Aconteceu na Semana Passada
O Ibovespa encerrou a semana com uma queda de 1,0%, atingindo os 117.711 pontos, em contraste com os mercados globais que foram impulsionados por leituras mais positivas da inflação americana.
Globalmente, o foco também foi a inflação, com os mercados repercutindo os dados de inflação ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI). O CPI de junho nos Estados Unidos continuou a tendência de queda, chegando a 3,0% na variação anual para a inflação geral e a 4,8% na medida núcleo. O índice de serviços básicos, excluindo aluguéis, que tem sido mais persistente, também desacelerou para 3,2%. Além disso, o PPI veio abaixo das expectativas, com um aumento de apenas 0,1% no acumulado de 12 meses, o menor ganho desde 2020. Esses dados indicam um enfraquecimento das pressões inflacionárias nos EUA, impulsionando um desempenho positivo nas bolsas americanas, que subiram mais de 2%. Os índices europeus também foram influenciados pelo otimismo em relação ao Fed.
No Brasil
O destaque ficou para o dado do IPCA, que veio acima do esperado. Isso eliminou as expectativas de um corte mais agressivo da taxa Selic na próxima reunião do Copom em agosto. A inflação brasileira recuou 0,08% em junho, um pouco acima das projeções do mercado (-0,1%) e da nossa estimativa (-0,13%). Com isso, a inflação acumulada em 12 meses caiu de 3,9% para 3,2%. Apesar do processo de desinflação em curso, a inflação no setor de serviços continua acima da meta e reforça um cenário de cortes graduais nos juros. No âmbito fiscal, as discussões em torno da reforma tributária ganharam destaque, após sua aprovação pela Câmara e encaminhamento para o Senado.
Nos EUA
Foi aberta a temporada de resultados do segundo trimestre, com os grandes bancos americanos apresentando resultados surpreendentes até o momento. No geral, espera-se que as empresas do S&P 500 registrem uma contração de cerca de -6,4%, o que seria a pior temporada desde o terceiro trimestre de 2020. No entanto, o mercado projeta que esse seja o último trimestre de queda nos lucros, a partir do quarto trimestre de 2022.
Na China
Os dados de exportação e importação continuaram a mostrar fraqueza, com quedas mais acentuadas do que o esperado, de 12,4% e 6,8%, respectivamente, na comparação anual. Esses dados reforçam o cenário de uma recuperação mais lenta da economia chinesa. No entanto, os índices chineses encerraram a semana em alta, sustentados por notícias de alívio na regulação do setor de tecnologia.
Dólar e Juros
No mercado cambial, o dólar fechou a semana em queda de -1,71% em relação ao real, cotado a R$ 4,79/US$. Quanto aos juros, a curva DI para o vencimento de janeiro de 2037 registrou uma queda de 14,5 pontos-base durante a semana, atingindo 10,79%.
O que esperar para essa semana
Destaca-se a divulgação do PIB da China, que deverá ter repercussões nos preços dos ativos emergentes, incluindo os brasileiros. Além disso, serão divulgadas as leituras de inflação na Zona do Euro e no Reino Unido, com expectativa de um ciclo de aperto monetário nessas regiões. Nos Estados Unidos, a agenda de indicadores será relativamente mais leve, com destaque para os dados de produção industrial e vendas no varejo de junho, que serão publicados na terça-feira.
No Brasil, a semana traz poucos indicadores relevantes. Destaca-se a divulgação do IBC-Br de maio, uma proxy mensal do PIB calculada pelo Banco Central, que deve apresentar estabilidade em relação a abril. Já o IGP-10 de julho, que será divulgado na terça-feira, é aguardado com expectativa de aceleração em relação ao mês anterior.
FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/ibovespa-cai-10-na-semana-na-contramao-dos-mercados-globais-com-leituras-positivas-do-cpi-americano/
Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
4traderinvest.com.br
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