Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2006 e 2015, último ano com dados disponíveis, foram 31.347 óbitos no Estado, mortes essas que além de um imenso prejuízo emocional aos familiares e amigos, também provocam custos sociais e financeiros, quando somados o valor gasto no socorro, atendimento médico, perdas materiais, entre outros.
No Paraná, o impacto econômico da violência no trânsito é gigantesco. Em dez anos os gastos chegam a R$ 34,08 bilhões, o equivalente a R$ 3,4 bilhões por ano ou ainda um custo de R$ 1,087 milhão para cada morte. Para se ter noção do que isso representa, o orçamento do governo estadual para 2018 é de R$ 60,7 bilhões, com um gasto estimado de R$ 28 bilhões somente com o funcionalismo público.
Em um estudo recente, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) apontou que o aumento dos custos e do número de mortes no trânsito teria relação com o crescimento da frota de veículos, o que aumentaria “os conflitos nas ruas e rodovias e, consequentemente, a quantidade de vítimas no trânsito”. De 2006 até 2015 a frota paranaense havia crescido 81,4%, com especial destaque para as motocicletas (88,3%) e os automóveis (74,6%).
Não por acaso, esses dois tipos de veículos são aqueles com maior número de mortes no trânsito. No período analisado, foram mortos 8.716 ocupantes de automóvel e 7.167 motociclistas em acidentes de transporte. Em terceiro lugar no raking de vítimas aparecem os pedestres, com 6.632.
Impacto econômico deve ser ainda maior
Se o levantamento já indica um enorme prejuízo ao país em decorrência da violência no trânsito, num verdadeiro cenário de guerra, em verdade o impacto econômico pode ser bem maior do que o estimado pelos estudos do Ipea e do Denatran, que considera principalmente os gastos com serviços hospitalares e danos patrimoniais.
Uma prova disso é um estudo do Centro de Pesquisa e Economia do Seguro (CPES) divulgado neste ano, que calcula o quanto o país deixou de arrecadar com a perda de capacidade produtiva causada por esses acidentes – além dos óbitos, portanto, são também considerados os acidentes considerados graves, que deixam sequelas aos feridos.
Em todo o país teriam sido 33,5 mil mortes em 2016 com 28 mil pessoas inválidas, totalizando um prejuízo de R$ 146 bilhões. No ranking das unidades federativas, o Paraná aparece com o terceiro maior prejuízo, de R$ 11 bilhões, atrás de São Paulo e Minas Gerais, com R$ 24,7 bi e R$ 15,7 bi, respectivamente.
Queda
Mas nem tudo é notícia ruim. Se por um lado entre 2006 e 2012 o número de mortes no trânsito paranaense chegou a avançar 21,4% entre 2006 e 2012, saltando de 2.943 óbitos para 3.572 e com alta de 62% nos impactos econômicos (que passaram de R$ 2,55 bilhões para 4,13 bilhões), por outro ao longo dos últimos anos têm sido registradas quedas. Em 2015, por exemplo, foram foram 2.679 mortes que custaram R$ 3,87 bilhões – valor que ainda pode aumentar com a consolidação dos dados pelo Ministério da Saúde.
Crianças
De janeiro a outubro de 2017, o Boletim de Acidentes de Trânsito Eletrônico Unificado (Bateu) registrou 207 ocorrências de atropelamentos de crianças entre 0 e 11 anos. Desse total, 203 tiveram ferimentos no Paraná. De acordo com o Departamento de Trânsito do Paraná (Detran) os dados apontam que 98% das crianças atropeladas ficam feridas.
“Os atropelamentos envolvendo crianças muitas vezes ocorrem devido à falta de atenção e prevenção aos perigos no trânsito. Menores de 12 anos devem sempre atravessar a rua acompanhados por um adulto, seguradas pelo pulso. Eles só poderão se deslocar por conta própria quando tiverem noção clara dos riscos”, alerta o diretor-geral do Detran, Marcos Traad.