O Paraná é o sétimo estado brasileiro com maior número de internações causadas por acidentes com fogos de artifício. O dado consta do levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em parceria com as Sociedades Brasileiras de Cirurgia de Mão (SBCM) e de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), divulgado em junho.
A pesquisa analisou as informações do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) dos últimos 10 anos. Segundo o estudo, entre 2008 e 2017, o Paraná registrou 179 internamentos causados por fogos de artifício, ficando na sétima posição entre os estados brasileiros. Em todo o país, foram 5.063 no período.
Como alerta o secretário de Estado da Saúde, Antônio Carlos Nardi, a preocupação é que o número de acidentes aumente devido ao período de festas juninas. “Sabemos que a maioria dos acidentes com fogos acontece durante festas e comemorações. Queremos alertar a população para que tome todos os cuidados possíveis para evitar problemas. Usar fogos de artifício exige responsabilidade”, diz o secretário.
O Comandante do Corpo de Bombeiros de União da Vitória, Tenente Marcelo Aleixo Cordeiro, orienta as pessoas que utilizam fogos de artifícios. “Para evitar acidentes e manter o clima de alegria as pessoas precisam tomar cuidado ao soltar fogos de artifícios”, diz ele que completa, “a primeira orientação é não combinar bebidas alcoólicas com os fogos e também não deixar crianças fazer o manuseio, porque as vezes elas não têm noção do perigo”, destaca.
Além de prejudicar a tranquilidade de idosos, crianças, pessoas doentes e principalmente animais, podendo causar a morte de cães e gatos, que assustados podem tentar fugir e nessa fuga acabar morrendo, o comandante orienta quem ainda for comprar os fogos para cuidar da procedência do produto. “Quando fizer a compra, a pessoa deve ficar atendo se o comércio tem liberação para a venda de fogos e se tem a autorização para fazer essa revenda e se os fogos têm a certificação do Inmetro.
“Principais locais são nas mãos atingindo desde queimaduras até dilacerada devido a explosão dos fogos. Nunca tentar fabricar um fogo de artificio ou aproveitar fogos, é uma prática perigosa que pode atingir várias pessoas. Tem que ter a consciência de que existe um risco na soltura desse fogo de artifício”, completa.
RISCOS – Quando usados de forma inadequada, os fogos de artifício podem causar sérias lesões. Além do risco de queimaduras graves, especialmente na área da face, pescoço e membros superiores, outro problema comum são os traumas, principalmente nas mãos, como explica a médica do departamento de Urgência e Emergência da Secretaria de Estado da Saúde, Beatriz Monteiro.
Ela ressalta que os danos podem ser severos, incluindo mutilações irreversíveis, como a perda dos dedos ou da mão. “São lesões muito graves e que normalmente deixam sequelas ou podem até causar a morte da vítima. Por isso é necessário ter cuidado”, diz Beatriz.
De acordo com os dados da pesquisa do CFM, SBCM e SBOT, homens são a maioria das vítimas. Dos 5.063 internamentos registrados no país nos últimos 10 anos, 83% envolve vítimas masculinas. Mulheres são responsáveis por 17% dos internamentos. Outro dado preocupante é o número de internamentos de crianças e adolescentes, que chegou a 39% dos casos no período.
CUIDADOS – Os fogos de artifício podem causar acidentes quando apresentam defeitos de fabricação e montagem ou são manipulados incorretamente. Por isso, um dos primeiros cuidados para quem quer usar fogos é fazer a compra apenas em lojas devidamente licenciadas pela Secretaria de Segurança Pública, através da Delegacia de Explosivos, Armas e Munições, conforme prevê a Lei Estadual 13.758. Os fogos também não devem ser modificados, adaptados ou reaproveitados, pois qualquer alteração compromete a segurança do produto.
Na hora de disparar os fogos, deve-se seguir corretamente as instruções constantes nos rótulos dos produtos. Quem estiver alcoolizado ou sob efeito de drogas não deve manipular fogos de artifício. Crianças devem ser mantidas a distância. “Manipular fogos de artifício exige plena consciência e controle, coisas que uma criança ou um adulto sob efeito de álcool ou drogas não possui. Ter acesso a fogos nesse estado é um grande risco”, diz Beatriz.
EMERGÊNCIA – Em casos de acidentes com fogos de artifício, a conduta correta é procurar atendimento médico especializado. Dependendo da gravidade, os serviços de emergência (SAMU – 192 e SIATE – 193) devem ser acionados imediatamente para socorrer a vítima no local da ocorrência.