Mercado de trabalho dá sinais de recuperação no segundo trimestre, diz Ipea

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A Carta de Conjuntura, divulgada nesta quinta-feira, 14, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), sinaliza o surgimento de novo ânimo no mercado de trabalho, ou seja, evidencia que está começando a ocorrer uma reversão do cenário negativo no setor. A economista do Ipea, Maria Andréia Parente, observou que o cenário do mercado de trabalho, que vinha piorando, deu uma “estacionada” há dois meses e agora, no segundo trimestre, começou a dar sinais de que está se recuperando.

“De forma agregada, a gente viu uma taxa de desocupação caindo, combinando (com) um aumento da ocupação, porque até então você tinha que a ocupação começou a cair menos”. Já no último trimestre móvel até julho, apesar de a ocupação mostrar variação pequena (+0,2%), essa é a primeira variação positiva em dois anos, destacou Maria Andréia. “Então, já é um sinal”.

O aumento da ocupação está ocorrendo no mercado informal. Mas quando se olha o mercado formal, com carteira assinada, há indicativos que o quadro está também melhor. Segundo a economista, um indicativo disso é a redução do ritmo de demissões. “O mercado formal já está demitindo menos. Ele ainda não contrata no agregado. A população ocupada dele ainda está caindo, mas ele está reduzindo o ritmo de demissão”. A taxa de desemprego registrada no trimestre encerrado em julho teve queda de 12,8%.

Maria Andréia salientou que outro sinal positivo do mercado formal é dado pelo rendimento. A análise dos rendimentos por vínculo de ocupação mostra que está no mercado formal a maior alta de rendimentos (3,6%). Por isso, disse que o mercado formal está dando alguns indicativos de que está melhor agora do que no passado recente.

O desalento também caiu, embora com intensidade reduzida; mas já é um sinal positivo. A Carta de Conjuntura mostra que a parcela dos inativos desalentados que achavam que não conseguiriam emprego foi de 44,7% no segundo trimestre, número 2,5% menor que o observado no trimestre anterior. Isso indica aumento da esperança ou confiança em alcançar uma vaga.

”Nesse momento, mais importante do que a intensidade, é a mudança de direção. A taxa de ocupação recua pouco, mas já recua. A ocupação cresce pouco, mas já cresce. O desalento cai pouco, mas cai. Vinha em uma trajetória crescente. Cada vez era maior o número de pessoas que saiam do mercado porque achavam que não tinham condições de conseguir um emprego. O desalento cai no segundo trimestre”, explicou.

 

Desemprego

Maria Andréia Parente disse que o desemprego melhora em todas as regiões brasileiras. Quando se abrem os dados, verifica-se um comportamento difuso. No Sudeste, por exemplo, o desemprego é relativamente alto porque está contaminado pelo Rio de Janeiro. “Você vê que ele (desemprego) cai em todas as regiões, mas dentro de cada região tem alguns comportamentos difusos. O Rio de Janeiro é um dos poucos estados que não conseguem reduzir a taxa de desemprego. Pelo contrário. A cada trimestre que vem, nova alta de desemprego”. A taxa de desemprego no Rio de Janeiro evoluiu de 14,5% para 15,7%.

De modo geral, a Carta de Conjuntura do Ipea analisa que o desemprego recuou no país em termos de regiões, de gênero, de escolaridade. Entre os mais jovens, a taxa de desocupação também recuou. Entretanto, mesmo recuando, a taxa de desocupação entre os jovens é a mais alta de todos os grupos, apontou a economista. Os mais jovens formam a população que tem mais dificuldade de sair do desemprego e de conseguir uma nova colocação. “E esse percentual tem aumentado”.

Quando se olha os jovens que estão ocupados, esse é o grupo que apresenta maior chance de ser demitido. Proporcionalmente, os jovens formam a maior parcela dos trabalhadores que estão ocupados e foram demitidos, disse Maria Andréia. Dos desempregados na faixa etária de 18 a 24 anos de idade, somente 25% conseguiram nova colocação no segundo trimestre. Entre 2012 e 2017, o percentual de trabalhadores com 18 a 24 anos que foram dispensados cresceu de 5,3% para 7,3%, revela o estudo do Ipea. “Era muito mais fácil um jovem conseguir um emprego em 2012 do que é hoje”, comentou. No segundo trimestre de 2017, o país tinha cerca de 13,5 milhões de desocupados, dos quais 65% com idade inferior a 40 anos.

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