A noite desta quinta-feira, 27, foi de contação de histórias no auditório do Senac de Porto União. A partir das 19h30, deu-se início a 7ª edição do projeto mensal Avós com Voz, iniciativa da Secretaria de Cultura e Turismo de Porto União. O projeto faz parte das homenagens ao centenário do município, que ocorre em setembro, e é realizado sempre na última quinta-feira do mês.
A convidada desta edição foi a senhora Cristina Moser, filha de imigrantes europeus, nascida e criada no Distrito de São Martinho, interior de Porto União.
O pioneiros de São Martinho
Cristina, com suas anotações em mãos e um discurso eloquente, resquícios dos anos como professora e catequista, lembra que as primeiras famílias que chegaram à localidade foram responsáveis por abrir caminhos pela mata – a estrada de chão ia apenas até a localidade da Lança – e construir as primeiras moradias, com ajuda de alguns “bugres” (como eram conhecidos os índios que habitavam a região) que foram guias para os imigrantes.
Aos poucos, a comunidade foi se desenvolvendo, ganhando escola e igreja. O Dr. Lauro Müller Soares era o prefeito de Porto União durante a construção da primeira escola de madeira, e contribuiu com a doação de alguns materiais para a obra, levantada com a ajuda dos moradores da localidade, até então conhecida por Chiqueirão.
Os moradores sempre tiveram uma relação de proximidade e ajuda mútua em prol do bem estar da comunidade. Cristina conta que era comum, em datas especiais ou mesmo em qualquer fim de tarde, que se reunissem crianças e adultos na única venda da localidade, para algumas horas de festa embaladas pelo som do acordeão.
Em 1955, Willy Jung foi o vereador responsável pelo decreto que alterou o nome da comunidade para Distrito de São Martinho, escolhido alguns anos antes como padroeiro da igreja.
Lembranças e objetos expostos
Juntamente com suas lembranças sobre os pioneiros do distrito de São Martinho, a senhora Cristina também trouxe para expor alguns objetos que remetem aos tempos mais simples da vida no interior. Rádios antigos, vitrola, discos de vinil, uma máquina de costura movida à manivela e muitas fotos que mostram o desenvolvimento da localidade. Também estavam expostos uma lousa usada pelos alunos da escola quando ainda não se tinha cadernos disponíveis, e a cópia de uma carteira de habilitação de condutor de veículo de tração animada. Como curiosidade, dona Cristina lembra que as carroças, na época, também recebiam placas.
São Martinho hoje
Cristina Moser hoje reside no bairro Santa Rosa, mas conta que, sempre que pode, visita a casa onde nasceu e cresceu. A residência já foi reformada, mas sua estrutura original, que tem cerca de oitenta anos, ainda é a mesma.
Muita coisa mudou ao longo dos anos. Hoje, grande parte da população de São Martinho tem casas de alvenaria e carro na garagem. Até mesmo a internet já chegou ao local. Porém, o espírito de localidade tranquila da área rural ainda perdura e a população mantém alguns costumes, como a realização das tradicionais festas de interior.
A próxima edição do Avós com Voz acontece em agosto, no dia 31. O convidado da vez será Carlos Guérios.