Centro Universitário de União da Vitória segue com suas atividades sendo realizadas de forma remota
Em razão da pandemia do coronavírus e as medidas de distanciamento social, o Centro Universitário de União da Vitória (UNIUV) apostou no modelo de Ensino à Distância (EAD) para manter a segurança dos alunos e funcionários, sem prejudicar o funcionamento da instituição durante a pandemia. Sobre como o EAD e outras mudanças causadas pela pandemia afetaram o centro universitário, conversamos com Simone Santos Junges, Pró-Reitora de Ensino e Tiago Kohut, Coordenador da Central de Relacionamento da Uniuv, Coordenador do Curso de Gestão Financeira e Vice-Coordenador do Curso de Gestão da Produção Industrial, além de professor da instituição.
O Iguassú: Quais as principais dificuldades causadas pela pandemia, em termos de educação escolar?
Simone Jungues: Na Uniuv temos cursos presenciais e cursos semipresenciais. Nos cursos semipresenciais a carga horária é dividida – temos aulas presenciais em alguns dias da semana, e nos demais dias as aulas são no formato EaD. Para esse grupo de cursos a transição foi mais fácil, pois os acadêmicos já estavam mais familiarizados com plataformas de ensino a distância. Já nos cursos presenciais enfrentamos algumas dificuldades, pois a mudança ocorreu subitamente, sem um período de transição ou adaptação para aprenderem a usar uma plataforma de ensino à qual ainda não tinham sido apresentados. No entanto, pouco a pouco resolvemos essas situações organizando uma equipe de professores para orientar e auxiliar tanto professores quanto acadêmicos por meio de tutoriais ou de orientações específicas em reuniões virtuais ou por meio do WhatsApp e de e-mails.
Além da adaptação a um formato de aula diferente do habitual, nos deparamos com dificuldades de conexão, com a falta que faz a interação entre acadêmicos e professores em sala de aula, e toda a riqueza do debate, da troca de ideias que acontece mais naturalmente nas salas de aula ou em outros ambientes próprios de uma instituição de ensino. Outra dificuldade com que precisamos lidar foi a carga horária prática de cursos como Odontologia e Educação Física. Foi necessário reorganizar disciplinas e conteúdos, assim como estabelecer cronogramas específicos cada vez que foi permitido retornar às atividades presenciais. Para isso, a colaboração dos coordenadores de curso e dos professores foi fundamental. Com o auxílio de todos – professores, coordenadores, equipe técnico-administrativa, pró-reitorias e reitoria foi possível cumprir o ano letivo de 2020 e iniciar o de 2021 com pouquíssimas alterações.
O. I.: Qual a diferença do ensino remoto para o presencial?
S. J.: O ensino presencial é a modalidade de ensino em que o aluno se desloca de casa até a escola, e lá encontra espaço adequado e ambientado para desenvolver seus estudos. Além disso, interage com professores e colegas e, conforme a escola ou o nível de ensino, terá aulas em laboratórios e em outros ambientes com diferentes recursos, utilizando materiais físicos para facilitar o aprendizado.
Já o ensino remoto não pode ser considerado uma modalidade de ensino, visto que é uma solução provisória usada para dar continuidade às atividades pedagógicas reduzindo, assim, o impacto negativo da suspensão das aulas presenciais durante a pandemia de Covid-19. No ensino remoto, diferente da modalidade presencial, o aluno assiste às aulas sem sair de casa, mas depende de ter acesso a tecnologias como um celular ou um computador, além de conexão com a internet para assistir às aulas. E é aí que reside um dos maiores problemas, pois em muitos locais a conexão não é boa, ou o aluno não tem um ambiente silencioso, adequado para estudar.
O ensino remoto, na maioria das instituições, refere-se a atividades de ensino mediadas por diferentes tecnologias, mas norteado por princípios da educação presencial. Ou seja, enquanto a educação a distância segue metodologia e teoria já consolidadas, e tem mais flexibilidade em relação a horários, o ensino remoto tem um caráter temporário e os alunos geralmente têm aulas virtuais no mesmo horário em que teriam suas aulas presenciais. Assim que decretado o fim da pandemia, o ensino remoto deixará de ser uma alternativa de estudos, e os alunos voltarão a ter aulas presenciais, ou a distância, de acordo com a modalidade escolhida.
O. I.: Que cursos foram os mais afetados pelo ensino remoto?
S. J: De uma forma ou de outra, todos os cursos presenciais foram afetados pelo ensino remoto, pois tanto alunos quanto professores precisaram se reorganizar e mudar as formas de ensinar e aprender durante este período. Contudo, certamente os cursos com uma carga horária prática foram mais afetados, como os cursos de Odontologia e de Educação Física, pois embora tenham tido toda a carga horária teórica, a carga horária prática não pôde ser ministrada. Para tanto, os coordenadores desses cursos, assim como os professores, organizaram cronogramas para que as aulas práticas fossem ministradas tão logo fosse permitido o retorno às atividades presenciais.
O Iguassú: Além do ensino remoto, que outras medidas foram tomadas pela Uniuv para lidar com a pandemia?
Tiago Kohut: Ao longo de 2020, além da migração para as aulas remotas, nós buscamos continuar alguns eventos de forma adaptada para o ambiente virtual. Procuramos continuar no ambiente virtual os eventos que teríamos no calendário acadêmico. Além disso, a reitoria esteve preocupada em manter o contato com o acadêmico. Nós procuramos, mesmo longe, estar próximos. Nós criamos diversas reuniões com os cursos e as turmas, para saber as dificuldades e necessidades, nós ouvimos os acadêmicos para tentar ver o que é possível a universidade ajudar, seja na questão acadêmica, ou de mensalidades. Através dessa série de reuniões, foram criados os Programas Emergenciais.
Os Programas Emergenciais aprovados pela Uniuv vêm ao encontro com as demandas dos acadêmicos. Muitos deles enfrentaram durante esse período dificuldades financeiras, por isso a Uniuv criou esses programas. Como por exemplo, durante o ano de 2020, nós ampliamos o desconto para o pagamento pontual da mensalidade, além da isenção de juros e multas no vencimento. No programa Pagamento Flex, o aluno que tem dificuldades financeiras pode optar por mudar a data de pagamento do seu boleto, então o aluno que não queria perder os descontos podia mudar a data do vencimento. Criamos também o Programa Emergencial Desemprego, em que o aluno que perdeu o seu emprego, pode suspender o pagamento de até três mensalidades sequenciais. Essas mensalidades são jogadas para o final do curso dele, após ele terminar a graduação.
O. I.: Qual é a perspectiva de retomada do ensino presencial na Uniuv?
T.K.: Muitos alunos estão ansiosos para o retorno das aulas presenciais, e nós já temos em nosso calendário o retorno do segundo semestre, no dia 2 de agosto. Para esse retorno estamos fazendo uma consulta junto aos acadêmicos, queremos ouvir deles quais se sentem confortáveis para retornar às aulas presenciais, e quais preferem ainda continuar no ambiente virtual, esperando a vacina, esperando tomar as duas doses [da vacina contra o covid-19]. Será uma consulta, em que eles podem optar. Para essa volta, a Uniuv se preparou para todas as normas de biossegurança, desde a aferição de temperatura, uso de máscara, álcool em gel em todos os ambientes, distanciamentos das carteiras. Nós tivemos essa preocupação em elaborar o termo de biossegurança, que compartilhamos com todos os acadêmicos.
O. I.: Para você, que mudanças ocorrerão no sistema educacional após a pandemia?
T.K.: O setor educacional passou por um momento em que teve que se adaptar de forma rápida e usar diversas ferramentas e métodos de ensino para otimizar o aproveitamento dos acadêmicos. Seja no ensino presencial ou EAD, usamos essas ferramentas e acredito que isso vai continuar. As universidades e os acadêmicos provaram disso, e os acadêmicos provaram disso, e foi algo bem produtivo. O sistema híbrido, eu acredito que é um sistema que será mais buscado, porque o mercado está mais dinâmico. O ensino presencial é importante, mas as ferramentas EAD também se mostraram muito produtivas. É uma adaptação positiva em tudo isso que estamos vivendo.