Dia do Idoso é lembrado em UV

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Instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Dia Internacional do Idoso comemorado sempre no 1º dia de outubro é uma oportunidade para que as pessoas lembrem que a idade chega para todos, e que, com ela, novas dificuldades surgirão. Especialistas em entrevista a Agência Brasil, no entanto, garantem: é possível envelhecer com qualidade de vida.

Segundo o médico geriatra e diretor científico da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) Renato Bandeira de Mello, qualidade de vida é algo subjetivo: depende da percepção do indivíduo sobre o que é felicidade.

Mas, em termos gerais, acrescenta o geriatra, qualidade de vida na velhice está associada a vida ativa: a busca por hábitos saudáveis como atividade física, alimentação saudável; e a manter a mente estimulada com novas atividades. Outro fator associado à qualidade de vida na terceira idade são as relações sociais. “Isso significa contato com a família, amigos e colegas de trabalhos”, resume Mello.

Para incentivar sempre as relações sociais, em União da Vitória todo ano, A Associação da Terceira Idade, desde a sua criação, realiza o Baile da Terceira Idade onde os idosos podem socializar, se divertir e encontrar amigos.

O Prefeito de União da Vitória Santin Roveda ao lado da primeira-dama Ana Cláudia, sempre participa dos bailes e outros eventos da Terceira Idade e comenta sobre o dia. “União da Vitória é uma das melhores cidades para se envelhecer do Brasil, porque temos qualidade de vida, segurança, saúde e ótimos índices educacionais e uma relação de convivência muito saudável. É muito bom viver e morar em União da Vitória. O dia do idoso é muito importante e foi realizado um baile para a terceira idade do município e junto da primeira dama participamos e nos divertimos com eles. As pessoas de mais idade merecem muito respeito e quero aproveitar para dar um abraço carinhoso para todos os idosos do nosso município e do nosso Paraná”, falou o Prefeito. No evento foi realizado a escolha do mais belo idoso e idosa.

Uma das fundadoras da Terceira Idade no município e por diversas vezes presidente da entidade, Sebastiana do Carmo Durek, completou em agosto seus 90 anos e ainda participa ativamente dos eventos realizados pela Associação que comandou por anos.

Lucida e sempre disposta não para e gosta de estar com seus amigos e familiares seja em eventos da Terceira Idade ou reuniões familiares. Para se manter “na ativa” cultiva uma horta em seu quintal, onde sempre tem temperos e algumas frutas para cuidar.

 “O idoso é uma pessoa especial e deve ser tratado com carinho e muito bem. Porque já passou uma vida inteira trabalhando e muitas vezes passando necessidades de alguma coisa. Agora no fim da vida tem que ser bem tratado com amor, respeito e carinho”, destaca Sebastiana.

Outro ponto que ela enaltece é sobre os cuidados com a saúde dos idosos, “eu acho que tem que ter um tratamento especial pois eles precisam mais de medicamentos, eles têm que ser tratados de uma forma diferenciada”, completa.

Recentemente ela recebeu uma moção honrosa da Câmara de Vereadores de União da Vitória, proposto pelo vereador Valdecir Ratko pelos trabalhos prestados nos anos à frente da Terceira Idade e da Associação de Reabilitação de Lesões Lábio Palatais (Arlep) de União da Vitória.

Família

O papel da família para a qualidade de vida do idoso, além de relevante, está previsto em leis. “Mais do que um papel, os familiares têm obrigação com os idosos. Isso, inclusive, é respaldado pelo Estatuto do Idoso”, explica o diretor da SBGG.

Nesse sentido, o estatuto prevê que a família se envolva nos cuidados e na proteção do idoso, “respeitando os seus limites e a autonomia a fim de não o cercear de suas liberdades e desejos”, acrescenta Mello.

Coordenadora-geral do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso, Eunice Silva destaca ser o ambiente familiar o que registra a maioria das violações de direitos da pessoa idosa. Segundo ela, entre os fatores que resultam em enfermidades, quedas, demência e internamentos prolongados estão a violência doméstica, os maus tratos e o abandono.

“É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, educação, cultura, esporte, lazer, trabalho, cidadania, liberdade e dignidade, ao respeito e às convivências familiar e comunitária”, argumenta a coordenadora do conselho que é vinculado ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH),

Sociedade

De acordo com o médico geriatra e diretor da SBGG, no caso de idosos doentes que precisam de cuidado especial, além do apoio familiar é necessário o apoio da sociedade, que precisa estar atenta também às próprias mudanças que acontecem ao longo do tempo.

“Há que se pensar que, no futuro, os núcleos familiares serão menores. Precisaremos encontrar meios para construir uma sociedade que possa cuidar do idoso”, disse ao lembrar que a qualidade de vida dos idosos depende, ainda, de infraestruturas e de relações que enxerguem esse público não apenas como consumidor, mas como potencial colaborador.

“Bancos, lojas, mercados, transportes e outros serviços e estabelecimentos precisam buscar formas de inclusão, não apenas como consumidor, mas também como força de trabalho”, disse ele à Agência Brasil.

Políticas Públicas

Estar antenado com relação às políticas públicas pode ajudar a melhorar a qualidade de vida do idoso. No âmbito do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), Eunice Silva destaca o Programa Viver – Envelhecimento Ativo e Saudável.

“Ele representa a aplicação, na prática, do Estatuto do Idoso”, explica a coordenadora, referindo-se ao documento que preconiza o envelhecimento como um “direito personalíssimo”, e que sua proteção representa um direito social.

Segundo Eunice, em 2019 a Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa (SNDPI) tem atuado no sentido de levar, a capitais e municípios mais distantes, a inclusão na tecnologia digital para as pessoas idosas.

Na avaliação da coordenadora, esse tipo de tecnologia, que vem sendo disponibilizada pelo Programa Viver, representa um “instrumento libertador e emancipatório, voltado à autonomia e à ampliação dos limites da convivência familiar, da educação, da saúde e da mobilidade física”.

“A meta é implantarmos 100 programas no ano de 2019. O Programa Viver, conta com 202 municípios cadastrados”, explica Eunice. Para ter acesso ao programa nos municípios já implantados, basta aos idosos se cadastrarem nos centros de acolhimento do programa.

Entre as políticas públicas ofertadas pelo Ministério da Saúde (MS) aos idosos está a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, que é oferecida gratuitamente a este público. Mais de 3 milhões de cadernetas foram entregues a municípios em 2018.

Estatísticas

Dados apresentados pelo Ministério da Saúde apontam que atualmente, os idosos representam 14,3% dos brasileiros, o que corresponde a 29,3 milhões de pessoas.

Segundo o Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil) divulgado em 2018, 75,3% dos idosos brasileiros dependem “exclusivamente” dos serviços prestados no Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda segundo o levantamento, 83,1% realizaram pelo menos uma consulta médica nos últimos 12 meses.

Tendo por base dados obtidos por meio da Pesquisa Nacional de Saúde, o MS informa que 24,6% dos idosos tem diabetes, 56,7% tem hipertensão, 18,3% são obesos e 66,8% tem excesso de peso.

As doenças do aparelho circulatório são a principal causa de internação entre idosos. Em 2018, foram 641 mil internações registradas no Sistema Único de Saúde (SUS) de pacientes acima de 60 anos.

Paraná

No Paraná existe um projeto de construção de condomínios para pessoas com mais de 60 anos, com diversos equipamentos públicos disponíveis; o fortalecimento de políticas públicas junto com os municípios e o apoio a instituições sociais, por meio do Fundo Estadual dos Direitos do Idoso (Fipar), estão entre as principais ações do Governo do Paraná voltadas para a população idosa paranaense.

Prestes a completar 10 anos, o Fundo dos Direitos do Idoso se destaca neste cenário. Com um montante de cerca de R$ 5 milhões para financiar projetos, o fundo é uma das principais fontes de ações do Departamento de Política para a Pessoa Idosa, da Secretaria de Estado da Justiça, Família e Trabalho. O recurso é composto majoritariamente por doações deduzidas do Imposto de Renda de pessoas físicas e jurídicas.

O objetivo é ampliar o apoio de empresas a este mecanismo e também ao Fundo da Infância e Adolescência, explica o secretário da pasta, Ney Leprevost. “Estamos apresentando os fundos às empresas paranaenses e incentivando a doação, pois essas são políticas públicas prioritárias no atual governo”, diz.

Atualmente, o fundo financia 20 projetos voltados à pessoa idosa e 369 instituições de longa permanência. Também fortalece entidades e serviços sociais dos municípios, além de apoiar ações vinculadas à divulgação do Estatuto do Idoso, produção de cartilhas e documentos.

O asilo São Vicente de Paulo, em Curitiba, é uma das instituições que recebe aporte financeiro do fundo. Segundo a supervisora de projetos da entidade, Daiana Sprada, o local tem cadastrado projetos para receber deduções do imposto de renda.

“Entre projetos cadastrados, temos um que todo fim de ano recebe um incentivo fiscal a partir de deduções de imposto de renda de pessoas jurídicas e físicas e nos ajudam a manter os trabalhos”, conta. O espaço tem capacidade para o atendimento de 150 idosas. Daiana cita, ainda, que está pronto um centro de convivência no bairro Santa Felicidade, com a proposta de atender a comunidade da região. A manutenção do local também será feita com recursos do Fundo Estadual do Idoso.

POPULAÇÃO

O Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes) projeta que o Paraná terá perto de 1,8 milhão de pessoas com 60 anos ou mais em 2020. O apoio a políticas públicas municipais é essencial para o atendimento dessa população.

Atualmente, 206 municípios recebem aporte financeiro do fundo. Os recursos variam de R$ 50 mil a R$ 140 mil para ações em assistência social e reformas em instituições de longa permanência. Outros nove municípios aguardam regularizações documentais para receberem esses benefícios eventuais.

VIVER MAIS PARANÁ

Outra política do Estado é na área de moradias. O programa Viver Mais Paraná, da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), vai implantar condomínios para idosos em todos os municípios paranaenses com mais de 30 mil habitantes. Ele já começou a ser executado em Foz do Iguaçu, na região Oeste, e em Jaguariaíva, no Norte do Paraná. Até o final do ano devem estar contratadas 540 unidades habitacionais em todo o Estado. As unidades habitacionais serão construídas em formato de condomínios horizontais e compostas por um dormitório, sala, banheiro, cozinha, e varanda.

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