Analizar a conjuntura política brasileira sempre é um desafio. Ela, situa-se sempre na terra movediça da incerteza, no populismo, no fanatismo ideológico e num sem números de candidatos ineptos para os cargos eletivos. É importante ressaltar que a política por si só não produz monstruos. São os eleitores que com seu poder de escolher que escolhe seus representantes. Basta observar o horário eleitoral para ficar apreensivos perante os discursos feitos pelos candidatos. Muitos candidatos a Vereadores nem sequer conhecem que a vereança não tem poder de execução e ficam prometendo mais saúde, mais educação, mais esporte, mais lazer e se esquecem das funções típicas e especificas que o cargo habilita, que consiste em Fiscalizar e Legislar, além, de torna-se porta-voz e representante dos cidadãos. No fundo, a política, tão odiada e criticada por uma grande parcela da sociedade é vítima do próprio sistema que o sustenta. Candidatos não aptos para o cargo é um perigo para a sociedade e para os eleitores. Esperamos desde este espaço, que os eleitores, como lembramos no artigo anterior exerçam seus direitos ao voto com “criticidade e muita responsabilidade” na hora de depositar o voto.
Porém, outros fantasmas surgem no cenário da próxima eleição municipal. Para a ativista, socióloga e cientista política, envolvida em lutas pela emancipação das mulheres, da juventude e da população negra, Áurea Carolina de Freitas e Silva, “As eleições de 2020 serão um teste decisivo para os rumos políticos do Brasil. De um lado, o bolsonarismo poderá consolidar e expandir sua capacidade de captura institucional a partir de uma entrada inédita nas câmaras municipais e prefeituras, em um processo difuso de interiorização capaz de articular novos arranjos entre os setores conservadores. De outro, as forças progressistas deverão exercitar práticas de abertura e confluência para reconquistar a esperança das maiorias sociais, contrapor o apelo bolsonarista e produzir alternativas eleitorais viáveis. Resultante do confronto entre os dois campos, por mais que outros também possam se configurar, o poder local terá sua importância acentuada na transição histórica que estamos atravessando”, afirmou.
Para a socióloga, o confronto nas urnas de dois modelos definido, e a crise partidária, pode produzir resultados adversos ao que muitos podem se imaginar. É um confronto que apresenta uma certa dicotomia, entre os velhos controladores do poder e os novos “modos” de pensar, as vezes sem muitas estratégias definidas, segundo Áurea Carolina, “Entre os setores conservadores, a crise partidária poderá levar a uma queda do sucesso eleitoral do bolsonarismo, se não for forjada uma relação mais estratégica com as regras do jogo e os partidos de aluguel disponíveis. Enquanto jogadores experientes têm muito mais recursos e habilidades para operar a máquina, novos sujeitos chegam à disputa, a partir do apelo bolsonarista, sem esse repertório. O problema é que os velhos controladores estão com dificuldades de prevalecer sem o fôlego renovado das narrativas e das práticas bolsonaristas, de modo que precisam parasitar esse ativo”.
Para Robson Sávio Reis Souza, pós-doutor em Direitos Humanos, doutor em Ciências Sociais, coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas, a tão falado “nova política” encontra-se truncado perante a criminalização da política, neste sentido ressalta que “O discurso que combina criminalização da política com a ideia de renovação política é bem presente no imaginário do eleitor. Neste sentido, há que se observar que partidos do espectro da direita e da extrema-direita, principalmente novos partidos surgidos na última década, têm sido exitosos nas eleições justamente pela capacidade de apresentarem “novos” candidatos ou outsiders da política. Em contrapartida, há pouca renovação de lideranças políticas a disputarem o pleito nos partidos de esquerda. Tais partidos ainda são muito apegados em candidaturas já experimentadas e que muitas vezes têm pouca possibilidade de sucesso eleitoral num ambiente tão polarizado ou já foram rejeitadas nas urnas. Além da pouca capacidade de renovação e do distanciamento das bases sociais, em geral, a preservação de quadros históricos parece orientar as burocracias partidárias da esquerda. Ou seja, a esquerda apresenta-se pouco criativa frente ao movimento ultraconservador que se organiza no Brasil desde 2013”.
Sem dúvida, as eleições municipais do próximo 15 de novembro, será um termômetro para analisar as eleições gerais de 2022. Algumas questões exigirá uma avaliação criteriosa dos resultados. Perguntas pertinentes como: Será que o bolsonarismo ainda possui o ímpeto eleitoral de 2018? Que espaço ainda ocupa o Lulismo no imaginário do eleitor progressista? Qual será o termômetro e o desempenho que avalizará os candidatos do PSDB e do MDB nas grandes capitais? Perguntas que olhando a magnitude populacional brasileira será fundamental para tentar compreender a realidade atual e assim posterior as eleições realizar uma leitura da conjuntura política local, regional, estadual e nacional. Até as pesquisas eleitorais poderão ser redirecionadas após a eleição do dia 15 de novembro com novas roupagem, já que no mundo da política nada é estático. Aliás, ultimamente, as pesquisas nas nossas cidades são bem questionada pelos eleitores de todos os partidos políticas.
Segundo o Site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), são 5 candidatos para Prefeitos e Vice-prefeitos em União da Vitoria e 241 candidatos a vereadores. Totalizando um número total de 251 candidatos. Em Porto União são 4 candidatos para Prefeitos e Vice-Prefeitos e 120 candidatos para vereança. Totalizando um total de 128 candidatos. De todos os espectros políticos e ideologias que só a democracia pode oferecer.
Todos nós, eleitores e eleitoras, teremos muitas opções para fazer nossas escolhas. O argumento de que não tinha candidatos competentes será um argumento falacioso. Muitos candidatos sãos bons, possuem conhecimento de causa e tem potencial para contribuir com a sociedade. Mas também tem outros muitos candidatos, que nem sabem para que veio. É importante caros eleitores, não se ausentar o dia da eleição e participar da festa da democracia. Quem tem a oportunidades de escolher um candidato e votar, e não votou, NÃO TEM O DIRIETO de ficar falando bobagens contra à política e os políticos nas redes sociais. O tempo de construir mudança é agora. O tempo de escolher bons e competentes representantes para governar nossos municípios será no dia 15 de novembro. Não desperdice este momento.