CONTOS DA PANDEMIA 3

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Existia um prefeito de uma cidade do interior de uma região remota deste Brasil, que andava pelas ruas da cidade como se fosse o dono delas.
Na maior parte do seu tempo, que ele deveria se dedicar ao cargo de prefeito, ele andava pelas ruas da cidade para ver novas oportunidades de negócio, negócios próprios, pessoais, aonde ele pudesse ganhar muito dinheiro.
E assim ele passeava pela cidade em seu veículo e quando algo lhe interessava parava para então dar uma caminhada, uma pesquisas, como se estivesse ali preocupado com a população.
Este costume parou quando a pandemia chegou, mas chegou o momento de um nova eleição e o prefeito ‘preocupadíssimo com os seus negócios’, então resolveu voltar à sua rotina de passear pela cidade. Uniu então o útil ao agradável. Ao mesmo tempo que andava pelas ruas vendo oportunidades imobiliárias, fazia sua campanha eleitoral.
Um dia o prefeito soube de um negócio em uma região da cidade que poderia lhe render muito dinheiro e foi com o seu pessoal, disfarçado de campanha, para matar dois coelhos com uma cajadada só.
Não lembrou o prefeito que naquela rua onde haviam lhe indicado ‘o grande negócio’ ele havia feito promessas e mais promessas na última campanha e assim que chegou dando tchau para todos, se sentindo o dono da rua, acabou sendo indagado pelos moradores se ele não havia se esquecido de algo.
Com ar de superioridade o então prefeito disse que não havia tido tempo ainda de cumprir as promessas e que precisava do apoio deles para se reeleger e cumprir o que havia prometido. É claro que o tempo havia sido curto, pois ao invés de administrar a prefeitura, o prefeito havia passado quase quatro anos só se preocupando com os seus negócios.
Isso causou ainda mais revolta na população, que há tempos vinha acumulando desgosto com a administração pública. Vaiado, o prefeito acabou indo embora, mas não deixou de pensar naquela oportunidade de ganhar ainda mais dinheiro.
Nos dias seguintes sua cabeça só pensava naquilo, e sua eleição que era dada como certa, foi desmoronando. Acabou perdendo o controle, explodia cada vez que era cobrado de algo pela população, pois lembrava do dinheiro que havia perdido naquele dia.
E assim explodiu outras vezes com a população, com os servidores municipais, com os pais de alunos, enfim, com todos aqueles que pediam para ele apenas fazer o seu serviço: ser prefeito.

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