Em cada dez brasileiros, apenas um tem renda suficiente para pagar despesas de início de ano, mostra pesquisa CNDL/SPC Brasil

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Passada a euforia das compras de Natal e das comemorações de Réveillon, chega o momento de reflexão e de organização com o pagamento das tradicionais contas de início de ano. Um levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que apenas 11% dos consumidores brasileiros têm condições de pagar as despesas sazonais deste período, como Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e material escolar, com os próprios rendimentos, sem que seja necessário fazer uma economia ou reserva financeira ao longo do ano. A pesquisa ainda mostra que 22% dos entrevistados não fizeram qualquer planejamento para pagar esses compromissos em 2020.

De acordo com o levantamento, para este novo ano, a maior parte (26%) dos entrevistados teve de economizar nas festas e com as compras de Natal para conseguir pagar as despesas de início de ano. Outros 21% guardaram ao menos parte do 13º salário para honrar os compromissos, ao passo que 17% disseram ter montado uma reserva ao longo de 2019 para cobrir os gastos no futuro. Outra descoberta é 14% passaram a fazer algum bico para acumular uma renda extra.

Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, quem já se organizou para este momento está em situação mais confortável do que aqueles que terão de parcelar as despesas. “O recomendável é que o consumidor já tenha traçado no final do ano passado um planejamento das suas despesas sazonais, separando mensalmente uma quantia para essa finalidade.  Mas quem ainda não teve tempo ou nem pensou nisso, precisa agilizar a organização para não passar sufoco e manter a disciplina para que as prestações não desajustem o orçamento”, afirma a economista.

De acordo com um levantamento do SPC Brasil, na média, o brasileiro que parcelou suas compras natalinas vai terminar de pagar essas prestações somente no mês de abril, o que sinaliza um orçamento comprometido para além do primeiro trimestre do ano.

IPTU e IPVA: pagar à vista ou parcelado?

Os especialistas do SPC Brasil explicam que para se livrar de compromissos como IPTU e IPVA o mais cedo possível, o recomendado é sempre pagá-los à vista, geralmente, com alguma reserva montada especificamente para esse tipo de gasto. No entanto, se o consumidor for mais organizado e quiser avaliar se o desconto no pagamento único é vantajoso em vez do parcelamento, ele deve fazer um cálculo mais criterioso.

O primeiro passo é avaliar se o desconto oferecido é maior do que o valor que esse dinheiro renderia caso estivesse em alguma aplicação financeira, como a poupança, por exemplo, que rende 0,3% ao mês e é isenta de taxas. No caso do IPTU, considerando um parcelamento em 10 meses, o pagamento à vista será vantajoso se o desconto for superior a 1,5%. No caso do IPVA, supondo um parcelamento em 3 vezes, para o pagamento ser realmente vantajoso, basta que o desconto supere os 0,5%.

Já quem não tem dinheiro guardado deve inevitavelmente pagar a prazo e iniciar um planejamento para quitar essas despesas sem passar por sufoco, dica que vale para todos os consumidores. A sugestão da economista do SPC Brasil é que para os próximos anos, o consumidor faça uma programação automática ou vá separando todo mês um determinado valor para quitar os compromissos sazonais.

DICAS

A educadora financeira Ana Ferrari, vice-presidente regional da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), explica que falta de planejamento geralmente gera prejuízos, como o desiquilíbrio financeiro. Isso pode gerar endividamentos e até inadimplências. “Quando se trata de planejamento, o ideal é fazê-lo uma vez por ano. Isso deve ocorrer cedo, de preferência antes das festas de fim de ano destinando o 13º salário de forma correta. Mas para quem não fez, ainda é tempo”, garante, Ana Ferrari.

METAS E PRAZOS

Além de cultivar hábitos, o planejamento deve ter metas e prazos, tirar do papel e fazer o plano funcionar. O primeiro passo é reunir a família, com comum acordo de todos é possível excluir despesas desnecessitarias evitando o desperdício. Todos precisam estar motivados, para fazer com que o planejamento saia do papel.

Saber o custo de cada ideia também é necessário para obter os valores e estipular os prazos. “Na parte de despesas, um dos objetivos para alcançar as metas é enxugar o máximo de gastos que puder, como o pacote de internet e TV a cabo que não sejam necessários. Já no consumo, toda vez que uma compra for feita, deve haver o consumo consciente que é comprar aquilo que é importante, que vai agregar, seja na alimentação ou no vestuário, checar se realmente está precisando de determinado produto”, ressalta.

Também é importante fazer o orçamento anual, uma planilha apresentando os rendimentos mensais por todo decorrer do ano. Também é essencial uma análise das despesas, gastos fixos como base e eventuais como datas comemorativas e etc.  “É importante a planilha, deve lançar tudo o que for gasto e o que será gasto nela para deixar visualizado e encontrar o padrão de vida. Não se pode abrir mão também do investimento, que é reservar pelo menos 10% do que se ganhar”, conclui.

VOLTA AS AULAS

Para quem tem filhos, esse é um período especialmente delicado por englobar gastos como compra de material escolar, uniforme e rematrícula. É preciso colocar tudo na ponta do lápis e antes de ir às compras conversar com o(s) filho(s) sobre o planejamento, evitando que eles e, consequentemente, os pais acabem se rendendo a impulsos consumistas e gastando mais do que podem.

É possível economizar não comprando todos os itens na mesma loja, a não ser que ela garanta um desconto interessante. Algo que também pode levar à economia é se reunir com pais de outros alunos e comprar alguns itens “por atacado”, como cadernos e agendas, além de emprestar livros paradidáticos e utilizar itens do ano passado, como a mochila, por exemplo.

Dezembro e janeiro são meses típicos em que os gastos aumentam, mas como se repetem todos os anos, eles podem ser previstos. Para passar pelo período com segurança e tranquilidade financeira, é importante se organizar com antecedência. Portanto, se sobrar dinheiro, procure investir para o próximo ano.

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