III Dedica Estadual aborda aspectos psicológicos da pandemia e retorno à escola

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 O evento abriu o calendário do 2º semestre de 2020, num momento diferenciado para todos, conforme o chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE) – Carlos Polsin. As atividades foram iniciadas pelo gestor da pasta educacional na região, somada da participação do promotor de justiça, Júlio Ribeiro de Campos Neto, e juiz da Vara da Família e coordenador do CEJUSC, Carlos Mattioli. Seguindo a programação com duas palestras no campo da Psicologia.

Na abertura Carlos Polsin frisou o empenho e dedicação dos educadores em toda a região, neste novo momento que se passa por conta da Covid-19. Destacando a importância de tratar de temas no campo da psicologia. Mesma afirmação do Promotor de Justiça. Júlio Ribeiro mencionou a necessidade de melhorar a conduta no dia a dia, para superar os desafios impostos pela pandemia, e do preparo para dar conta das atividades virtuais.

O promotor destacou que o apoio é fundamental para manter o envolvimento, interagindo pelas redes sociais e plataformas para manter a educação em funcionamento. Júlio Ribeiro reafirmou seu trabalho em parceria com o setor da educação e frisou de que ‘estava ansioso’ para assistir as palestras. Menção fortalecida por Mattioli. O juiz salientou a importância do acolhimento promovido pela rede de auxílio que está em funcionamento.

Para tanto, o magistrado citou a instalação da Rede de Ajuda CEJUSC – Coronavírus (RAC) que é o acesso para os cidadãos buscarem ajuda. Seguido do programa Cuide-se que estende o apoio, vai atrás das pessoas que precisam. É um aparato de cuidado, disponível online, com orientações que servem de auxílio para as pessoas acessarem e terem informações em diversos setores para superar os desafios e dificuldades diárias em decorrência da pandemia.

Aspectos Psicológicos na Pandemia

A psicóloga Marly Perrelli, com mestrado e doutorado, citada pelo juiz Carlos Mattioli como a idealizadora RAC, trouxe aos internautas sua experiência de vida. Dentre elas, apoio humanitário na África, após terremoto no Haiti, acidente aéreo do time de futebol da Chapecoense e rompimento da barragem de Brumadinho. “Em emergência e desastres sabemos que tem o começo, meio e fim”, citou a profissional. Para tanto citando a necessidade da mudança no estilo de vida.

A Emergência em Saúde Pública, segundo ela, se configura no decreto oficial do Governo Federal. Desde então, o Brasil entrou neste contexto de prioridades e ações relacionadas ao combate frente ao Coronavírus. “O distanciamento social foi uma das medidas iniciais, recomendação das autoridades”, lembrou a palestrante. Esta necessidade de estabelecer um afastamento das pessoas passou a ser algo que a sociedade precisou assimilar.

De acordo com a palestrante, a partir de agora é necessário pensar o pós-pandemia, o que vai ser daqui para frente é o desafio, segundo ela. A mudança abrupta de cenário, tanto no pessoal quanto no trabalho (teletrabalho) e o social (distância). Isso tem gerado altos índices de estresse. “Quem está em linha de frente está sofrendo muito”, disse se referindo aos profissionais de saúde que seguem em suas rotinas diárias.

Fases da pandemia

Os professores sofrem muito, frisou Marly Perrelli. “Sem muita metodologia existente e na ausência até de recursos”, disse. A falta de equipamentos e recursos é outro problema relacionado. Mesmo assim, os educadores encontraram maneira de manter o ensino, mesmo de forma não presencial, funcionando. Somados do fato de que as pessoas estão mais estressadas pelo distanciamento e teletrabalho.

A Covid-19 teve uma1ª fase, segundo a psicóloga, de medo e pânico, pelo risco de ser contaminado. “Medo é o alerta e o pânico é a paralisação”, frisou. Até por conta do estilo de vida que precisou mudar. Esse distanciamento impactou o afeto e fez com que as pessoas se sentissem sozinhas. “Deixar de abraçar, de tocar”, exemplificou a palestrante. Fato que a psicologia está notando e buscando caminhos de superação.

A 2ª fase, mudança de rotina, “não sabemos a data do término”, observa Marly. A vacina seria a certeza disso, mas ainda sem uma definição precisa. Disso o tédio e raiva por perda de liberdade, fase de não pertencer ao mundo. “Isso desequilibra”. Especialmente acomete muitos jovens, causando um desequilíbrio emocional pela impossibilidade de sair, passear ou curtir uma festa com os amigos. Causando este transtorno.

A ansiedade e o medo são duas funções importantes, mas por conta de apontar o perigo. E a ânsia para criar ou fazer algo, sem ultrapassar os níveis de controle interno para evitar de gerar desequilíbrio. “O autocontrole é muito importante”, opina a psicóloga. A meditação e exercícios físicos são indicações importantes. Sobretudo para aliviar este contexto e cenário da vida em isolamento, durante a pandemia.

Uma 3ª fase, da pandemia, tem a ver com a perda econômica e afetiva – desemprego ou não conseguir mais pagar as contas. A maior perda humana, sem poder participar dos ‘rituais de despedidas’ é algo muito traumático. “Luto complicado”, citou Marly ao mencionar o processo traumático que impede a despedida. “O velório tem esta função de despedida do ente querido e acolhimento dos amigos e parentes. E isso não se faz mais”.

Oferecer ajuda

Dar o apoio psicossocial é fundamental, uma cartinha, um recado. “Oferecer ajuda, perguntar como você está”, são dicas da psicóloga. Esvaziar a angústia é algo que pode aliviar transtornos futuros, segundo ela. “Não esquecer que somos humanos e precisamos da relação humana. Buscar ser feliz em todo momento”. Os transtornos depressivos aumentaram, conforme a psicóloga. Disso a atenção, virtual, é importante.

A resiliência humana, habilidade de manter equilíbrio e tranquilidade, não é algo tão comum, mas necessário para encarar a instabilidade emocional neste momento de crise. Tentar encontrar uma forma de superar com algo que já fez anteriormente e teve sucesso, é um dos caminhos orientados por Marly Perrelli. O desafio é manter-se bem diante de tanta mudança na vida social e na postura frente ao cenário atual.

A psicóloga lembrou, ainda, que o excesso de informações sobre o Covid-19 pode ser um agravante. Estar informado, mas sem exagero é o que ela orientou. A profissional compartilhou suas experiências em trabalhos humanitários na África e Haiti. Também no acidente do time da Chapecoense e em Brumadinho. Segundo ela, quando se predispõe em ajudar, no voluntariado, se receber muito. Ajudar aos outros, também, é ato de superação.

Como será o retorno?

A resposta para esta pergunta é simples, para a psicóloga do CEJUSC, Marcelle Rossa. “Não sei quando”, frisou com sinceridade e levando o entendimento consciente de que não há prognósticos nem previsão exata para que as aulas sejam retomadas de forma presencial. A palestra da profissional, no segundo tema do Dedica foi “Como será o retorno à escola”. E nesta temática ela visou apontar atitudes e preparo neste sentido.

Comportamento e informações pessoais, uso de máscara e correta higienização das mãos, certamente serão primícias essenciais. O ponto é como controlar isso numa escola. As crianças e adolescentes voltarão com saudade dos colegas. Imaginar um cenário em que os estudantes se mantenham distantes e sem o contato físico é algo que não tem referência visual. Ou pelo menos é difícil constituir esta ideia de postura.

Todos estes cenários precisam ser pensados e orientados por profissionais de saúde, por técnicos, segundo a psicóloga. Marcelle Rossa compartilhou seu entendimento sobre este momento difícil, supondo que terá de haver distância entre alunos, talvez rodízio de estudantes. Orientação de limitação de pessoas em determinado espaço, evitar aglomerações e, mesmo assim, manter o ensino escolar regular.

A profissional citou, também, as expectativas sobre como estes estudantes tendem em retornar ao ambiente escolar. Alguns com grande carga de estresse pelo confinamento, outros carentes de afeto e até com problemas nutricionais. A pandemia pode deixar algumas crianças e adolescentes sem a alimentação correta. Além disso, um terceiro grupo que talvez já detinha aversão ao estudo e volta com a sensação de que esteve de férias.

O desafio educacional estará posto nestes princípios e na necessidade de uma nova postura e conjuntura de organização nos ambientes de ensino. Sem deixar de lado o afeto e o acolhimento, fazendo uso de máscara e atendendo as regras de higiene. Distanciamento seguro é outro ponto essencial, segundo Marcelle Rossa. Somente a vacinação em massa pode levar a novos encaminhamentos. Até então, a adaptação a este cenário é o caminho. (Fonte:  Assessoria CEJUSC/Vara da Família).

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