CONTOS DA PANDEMIA 1

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Vou iniciar hoje uma série de contos sobre temas que envolveram a pandemia de Covid19 e que eu acho que merecem nossa atenção, porque ainda fazem parte do nosso cotidiano, e em alguns casos não são apenas lendas, são a mais pura verdade.

FIQUE EM CASA
Celina é uma manicure que há anos trabalha fazendo as unhas de mulheres que são muito mais do que suas clientes, são mulheres que acabaram se tornando amigas.
Para você conseguir que Celina lhe atenda é muito difícil porque sua agenda é cheia, quem conhece o seu serviço dificilmente o troca por o de outra manicure.
Ela trabalhava com afinco para não deixar nenhuma cliente sem atendimento, no horário certo lá estava Celina com sua bicicleta e sua bolsa de apetrechos cheias de esmaltes com novas cores e enfeites.
Veio a pandemia e Celina viu suas clientes desmarcarem os horários e assim foi durante muitas semanas, sem autorização para trabalhar pela prefeitura, sem se sentir segura para ir na casa de suas clientes.
Ela viu o tempo passar e as contas chegando. As dívidas também. Passou o tempo e algumas clientes, que se sentiam mais seguras, voltaram a buscar seus serviços. E Celina voltou, sempre tomando as medidas de segurança, a atender estas poucas clientes que a procuravam. Até que um dia, seu marido chega em casa reclamando de dores de cabeça e com sinais de gripe.
É claro que ele buscou um posto de saúde para descobrir o que tinha, afinal todos sabem que este é o procedimento a ser tomado quando sentimos os sintomas.
Lá chegando recebeu atendimento e realizaram um teste rápido para a Covid19 e que deu negativo. Mesmo assim seu marido foi enviado para casa com o atestado de duas semanas, que se estendeu para toda a família, sob pena dos mesmos responderem processo caso não obedecessem a ordem de isolamento.
E Celina se viu novamente impedida de trabalhar, tendo a certeza absoluta de que o prefeito de sua cidade não se preocupa com a população. Na sua cabeça ela não entendia porque ela e o resto da sua família não foram testados. Muito mesmo ela compreendia porque seu marido não fez o outro teste, aquele do canudo que enfia no nariz, como falam por aí.
Ah, se Celina soubesse o quanto dinheiro que veio para a prefeitura exatamente para que a população pudesse ter respostas corretas, testes mais exatos.
E as contas voltaram a fazer parte dos pesadelos de Celina, enquanto o prefeito de sua cidade administra o dinheiro público como se fosse só dele…

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