Na terça-feira, 04, durante sessão da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), o deputado estadual Emerson Bacil (PSL) defendeu o pequeno agricultor da região sul mais uma vez. Seu discurso falou sobre a mudança na legislação que permita o uso sustentável do Pinheiro Araucária, símbolo do Paraná. Pois com a lei atual em vigor, as árvores da espécie estão em rumo à extinção.
O deputado deixou clara a proposta de ouvir a sociedade e discutir com órgãos do setor, e até ambientalistas, buscando uma alternativa para evitar o desastre total. Segundo ele a legislação que condena atualmente pessoas de que preservaram os pinheiros e florestas, impedindo o manejo sustentável, precisa ser revista. Bacil sinaliza a bandeira de luta para o ano de 2020.
A região Sul, na defesa do deputado, precisa de mais atenção por ser a parte do Paraná que mais preservou. Dados mostram que acima de 60% das áreas são preservadas enquanto outras regiões têm índices muito baixos de florestas preservadas. “Não podemos ser penalizados por ter preservado”, disse. “Temos de buscar uma saída para renovar e ampliar as florestas. Não há alternativa para o homem de bem”.
Sobre a devastação e redução de pinheiros, com rumo à extinção, Emerson Bacil aponta a responsável. “A lei que aqui está é a principal culpada de tudo isso”, defende. Não há possibilidades, dentro da legislação, de manejo e sustentabilidade o que poderia renovar e dar sobrevida aos pinheiros. “Corta um, planta dez. Em pouco tempo teríamos a ampliação das florestas”, frisa.
Ainda salienta que pessoas que exploram de forma ilegal seguem da mesma forma. O problema incide, justamente, nos pequenos e pessoas de bem. “Multar e colocar os agricultores aos olhos da lei, como criminosos”, é o que a legislação tem feito. “Se não mudar a lei, vai extinguir a espécie símbolo do Paraná”, afirma com base numa tendência natural por conta disso.
Pinheiros pequenos são diversas vezes cortados pela impossibilidade de uso sustentável que é uma de suas propostas. Esclarece também que a partir disso os agricultores vão mudar a consciência, na sua maioria quando da permissão de manejo. “O pinheiro também envelhece, as florestas têm de ser renovadas”, complementa. O deputado defende as florestas. Se estendendo a defesa para quem preservou.
“Deixando sustentável, algo que está na Constituição”, destaca. Emerson Bacil cresceu no meio rural e mantém elo com pequenos agricultores, e seu entendimento é que a questão deve ser tratada com seriedade, discutida e vá de encontro à sustentabilidade e manejo.
Extinção
Pesquisas indicam que a floresta de araucária já perdeu aproximadamente 97% de sua área original, o que compromete totalmente a variabilidade genética da araucária. Para o futuro, a expectativa de cientistas da Universidade de Reading, no Reino Unido, não é nada positiva. Segundo estudo publicado em 2019 na Wiley Online Library, a araucária (Araucaria angustifolia) deve ser totalmente extinta até 2070. Esse quadro se deve, dentre outros fatores, à conversão das áreas de florestas nativas para a agricultura, ao crescimento das cidades e ao uso da madeira. O Paraná já chegou a ter oito milhões de hectares cobertos por floresta de araucária. Hoje a situação é muito mais grave.
Há uma evidente perda da biodiversidade na floresta de araucária por conta da introdução de espécies estranhas ao ambiente, as quais geram um desequilíbrio biológico na região. A poluição é outro problema comum neste tipo de bioma, bem como a realização de práticas turísticas não regulamentadas ou acompanhadas por responsáveis.
ARAUCÁRIA
Componente importante da Mata Atlântica, a Araucária ocorre predominantemente nos estados do Sul do Brasil e em algumas regiões serranas do Sudeste. Conhecida como símbolo do Paraná, a árvore de grande porte pode atingir 50 metros de altura. Atualmente, os poucos remanescentes da espécie estão localizados em pequenas e médias propriedades rurais, que asseguram aos agricultores uma importante fatia de renda por meio da extração do pinhão (semente da Araucária) e das folhas de erva-mate, que fazem parte do ecossistema da Floresta com Araucárias.
MAIOR DO PARANÁ
Do alto dos seus 46 metros, o maior exemplar de araucária do Paraná nasceu antes do descobrimento do Brasil estima-se que tenha 800 anos e resistiu ao tempo Localizada numa pequena área preservada da fazenda Santana, em Castro, nos Campos Gerais, a árvore é motivo de orgulho para o proprietário, Moacir Antônio Carraro.
O pinheiro de Castro só empata com a árvore da propriedade de Teresinha de Jesus Wrubleski, em Cruz Machado, no Sul do Paraná, que possui o mesmo diâmetro da espécie encontrada em Castro, que é de 1,97 metro. A araucária de Castro, no entanto, é mais alta (o equivalente a um prédio de 15 andares) que a de Cruz Machado, que tem 35 metros da copa ao chão.”