O Paraná celebra seu primeiro ano como área livre de febre aftosa sem vacinação com todas as condições reunidas para ampliar a competitividade no mercado internacional de proteína animal. A afirmação foi feita na terça-feira, 31, pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior durante uma cerimônia, no Palácio Iguaçu, que marcou um ano da certificação concedida pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), em 27 de maio de 2021.
“Foi a maior conquista do agronegócio paranaense nos últimos 100 anos. Desde 1958 o Paraná buscava essa certificação, um selo de qualidade e sanidade animal que permite acessar países, principalmente na Ásia, que não compravam a carne do Estado por causa da vacinação”, disse Ratinho Junior. “Mais do que um grande produtor de alimentos, queremos ser o supermercado do mundo para industrializar tudo o que produzimos. Fazer com que a matéria-prima passe pela indústria e chegue ao exterior embalada e congelada”.
Além do status sanitário, conquistado com a ampliação da vigilância e defesa sanitária, principalmente após a criação da Agência e Defesa Sanitária do Paraná (Adapar), outros fatores tornam pecuária paranaense cada vez mais competitiva. O Estado é o maior produtor de proteína animal do País, com a produção de 6,213 milhões de toneladas de carnes bovina, suína e de frango no ano passado.
Mais de 2 milhões de toneladas de produtos de origem animal foram exportadas pelo Paraná em 2021, incluindo lácteos e pescados, o que somou US$ 3,4 bilhões (R$ 16,2 bilhões na cotação atual) na balança comercial, de acordo com as estatísticas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
“Isso é fruto de um trabalho estratégico que vem do passado, mas que também inclui muito o olhar do nosso governo para consolidar o Paraná no mercado internacional de alimentação”, salientou o governador. “Essa conquista, que atende todo o agronegócio do Paraná, abre um mercado gigantesco, de bilhões de dólares, que reflete na geração de emprego e na atração de investimentos de agroindústrias que querem se instalar no Paraná”.
Para isso, destacou Ratinho Junior, o Estado investe em áreas estratégicas para a produção do campo, com forte destaque para a infraestrutura e na agilidade dos processos de licenciamento ambiental em propriedades rurais, por meio do programa Descomplica Rural.
Na melhoria da infraestrutura rural estão programas como o Paraná Trifásico, da Copel, que está instalando 25 mil quilômetros de redes trifásicas no campo, beneficiando agroindústrias, granjas e outros empreendimentos que precisam de um reforço no sistema. O Governo do Estado também investe R$ 304 milhões para a pavimentação de 1.000 quilômetros de estradas rurais em 202 municípios.
O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, afirmou que com a quantidade de produção, qualidade e sanidade reconhecidas, o Estado busca agora exercitar a habilidade comercial para fincar a bandeira paranaense no mercado mundial.
“Este último ano foi de construção de oportunidades. Todo o esforço feito pela sociedade paranaense ao longo de décadas foi para obter uma perninha para o nosso processo de internacionalização da nossa produção”, disse.
“O nosso desafio era mostrar uma cara limpa para o mundo, mostrar que o ambiente de produção está resolvido para peste suína clássica e para aftosa. Isso é um baita passaporte para o mundo”, ressaltou. “Esse reconhecimento beneficia a exportação do frango, peixe congelado e outros produtos, como os lácteos, com vista aos mercados mexicano, sul-coreano, japonês e tantos outros do Leste Asiático”.
A manutenção do status sanitário depende de uma atenção constante no sistema de vigilância dos rebanhos, trabalho feito pela Adapar através do monitoramento de animais, mas que conta com a participação também dos produtos, com a atualização cadastral dos plantéis.
Para reforçar essa estrutura, o Governo do Estado nomeou novos profissionais para trabalhar na agência e também anunciou a abertura de um processo seletivo para a contratação de técnicos agrícolas.
“Deixamos o amuleto da vacina e passamos a ter a vigilância com ponto focal. Teremos mais profissionais cuidando de nossas fronteiras e grandes investimentos na agroindústria, especialmente na área da suinocultura”, afirmou o diretor-presidente da Adapar, Otamir Cesar Martins. “Isso mostra que esse selo não é só para pôr na parede, mas para vender os produtos do Paraná para o mundo. E fazendo constantemente a vigilância, vamos ter oportunidade de vender melhor”.
Segundo ele, a fiscalização inclui tanto o trânsito interestaduais de animais, como o monitoramento das áreas de fronteira. “Estamos neste momento com uma operação na fronteira, que é a área mais vulnerável hoje pelos estudos da epidemiologia, para a não entrada de animais irregulares”, explicou Martins. “Temos todos os postos de fiscalização do chamado Arco Norte, entre o Mato Grosso do Sul e São Paulo, dois estados que ainda vacinam os rebanhos, para que não entrem animais vacinados no Paraná”.
Em Santa Catarina Alesc celebra 15 anos da conquista de SC como zona livre de aftosa sem vacinação
O governador Carlos Moisés participou, na semana passada da sessão especial em comemoração dos 15 anos da emissão a Santa Catarina do Certificado de Zona Livre de Aftosa sem Vacinação pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE). O status sanitário diferenciado foi fundamental para que o estado se tornasse o maior produtor e exportador de carne suína do país, além de abrir as portas para os mercados mais exigentes e competitivos do mundo.
Em seu pronunciamento, o governador falou que a certificação é uma conquista que ajuda a levar mais longe o trabalho de excelência dos produtores, técnicos e todos os demais envolvidos com o desenvolvimento do agronegócio catarinense. “A produção de Santa Catarina é uma grife para o mundo, prova disso é a presença em mercados internacionais exigentes. O status sanitário reconhecido pela OIE confirma este padrão e resulta do esforço daqueles que trabalham no campo, das equipes que acompanham, fiscalizam e ajudam a manter essa conquista, que, há 15 anos vem gerando valor à balança comercial do estado, mais qualidade e eficiência na atividade do campo”, frisou Carlos Moisés.
O governador também citou que os investimentos feitos pela atual gestão ajudam a melhorar a infraestrutura no meio rural, facilitar o escoamento da produção, aumentar a produtividade e fomentar o desenvolvimento sustentável. “As escolhas e as entregas que pudermos fazer para estimular cada vez mais o agronegócio, faremos. É o papel da gestão gerar oportunidades a um setor tão pujante que faz de Santa Catarina – um estado pequeno em território – gigante em tudo o que produz”, acrescentou o governador.
Por vídeo, o ministro da Agricultura, Pesca e Abastecimento, Marcos Montes, parabenizou o Estado pelos 15 anos de certificação de área livre de aftosa sem vacinação. “Queremos agradecer e reconhecer todos os produtores, governantes e profissionais que trabalharam para garantir esta conquista. Obrigado pelo exemplo que Santa Catarina deu ao Brasil, a partir dele, queremos que mais estados também alcancem essa condição fundamental para o êxito do agro brasileiro”, expressou.
De acordo com o secretário de Estado da Agricultura, Pesca e Desenvolvimento Rural, Ricardo Miotto, como a febre aftosa é uma doença com alto risco sanitário e gera impacto econômico, alguns países só compram carnes de áreas livres da doença sem vacinação – onde não existe circulação do vírus e, consequentemente, o controle sanitário é mais rígido.
“A certificação da OIE é o maior reconhecimento sanitário que um estado ou país pode alcançar e demonstra ao mundo, principalmente aos mercados internacionais, o cumprimento de vários requisitos técnicos para assegurar a saúde dos rebanhos”, aponta Miotto.
29 anos sem foco da doença
O último foco de febre aftosa em Santa Catarina ocorreu em 1993 e a partir de 2000 foi suspensa a vacinação contra a doença. Em 25 de maio de 2007 representantes do Governo do Estado compareceram à Assembleia Mundial da OIE para receber o certificado que fez do estado a única zona livre de febre aftosa sem vacinação do Brasil.
Manutenção do status sanitário
Para manter o status sanitário diferenciado, a Cidasc mantém 58 barreiras sanitárias fixas nas divisas com Paraná, Rio Grande do Sul e Argentina que controlam a entrada e a saída de animais e produtos agropecuários. Além do controle do trânsito de animais e produtos de origem animal nas fronteiras, em Santa Catarina todos os bovinos e bubalinos são identificados e rastreados.
A entrada de animais ainda é condicionada ao transporte em veículos com carga lacrada pelo Serviço Veterinário Oficial do Estado de origem, podendo ingressar ao estado somente pelos postos fixos de fiscalização estabelecidos pelo Serviço Veterinário Estadual. Em Santa Catarina não é permitida a entrada de bovinos de outros estados que não tenham o reconhecimento pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) de zona livre de febre aftosa sem vacinação.