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Dia das Crianças deve movimentar comércio local

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O cenário de incertezas trazido pela pandemia da Covid-19 não deverá atrapalhar o Dia das Crianças deste ano. Mesmo em meio a um cenário econômico desafiador, 72% dos consumidores devem ir às compras. É o que revela pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pela Offer Wise em todas as capitais. A expectativa é de que o varejo movimente aproximadamente R$ 10,87 bilhões.

Mesmo com os efeitos da pandemia se fazendo presentes na rotina e nas finanças da grande maioria dos brasileiros, o percentual daqueles que irão realizar compras na data não mostrou diferença significativa em comparação ao ano passado (73,3%). Depois do resultado alcançado no ano passado (quando o comércio registrou o melhor Dia da Criança, desde 2013), as expectativas dos empresários para esse ano permanecem positivas. A boa expectativa do setor se justifica. Dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) mostram que, com o isolamento social, cresceu a procura por jogos de tabuleiros, quebra-cabeças e outros brinquedos. A estimativa dos fabricantes, em 2020, é manter um ritmo de crescimento de pelo menos 3% em relação ao ano passado, quando a alta registrada foi de 6%.

O presidente da CNDL, José César da Costa, destaca que o Dia das Crianças é uma importante data para o comércio, que possibilita entender as tendências das compras de final de ano. “Os dados de intenção de compra servem de termômetro para o fim de ano, ao trazer as primeiras impressões do que deve acontecer no Natal. Além disso, o varejista, que esteve boa parte do ano de portas fechadas, conta com as vendas do Dia das Crianças neste momento de retomada econômica”, afirma Costa.

No contexto da pandemia, onde os pais estão tendo de manter seus filhos em isolamento por mais de seis meses, o cuidado com a saúde mental e o estado emocional das crianças assumiu uma importância tão significativa quanto a própria prevenção da Covid-19. Assim, as empresas dos setores de comércio e serviço acreditam que as famílias devem buscar oferecer às crianças, nesse dia, uma experiência que contribua para aliviar o estresse causado pela pandemia.

A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de União da Vitória e Porto União, destacou que apesar de estarmos vivendo um cenário de incertezas devido a pandemia do Covid-19, o comércio tem expectativa positiva para as vendas em torno de 8% em relação a 2019. De acordo com a entidade as vendas este mês será uma referência para o que esperar do Natal este ano. Os produtos mais procurados serão vestuários, calçados, eletrônicos e brinquedos nas lojas das cidades. “Informamos também que dia 10 é o Sábado Mais, campanha promovida pela CDL com horário estendido para que os clientes possam fazer as compras com mais tempo. Lembramos que para quem sair às compras, o uso da máscara é obrigatório, além de todas as medidas de segurança estabelecidas pelos órgãos de saúde para conter a COVID-19”, orientou o CDL.

Na pesquisa, é possível notar o reflexo das adversidades atuais do cenário econômico quando a maior parte daqueles que não vão adquirir presentes alega que está sem dinheiro (25%). Além desses, 24% não possuem nenhuma criança entre o círculo familiar ou de amigos que queiram presentear e 14% afirmam estar desempregados. Entre aqueles que deixarão de presentear por não ter dinheiro, estar desempregado ou não poder encontrar o filho na data, 71% citam os impactos da pandemia da Covid-19.

Embora os indicadores oficiais demonstrem uma queda no desemprego e sinais de  início da retomada econômica do país, o cenário ainda é muito ruim quando comparado com o ano anterior, e a pesquisa indica que a maior parte dos entrevistados, mesmo comprando presentes, tem intenção de moderar as despesas neste Dia das Crianças. Dessa forma, a maioria garante que pretende gastar menos ou o mesmo valor do ano passado: 36% querem gastar menos, 32% pretendem gastar a mesma quantia, e apenas 17% dizem que irão gastar mais.

Para os que desejam diminuir as despesas, as principais justificativas passam pelo orçamento apertado/situação financeira difícil (54%), pelo desejo de economizar (43%), o aumento da inflação (24%), o fato de estar desempregado (22%) e o desejo de priorizar o pagamento de dívidas em atraso (21%). Por outro lado, a maior parte dos que vão ampliar os gastos garantem querer comprar um presente melhor (55%), enquanto 49% afirmam que os preços estão mais altos.

Tendo em vista a quantidade de itens que devem ser comprados, três em cada dez entrevistados vão adquirir dois presentes (31%), enquanto 27% pretendem comprar somente um presente, e 18%, três presentes. Em média, os consumidores vão adquirir 2,3 presentes. O gasto médio deve ser de R$ 209,33 com todos os presentes na data, valor bastante parecido à intenção de compras da pesquisa de 2019 (R$ 198,79).

Considerando as formas de pagamento que deverão ser mais utilizadas, 82% garantem que pretendem pagar à vista, especialmente em dinheiro (49%) e no cartão de débito (31%). Ao mesmo tempo, 36% optarão pelo parcelamento, sobretudo no cartão de crédito (32%). A média será de 4,0 parcelas, o que significa que essas pessoas estarão pagando pelos presentes até o início de 2021.

“Uma vez que há maior propensão dos consumidores para o pagamento à vista, vale a pena o empresário buscar recursos para incentivar clientes a pagarem suas compras nesta modalidade, o que irá gerar maior fluxo de caixa, além de economia com taxas de cartão e antecipação bancária”, afirma o presidente da CNDL, José César da Costa.

De acordo com a pesquisa, 83% dos consumidores pretendem fazer pesquisa de preço antes das compras, sendo que 76% pretendem pesquisar os preços pela internet, principalmente em sites e aplicativos (65%). Já 70% vão pesquisar preços sem o auxílio da internet, principalmente nas lojas de rua (38%) e de shopping (36%).

Os produtos mais visados neste Dia das Crianças serão as roupas e calçados (38%), bonecos/bonecas (33%) e os jogos de tabuleiro/educativos (28%). A grande maioria dos consumidores que pretende realizar compras para a data optará pela primeira semana de outubro (45%), enquanto 21% o farão ainda em setembro e 14% irão às lojas na véspera do evento.

Os locais de compra mais citados pelos entrevistados são a internet/lojas virtuais (34%), o shopping-center (31%) e as lojas de rua/bairro (24%). Considerando aqueles que realizarão suas compras na internet, 79% vão utilizar sites, 54% os aplicativos e 20% o Whatsapp.

Na opinião dos entrevistados, os fatores que mais pesam na hora de escolher onde realizar as compras do Dia das Crianças são o preço (52%), as promoções e descontos (41%), a qualidade (31%) e os procedimentos de segurança com relação ao coronavírus (26%).

O presidente da CNDL destaca a importância de os varejistas adaptarem seus atendimentos e vendas aos canais virtuais, mesmo aqueles que não possuem e-commerce.

“Estratégias de abordagem multicanais – como lojas físicas que utilizam recursos de vendas on-line – que adotem divulgação por meio de redes sociais e envio de ofertas ao consumidor via whatsapp, quando aliadas a um sistema de entrega eficiente, podem ser grandes forças no aumento das vendas das lojas de bairro e shoppings, sobretudo do pequeno e médio varejo. Vale ainda trabalhar o uso de imagens e ofertas exclusivas para atrair atenção do consumidor”, afirma o presidente da CNDL.

Nove em cada dez entrevistados acreditam que a publicidade infantil influencia a pedir presentes (89%). Ainda sobre possíveis fatores de interferência na escolha dos presentes, 84% mencionam a influência de outras crianças, sendo que 45% pensam ser pequena e 39% pensam ser grande.

Por fim, quatro em cada dez admitem que há pressão da criança para adquirir o presente que ela quer (39%), sendo que 16% não cedem e 23% acabam comprando o item. Por outro lado, 60% garantem que não há essa pressão. Considerando o momento da compra, 35% dizem que foram ou irão acompanhados da criança.

Tendências

Para o gerente de Atendimento ao Cliente do Sebrae, Enio Pinto, algumas tendências que já eram percebidas desde o ano passado, ganharam ainda mais força nesse período de pandemia. “Os filhos da Geração Millennial (a chamada Geração Alpha – crianças nascidas a partir de 2010), valorizam a experiência muito mais que a posse de um bem. Ao contrário das gerações passadas, onde o fim ou resultado era mais importante que a jornada, as crianças e adolescentes estão em busca dessa vivência personalizada. Construir o próprio brinquedo a partir de um kit ou montar em casa o próprio hambúrguer, são exemplos desse novo modelo de consumo”, comenta Enio. “Seja qual for o produto ou serviço que a empresa vai entregar, o peso da experiência será cada vez maior”, conclui.

A sondagem da Fecomércio PR também revela crescimento significativo nas vendas pela internet, que saíram de singelos 4,4% no ano passado para 21,7% em 2020. No entanto, a preferência continua sendo pelas lojas presenciais, que devem receber 55,7% do movimento de consumidores, ante os 90,8% verificados em 2019. As lojas do centro da cidade devem concentrar 28,3% das compras, contra 44,2% em 2019. As lojas de shopping terão decréscimo nos negócios, caindo de 21,8% para 15,0%, bem como as lojas de bairro, que baixaram de 24,8% para 12,4% na preferência dos compradores este ano.

Cuidados

O Procon de Santa Catarina e o Instituto de Metrologia de Santa Catarina (Imetro-SC), vinculados à Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável, orientam sobre a necessidade de observar alguns detalhes na hora de ir às compras. Uma das dicas é escolher o brinquedo compatível com a idade da criança, verificar a segurança e não esquecer de pedir a nota fiscal, que é o comprovante válido da aquisição.

“É preciso ter atenção redobrada na hora de adquirir produtos para as crianças. Os pais e responsáveis devem estar bem atentos para as instruções na embalagem, se é adequado para a idade da criança e como manuseá-lo. E até mesmo onde comprar, para garantir seu direito de consumidor caso precise fazer a troca ou uma reclamação”, explica o diretor do Procon/SC, Tiago Silva.

O órgão lembra ainda que quem realiza compras pela internet tem o direito de arrependimento pelo prazo de sete dias, a partir do recebimento do produto. Além disso, é necessário guardar notas fiscais para realizar a troca. Conforme o Procon/SC, as lojas não são obrigadas a trocar produtos que não apresentem defeitos. A prática é uma cortesia e deve ser informada ao cliente no momento da compra.

De olho na certificação

A certificação de brinquedos é obrigatória no Brasil. Seja nacional ou importado, o brinquedo para crianças de até 14 anos deve conter o Selo de Identificação da Conformidade. No Estado, o órgão responsável pela fiscalização é o Imetro-SC.

“O selo Inmetro é a evidência de que o produto passou por diversos ensaios de segurança exigidos pelo regulamento. Ele deve possuir informações, como a faixa etária, alerta sobre composição e riscos como bordas cortantes e partes pequenas que podem ser engolidas ou inaladas”, destaca o presidente do Imetro-SC, Rudinei Floriano.

Os testes feitos em laboratórios avaliam os principais itens de segurança, como: impacto e queda (pontas cortantes e agudas); mordida (partes pequenas que podem ser levadas à boca); composição química (metais nocivos à saúde); inflamabilidade (risco de combustão em contato com o fogo), e ruído (níveis acima dos limites estabelecidos pela legislação). Por isso, o selo do Inmetro é a garantia de segurança.

Além dos brinquedos, o Inmetro regulamenta diversos itens voltados ao público infantil. Cadeirinhas de automóvel, mamadeiras, chupetas, carrinhos de bebê, cadeira alta para alimentação e berços são alguns produtos já certificados, e que só podem ser comercializados com selo de identificação da conformidade.

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