Agosto mês do Aleitamento Materno é tema em União da Vitória

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O mês de agosto é dedicado para informar as mulheres sobre a importância do Aleitamento Materno e de cuidar dos filhos. Todos os anos ocorre atividades e encontros para que as mulheres recebam as orientações, mas em 2020, a programação teve que ser cancelada devido à pandemia do novo Coronavírus (Covid-19), mas em União da Vitória no bairro Limeira o tema foi destaque para lembrar deste ato entre mãe e filho.

Com a impossibilidade de reunir as futuras mães, a equipe da Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Limeira, que fica na região Sul da cidade, decidiram fazer a decoração com o tema e a cor do Aleitamento Materno e deixaram a UBS mais linda e com o intuito de chamar a atenção de diversas pessoas que por algum motivo passasse na unidade para fazer uma consulta ou outro procedimento. Além do enfeite a equipe de profissionais também fizeram pequenas placas com dizerem fundamentais para o tema.

Devido à pandemia da Covid-19, não pode ser realizado encontros com palestras, atividades e orientações e infelizmente está confirmado que as atividades do Outubro Rosa e Novembro Azul, também não terá atividades para evitar aglomeração, mas que as pessoas busquem diariamente as Unidades de Saúde para o seu bem estar.

Por isso, este mês é conhecido como Agosto Dourado – por simbolizar a luta pelo incentivo à amamentação e a cor dourada estar relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno. O mês do Aleitamento Materno no Brasil foi instituído pela Lei nº 13.435/2017 que determina que, no decorrer do mês de agosto, sejam intensificadas ações intersetoriais de conscientização e esclarecimento sobre a importância do aleitamento materno.

Para 2020, o tema escolhido foi “Apoie o aleitamento materno para um planeta mais saudável”. A amamentação é um dos melhores investimentos para salvar vidas infantis e melhorar a saúde, o desenvolvimento social e econômico dos indivíduos e nações. Criar um ambiente propício para padrões de alimentação infantil ideais é um imperativo da sociedade.

A importância do Aleitamento Materno:

O aleitamento materno reduz em 13% a mortalidade até os cinco anos, evita diarreia e infecções respiratórias, diminui o risco de alergias, diabetes, colesterol alto e hipertensão, leva a uma melhor nutrição e reduz a chance de obesidade. Além disso, o ato contribui para o desenvolvimento da cavidade bucal do pequeno e promove o vínculo afetivo entre a mãe e o bebê.

O Ministério da Saúde e a Organização Mundial de Saúde (OMS) trabalham durante o Mês do Aleitamento Materno para promover a importância do leite da mãe, que deve ser o alimento exclusivo do bebê nos primeiros seis meses de vida, e que traz diversos benefícios aos pequenos e suas mamães.

Em Santa Catarina

De acordo com a médica Cláudia Bortolaso Pinto, coordenadora do Banco de Leite da Maternidade Darcy Vargas (MDV) em Joinville, o grupo reúne em torno de 40 mulheres e serve para definir as questões de doação do leite materno e rastrear a situação da saúde dessas mulheres em relação à pandemia. “Tivemos em julho um estoque de 77 litros de leite humano para atendimento dos bebês na UTI Neonatal”, disse. “Nosso grupo tem mantido o contato quase que diário com essas mães, tirando dúvidas sobre amamentação, rastreando se elas tiveram sintomas ou contatos com pessoas infectadas pela Covid-19, além de oferecer suporte em relação a este momento delicado de pandemia pelo qual passamos”.

O leite materno é o único alimento que um bebê precisa nos seus seis primeiros meses de vida, além disso, com ele o bebê recebe os anticorpos da mãe que o protegem contra várias doenças entre elas diarreia e infecções, principalmente as respiratórias. O risco de asma, diabetes e obesidade é menor em crianças amamentadas, mesmo depois que elas param de mamar.

A amamentação ainda ajuda a desenvolver a face da criança, auxiliando na formação de dentes fortes, desenvolve a fala e faz com que tenha uma boa respiração.

Aleitamento em tempos de Covid-19

Mesmo em tempos de coronavírus e uma mãe infectada o aleitamento materno precisar ser mantido. O médico infectologista da Dive Eduardo Campos de Oliveira explica que se os sintomas da mãe forem leves, ela pode continuar levando o filho ao peito desde que observadas as regras básicas como o uso das máscaras e boa higienização das mãos e das mamas.

Caso a mulher tenha sintomas muito intensos como muita tosse e coriza, que dificultem o processo de amamentação, o leite pode ser retirado com bomba e oferecido ao bebê.

Outras orientações

Na alta hospitalar, a mãe e o bebê que precisarem de acompanhamento relacionado à amamentação deve retornar para o ambulatório do Banco de Leite Humano (BLH);

Casos e informações sobre ingurgitamento mamário, suspeita de mastite, febre relacionado às mamas devem passar pela triagem da emergência da maternidade. Após, ser encaminhada para o BLH;

Mães com sinais de gravidade de Covid-19 ou outras complicações que as impeçam de cuidar de seu bebê ou de continuar a amamentação direta, sempre que possível, devem ser incentivadas e apoiadas a retirar e fornecer com segurança o leite materno ao bebê, aplicando medidas apropriadas para o controle e prevenção de infecções.

Todas as mães devem receber apoio prático que permita iniciarem e estabelecerem a amamentação de forma segura e melhor possível a fim de que saibam lidar com as dificuldades comuns do aleitamento materno, incluindo medidas de controle e prevenção de infecções.

Vínculo familiar

O pediatra e professor universitário Sulivan Mota defendeu que os primeiros anos da infância são os períodos críticos e de sensibilidade, ou janelas de oportunidades, quando o cérebro demanda um certo tipo de estímulo, para criar ou estabilizar algumas estruturas duradouras do ser humano. Para ele, depois só com muito esforço poderá ser aperfeiçoado essa pessoa. De acordo com o pediatra, o desenvolvimento infantil é a base do desenvolvimento humano. “Melhor atenção nos primeiros mil dias significa oportunidades maiores de sobrevivência, crescimento e desenvolvimento. O vínculo mãe e filho, na amamentação, favorece o desenvolvimento da inteligência, da personalidade e do comportamento social.”

Mota destacou que a amamentação estabelece a ligação mais íntima entre mãe e o bebê, satisfazendo as necessidades emocionais de ambos, oferecendo ao bebê garantia do equilíbrio interno. O médico observou ainda que não importa apenas dar o seio, o que importa é como o seio é dado e como as solicitações da criança são atendidas. “Não se incorpora apenas o leite da mãe, mas também sua voz, seus embalos e suas carícias.”

“No contato mãe-filho, amamentação, o seio constitui o primeiro objeto de amor e porto de partida para o desenvolvimento das relações. Desta forma o bebê pode introjetar a vida afetiva, espiritual e alimentar.” Mota lembrou ainda que com a amamentação ocorre a liberação do hormônio ocitocina, popularmente conhecido com o hormônio do amor. “Os animais que não produzem ocitocina ignoram seus filhotes, o que leva a crer que a amamentação, por um processo bioquímico, favorece o afeto da mãe pelo bebê.”

Segundo o pediatra, ao contrário da crença popular, o aleitamento materno torna a criança mais segura e permite seu crescimento social. “Bebês que não formaram vínculo com as mães passam a ter problemas de comportamento mais tarde na vida. Tendem a agir de forma hostil e agressiva.”

Direitos e deveres

A Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) realizou uma palestra on line do segundo módulo do 5º Congresso Catarinense de Aleitamento Materno. O evento foi uma promoção da Assembleia Legislativa, por meio da Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira.

A juíza do Trabalho Zelaide de Souza Philippi falou sobre os direitos e deveres das gestantes e lactantes à luz da nova reforma trabalhista. Ela explicou que atualmente a legislação brasileira garante que quem tem direito são as mães celetistas, empregadas domésticas, contribuintes individuais, seguradas especiais (rurais), contribuintes facultativas, servidoras públicas, trabalhadoras intermitentes, temporárias.

Em alguns casos, ressaltou, há exigência de carência, como exemplo as contribuintes individuais, no qual a lei exige pelo menos dez meses de contribuição previdenciária. Ela defendeu a ampliação da licença maternidade para 180 dias, que já vem sendo adotado por alguns estados, como Goiás, Espírito Santo e São Paulo, e já vem sendo concedido para servidoras federais. As empresas privadas que estão inscritas no programa “Empresa Cidadã”.

A magistrada enfatizou que quem paga a licença maternidade ou paternidade é a Previdência Social e não o empregador. Ela explicou que o empregador, em alguns casos, antecipa o pagamento, mas depois é ressarcido. Sobre a licença paternidade, a juíza lembra que inicialmente era de apenas um dia, depois em 1988, passou para cinco dias, mas desde 2006 foi ampliado para 20 dias com a Lei da Primeira Infância.

Falando sobre casos práticos, a juíza citou o exemplo do caso de um bebê falecer no parto, a mãe continuará a ter direito a licença maternidade, com a ressalva que se falecer antes da 22 ª semana, serão 15 dias, e depois 120 dias. Se a mãe falecer, o pai terá o direito à licença maternidade. Na avaliação da juíza, a reforma trabalhista retirou muitos direitos das mulheres gestantes e lactantes.

Banco de leite

O Brasil tem a maior rede de banco de leite humano do mundo, que há 35 anos vem desenvolvendo um trabalho de referência mundial. O coordenador da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH-BR), João Aprígio Guerra de Almeida, falou da iniciativa, que conta com apoio do Ministério da Saúde e da Fundação Oswaldo Cruz, com a missão de promover, proteger e apoiar o aleitamento materno, coletar e distribuir leite humano com qualidade certificada e contribuir para a diminuição da mortalidade infantil.

Em 2001, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a rBLH-BR como uma das ações que mais contribuíram para redução da mortalidade infantil no mundo, na década de 1990. De 1990 a 2012, a taxa de mortalidade infantil no Brasil reduziu 70,5%. Ele explicou que os bancos de leite humano são casas de apoio à amamentação, onde mulheres recebem suporte para superar obstáculos que possam estar impedindo a amamentação. Caso isso não seja possível, pode-se obter leite para bebês sem mãe ou cujas mães não conseguem produzir leite. No Brasil, há mais de 230 bancos de leite humano em funcionamento.

O coordenador afirmou ainda que o modelo brasileiro é reconhecido mundialmente pelo desenvolvimento tecnológico inédito que alia baixo custo à alta qualidade, além de distribuir o leite humano conforme as necessidades específicas de cada bebê, aumentando a eficácia da iniciativa para a redução da mortalidade neonatal.

Ele defendeu a mobilização social para promover o uso de leite materno doado para bebês que não podem ser amamentados diretamente por suas mães, contribuindo desta forma na redução da mortalidade infantil. Para João Aprígio, “o protagonista da história da amamentação é a mulher e não o leite, ou mesmo o filho. Nossa preocupação tornou-se a melhor forma de apoiar as mulheres para que elas possam amamentar seus próprios filhos.”

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