Primeiro óbito de dengue no semestre é registrado no Paraná

143 views
16 mins leitura

O informe quinzenal da dengue divulgado nesta terça-feira, 22, pela Secretaria da Saúde do Paraná soma 578 casos no período epidemiológico, que começou a ser monitorado em 26 de julho. Foi confirmado o primeiro óbito do período, que aconteceu em Apucarana, no Vale do Ivaí.

Foram registrados 205 novos casos da doença nos últimos quinze dias e 93 municípios apresentam casos confirmados de dengue – 13 a mais que o boletim anterior, que trazia 80 cidades com confirmações.

“A dengue é fator de preocupação do Governo do Estado durante todo o ano. Nosso acompanhamento e orientações junto aos municípios são constantes, mesmo durante a pandemia do coronavírus”, afirmou o secretário da Saúde do Paraná, Beto Preto.

Segundo o secretário, a mudança de estação aumenta a preocupação dos gestores da Saúde e deve servir de alerta para a população. “Temos uma série histórica de monitoramento da dengue indicando que nas estações quentes existe o aumento da proliferação do mosquito transmissor Aedes aegypti. Calor e chuva são propícios para este aumento. Reiteramos a recomendação para que todos verifiquem locais que possam acumular água”, disse o secretário.

O Estado viveu a maior epidemia de dengue no período anterior, totalizando mais de 220 mil casos e 177 óbitos. “Agora, temos ainda o agravante da pandemia da Covid-19. A atenção de todos deve ser redobrada. Infecções pelas duas doenças podem ocorrer simultaneamente deixando a saúde das pessoas ainda mais debilitada”, afirmou Beto Preto.

O primeiro óbito confirmado do período está registrado no Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) e no SIM (Sistema de Informações de Mortalidade). Trata-se de uma mulher de 63 anos, portadora de cardiopatia e doença autoimune. O informe totaliza 3.468 notificações para a dengue em 229 municípios paranaenses.  Para a Chikungunya, são 14 notificações e para a Zika, duas.

Neste momento, a Secretaria da Saúde do Paraná, finaliza o Plano de Ação para o Enfrentamento da Dengue, Zika vírus e Chikungunya, elaborado pela Diretoria de Atenção e Vigilância em Saúde.

O plano compreende os 5 componentes do Programa Nacional de Controle da Dengue, que são vigilância epidemiológica, controle vetorial, assistência, gestão e comunicação. Será apresentado brevemente para aprovação da Comissão de Intergestores Bipartite (CIB), reunindo gestores das esferas estadual e municipal.

Tanto União da Vitória como Porto União são considerados pelas respectivas secretarias estaduais de saúde como município infestado pelo mosquito da dengue.

União da Vitória é uma das 331 cidades que está listada no último boletim como infestado, mas nesse período epidemiológico nenhum caso foi registrado, ao contrário do primeiro semestres.

A médica infectologista e Assessora Técnica da 6ªRegional da Saúde em União da Vitória, Dra. Suzanne Pereira em suas redes sociais alerta sobre outras doenças neste momento de pandemia do COVID-19, o novo Coronavírus, “não podemos esquecer das doenças que continuam acontecendo ao mesmo tempo. Temos que ter cuidados com a dengue, por exemplo. A fêmea do mosquito deposita até 100 ovos nas paredes internas de recipientes que tenham ou que possam acumular água. Em contato com a água, os ovos desenvolvem-se rapidamente em larvas, que dão origem às pupas. Delas, surge o adulto num ciclo de, aproximadamente, 7 dias”, alerta.

Ela afirma a importância de que cada um observe o seu ambiente ao menos uma vez por semana para eliminar possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti. “Já que estamos em mais em casa, cuidemos dos reservatórios de água”, completa.

A Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (DIVE/SC) divulga o boletim n°24/2020 sobre a vigilância entomológica do Aedes aegypti e a situação epidemiológica de dengue, febre de chikungunya e zika vírus, com dados até a Semana Epidemiológica (SE) n° 37 (29 de dezembro de 2019 a 12 de setembro de 2020).

Nesse período foram identificados 26.926 focos do mosquito Aedes aegypti em 190 municípios. Comparando ao mesmo período de 2019, quando foram identificados 22.971 focos em 182 municípios, observa-se um aumento de 17% no número de focos detectados.

Em relação à situação entomológica, até a SE nº 37/2020, são 103 municípios considerados infestados, o que representa um incremento de 9,6% em relação ao mesmo período de 2019, que registrou 94 municípios nessa condição. A definição de infestação é realizada de acordo com a disseminação e manutenção dos focos.  

Do total de casos confirmados até o momento, 10.824 casos são autóctones (transmissão dentro do estado, 174 casos são importados (transmissão fora do estado), 131 casos são indeterminados, pois não foi possível definir o LPI e 129 casos estão em investigação de LPI.

Porto União teve dois casos nesse período importados, segundo informou o boletim as pessoas infectadas nos estados de Minas Gerais e Goiás. 

Em 2020, até a SE 37, foram confirmados 95 casos de dengue com sinais de alarme, residentes nos municípios de Joinville (93), Florianópolis (01) e Itajaí (01), sendo que todos evoluíram para cura.

Atualmente, o estado de Santa Catarina possui 11 municípios considerados em situação de epidemia. O município de Joinville apresenta o maior número de casos autóctones (8.675) no estado, o que representa 80,1% do total no ano de 2020, e a taxa de incidência é de 1.469,2 casos por 100 mil/hab. Além de Joinville, os municípios com epidemia de dengue são: Formosa do Sul, São Carlos, Coronel Freitas, Bombinhas, Tijucas, Maravilha, Caibi, Águas de Chapecó, São Miguel do Oeste e Navegantes.

A caracterização de epidemia ocorre pela relação entre o número de casos confirmados e de habitantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o nível de transmissão epidêmico quando a taxa de incidência é maior de 300 casos de dengue por 100 mil habitantes.

Importante destacar que as equipes da Secretaria de Estado da Saúde monitoram diariamente a situação da doença no estado, acompanhando e auxiliando tecnicamente os municípios nas ações a serem realizadas.

Na comparação com o mesmo período de 2019, quando foram notificados 6.639 casos, observa-se um aumento de 223% na notificação de casos em 2020 (21.465 casos notificados).

Em relação aos casos confirmados em 2020, até o momento, foram confirmados 11.258 casos no estado, sendo que no mesmo período em 2019 haviam sido confirmados 1.898 casos.

O que é dengue?

Dengue é uma doença infecciosa febril causada por um arbovírus, sendo um dos principais problemas de saúde pública no mundo. Ela é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectado.

A infecção pelo vírus da dengue pode ser assintomática ou sintomática. Quando sintomática, causa uma doença sistêmica e dinâmica de amplo espectro clínico, variando desde formas mais leves (oligossintomáticas) até quadros graves, podendo evoluir para o óbito. Todos os quatro sorotipos do vírus da dengue circulantes no mundo (DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4) causam os mesmos sintomas, não sendo possível distingui-los somente pelo quadro clínico. O termo “dengue hemorrágica” deixou de ser empregado em 2014, quando o Brasil passou a utilizar a nova classificação da doença, que leva em consideração que a dengue é uma doença única, dinâmica e sistêmica. Para efeitos clínicos e epidemiológicos, considera-se a seguinte classificação: dengue, dengue com sinais de alarme e dengue grave.

Sinais e sintomas

Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta (39° a 40° C) de início abrupto, que tem duração de 2 a 7 dias, associada à dor de cabeça, fraqueza, a dores no corpo, nas articulações e no fundo dos olhos. Manchas pelo corpo estão presentes em 50% dos casos, podendo atingir face, tronco, braços e pernas. Perda de apetite, náuseas e vômitos também podem estar presentes.

Com a diminuição da febre, entre o 3º e o 7º dia do início da doença, grande parte dos pacientes recupera-se gradativamente, com melhora do estado geral e retorno do apetite. No entanto, alguns pacientes podem evoluir para a forma grave da doença, caracterizada pelo aparecimento de sinais de alarme, que podem indicar o deterioramento clínico do paciente.

Quadros graves

Sangramentos de mucosas (nariz, gengivas), dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, letargia, sonolência ou irritabilidade, hipotensão e tontura são considerados sinais de alarme. Alguns pacientes podem, ainda, apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade.

O choque ocorre quando um volume crítico de plasma (parte líquida do sangue) é perdido através do extravasamento nos vasos sanguíneos, ele se caracteriza por pulso rápido e fraco, diminuição da pressão de pulso, extremidades frias, demora no enchimento capilar, pele pegajosa e agitação. O choque é de curta duração e pode, após terapia apropriada, evoluir para uma recuperação rápida; mas, pode também avançar para o óbito, num período de 12 a 24 horas.

Qualquer pessoa pode desenvolver formas graves de dengue já na primeira infecção, apesar de isso ocorrer com maior frequência entre a 2ª ou 3ª infecção, devido à resposta imune individual. No entanto, crianças, gestantes e idosos, além daqueles em situações especiais (portadores de hipertensão arterial, diabetes mellitus, asma brônquica, alergias, doenças hematológicas ou renais crônicas, doença grave do sistema cardiovascular, doença ácido-péptica ou doença autoimune), têm maior risco de apresentar quadros graves de dengue.

O que é febre de chikungunya?

É uma infecção viral causada pelo vírus chikungunya, que pode se apresentar sob forma aguda (com sintomas abruptos de febre alta, dor articular intensa, dor de cabeça e dor muscular, podendo ocorrer erupções cutâneas) e evoluir para as fases subaguda (com persistência de dor articular) e crônica (com persistência de dor articular por meses ou anos). O nome da doença deriva de uma expressão usada na Tanzânia que significa “aquele que se curva”.

Pessoas que estiveram, nos últimos 14 dias, em cidade com a presença do Aedes aegypti ou com a transmissão da febre de chikungunya e apresentarem os sintomas citados devem procurar uma unidade de saúde para o diagnóstico e tratamento adequados.

O que é febre do zika vírus?

É uma doença causada pelo vírus zika (ZIKAV), transmitido pela picada do mesmo vetor da dengue, o Aedes aegypti, infectado. Pode manifestar-se clinicamente como uma doença febril aguda, com duração de 3 a 7 dias, geralmente sem complicações graves.

Segundo a literatura, mais de 80% das pessoas infectadas não desenvolvem manifestações clínicas. Porém, quando presentes, caracterizam-se pelo surgimento do exantema maculopapular pruriginoso, febre intermitente, hiperemia conjuntival não purulenta e sem prurido, artralgia, mialgia, edema periarticular e cefaleia. A artralgia pode persistir por aproximadamente um mês.

Deixe um comentário

Your email address will not be published.

Publicação anterior

Protegido: Ed 4246 – 2020-09-16 – Qua

Próxima publicação

O QUE É O CERTO