Indústrias de Três Barras e Canoinhas terão nova opção de abastecimento de Gás Natural
Por meio da resolução n° 193, a Agência Reguladora dos Serviços Públicos de Santa Catarina (Aresc) aprovou o Projeto Estruturante para construção de rede local de Gás Natural em Canoinhas e Três Barras, no Planalto Norte catarinense. Com investimentos de R$ 13,2 milhões, o projeto prevê a construção de 17 km de rede entre as duas cidades, para abastecer importantes indústrias de papel e celulose e postos de GNV (Gás Natural Veicular).
Atualmente, na região, 12 indústrias, 13 comércios e dois postos de GNV são atendidos pela rede de Gás Natural no município de São Bento do Sul. O projeto da rede isolada contempla a construção de rede local nas cidades de Três Barras e Canoinhas e atendimento por meio do modal GNC (Gás Natural Comprimido), GNL (Gás Natural Liquefeito) ou biometano.
A licitação para a obra tem lançamento previsto para a primeira quinzena de fevereiro deste ano. O modelo permite a expansão do serviço público de distribuição de gás canalizado, antecipando a oferta do insumo para diferentes regiões e desenvolvendo o mercado consumidor.
Em Santa Catarina, o modelo de rede isolada funciona desde 2020 no município de Lages. Na cidade serrana, o abastecimento funciona com o modal GNC, no qual o insumo é levado até a rede estruturante por meio de caminhões. Essas ações fazem parte dos projetos da SCGÁS para interiorização da rede de Gás Natural por diferentes regiões, inspiradas no modelo do Norte de Portugal quando a concessionária realizou missão técnica para buscar soluções para o território catarinense.
Houve avanços nos mecanismos regulatórios dos sistemas de gasodutos virtuais (como as redes isoladas são chamadas pelo agente regulador) em Santa Catarina, passando agora os sistemas isolados a não exigirem a conexão com a rede principal, garantindo isonomia para todos os mercados atendidos por meio das tarifas, que passam a integrar os custos logísticos dessas operações.
A elaboração da resolução é um resultado de um trabalho técnico do setor do gás da Aresc que, por meio de consulta pública, permitiu o recolhimento de sugestões que contribuíram para sua edição final, promovendo desse modo, uma Regulação mais precisa, eficiente e benéfica para o estado catarinense”, considera o Presidente da Aresc, João Carlos Grando.
Mercado local
Conforme indica a Resolução da ARESC, a construção da rede local é importante para evitar a realocação de empresas, que dependam do uso do gás canalizado para outros estados ou regiões. Indústrias como Cia Canoinhas de Papel, Mili Papéis e a WestRock são potenciais clientes do insumo deste novo projeto.
Atualmente, sua concentração produtiva se dá de forma majoritária no ramo de papel e celulose e no setor moveleiro e segue a lógica catarinense de pequenas propriedades produtivas, com importante papel também na exportação.
Luta antiga, mas Porto União ainda não foi contemplada
Representantes de empresas do Planalto Norte, SCGÁS e o Deputado Valdir Cobalchini reuniram-se no ano passado com a ARESC para buscar soluções para viabilizar a implantação da rede isolada de gás natural na região. A rede irá atender, principalmente, indústrias do segmento de papel e celulose, com investimentos de cerca R$ 12 milhões, de 2021 até 2023.
A necessidade de uma nova matriz energética com o gás natural, para motivar novos investimentos na região e reduzir custos de produção nas plantas industriais já é uma reinvindicação antiga da região. O ex-deputado estadual Antonio Aguiar em 2011 já fazia esse pedido ao governo do Estado. Havia planos de uma construção de um gasoduto que sairia de Araucária (PR) e chegaria a Mafra, tendo ramificações em São Mateus do Sul e Porto União.
Mas os planos foram alterados e o gás ainda não deve chegar a Porto União. Devido à necessidade de adaptação da regulação existente, a SCGÁS solicitou à ARESC revisões em resoluções para viabilização do projeto, em especial pedindo desvinculação de prazo para que a rede isolada alcance a rede principal de distribuição. A rede isolada é um projeto inovador no Brasil e consiste em levar Gás Natural Comprimido (GNC) ou Gás Natural Liquefeito (GNL) por meio de caminhões, para antecipar a oferta de gás natural ao mercado até a chegada da rede principal. A SCGÁS implantou o modelo no ano passado em Lages, onde a rede local está em fase de ampliação para atender quatro indústrias, postos de combustível e comércios da região. O ofício enviado a ARESC também pede o balanceamento dos custos operacionais nas redes de distribuição.
“Atualmente, mais de 650 clientes do segmento comercial utilizam gás natural em Santa Catarina. Com este projeto, poderemos formatar um case de uso de geração de energia elétrica a gás natural e agregar conhecimento técnico, possibilitando a SCGAS prestar o apoio necessário aos clientes que buscam uma solução energética segura, limpa e econômica para seus empreendimentos”, comentou Andre Tavares, engenheiro do mercado urbano da SCGÁS.
O que é GNC
O GNC é o Gás Natural comprimido e armazenado a uma pressão de 250 bar, transportado e distribuído para regiões não-atendidas pelos gasodutos convencionais.
O produto é transportado em carretas especiais, o Gasoduto Móvel, e cestas de cilindros especialmente desenvolvidas para as demandas de indústrias, postos e plantas de processamento, num raio de até 300 Km da unidade de compressão.
O que é GNL?
Já o gás natural liquefeito (GNL) é o gás natural (GN) no estado líquido. A liquefação (mudança física do estado gasoso para o estado líquido) ocorre após o resfriamento do gás natural à temperatura de 162º C negativos. Nessas circunstâncias, o GN tem seu volume reduzido em cerca de 600 vezes, o que facilita o transporte para grandes distâncias.