As cidades de Morretes e União da Vitória vão participar no dia 20 de julho de um teste de envio de alertas da Coordenadoria Estadual da Defesa Civil do Paraná por meio da tecnologia Cell Broadcast, um modelo que permite que celulares recebam as mensagens independentemente de adesão. O objetivo do projeto, coordenado pelo Governo Federal, é alertar moradores de áreas que estejam na iminência de serem atingidas por grandes eventos climáticos, como chuvas, vendavais e deslizamentos, e ajudar a população dos municípios a se prepararem adequadamente.
Os testes que serão realizados em julho servirão para entender o funcionamento da ferramenta antes da sua implementação definitiva, possibilitando ajustes. Um cuidado que embasa o projeto é informar a população de que ela receberá esse alerta de experiência, que será devidamente identificado como tal, para evitar pânico, já que todas as pessoas de uma determinada área receberão a interferência no celular ao mesmo tempo. Especificamente nesta etapa piloto, praticamente todos que estejam em uma das duas cidades no dia 20 de julho receberão o alerta.
A principal diferença do novo sistema para os alertas que a Defesa Civil do Paraná já envia (SMS, WhatsApp e Telegram) é que, além de não ser necessário efetuar inscrição prévia, a mensagem de alerta aparecerá na tela do celular como um pop-up e obrigará o usuário a interagir com o aviso. Um alerta sonoro também acompanha a mensagem. Ele é diferente de uma ligação e visa garantir que a pessoa tome conhecimento sobre o alerta independente do celular estar em modo silencioso ou não.
Devido às suas características, o Cell Broadcast será utilizado apenas para alertas com o maior nível de severidade, orientadas pelo Governo Federal. Elas serão enviadas com antecedência e permitirão que os municípios coloquem em prática seus planos de contingência, com apoio e orientação da Defesa Civil Estadual e das forças de segurança e salvamento que atuam nos municípios que serão impactados.
Segundo o coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Fernando Schunig, o Cell Broadcast é um sistema amplamente utilizado por outros países e que tem como princípio a agilidade no repasse da informação, algo fundamental em situações críticas. “É uma nova ferramenta que visa informar a população o mais rápido possível para que ela possa sair a tempo das áreas de risco para locais seguros e se proteger desses desastres”, afirmou.
Ao todo, municípios de sete estados vão participar dos primeiros testes da tecnologia. O Paraná foi um dos escolhidos por causa de sua estrutura pioneira e atuação no sistema de Defesa Civil, sendo um dos estados de referência do País. O Estado inclusive foi um dos três entes federativos que participaram do piloto para o envio de alertas por SMS, em 2017.
“Por ter uma das melhores estruturas estaduais de Defesa Civil do Brasil, o Paraná foi escolhido para integrar esse programa piloto. Estes testes são importantes para verificar a efetividade dos alertas e fazer os ajustes necessários para que o sistema possa rodar em todo o Estado”, acrescentou Schunig.
A utilização da ferramenta foi discutida ao longo dos últimos anos pelo Paraná junto à Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, a Anatel, as operadoras de celular e outras agências envolvidas visando a melhoria do sistema de alertas. Segundo o coordenador estadual da Defesa Civil, a previsão é que a implementação seja concluída ainda no segundo semestre.
COMO FUNCIONA – O Cell Broadcast funciona a partir da definição de áreas dos municípios previamente identificadas como sendo de risco para enchentes, deslizamentos e outras ocorrências. Os técnicos da Defesa Civil envolvidos delimitam as áreas onde as pessoas deverão receber a mensagem de alerta, que irá se sobrepor a qualquer atividade que esteja sendo efetuada no celular naquele momento, além da emissão do sinal sonoro semelhante a uma sirene, impondo interação com o aparelho.
A especificação da área a ser alertada se baseia em um sistema de georreferenciamento em formato de polígonos a partir de antenas existentes na região que será impactada. Por isso, algumas pessoas que estejam nas adjacências dos locais afetados também poderão receber o alerta.
MUNICÍPIOS – A escolha de Morretes e União da Vitória como os primeiros municípios para teste do Cell Broadcast no Paraná se deu devido à existência de equipes de Defesa Civil municipais capacitadas e ao histórico de ambas as localidades com desastres naturais.
Em 2011, a cidade do Litoral chegou a registrar cerca de 200 milímetros de chuva em apenas um dia, o que causou o transbordamento de rios, levando a quatro mortes e 10 mil pessoas desabrigadas. Já União da Vitória sofreu seguidas vezes por enchentes devido à sua localização geográfica, próxima ao Rio Iguaçu, sendo a mais recente no final de 2023, quando cerca de 43 mil pessoas foram impactadas.
“Precisamos preparar a população com relação a como proceder após receber esse alerta e definimos Morretes e União da Vitória, que já foram bastante atingidas por desastres. Nós já fazemos um trabalho de prevenção nestas localidades, mas queremos aproveitar a oportunidade para melhorar os procedimentos”, explicou o coordenador estadual da Defesa Civil.
Os outros municípios brasileiros que também participam do projeto-piloto do Cell Broadcast são Angra dos Reis (RJ), Blumenau (SC), Cachoeiro de Itapemirim (ES), Gaspar (SC), Indianópolis (MG), Muçum (RS), Petrópolis (RJ), Roca Sales (RS), São Sebastião (SP) e Uberlândia (MG).
OUTROS ALERTAS – Além do Cell Broadcast, a Defesa Civil do Paraná também tem desde 2018 um sistema de alertas via SMS. A ferramenta continuará em operação de forma paralela e os interessados devem solicitar a adesão por meio do envio do CEP por SMS para o número 40199. Atualmente, cerca de 600 mil paranaenses já aderiram a este sistema.
Outra opção disponibilizada pelo órgão estadual são os alertas via WhatsApp e Telegram. As instruções de como aderir às ferramentas vinculadas aos aplicativos de mensagens estão disponíveis no site da Defesa Civil.
Esses alertas via SMS e aplicativos de mensagem continuarão a emitir orientações em casos de menor gravidade para a base cadastral.