Há quatro anos eu publiquei esta coluna e naquela ocasião escrevi sobre o comparativo entre a criança e o candidato. Em virtude de muitas solicitações me pedindo este texto. Resolvi publicá-lo novamente.
Depois de quatro anos, estamos prestes a escolher nossos mandatários novamente para os próximos quatro anos. Escolher um candidato nas eleições nos põe em dúvida, assim como dar um presente a uma criança no dia do seu aniversário. Vamos ter que dar nosso voto para alguém. E aí vem a dúvida. Para quem?
Um presente para uma criança vai deixá-la satisfeita, independente de quem a presenteou. O candidato também ficará satisfeito, independente de quem ganhou o voto.
A criança recebe o presente e retribui com um abraço, porque o papai e a mamãe assim o ensinaram. O candidato também. Só que abraça antes de ganhar o voto, igual a uma criança em festa de aniversário, primeiro pega o presente, depois abraça quem a presenteou.
Uma criança, para ganhar um presente, começa, meses antes, a alugar a cabeça dos pais, dos padrinhos, prometendo fazer tudo direitinho para ganhar o que quer. Faz os temas direitinho, vai à escola, ajuda a limpar a casa, obedece a mamãe. Tudo para ganhar o presente. O candidato também. Aluga, por alguns meses, a cabeça dos eleitores com promessas de que vai fazer tudo direitinho, resolver os problemas sociais, de desemprego, saúde, educação, arranja até casamento, se for o caso, para ganhar os votos.
A criança, uma vez perguntada sobre qualquer tema, tem a resposta certa na ponta da língua e tem a solução instantânea para tudo. O candidato também. Basta levantar o problema que a solução vem na hora.
Uma criança, quando é cobrada por algum erro, sempre vai culpar alguém. Culpa um amiguinho ou até mesmo os mais velhos pelos problemas, dizendo que os adultos não as entendem. Os candidatos, quando eleitos, não cumprem o prometido e, normalmente, culpam a oposição, dizendo que esta é retrógrada e que não têm interesse em ajudar o povo.
Porém, há uma diferença muito grande entre uma criança e um candidato: uma criança, quando erra, é na sua essência, e quando peca, é por sua própria inocência, sem maldade e sem intenção. Já o candidato tem memória pronta, é maduro, sabe o que está fazendo e, se pecar contra seus eleitores, sabe porque está pecando.
Ao escolher seu candidato para dar seu voto (seu presente), sugiro que avalie antes quais são, realmente, suas intenções, seus critérios, por que quer seu voto, para depois poder acompanhar sistematicamente se vai, realmente, cumprir o prometido.
Uma criança jamais esquece de quem deu a ela um presente que ela gostou. Quantos dias o candidato levará para esquecer seu voto?
Até a próxima!