Um amigo meu viajou para a Serra Gaúcha, visitou Bento Gonçalves e Gramado e voltou de lá triste. Não, ele não ficou triste por ter ido para lá, ele ficou triste de ter voltado para cá. E então eu me pergunto. Há mais de 20 anos participei do CODETUR e lembro que o projeto do desenvolvimento do Turismo em nossa cidade (região) era viável. Sim, temos histórias para contar (Contestado), temos belezas naturais (cachoeiras, belas paisagens), temos atrativos turísticos (Maria Fumaça, Morro do Cristo) e ainda temos o Xixo, o Steinhaeger, a história da indústria da madeira, enfim, tantas coisas que poderíamos explorar. Mas passados estes 20 anos a mediocridade continua a imperar, a guiar este sonho, sempre na espera de que o poder público irá fazer tudo por aqueles que atuam na área do turismo.
Ao mesmo tempo nossas indústrias não investiram nas suas ‘casas’, não tiveram a iniciativa de contar suas histórias para os visitantes, não exploram a riqueza de seu trabalho como uma forma de ganhar dinheiro. Lá na serra gaúcha eles tem orgulho de receber visitantes e investem em verdadeiros ‘shows’, encenações com infra-estrutura para receber os turistas, sejam eles de lazer ou de negócios.
E assim vamos indo, hoje temos uma associação do turismo que trabalha como um feudo, apenas para alguns, conselhos de turismo de dois lados do trilho, limitados porque esperam que o poder público irá apoiá-los e o projeto de turismo do qual participei em 1996 continua engavetado em algum lugar.
E a única explicação para isso se chama mediocridade. Enquanto o turismo na nossa região for tratado de forma amadora, sem consciência de que turismo sério demanda investimento privado, então continuaremos a ouvir histórias como a do meu amigo, histórias de quem viu algo maravilhoso e sentiu triste porque sabe que tudo aquilo, poderia estar sendo feito aqui também.