Com o decreto do governo do Estado de Santa Catarina no dia 18 de março, onde proibiu a abertura de estabelecimentos em todo o estado, essa semana Porto União completa 45 dias de isolamento social. Enquanto União da Vitória, que seguiu as orientações de decretos do Paraná e emitiu decretos e orientações menos brandas que o do estado vizinho, completou essa semana mais de 30 dias de medidas contra o COVID-19, também chamado de coronavírus.
Devido seguirem a legislação de estados diferentes, as duas cidades tomaram várias decisões em conjunto para evitar a transmissão do coronavírus, como toque de recolher, uso de máscaras para adentrar nos estabelecimentos entre outras medidas.
O Prefeito de União da Vitória Santin Roveda falou um pouco sobre todas essas medidas que mudaram o cotidiano de todos. “Em um momento de pandemia mundial, não é muito simples tomar decisão, porque a gente não tem clareza do que é o vírus. O mundo inteiro está descobrindo e trabalhando por uma vacina e a gente está trabalhando com atitudes de prevenção, atitudes de restrição e de isolamento para que a gente se aproxime ao máximo de uma solução definitiva para esse problema gravíssimo que a humanidade nunca enfrentou. Aqui em União da Vitória, nós iniciamos rapidamente as atitudes. Suspendemos as aulas, cancelamos eventos e atividades de aglomeração de público e até o aniversário da cidade”, lembra Santin.
Foi implantado o Disque Saúde para a população ligar e tirar as dúvidas em relação ao coronavírus. Também foi prorrogado o prazo para o início do pagamento do IPTU. “Essas atitudes foram fundamentais para que o bom entendimento da população. Implantamos o toque de recolher junto com o município de Porto União, para que a gente tivesse uma integração. Confeccionamos todo um enxoval de adesivo de cartazes de orientação educativa para o comércio, principalmente naquele período mais complicado”, falou
Em seguida Santin conta que foi iniciado um trabalho de diálogo para a abertura do comércio local e a confecção em parcerias de EPIs para os profissionais de saúde do município já que eles estão na linha de frente. Essa semana mais medidas foram tomadas por União da Vitória para tentar mediar o isolamento social com uma plataforma para a educação. Aulas serão transmitidas pela TV Educativa e pela internet com o objetivo de levar aprendizado e conhecimento nesta fase de isolamento. O projeto consiste em diferentes atividades pedagógicas que serão disponibilizadas por meio de vide aulas gravadas pelos professores da rede municipal, além de livros de histórias infantis, PDF e contação de história.
As atividades serão voltadas para os alunos do 1º ao 5ª ano. As aulas serão transmitidas pelo portal www.educauniao.com.br e gratuitamente pela TV Mill, pelo Canal 13, às 10h, 14h e 19h. “Para levarmos educação e conhecimento para todos os alunos neste período de isolamento, mesmo a aqueles que não possuem acesso à internet em casa, criamos essa parceria com a TV Mill. As aulas são transmitidas de forma gratuita para todos”, afirma Santin. O conteúdo pedagógico foi desenvolvido pela Secretaria de Educação em parceria com a Unespar.
União da Vitória até o final da tarde de ontem, 29, contava com sete casos notificados, sendo 5 já curados. Enquanto em Porto união nenhum caso confirmado de coronavírus.
Em Porto União o comandante da Polícia Militar Capitão Paulo Ricardo Galle através das redes sociais e da imprensa vem orientando e informando sobre os decretos e orientações do governo do estado, já que nesta pandemia a polícia militar ganhou o status de a autoridade de saúde para auxiliar os municípios no controle e fiscalização. Segundo ele em Porto União, nos últimos dias, 34 estabelecimentos foram notificados pelo descumprimento do Decreto de Calamidade Pública nº 562 do Estado de Santa Catarina, “pedimos, encarecidamente, que os lojistas, comerciantes e empresários em geral mantenham o fiel respeito as normas sanitárias para evitar a interdição total do seu estabelecimento”, pede o comandante.
“Apesar de termos a liberação parcial do funcionamento das mais diversas atividades econômicas, devemos nos atentar para as restrições sanitárias impostas pelos textos legais e portarias da secretaria de Estado de Saúde. Lembro que a Polícia Militar do Estado de Santa Catarina é autoridade sanitária competente para fiscalizar as restrições legais impostas pelo Governo do Estado”, explica.
Inicialmente, quando o estabelecimento descumpre alguma das normas, dentre as quais as principais, como controle de acesso, utilização de máscaras, disponibilização de álcool em gel dentre outras, a partir do momento que esse estabelecimento não cumpre alguma dessas medidas, a Polícia Militar realiza uma notificação administrativa que visa esclarecer, informar e alertar aquele proprietário que ele está descumprindo as normas e poderá receber uma interdição cautelar.
Para o cumprimento dessa notificação, ela tem uma hora. Então dentro de uma hora, ele tem que reestabelecer essas medidas. Caso positivo a notificação é retirada do seu estabelecimento e ele segue o funcionamento normalmente, “no entanto, se ele não respeitar essa notificação administrativa a polícia militar poderá realizar a interdição cautelar e está proibido de funcionar por tempo indeterminado até que seja regularizado todos as situações através de um recurso. Queremos evitar que isso aconteça, já que gera uma serie de transtorno ao empresário”, lembra Capitão Galle. E caso não seja respeitado ainda mesmo após isso, mais sanções podem ser realizadas através da Vigilância Sanitária do Estado.
Bituruna
Bituruna completou um mês de medidas intensivas de prevenção a Coronavírus (COVID-19) na semana passada. Nos primeiros dias foram mantidos abertos apenas os serviços essenciais do comércio e prestadores de serviço além das indústrias, e implantadas barreiras sanitárias por 15 dias. Após esse período, iniciou a reabertura gradual do comércio seguindo o protocolo de higiene e segurança. Foram realizadas 150 fiscalizações, 2.000 visitas orientativas, 35 notificações e 5 estabelecimentos fechados. Agentes de orientação estão diariamente no Centro e bairros prestando esclarecimentos à população.
O auxílio emergencial do Governo Federal começou a ser pago dia 9 de abril e a previsão é que ele injete mais de R$ 1 milhão em Bituruna. A Secretaria de Desenvolvimento Social prestou atendimento aos cadastrados no CadÚnico sobre o assunto, realizando 385 cadastros e 155 atualizações de CPF. A Sala do Empreendedor também está auxiliando os autônomos e MEIs (Microempreendedores individuais) realizando a renegociação de parcelas da Fomento Paraná e viabilizando linhas de crédito através do Paraná Recupera, do Governo Estadual.
A Fundação Municipal de Saúde iniciou a entrega de 20 mil máscaras reutilizáveis através das agentes comunitárias de saúde. A aquisição das máscaras foi possível devido à colaboração da população que doou para a campanha solidária “Máscara para Todos”. O uso do item é obrigatório em Bituruna, como determina o decreto 069/2020.
Sepultamento em tempos de covid-19 exige mudança de rituais
Diante da pandemia do novo coronavírus, dezenas de famílias se viram obrigadas a passar pelo processo de morte e luto de um ente querido à distância. Sem velórios ou com um número reduzido de pessoas e de tempo, com caixões lacrados, os enterros em tempos de covid-19 exigiram mudanças como participação de parentes via chamada de vídeo, rituais religiosos pela internet ou mesmo cerimônias solitárias.
“Os rituais diante da morte são muito importantes, porque regularizam as experiências, fornecem um lugar seguro, desde um lugar físico, até um lugar afetivo importante para expressão das emoções, para que as pessoas possam enfrentar este momento juntas. Com a COVID19, esses rituais, que tinham função apaziguadora, organizadora, não estão acontecendo, e isso representa um risco para o luto complicado após a morte, porque não foram feitas as despedidas” afirma a coordenadora do Laboratório de Estudos e Intervenções sobre Luto da PUC-SP, professora Maria Helena Pereira Franco.
A docente prevê um tempo bastante difícil no que diz respeito à saúde mental e o luto: “As pessoas que apresentam um luto complicado vão ter algumas demandas que precisarão ser atendidas, como por exemplo, buscarão mais os serviços de saúde, pois ficarão mais atentas a algum sintoma, terão mudanças no sistema imunológico, ficando mais suscetíveis a adoecer”.
Ela explica que haverá impacto também no âmbito social, na relação com grupos maiores, nas relações familiares. “Inclusive, por não terem a oportunidade de se despedir, podem ficar com a expectativa de que aquela morte não aconteceu, porque não tiveram a concretude da morte que os rituais proporcionam”, explica. Para Maria Helena, é importante pensar em alternativas e adaptações a esta falta, justamente porque é importante que o luto seja feito, nem que seja uma reunião online com amigos e familiares da pessoa falecida.
Rituais religiosos
Do ponto de vista religioso, o contato físico diante da morte é também uma forma de prestar solidariedade e acolhimento, afirma o professor da Faculdade de Teologia da PUC-SP, padre Sérgio Lucas.
“A perda de um ente querido é sempre uma experiência de dor, mesmo quando se dá ao final de um longo processo de adoecimento. Para lidar com esse evento, muitas pessoas recorrem às práticas religiosas, que podem oferecer significativa ajuda, mas com o distanciamento social provocado pela covid-19 refletimos sobre a possibilidade de realizar os rituais religiosos fúnebres de outras formas”, informa o professor.
Ele explica, que mesmo que não seja um ritual religioso, a despedida é importante. “No momento do falecimento, as pessoas se reúnem e elaboram algum ritual de despedida, um ritual que pode ser laico, pode ser conduzido por um conhecido, um próprio membro da família, não precisa ser nada elaborado, e é muito importante e significativo que se tenha esse momento, porque é a hora que as pessoas podem expressar suas emoções, naquele momento tão difícil no qual a gente se despede de uma pessoa que partiu”.
O professor explica que os rituais são importantes para evitar o ‘luto complicado’. “Um conforto maior para que se possa evitar o que na psicologia nós chamamos de ‘luto complicado’, porque nem todas as pessoas conseguem lidar com facilidade com a morte. Aliás lidar com a morte é sempre difícil, mas algumas têm mais dificuldade em lidar e desenvolvem o luto complicado. A realização de um ritual religioso pode ser o fator de prevenção de um luto complicado”.