CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2020 (II) “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”

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Neste ano, a Igreja Católica nos convida a olhar, de modo mais atento e detalhado para a vida. Cuidar da vida é um desafio que se amplia em todas as formas e sentidos. Neste espaço publicaremos em dois artigos, nas quais iremos compartilhar os conceitos essenciais que se encontra no texto base publicado pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil):

A Campanha da Fraternidade é um modo privilegiado pelo qual a Igreja Católica no Brasil, todos os anos, vivência o tempo Quaresmal com temas de interesse social, cultural e político. A cada ano, um tema é destacado como sinal de que realmente necessitamos de conversão.

Hoje compartilho com todos a segunda parte…

13)-  O mercado, ídolo que seduz a um consumismo desenfreado, atropela a vida dos mais pobres sem escrúpulo nem constrangimento algum. Com isso, cresce a indiferença com a situação dos mais frágeis e se desenvolve a cultura da invisibilidade e do descartável.

14)- O olhar da fé, ao mesmo tempo em que identifica sobras, deve, indispensavelmente, identificar luzes. Não é um olhar amargo, desiludido, apenas para o que é negativo. A tristeza que que brota de quem olha o sofrimento não pode impedir que o olhar da esperança encontre também as luzes da solidariedade.

15)- Na parábola do Bom samaritano, o olhar que Jesus nos ensinou é o olhar daquele que se compromete com o outro. Um olhar interessado, não em si mesmo, mas no bem do próximo, seja ele de quem for: simpático ou antipático, de qualquer etnia ou religião, amigo ou inimigo. O Olhar da compaixão gera um “permanecer com”, uma presença que salvaguarda, cuida e transforma a vida de quem mais precisa.

16)- Para o Papa Francisco, a parábola do Bom Samaritano é uma dádiva maravilhosa, mas também é um compromisso “A cada um de nós, Jesus repete aquilo que disse ao doutor da Lei: Vai e também tu faz o mesmo! Somos todos chamados a percorrer o mesmo caminho do bom samaritano, que é a figura de Cristo: Jesus debruçou-se sobre nós, fez-se nosso servo, e foi assim que nos salvou, para que também nós pudéssemos amar como Ele nos amou, do mesmo modo”.

17)- Sentir nas vísceras a dor do outro é muito mais do que ter dó. Significa comprometer-se com ele, sem medo de aproximar e identificar-se com o próprio amor de Deus para conosco: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo. 13,34).

18)- De fato,  quem ama não julga, não acusa, não divide! Quem ama dialoga, suporta, se compadece. O egoísta e prepotente, cujo alcance da visão e do coração é ele mesmo, julga o mundo a partir de si, esquecendo-se de que seu olhar está embaçado pelo pecado, seu coração esta entupido pela maldade.

19)- A justiça divina revelada na cruz de Cristo é a medida de Deus, porque nasce do amor e se realiza no amor, produzindo frutos de salvação. A dimensão divina da Redenção não se verifica somente em ter feito justiça ao pecado, mas também no fato de ter restituído ao amor uma nova força criativa, graças ao qual o homem tem novamente acesso à plenitude de vida e de santidade que provém de Deus. Desse modo, a redenção traz em si a revelação da misericordia na sua plenitude. O mistério pascal é o ponto culminante da revelação e da atuação da misericordia, capaz de justificar o homem e de restabelecer a justiça como realização do desígnio salvífico de Deus.

20)- Um dos grandes desafios para nosso tempo é definir o que se entende por justiça. Trata-se, sem dúvida, de uma palavra muito usada, porém com muitas compreensões diferentes. O ponto em comum reside no fato de que se deva dar a alguém aquilo que ele merece.

21)- A justiça misericordiosamente entendida se concretiza no perdão. Em passagem alguma do Evangelho, encontramos o perdão significando aceitação do mal, do escândalo, da injúria causada ou dos ultrajes.

22)- O Papa Francisco nos adverte sobre a profunda ligação entre compaixão e justiça: “A compaixão é um caminho privilegiado também para edificar a justiça, porque colocamo-nos na situação do outro, não somente nos permite encontrar as suas fadigas, dificuldades e receios, mas também descobrir, no âmbito da fragilidade que conota a cada ser humano, a sua preciosidade e valor único, em uma palavra: a sua dignidade. Porque a dignidade humana é o fundamento da justiça, enquanto a descoberta do valor inestimável de cada homem é a força que nos estimula a superar as desigualdades com entusiasmo e abnegação”.

23)- A missão do discípulo missionário de Jesus Cristo é revelar ao mundo o rosto da misericordia. É edificar a justiça e viver a compaixão. É acreditar na justiça expressa na Palavra de Deus e colaborar para promove-la e garanti-la. Valorizar a vida e promover a justiça misericordiosa é um ato de fé. Mas é também um exercício que passa pela organização comunitária e social que não pode ser confundido como algo meramente assistencialista.

24)- Agir como Bom Samaritano supõe um novo aprendizado: empregar nossos melhores recursos, humanos, materiais e espirituais, para que aqueles que estão desfigurados pela dor possam reencontrar, com o auxilio da fraternidade, a dignidade da vida: “Cuida dele, e o que gastares a mais, eu o pagarei quando eu voltar” (Lc. 10, 35).

* Daniel Andrés Baez Brizueña é formado em Teologia, Ciencia das religiões, Marketing, Letras e Filosofia.

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