Cenário Econômico Brasileiro
No Brasil, os indicadores de atividade e mercado de trabalho surpreenderam positivamente no início de 2024. Os setores mais cíclicos da economia ganharam tração nos últimos meses, com destaque para as receitas nos segmentos de serviços, as vendas no comércio varejista e o volume produzido na indústria de transformação. Segundo dados dessazonalizados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), houve geração líquida de 375 mil vagas com carteira assinada no 1º bimestre de 2024, contra 245 mil no 1º bimestre de 2023.
Contudo, a elevada incerteza sobre o ritmo de crescimento ao longo do ano e a preocupação com a inflação de serviços são desafios que o Banco Central (BC) enfrenta. A taxa de desemprego oscila nos patamares mais baixos desde o começo de 2015, refletindo o aumento da população ocupada, mas os salários reais estão mostrando sinais de moderação nos primeiros meses de 2024. Projetamos a taxa de desemprego a 7,8% no final de 2024, e crescimento anual ao redor de 2,5% para o rendimento médio real do trabalho.
Contas Públicas: Desafios e Projeções
As contas públicas continuam sob pressão, com déficits recordes e incertezas em relação às metas fiscais. O déficit primário de fevereiro de 2024 foi de R$ 58,4 bilhões, o pior da série histórica para o mês, em grande parte devido à antecipação do pagamento de precatórios. Estimamos agora um déficit de R$ 79,1 bilhões (0,7% do PIB) para 2024. Até maio, o governo deve encaminhar ao Congresso o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025, no qual fixará a meta de resultado primário do próximo exercício. Anteriormente, o governo havia indicado superávit de 0,5% do PIB para 2025, mas os desafios para a obtenção desse resultado são significativos.
Setor Externo: Desafios e Tendências
A taxa de câmbio continua pressionada, com uma depreciação adicional nas últimas semanas. A balança comercial apresentou sinais de acomodação em março, após desempenho acima das expectativas no 1º bimestre. O déficit em transações correntes de 2024 deve ficar próximo ao registrado em 2023, enquanto projetamos que o Investimento Direto no País (IDP) totalizará US$ 70,0 bilhões em 2024.
Inflação: Tendências e Projeções
A inflação de bens industrializados e alimentos deve permanecer baixa, mas a inflação de serviços segue incômoda. Projetamos uma inflação ao consumidor de 3,5% para 2024 e 4,0% para 2025. A pressão inflacionária persiste, especialmente nos preços de serviços, e as expectativas de inflação resistentes tornam desafiador o cumprimento da meta no horizonte relevante para a política monetária.
Política Monetária: Desafios e Perspectivas
O Banco Central (BC) enfrenta o desafio de equilibrar a necessidade de estimular o crescimento econômico com a preocupação com a inflação. A inflação ainda está acima da meta, e o cenário global incerto reforça o risco de alta para a projeção de taxa Selic. Mantemos nossa previsão de uma taxa Selic terminal de 9,00%, com três cortes de 0,25 p.p. no segundo semestre deste ano, mas o risco é para cima, especialmente se as previsões de inflação para 2025 começarem a subir.
Panorama Econômico Global
O Federal Reserve (Fed) está preparando o terreno para um possível corte de juros em meio a uma conjuntura de forte crescimento da atividade econômica e baixo desemprego, mas com inflação ainda acima da meta. As projeções econômicas dos membros do comitê indicam essa tendência, com destaque para o crescimento da atividade e baixa taxa de desemprego. Entretanto, o presidente do Fed, Jerome Powell, adotou um tom mais cauteloso em sua última coletiva de imprensa, destacando os avanços na contenção da inflação e indicando a possibilidade de redução dos juros em breve.
De acordo com as projeções, o Fed está sinalizando a possibilidade de um primeiro corte de juros no meio do ano, seguido por um ciclo de afrouxamento moderado. Ainda assim, há preocupações com a persistência da inflação, especialmente nos preços de serviços, e a política fiscal expansionista, que pode limitar o espaço para a flexibilização monetária. A previsão é de um primeiro corte de juros em julho, seguido de ajustes sequenciais de 0,25 p.p. por reunião ao longo do segundo semestre.
Enquanto isso, o Banco Central Europeu (BCE) também está se preparando para cortes de juros, com sinais de desaceleração econômica e inflação persistentemente acima da meta. O BCE deve iniciar o ciclo de cortes a partir de junho, buscando estimular a atividade econômica apesar de a inflação não estar cedendo. A previsão é de cortes sequenciais de 0,25 p.p. até o final de 2024.
FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/economia/brasil-macro-mensal-volatilidade-externa-e-pressoes-locais-desafiam-o-copom/
Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
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