Sentada em uma cadeira de rodas e com fones de ouvido, uma senhora de cabelos brancos e olhar curioso movimenta os braços com agilidade, repetindo os movimentos da coreografia d’O Lago dos Cisnes. A ex-bailarina Marta Gonzalez, que vivia em uma casa de repouso na Espanha, faleceu em 2019, mas a imagem de seus braços se movendo ao som da música do compositor russo Tchaikóvski chamou a atenção de todo o mundo porque, além da idade avançada, Marta tinha Alzheimer.
Não é de hoje que a ciência estuda os benefícios que a música parece oferecer ao cérebro humano. Um estudo realizado no Canadá, por exemplo, provou que ouvir a mesma música várias vezes seguidas contribui para que o cérebro de pacientes com princípio de Alzheimer forme novas redes neurais. E ouvir música também é benéfico para quem procura melhores resultados nos estudos. A Universidade de Caen, na França, dividiu estudantes em dois grupos. Ambos tiveram que assistir a uma palestra e, em seguida, fazer uma prova sobre o conteúdo ensinado. O grupo que assistiu à palestra ouvindo música apresentou um rendimento melhor que o outro.
Para a assessora do Sistema Positivo de Ensino Juliana Landolfi Maia, “a música tem um papel importante. Diferentes tipos de música afloram emoções diferentes, evocam memórias e desencadeiam uma série de respostas no corpo. Consequentemente, ouvir música não é apenas um hobby, pode ter efeitos terapêuticos e fazer parte de estratégias para estimular áreas do cérebro que despertam potencialidades de aprendizagem”. Ela é uma das responsáveis pela playlist “Zen Enem”, lançada pelo Sistema Positivo de Ensino para ajudar estudantes a relaxar e se concentrar antes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Cada uma das faixas da playlist foi escolhida com cuidado para trazer momentos de tranquilidade nessa fase tão complexa.
Saúde mental é parte importante dos resultados
Não é de hoje que a saúde mental é uma preocupação quando o assunto são os vestibulares e o Enem. Em 2019, um estudo feito pelo Programa de Avaliação Internacional de Estudantes com alunos de 72 países apontou que, no Brasil, 56% dos jovens relatam algum tipo de estresse durante os estudos. Com a pandemia de covid-19, esse cenário se tornou ainda mais grave. “O contexto da pandemia, com o distanciamento social necessário, trouxe consigo uma série de desafios de ordem emocional para os estudantes. A incerteza sobre o futuro, o medo e a falta de interação social tiveram consequências graves sobre todas as pessoas, inclusive os jovens”, ressalta Juliana.
Estar tranquilo na hora de resolver uma prova é um dos passos mais importantes para garantir bons resultados. A especialista lembra que “Nessa reta final de preparação, é comum sentir a pressão da proximidade das provas e isso acaba se transformando em tensões no corpo. Cuidar dessas questões, com pausas programadas, pode ajudar muito na concentração e rendimento para os dias de prova que virão pela frente”.