuou 8,2%, devolvendo parte dos ganhos expressivos acumulados recentemente.

FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-e-os-mercados-globais-se-recuperam-na-semana-em-meio-a-dados-economicos-positivos/  https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-china-cumpre-meta-de-crescimento-economico-em-2024/

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
4traderinvest.com.br
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