Entre vitoriosos e derrotados o jogo político continua

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Entre derrotados e vitoriosos, as eleições municipais do passado dia 15 de novembro deixou alguns ensinamentos intensos. Por um lado, houve pouca “mudança” em nossa região. Os mesmos grupos de sempre, continuaram dando as cartas nos bastidores. Os mesmos atores políticos – ou quase os mesmos –  tem a responsabilidade de dar continuidade aos velhos ou novos vícios da política local. O que houve, foram, alguns novos nomes eleitos no Poder Legislativo. E, alguns, nem são tão novos, porque na política o que manda são os bastidores. A política contemporânea, tem essa forma estranha em que envolvidos em um pragmatismo de interesses, os resultados são mascarados e reforçados de uma forma estupendamente fantasioso no imaginário do povo.

No grande palco do jogo político, os bastidores, se revelaram mais importantes que a arena do jogo. As junções entre partidos conservadores e seus anseios empresariais ou de interesse mútuos de ordem de classe, levou novamente, velhos adversários serem “bons amigos”, e esta tradição não foi quebrada pela reforma política. Pelo contrário, diria que foi fortalecida. Este fortalecimento se deu principalmente de forma quase imperceptível para o cidadão eleitor desapercebido. Quem gritou por mudança acordou com ressaca.

A partir de agora, a “Velha Política” e a “Nova Política” estarão juntas, bem abraçadinhas. Com a vantagem de que a primeira tem a experiência e sabe muito bem manipular as redes do jogo. Sempre encontrando a forma ou o “jeitinho” de escalar os jogadores certos na hora de atacar ou no momento necessário da defesa trocar os que já estão cansados e desgastados.

Em União da Vitória e Porto União, os vitoriosos pertencem aos mesmos grupos políticos identificado com a direita conservadora ou centro direita moderado, onde, os velhos “abutres” desde a calada da noite, continuarão dando as cartas sem que seus propósitos sejam descobertos. A arte da política na contemporaneidade é a simulação. Talvez, sempre foi assim.

Em União da Vitoria, Bachir Abbas, representa muito bem a continuidade da elite política tradicional. Com velhas raposas nos bastidores, continuarão dando as cartas seja na calada da noite ou no clarão do dia, sejam elas verão ou no inverno. Como manda a tradição dos coronéis. O prefeito eleito é um cara de bom coração. Já os que jogarão com ele nos bastidores, não posso fazer a mesma sentença. Você conhece a realidade, caro leitor.

Em Porto União, Elizeu Mibach, continuará sua trajetória política de conquistas. Com novos ou velhos companheiros em cena. O povo escolheu dar-lhe continuidade em nome do trabalho realizado e no progresso construído. Sem entrar no mérito se é pouco democrático ou muito autoritário. Nessas horas as paixões falam muito mais forte que as fugazes ideologias.

A esquerda por sua vez continua minguando. A velha esquerda principalmente. O PT continua tentando ressuscitar sua estrela em meio a um vendaval de rejeição. A elite pensante da esquerda, precisa urgentemente, reavaliar suas estratégias e sua forma de agir, antes, durante ou depois das eleições. Se continuar com a velocidade mental das tartarugas, é indispensável seu contínuo enfraquecimento. E quando afirmo isso, não faço de forma pejorativo e sim como meio de crítica construtiva. A política contemporânea não se move mais no simples fato de fidelidade partidária, ela é antes de tudo pragmático e estratégico. No campo de jogo já não existe mais a emoção pura. Agora é dominado por interesses da mais variadas formas e métodos.

Em União da Vitoria, a derrota do Petista Pedro Ivo, deve lhe custar a aposentadoria da vida pública. Duas vezes Prefeitos, deputado Estadual, o petista já deixou a sua marca na história. E, além das derrotas, sua honestidade e coerência de vida nunca suscitou dúvidas de todos aqueles que o conhecem. Como homem fiel as suas convicções políticas, o petista nunca abandonou o barco, foi fiel até o fim com suas ideais.

Aos vereadores não reeleitos, fica a difícil missão de fazer uma autoanálise ou autocrítica das causas das derrotas nas urnas. O meu velho avô já dizia, que jogo político e jogo de futebol são jogos semelhantes, mas bem diferente. No primeiro, os erros se sanciona e o jogador é punido na solidão das urnas. No segundo, o jogador é punido no campo do jogo perante as multidões e o jogo continua. Agora com o Var em jogo, até que a realidade está mudando. Muito mais chato para meu gosto de amante do bom futebol.

Aos vereadores eleitos, o mundo pode parecer encantador. Mas não se esqueçam que na política, o namoro somente dura até o primeiro grande embate. Não faltará momentos e circunstâncias em que os novos eleitos deverão discordar do seu eleitorado na hora de emitir um voto favorável ou desfavorável a um projeto de lei. Os vereadores reeleitos, já sabem os dessabores dos embates políticos. Os novos vão ter que experimentar com o passar do tempo.

Lamentavelmente, muitos e bons candidatos a vereança não foram eleitos. Alguns, por causa da barreira imposta pela regra. Outros, por que, o povo ainda se deixa iludir por aqueles que utilizam melhor a saliva para enganar o eleitor. Os bons candidatos a vereança que não se elegeram desta vez não podem sucumbir na tristeza ou no pessimismo. Basta lembrar que política é um jogo que nunca acaba.

Houve ou não compra de votos? Sinceramente, gostaria de dizer que não houve. Mas, no momento histórico em que estamos inseridos é bem provável que houve e muito. Não custa lembrar aos eleitores que: Votos vendidos elegem bandidos. E esses mesmos bandidos se estabeleceram durante 4 longos anos nas estruturas governamentais municipais para continuarem usufruindo das benesses que poder oferece.

Na realidade, não existe Nova ou Velha política. O que existe é A POLÍTICA. O velho e o novo na política são pura denominação fantasiosa. Agora, todos precisaram se unir para trabalhar juntos para que os municípios continuem trilhando o caminho do “progresso”, palavra tão romantizada em tempo de disputa eleitoral.

Certamente que a política é uma nobre vocação. E os políticos eleitos tem a enorme responsabilidade de honrar as promessas feitas durante o pleito eleitoral. E, assim, entre vitoriosos e derrotados o jogo político continua….

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