Desde 2008 o mês de novembro é marcado por um maior movimento em prol da saúde do homem no País. O Novembro Azul foi criado com o objetivo de desenvolver ações que estimulem a população masculina a dedicar mais atenção à saúde e se conscientizar da importância da prevenção de doenças, com foco no câncer de próstata.
Nesse sentido, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) do Paraná propõe como tema este ano: “Cuidar da saúde também é coisa de homem! Previna-se, cuide da sua família e procure a Unidade de Saúde mais próxima”.
A escolha vai ajudar no fortalecimento do acesso dos homens a Atenção Primária à Saúde (APS), mantendo a população masculina mais perto dos serviços em redes, cuidados rotineiros e consultas periódicas.
“Buscamos promover a melhoria das condições de saúde da população masculina no Paraná, e que a prevenção seja o primeiro caminho a ser escolhido. Estudos indicam que os homens têm menor número de consultas médicas por ano em comparação às mulheres e fazem menos uso de serviços de cuidado, por isso as ações não devem se restringir ao mês de novembro, mas sim ao longo de todo o ano”, disse o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
Atualmente, a população masculina no Estado é estimada em 5,6 milhões de pessoas. Estima-se que entre 2020 e 2022 surjam 35.050 novos casos de câncer a cada ano. Segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), os tipos mais frequentes entre os homens são de pele e de próstata.
“Precisamos atender os homens em suas dificuldades em cuidar da saúde, e evitar que tantos morram pela simples falta de informação. Muitas vezes, os homens com câncer de próstata procuram os serviços de saúde com a doença já em estágio avançado”, enfatizou.
ATENÇÃO À SAÚDE
Os programas da Atenção Primária do Estado do Paraná contemplam a população masculina em todas as faixas etárias, começando pelo calendário vacinal, nos primeiros meses de vida. Entre 11 e 14 anos, destaque para a vacina do HPV, que protege contra doenças infecciosas da pele e das mucosas atingindo principalmente a região genital, podendo se transformar em vários tipos de câncer.
Dos 15 aos 29 anos, a Sesa investe na prevenção de causas externas da mortalidade masculina, já que mais de 80% das causas de mortes de homens, nessa faixa etária, estão relacionadas a fatores como acidentes, violências e vícios. São exemplos os programas Tabagismo e Vida no Trânsito.
Há ainda os programas ofertados para a população em geral, com a prevenção e controle de doenças crônicas como obesidade, diabetes, hipertensão, cardiopatias e doenças transmissíveis, como Aids, hepatites e sífilis.
Em 2009, foi instituída, ainda, a Portaria nº 1944 no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Ela criou a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, visando promover a melhoria das condições de saúde a população masculina, a fim de reduzir a morbidade e mortalidade e organizar uma rede de atenção à saúde que garanta uma linha de cuidados integrais voltada para a população masculina.
NOVEMBRO AZUL
O movimento Novembro Azul teve origem em 1999, na Austrália, com um grupo de amigos que decidiram deixar o bigode crescer, a fim de chamar atenção para a saúde masculina. Ele chegou ao Brasil em 2008, trazido pelo Instituto Lado a Lado pela Vida e pela Sociedade Brasileira de Urologia.
Para chamar ainda mais a atenção para a causa, o dia 17 de novembro foi escolhido como Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata e muitas cidades iluminam os monumentos e prédios públicos na cor azul, assim como é feito durante a campanha do Outubro Rosa.
PANDEMIA
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) alerta sobre os impactos da pandemia da covid-19 no setor, especialmente na realização de diagnósticos e de tratamentos do câncer de próstata. O alerta é feito no mês em que se desenvolve a campanha mundial Novembro Azul, que começou em 2003, na Austrália, com a intenção de chamar a atenção para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce de doenças que atingem a população masculina.
As cirurgias para retirada da próstata por câncer tiveram redução de 21,5% na comparação entre 2019 e 2020. Os dados inéditos do Ministério da Saúde, obtidos a pedido da SBU, constam do Sistema de Informação Hospitalar (SIH). As coletas do antígeno prostático específico (PSA) e de biópsia da próstata que, junto com o exame de toque retal, diagnosticam a doença, registraram quedas de 27% e 21%, respectivamente, como mostram as informações do Sistema de Informações Ambulatoriais, do Sistema Único de Saúde (SUS).
Houve diminuição ainda no número de consultas urológicas no SUS (33,5%). As internações de pacientes com diagnóstico da doença caíram 15,7%. As consultas com um urologista também sofreram queda. Até julho, foram 1.812.982, enquanto em 2019 foram 4.232.293 e em 2020, 2.816.326.
Embora já tenham começado a ocorrer neste ano, as consultas ainda estão em baixa. “Até nós que trabalhamos em consultórios particulares começamos a perceber que pacientes voltaram a marcar consultas, mas realmente houve um período em que não foi possível trabalhar. Hoje, a gente já conseguiu recuperar quase 60% do movimento que havia antes da pandemia. As cirurgias estão voltando, mas em pacientes que já tinham indicações antes de todo esse processo”, afirmou o secretário-geral da SBU, Alfredo Canalini.
Ele contou que como os hospitais e centros de atendimentos tiveram que concentrar as atenções em pacientes atingidos pela pandemia, o medo de contaminação pela covid-19 afastou as pessoas da procura aos médicos. “Esses locais passaram a ser vistos como de maior risco de contaminação. As pessoas pararam de fazer as coisas. A gente percebeu isso não só nos novos diagnósticos, mas inclusive em alguns pacientes que estavam fazendo tratamento para câncer independente do tipo. Eles pararam e sumiram, resolveram não correr risco e ficaram em casa. Isso prejudicou muito”, disse Canalini em entrevista à Agência Brasil.
Segundo ele, a urologia não pode ter consultas por telemedicina, como passaram a ocorrer com outras especialidades por causa da pandemia. “Este tipo de instrumento não possibilita o exame físico do paciente, por exemplo, a primeira consulta não pode ser feita por telemedicina. Não é ideal, e o paciente corre risco”, afirmou.
CÂNCER DE PRÓSTATA
Com exceção do câncer de pele não melanoma, o câncer de próstata é o tumor mais frequente no homem. Estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), indica que em 2021 são esperados 65.840 novos casos, mas muitos podem nem ter sido diagnosticados. A SBU também obteve informações do SIM), que indicam aumento de 10% na mortalidade por câncer de próstata em cinco anos. Em 2015, eram 14.542, e subiram para 16.033 em 2019.
A preocupação com o atraso nas consultas médicas é que em 90% dos casos, em fases iniciais, o câncer de próstata pode ser curado. A glândula se localiza abaixo da bexiga. Dentro dela passa o canal da uretra, por onde a urina vai da bexiga para o meio externo. A vontade de urinar com frequência e a presença de sangue na urina ou no sêmen podem significar a presença do câncer numa fase mais avançada. Nem todo tipo da doença tem necessidade de cirurgia, quimioterapia e outros tratamentos, mas pode ser acompanhado por meio da vigilância ativa.
“Após a avaliação urológica, os pacientes portadores de doença de baixa agressividade, avaliados por meio de critérios histopatológicos, clínicos e dosagem do PSA, podem optar por essa modalidade de tratamento. Entretanto, necessitam ser monitorados para que em caso de progressão tumoral, o tratamento adequado seja instituído”, disse o coordenador do Departamento de Uro-oncologia da SBU, Rodolfo Borges, acrescentando que as principais vantagens da vigilância ativa são evitar as possíveis morbidades dos tratamentos intervencionistas.
FATORES DE RISCO
Segundo o secretário-geral da SBU, o histórico familiar de câncer de próstata em pai, irmão ou tio é um sinal da necessidade de um exame nos homens a partir de 45 anos. Mas também os afrodescendentes têm risco alto de desenvolver a doença por questões genéticas. Além disso, a obesidade é motivo de alerta. Para os que não têm esses fatores de risco, a recomendação da SBU é que a partir de 50 anos procurem um profissional especializado em avaliação individualizada, para o caso de um diagnóstico precoce do câncer de próstata. De acordo com a SBU, depois dos 75 anos, a orientação é de que somente homens com perspectiva de vida maior do que dez anos façam essa avaliação.
Alfredo Canalini afirmou que o tratamento oferecido no Brasil atualmente está no mesmo nível do de outros países como Estados Unidos, França, Alemanha, Espanha e Inglaterra. “Não tem diferença nenhuma. Hoje em dia, o conhecimento e as habilidades em medicina estão extremamente uniformes no mundo todo, tirando os países com cenários de miséria e guerra. Hoje, no Brasil, os instrumentos que temos para fazer exames de câncer de próstata são os mesmos que nos Estados Unidos”.
Estado do Paraná promove campanha de conscientização ao câncer de próstata em pets
O mês de novembro, nacionalmente conhecido como o mês de prevenção ao câncer de próstata, também requer atenção aos cães e gatos. Com isso, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest) lançou nesta terça-feira (2) a campanha Novembro Azul Pet.
Ela atende as políticas de educação ambiental propostas no Conselho Estadual do Direito Animal (CEDA). Durante a semana, serão divulgadas imagens nas redes sociais da Secretaria para chamar a atenção ao tema.
Assim como o câncer de mama, o de próstata tem grandes chances de cura com tratamento precoce. A castração é um dos métodos mais eficazes para a prevenção da doença. Quando realizado antes dos seis meses de vida, o procedimento pode diminuir a incidência do problema nos pets, pois impede o desenvolvimento do tecido prostático. O período de realização da castração depende de orientação veterinária especializada.
Mesmo castrados, cães e gatos podem desenvolver o câncer de próstata. Por isso, é necessário o exame de próstata periódico nos animais, principalmente com mais de cinco anos de idade. Cerca de 80% dos animais adultos podem apresentar prostatites ou hiperplasia, doenças que apresentam chances de desenvolver o câncer de próstata.
“Os tutores devem ficar atentos a alterações como perda de peso, dificuldade para urinar ou defecar, corrimento uretral, aumento da próstata, presença de sangue ou pus na urina, e também outros sinais mais simples, como dor abdominal, andar com dorso arqueado, e problemas para se sustentar sobre os membros posteriores”, explica a médica veterinária da Sedest, Daniela Tozetto.
A orientação, ao detectar qualquer um desses sinais, é sempre levar o pet ao atendimento médico veterinário. A suspeita de câncer de próstata deve ser feita regulamente com exame de toque retal.
CASTRAÇÃO
O Estado do Paraná garante o serviço de castração de animais com o Programa Permanente de Esterilização de Cães e Gatos – CastraPet Paraná, principalmente a famílias de baixa renda e instituições que cuidam de animais em situação de vulnerabilidade.
Desde 2019, o serviço médico veterinário é feito de forma gratuita, com recursos do Governo do Estado e de emendas parlamentares. Atualmente, o programa está no segundo ciclo. No primeiro, cerca de 15 mil animais foram esterilizados em 45 municípios. Neste segundo, a expectativa é castrar animais em 80 municípios do Estado.
Além de prevenir o câncer de mama e o de próstata, a castração oferece inúmeros benefícios à saúde animal e humana. Evita a hérnia perineal, câncer de testículo, demarcação territorial com urina, deixa o animal mais calmo e caseiro, evitando brigas e fugas acidentais.
“Este é um programa importante que, além de prevenir diversas zoonoses em animais, oferta um serviço gratuito à população que não tem condições de pagar pelo procedimento em uma clínica. Além disso, os animais saem da cirurgia com o medicamento para a recuperação e um microchip eletrônico de identificação, que ajuda no caso de fuga ou roubo”, destacou o secretário de Desenvolvimento Sutentável e Turismo, Márcio Nunes.