Leia sobre a história de dois marcantes clubes que fizeram parte da construção de Porto União e União da Vitória, matéria é a segunda de uma série que busca recapitular as origens dos clubes das cidades
O Clube Operário Apolo, conhecido como Clube Apolo, é o mais central dos clubes de União da Vitória. Localizado na avenida principal, no coração do centro comercial da cidade, o Apolo hoje tem a sua principal renda derivada da locação de salas comerciais que ficam abaixo do salão principal do clube. Comércios como a Soy Paletero, Cacau Show e a Ótica Univisão estão atualmente em salas locadas pelo Apolo.
Todavia, nem sempre foi assim. Houve épocas em que o que mais movimentava o clube eram os bailes e jantas realizadas no espaçoso salão da sede, mas a mudança da cultura dos e diversos outros fatores contribuíram para que o clube tivesse de encerrar temporariamente suas grandes atividades sociais. Segundo José Walck, presidente do Clube, e Jairo Clivatti, vice-presidente, em 2013, após o devastador incêndio da Boate Kiss, o salão principal da Sede do Clube Apolo foi interditado pelos bombeiros por não seguir todas as normas de segurança. Na mesma época, o clube também teve que arcar com uma enorme despesa para manter sua propriedade de campo, devido a um processo trabalhista. Esses fatores, combinados à mudança na cultura do povo, que não tem mais o costume de se filiar à clubes para participar regularmente de eventos, freou o ritmo dos eventos sociais do Apolo. Desde então, os dirigentes do clube buscam adequar o espaço às normas dos bombeiros, realizando diversas reformas e adaptações. Como a estrutura da sede é extremamente antiga, as inúmeras reformas necessárias precisam ser cuidadosas e precisas. Walck explicou que, pouco a pouco, as mudanças ocorrem, e a diretoria espera que logo possam normalizar completamente a sede do Apolo e as atividades sociais tradicionais sejam retomadas.
Walck também contou sobre as atuais dificuldades do clube em meio à pandemia. Segundo ele, muitos membros pressionam a direção para que abra a área de campo do clube para utilização, que está fechada desde o início da pandemia. Ele explicou que acredita ser muito arriscado voltar a receber membros lá, pois pode ocorrer transmissão do covid-19 nas confraternizações e eventos. O ginásio do Apolo também foi muito afetado pela pandemia, que impossibilitou a realização de eventos esportivos e locação para jogos.
Os entrevistados, Walck e Clivatti, contaram também sobre o passado do clube, que foi fundado em 1908, sendo um dos clubes mais antigos da região. A localização central da sede e o espaçoso salão atraíam diversos eventos, desde bailes de formatura à casamentos, consolidando a importância do Apolo na vida dos cidadãos de União da Vitória e Porto União. O clube também realizava seus próprios eventos, como bailes étnicos, jantas e festas. Para Walck, hoje não existe mais o costume de pagar a mensalidade para fazer parte da membresia de um clube. Por isso, é necessário que essas instituições se inovem e encontrem novas formas para continuar seus negócios.
Também procuramos conhecer a história do Clube Concórdia. Em 1942, no mês de agosto, começou-se a discutir uma fusão entre várias sociedades e clubes de Porto União. Em 20 de setembro, a Sociedade Beneficente Anitta Garibaldi aprovou a fusão, e em 23 de dezembro, se auto declarou extinta, fazendo parte agora do recém-criado Clube Concórdia. Já o Clube de Regatas Almirante Boiteux, em 30 de setembro, também aprovou a fusão, e em 4 de dezembro encerrou suas atividades, começando a integrar o Concórdia. Semelhantemente à Sociedade Beneficente Anitta Garibaldi e o Clube de Regatas Almirante Boiteux, a Sociedade Beneficiente União-Victória, o Clube Recreativo e Literário Sete de Setembro, o Clube Primavera e o Clube Náutico Iguassú, aprovaram a fusão e se juntaram ao Clube Concórdia. Então, em 16 de dezembro de 1942, os membros dos clubes que agora integravam o conglomerado de sociedades ainda sem nome se reuniram para decidir o nome, primeiro presidente e diretoria do clube. Nessa Assembleia, que contou com a presença de 34 membros, Alfredo Reimer foi escolhido como presidente, e “Concórdia” foi a sugestão de nome mais votada, se tornando então o nome da sociedade. Outras opções para o nome do clube eram “União” e “Portaniense”.
O presidente do Clube Concórdia, MaurícioSenff, relatou que “O que movimentava muito eram os grandes bailes, e também tinha uma arrecadação de muitos sócios, o que hoje em dia não tem mais. Os bailes deram uma parada, a sociedade por si não quis mais saber dos bailes de antigamente. Os jovens querem mais show, o tipo de música mudou também. Hoje vivemos com a arrecadação de aluguéis, quando alugamos para formaturas, aniversários, festa de 15 anos”, disse. Ele também relatou as dificuldades criadas pela pandemia, “O clube está parado desde março devido à pandemia, e não temos arrecadação de nada que era a entrada de dinheiro do clube, que eram os eventos”.
Enquanto o Clube não pode voltar a receber eventos, Senff contou que está promovendo reformas no salão, atualmente o principal atrativo do Concórdia. Graças à uma abertura realizada na estrutura, que diminuiu o tamanho do bar, o salão pode abrigar agora um número muito maior de convidados. “Também fiz a restauração do antigo bar, raspei todas as tintas e deixei ele na imbuia, bem restaurado. Estou deixando tudo original, como era do clube”. Quando questionado sobre a mudança na cultura dos jovens, Senff disse que “A cultura de geração em geração muda. Isso é normal, cada geração é sua. Agora, mudamos conforme o jovem quer. Trazemos o show de música que ele quer, vamos atrás e conversamos com o jovem para saber o que ele quer. Eles são o futuro do clube e da sociedade”, completou. Senff ainda listou alguns dos muitos benefícios de se filiar ao clube, como a ampla piscina reformada com bar e cozinha, os salões que também foram revitalizados, além da discoteca Ravine, que está locada, mas é propriedade do clube.