Projeto do IDR-Paraná regulariza mercado de hortifrutis e aumenta a renda de produtores da região de União da Vitória

261 views
9 mins leitura

Em 2016 o Instituto Emater, hoje IDR-Paraná, deu início a um projeto para incentivar a olericultura na região de União da Vitória. Os extensionistas constataram que faltava conhecimento sobre a produção de hortifrugranjeiros na região. Produtores não conheciam os compradores, tampouco o comércio local sabia o que era produzido na região. Com a mobilização de diversos segmentos e instituições, os profissionais do IDR-Paraná conseguiram estruturar a cadeia de hortifrutis e hoje comemoram alguns resultados. Os produtores passaram a ter clientes durante todo o ano. Cresceu o uso de tecnologia nas lavouras, bem como a produção de alimentos agroecológicos e orgânicos. A renda para os produtores, em alguns casos, aumentou em dez vezes. Ainda este ano o projeto vai ganhar um centro virtual de comercialização para agilizar as vendas.

José Eustáquio Pereira, lembra que o maior problema era mesmo a falta de conhecimento sobre a produção de hortifrutis da região. Ele disse que os técnicos levantaram informações de dez municípios do Território do Iguaçu. A partir daí, e com o envolvimento de 78 diferentes instituições, o IDR-Paraná começou a colocar em prática o Projeto HF (Hortifruti). “Nós sabíamos que existia a vontade dos consumidores adquirirem produtos da região, que os produtores precisavam de um mercado mais estável e que os compradores queriam produtos de qualidade”, observou.

O desafio não era pequeno e exigiu a união de secretarias municipais de agricultura, associações comerciais, instituições de ensino superior, secretarias estaduais de Agricultura e de Educação, Adapar, prefeituras, Embrapa e até o apoio da Epagri, órgão de extensão rural de Santa Catarina. O projeto HF parte do princípio de que todos os segmentos do setor deveriam receber alguma assistência. “Criamos um plano para o setor produtivo com a assistência técnica e até a construção de uma agroindústria em Cruz Machado. Fizemos um plano de marketing para informar os diversos segmentos sobre esta produção”, conta Pereira. Ele acrescentou que foi criado até um programa de desconto no IPTU para o comerciante que adquirisse produtos da região e que comprovasse a compra com a nota do produtor.

Marca e qualidade

Os técnicos do IDR-Paraná fizeram a capacitação de produtores para melhorar a qualidade dos hortifrutis. Atualmente 62 agricultores participam do projeto e outros 112 estão cadastrado e devem participar das ações da Extensão Rural. Na outra ponta, no comércio, o Projeto HF reúne 59 empresas comprometidas em vender e divulgar a marca HF que identifica a produção de agricultores ligados ao projeto.

Para o produtor, a mudança mais clara foi verificada na sua remuneração. Até antes do projeto muitos agricultores dependiam do mercado institucional – venda para a merenda escolar- sujeito a sazonalidade em virtude das férias das escolas. Atualmente eles têm mercado doze meses por ano.  “A renda média, per capita, passou de R$ 400 para R$ 4.500 mensais. Tem gente que ganha bem mais que isso. Os mercados também aumentaram em 400% as vendas dos produtos com a marca HF. Isso se refletiu na propriedade com a melhoria das moradias dos produtores e mais investimento nas áreas cultivadas”, informou o extensionista.

Além disso, é notória a modernização das práticas agrícolas nas propriedades. Pereira informou que muitos produtores estão implantando sistemas de hidroponia. Há também os agricultores convencionais que estão sendo orientados pela Adapar para fazer o controle do uso de agrotóxicos, produzindo hortaliças mais saudáveis. Outros 25 agricultores já têm a certificação para a produção orgânica, enquanto um grupo está em fase de conversão. Ainda estão sendo feitos investimentos em sistemas de irrigação e estufas.

Negociações equilibradas

Uma das iniciativas do projeto foi promover rodadas de negociação entre produtores e compradores. Sob a orientação dos extensionistas, as conversas sempre buscaram o equilíbrio entre as partes. Para tanto, os preços da Ceasa foram usados como ponto de partida para as negociações. Isso deu segurança para os agricultores e compradores. Atualmente, as famílias do projeto entregam, aproximadamente, 500 quilos de hortifrutis por semana para o mercado local. Somente a Cooperativa Agroecológica Vale do Iguaçu entrega cinco toneladas de produtos para os mercados da região, a cada semana. No total, entre mercado institucional e privado, a Cooperativa movimenta R$1,5 milhão por ano, dinheiro que fica na região. Na opinião de Pereira, o Projeto HF mudou a mentalidade do produtor e dos comerciantes. “Antes o produtor só vendia para os mercados locais quando o preço estava muito bom. Agora ele estabeleceu uma relação de confiança com os compradores e tem o compromisso de manter o abastecimento. Queremos que o produtor influencie o mercado, oferecendo produto de qualidade”, observou.

O aparecimento da pandemia do novo coronavirus não chegou a prejudicar os produtores até o momento. “As entregas não sofreram muito impacto já que as vendas para lanchonetes e restaurantes aumentaram. Tudo está sendo feito conforme os protocolos de segurança sanitária”, ressaltou Pereira. Ele lembra também que o projeto já caminha com as próprias pernas, sem muita intervenção do IDR-Paraná.  A próxima etapa é lançar o site para ecommerce. Para isso, produtores e extensionistas firmaram uma parceria com o Instituto Federal do Paraná (IFPR)-Campus de União da Vitória que deve apresentar, em breve, a plataforma para a venda virtual de hortifrutis. “Também estamos fortalecendo a organização dos agricultores para que a comercialização seja feita em grupo”, informou o extensionista.

Pereira acredita que o Programa HF deve receber mais produtores futuramente. Segundo ele, os agricultores que lidam com fumo estão pensando em mudar de atividade e a olericultura parece ser uma boa opção. “A indústria fumageira está diminuindo a demanda e hoje conseguimos provar que as hortaliças são muito mais vantajosas para o produtor. Um pé de alface rende 14 vezes mais que um pé de fumo”, informou o extensionista. A Cresol (Cooperativa de Crédito Rural com Interação Solidária) está apostando no Projeto HF e já contratou um agrônomo para dar assistência técnica a um grupo de produtores de União da Vitória. É mais um parceiro que se junta a esse trabalho que está rendendo frutos em toda a região do Vale do Iguaçu.

Deixe um comentário

Your email address will not be published.

Publicação anterior

União em Transformação: iniciado a pavimentação da rua Eurico Cleto da Silva

Próxima publicação

Acidente de trânsito