Panorama de Mercado

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No Brasil

Medidas para compensação da desoneração da folha podem não ser suficientes

No Brasil, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, devolveu a Medida Provisória 1227, que visava limitar o uso de créditos de PIS/Cofins, devido à pressão dos setores afetados. A medida seria utilizada para compensar a desoneração da folha de 17 setores e dos municípios. Em entrevista, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que o governo não possui um “plano B” para essa compensação. Segundo o jornal “Estado de São Paulo”, o Senado está discutindo alternativas, como a atualização de bens de pessoas físicas e jurídicas no Imposto de Renda, a repatriação de recursos no exterior com regularização dos valores e pagamento de imposto no Brasil, e o uso de recursos esquecidos em contas judiciais de pessoas que ganharam ações na Justiça e não sacaram os valores nem manifestaram interesse em reavê-los. Avaliamos que essas medidas seriam insuficientes para compensar a renúncia de receita da desoneração da folha.

O Congresso e o governo devem continuar a discutir possíveis alternativas. Caso não seja possível fazer a compensação, a desoneração da folha poderá, em tese, ser derrubada, mas consideramos esse cenário improvável.

Ainda no campo fiscal, foi noticiado que o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, levará ao Presidente Lula propostas para desindexar os gastos do Orçamento, devido à alta do dólar e à percepção de risco sobre a situação fiscal no país. As propostas devem incluir a fixação de um teto de 2,5% acima da inflação para despesas vinculadas ao salário-mínimo, benefícios previdenciários e pisos da Saúde e Educação. As despesas obrigatórias vêm mostrando crescimento acima da inflação neste ano e ameaçam a manutenção do arcabouço fiscal. Não houve, contudo, sinal efetivo de que propostas serão enviadas em breve ao Congresso.

Dólar sobe e atinge patamar de R$/US$ 5,40 nesta semana

Esta semana foi marcada por uma forte depreciação do Real, que chegou ao patamar de R$/US$ 5,40. Esse movimento pode ser explicado, em grande parte, por ruídos políticos e incertezas fiscais domésticas. Houve uma desvalorização de 0,5% frente ao dólar nesta semana, comparada a um enfraquecimento de apenas 0,1% das outras moedas emergentes (segundo o índice MSCI).

Apesar dos riscos, continuamos a projetar a taxa de câmbio a R$/US$ 5,00 no final de 2024 e R$/US$ 5,15 no final de 2025, devido aos efeitos da ampliação do diferencial de juros e fundamentos que indicam que, nos patamares atuais, o Real está desvalorizado.

Tragédia do Rio Grande do Sul reflete nos preços de alimentos do IPCA

A inflação medida pelo IPCA, nosso principal indicador de preços ao consumidor, registrou alta de 0,46% m/m em maio de 2024. O resultado mensal levou o índice para 3,93% no acumulado em doze meses, reacelerando após alguns meses em baixa. O resultado de maio superou as expectativas da maioria dos analistas, impulsionado principalmente por categorias de preços mais voláteis, como passagens aéreas e energia elétrica. O impacto da tragédia recente no Rio Grande do Sul contribuiu para a alta nos preços de alimentos in natura.

Além disso, após alguns meses de alívio nos preços de serviços, os dados de maio reacenderam a preocupação com a inflação do setor, que continua sendo um dos principais obstáculos para a convergência da inflação à meta.

Acreditamos que o IPCA deve terminar este ano em 3,7%, acima da meta do Banco Central de 3,0%. Para 2025, projetamos que a inflação encerrará o ano em 4,0%.

Vendas no varejo e produção no setor de serviços indicam que atividade segue robusta

No Brasil, a receita real do setor de serviços aumentou 0,5% em abril em relação a março. Mais uma vez, a composição do crescimento trouxe sinais mistos, com três dos cinco principais segmentos avançando no período. Projetamos que o índice geral do setor de serviços crescerá 2,7% em 2024, próximo ao ganho de 2,4% registrado em 2023. Com relação às vendas no varejo, o resultado ficou abaixo das expectativas de mercado, mas não altera nossa visão otimista para o consumo pessoal no curto prazo.

O consumo de bens permanece em trajetória favorável, apesar da expectativa de desaceleração gradual após resultados fortes no 1º trimestre do ano. As condições do mercado de trabalho continuam a melhorar – a criação de empregos e os salários reais vêm crescendo acima das expectativas – e as transferências fiscais seguem elevadas. A renda real disponível às famílias subirá cerca de 5% este ano, de acordo com nossos cálculos.

Cenário Internacional

Fed mantém os juros americanos em 5,25% – 5,50%

O banco central dos EUA (Fed) manteve sua taxa básica de juros no intervalo de 5,25%-5,50%, mesmo nível desde julho de 2023. Em suas projeções, os diretores do Fed esperam apenas um corte de juros em 2024, ao invés dos três cortes projetados anteriormente, uma sinalização dura para o mercado. Na mesma linha, os comentários do presidente Jerome Powell, embora tenham reconhecido a queda da inflação, destacaram o aumento dos preços das importações e o crescimento insustentável dos salários.

Nos EUA, os dados de inflação da semana vieram abaixo do esperado e animaram os mercados. A inflação ao consumidor nos Estados Unidos (CPI, em inglês) avançou 0,01% em maio ante abril, abaixo do consenso de 0,12%. Já o índice de preços ao produtor (PPI, em inglês) caiu -0,2%, o que significa menor pressão de custos às empresas. Com os resultados, as taxas de juros dos títulos públicos recuaram e as bolsas voltaram a subir no país.

Esperamos que o Fed comece a cortar juros apenas em dezembro, mas a inflação benigna pode convencê-lo a começar antes, possivelmente em setembro.

Euro se desvaloriza com incertezas políticas e fiscais na Europa

 

O euro atingiu o valor mais baixo desde o início de maio (EUR/US$ 1,07), ainda reflexo de incertezas políticas, especialmente na França. De acordo com a projeção mais recente da União Europeia, os grupos de extrema-direita conquistarão 10 assentos a mais no Parlamento Europeu do que na eleição de 2019. Destaque na França onde, após ver ascensão da extrema-direita, o presidente Emanuel Macron dissolveu o parlamento francês e convocou novas eleições. O país tem um déficit fiscal preocupante e vem tentando reorganizar sua dívida. A maior participação de partidos extremistas no controle político do país levantou preocupações em relação à sua estabilidade fiscal.

Na China, inflação ao consumidor mostra recuperação lenta da demanda doméstica

A inflação ao consumidor (CPI, em inglês) aumentou 0,3% em maio na métrica acumulada em 12 meses, abaixo da expectativa de mercado de 0,4%. Enquanto isso, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) registrou deflação interanual de 1,4% em maio, após ter recuado 2,5% em abril.

Os preços ao consumidor na China sugerem que a demanda doméstica está se recuperando gradualmente, mas a persistência de níveis ainda baixos de inflação reflete uma demanda insuficiente para atingir a meta de crescimento de 5,0% estabelecida pelo governo. Com relação à inflação ao produtor, a queda dos custos para os fabricantes chineses contribui para contenção de pressões inflacionárias em outros países, como por exemplo o Brasil, um grande parceiro comercial da China.

Em suma, o consumo permanece fraco na China, a despeito das medidas governamentais de estímulo adotadas recentemente.

BOLSAS

– O Ibovespa fechou a semana em uma nova mínima, caindo 0,9% em reais e 2,6% em dólares, fechando aos 119.662 pontos.

– Globalmente, o destaque desta semana foram os dados do CPI abaixo do consenso, renovando as expectativas de cortes nas taxas de juros nos EUA, levando o S&P500 e o Nasdaq a novas máximas. Além disso, o Nasdaq fechou uma máxima pelo quinto fechamento consecutivo.

– No Brasil, o foco continua nas declarações do governo sobre a política fiscal. Os juros futuros e o dólar subiram fortemente até o meio da semana, antes de se acomodarem na sexta-feira após sinais mais positivos sobre os esforços para alcançar o equilíbrio fiscal.

– O principal destaque positivo desta semana foi São Martinho (SMTO3, +8,8%), devido a um movimento técnico. A empresa divulga resultados no dia 17 de junho.

– Os principais destaques negativos da semana foram as ações cíclicas, como Cogna (COGN3, -7,2%), pressionadas pela inclinação da curva de juros.

FONTE:  https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-ativos-domesticos-pressionados-apesar-de-alivio-global/ https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-cai-09-na-semana-fechando-abaixo-dos-120-mil-pontos-pressionado-por-incerteza-fiscal/

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
4traderinvest.com.br
41 9 9890 9119

 

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