Panorama de Mercado
Brasil eleva projeções econômicas, mas cenário global gera cautela
Em abril, as projeções econômicas para o Brasil mostraram um leve avanço, segundo relatório recente divulgado por analistas. Apesar do aumento do risco de recessão nos Estados Unidos e da recente desvalorização do dólar, a expectativa é que tanto o índice global da moeda norte-americana (DXY) quanto os preços das commodities tenham uma leve recuperação nas próximas semanas. Com isso, especialistas mantiveram as previsões para o câmbio em R$ 6,00 por dólar no final deste ano, subindo para R$ 6,20 ao final de 2026.
A perspectiva para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro também melhorou, subindo de 2,0% para 2,3% em 2025 e de 1,0% para 1,5% em 2026, impulsionada por recentes medidas governamentais. Entre essas medidas estão a liberação extraordinária do FGTS, aumento de recursos para o programa Minha Casa Minha Vida, expansão do crédito consignado privado e reforma no Imposto de Renda. A expectativa para a inflação (IPCA) deste ano permaneceu em 6,0%, com leve ajuste de alta para 2026, passando de 4,5% para 4,7%. Ainda é previsto um aumento na taxa Selic para até 15,50%, embora uma eventual desaceleração econômica mais acentuada possa antecipar o fim do ciclo de alta.
Congresso brasileiro aprova medida de resposta a tarifas americanas
O Congresso brasileiro aprovou recentemente a chamada “Lei de Reciprocidade”, que permite ao governo adotar medidas tarifárias proporcionais às impostas pelos Estados Unidos. No entanto, autoridades brasileiras, incluindo o vice-presidente Geraldo Alckmin, destacaram a preferência pela diplomacia e negociação, indicando que uma reação imediata e significativa é improvável, dada a tarifa relativamente baixa (10%) imposta pelo governo Trump.
Semana turbulenta leva dólar a fortes oscilações no Brasil
A taxa de câmbio brasileira experimentou uma semana marcada pela instabilidade, oscilando entre R$ 5,59 e R$ 5,85 por dólar. A volatilidade refletiu diretamente a preocupação dos mercados financeiros com as incertezas globais, mantendo a previsão da taxa cambial em R$ 6,00 ao final de 2025.
Trump eleva tarifas e provoca queda nos mercados internacionais
As medidas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, resultaram em forte aumento das tarifas de importação, superando até as previsões mais pessimistas. Se implementadas integralmente, as tarifas poderão atingir mais de 25%, nível não visto desde o início do século XX. Como resultado, índices acionários internacionais despencaram e commodities, como o petróleo, caíram aproximadamente 12%.
Especialistas alertam que tais tarifas poderiam reduzir o crescimento global e provocar inflação, afetando significativamente as cadeias produtivas estabelecidas nas últimas décadas.
China responde às tarifas americanas
Em retaliação imediata, a China anunciou tarifas de 34% sobre produtos norte-americanos, aprofundando o conflito comercial. A medida derrubou ainda mais as commodities e levou o petróleo Brent ao patamar mais baixo desde 2021, enquanto o índice Nasdaq entrou em mercado baixista, com queda acumulada de 20% em relação às máximas recentes.
Europa prepara resposta às tarifas dos EUA
A União Europeia também está se articulando para responder às tarifas adicionais impostas pelos EUA, especialmente a Alemanha, cuja exposição econômica aos EUA corresponde a 5% do PIB. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, enfatizou que o bloco responderá em conjunto às medidas americanas.
Dados mistos nos EUA refletem incerteza econômica
Apesar da criação de 228 mil novos empregos nos EUA em março, com uma taxa de desemprego estável em 4,2%, os índices PMI apresentaram sinais contraditórios. O PMI industrial caiu para 49,0 pontos, indicando contração, enquanto o setor de serviços recuou para 53,5 pontos, seu nível mais baixo desde junho de 2024.
Economia chinesa demonstra sinais de recuperação
Na contramão das tensões comerciais, a economia chinesa mostrou recuperação moderada, com o PMI composto subindo para 51,8 pontos em março. O PMI industrial também avançou, atingindo 51,2 pontos, seu melhor desempenho em quatro meses. Ainda assim, a guerra tarifária aumenta significativamente os riscos para a economia chinesa em 2025.
Inflação europeia dá sinais positivos
Na Europa, a inflação anual recuou para 2,2% em março, com o núcleo da inflação (que exclui itens voláteis como alimentos e energia) baixando para 2,4%. No entanto, a economia europeia enfrenta desafios adicionais devido às novas tarifas americanas, podendo levar a revisões negativas do crescimento do PIB.
Mercados financeiros reagem negativamente às tarifas
O Ibovespa terminou a semana com queda de 3,5%, fechando em 127.256 pontos, em meio à volatilidade causada pelo anúncio das tarifas norte-americanas. O índice VIX, que mede a volatilidade global, subiu 109%, refletindo o receio dos investidores. Petrobras e Vale lideraram as perdas na bolsa brasileira, enquanto o destaque positivo foi o Pão de Açúcar, que subiu 18,8% após mudanças na sua administração.
Embora desafiadora, essa conjuntura pode permitir ao Brasil encontrar novas oportunidades comerciais e fortalecer sua posição no mercado global, sobretudo se conseguir manter um equilíbrio entre respostas tarifárias e diplomáticas.
FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-dia-da-libertacao-eleva-risco-global/
https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-cai-com-anuncio-de-tarifas-e-aumento-de-temores-de-recessao-nos-eua/
Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
4traderinvest.com.br
41 9 9890 9119