Do Centro Comunitário do João Paulo para Montevidéu: Adriano Rosa garante vaga para o Mundial, no Uruguai

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Aos 27 anos, Adriano Ricardo da Rosa vive o sonho de muitos atletas de sua idade e de modalidade. Compartilha de uma trajetória que combina com o esporte que pratica: a vida é feita de lutas, de conquistas e de derrotas.

O atleta de União da Vitória foi recebido no início da semana com festa pela família, amigos e torcida. Praticante de Taekwondo, Adriano representou o Brasil no Campeonato Mundial ITF, realizado no fim de semana, em Buenos Aires. Ele ficou com o quinto lugar (em uma chave com 22 atletas) e garantiu uma vaga para o Mundial, evento que acontece em Montevidéu, no Uruguai. “Fiquei espantado de ver onde o Taekwondo pode me levar e o que ele fez por mim até aqui”, diz, emocionado.

Adriano compartilhou as alegrias e os desafios com outros atletas locais, como Adans Elias, lutador de Muai Thay e professor do projeto social Emaús (também ficou com o quinto lugar em uma chave com 28 competidores), e o Mestre Altair Ribeiro, que em solo argentino, atuou como técnico. “Os demais atletas da seleção brasileira, eram todos do Rio grande do Sul”.

Uma jornada de desafios

Adriano tem uma história parecida com a dos atletas humildes, que conquistam o sucesso e sonhos a partir de sua própria construção. Foi ainda criança, aos 9 anos, que ele conheceu o esporte. A ideia foi do pai que, vendo que ele e o irmão gostavam de brincar de lutinha, decidiu inserir o esporte como alternativa.

“Meu pai teve a sensibilidade de reparar e disse a seguinte frase: ‘já que vocês gostam de brigar vou levar vocês em um lugar amanhã’. Fiquei ansioso pra saber do que se tratava. No dia seguinte levou eu e meu irmão em uma aula de Taekwondo que acontecia no centro comunitário do bairro João Paulo II, que era onde eu morava na época. O professor era o Marcos de Lima e a academia Naja de Taekwondo”, relata, com detalhes na memória. “De cara já demonstrei facilidade e flexibilidade para praticar o esporte”.

Um ano depois, Adriano já fazia sua primeira graduação. E foi só naquele momento que ele ganhou a roupa de treino, o dobok. “Até então eu treinava sem, pois não tínhamos recurso para comprar já no início. E isso era um problema, pois sem dobok eu não podia graduar e nem competir”, conta.

Já faixa amarela, arrecadando fundos com a família por meio de ação entre amigos e outros movimentos, o atleta foi para sua primeira disputa internacional. Venceu um uruguaio e um paraguaio; subiu no mais alto lugar do pódio.

Adriano trocou de academia e enfrentou sua primeira derrota. “O próprio taekwondo me ensinou a aceitar a derrota como um guerreiro”, assinala. “Em outras palavras, não é apenas uma luta, é um estilo de vida”.

Ficou sem treinar por um tempo e encontrou apoio nas orientações do Mestre Altair Ribeiro, introdutor do Taekwondo nas Cidades Irmãs. Um momento memorável para Adriano, foi durante a graduação no ensino superior. O ritmo de trabalho e estudo era bastante pesado e mesmo exausto, não desanimou. “Houve um período que me exigiu muito, devido a rotina. Eu trabalhava o dia inteiro. Ia direto para a faculdade e depois das 22 horas para o treino. Um dia eu estava esperando dar o horário do treino e me vi exausto. Eu havia trabalhado o dia todo, depois fui para faculdade, não consegui sequer fazer um lanche nesse tempo, e estava lá, com uma barra de cereal na mão com sono, cansado e com fome, mas esperando pra treinar. Me arrependo? Jamais”, conta.

Na carreira, Adriano acumula muita história, conselhos e títulos importantes, como o segundo Sul Americano, Sul Brasileiro, taças regionais e o Festival Hanmadang. O ápice foi agora, em 2022, quando o jovem recebeu a convocação para representar o País na Argentina. “Com muita perseverança, rifas, promoções, apoio dos comerciantes amigos levantamos recursos e lá fomos nós”, sorri. “O sentimento é o de gratidão. Agradeço ao Mestre Altair Ribeiro, aos colegas de equipe, principalmente ao colega Adans Elias que é um exemplo de guerreiro e a colega Kelly Fernandes, que não mede esforço para ajudar tanto no tatame quanto fora. Agradeço também a minha esposa Danieli Maria, que toda vez que eu penso que não dá mais, ela me diz o contrário e faz acontecer. Acima de tudo, agradeço ao meu pai que foi o primeiro a acreditar e ver o potencial em mim.”

Fonte Canal 4

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