Panorama de Mercado

1214 views
10 mins leitura

No Brasil

Expectativas de Inflação para 2025 Crescem e Desafiam o CopM

Nesta semana, a expectativa para o IPCA de 2024 subiu de 3,76% para 3,80%. Mais importante para a política monetária, a projeção para 2025 aumentou de 3,66% para 3,74%, quase 0,1 ponto percentual em apenas uma semana. Não esperamos que as expectativas a curto prazo se alinhem com nossa projeção de 4,0% para o próximo ano, mas o aumento recente destaca um cenário desafiador para o Banco Central continuar reduzindo os juros. Atualmente, o mercado projeta que a taxa Selic será reduzida para 10,0% este ano, em comparação com 9,75% na semana passada, alinhando-se com nossa previsão.

Arrecadação Federal de Abril Registra Melhor Desempenho para o Mês, mas  Abaixo da Meta Fiscal

Em abril, a arrecadação federal alcançou R$ 228,9 bilhões, o melhor desempenho para o mês na série histórica. O crescimento interanual foi de 8,3% em termos reais. Embora significativo, esse aumento está abaixo do necessário para que o governo atinja a meta de resultado primário, que requer um crescimento de aproximadamente 13,5% em termos reais, segundo nossas estimativas.

A análise detalhada da arrecadação foi positiva, mostrando um crescimento distribuído entre diferentes categorias, refletindo o impacto de medidas como a limitação das compensações tributárias.

Projetamos um crescimento real das receitas de 9,3% este ano, atingindo R$ 2.627,3 bilhões, insuficiente para alcançar a meta de resultado primário.

Relatório Bimestral Mantém Meta de Déficit Zero

O Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias (RARDP) bimestral – que monitora o orçamento do Governo Central para garantir o cumprimento da meta fiscal – revisou a projeção de déficit de R$ 9,3 bilhões para R$ 14,5 bilhões (0,1% do PIB), ainda dentro do limite inferior da meta de resultado primário (R$ 28,8 bilhões, ou 0,25% do PIB), sem necessidade de contingenciamento de gastos.

No entanto, acreditamos que o relatório trouxe premissas otimistas sobre arrecadação e subestimou despesas, especialmente as relacionadas a benefícios previdenciários e assistenciais.

Apesar da projeção relativamente baixa do RARDP, nossa estimativa permanece de um déficit de R$ 67,1 bilhões (0,6% do PIB) para este ano. Consideramos provável uma revisão da meta de resultado primário a partir de julho.

 Déficit em Conta Corrente Aumentado pela Renda Primária

A conta corrente brasileira registrou um déficit maior do que o esperado em abril (efetivo: USD 2,5 bilhões; XP: USD 1,2 bilhões; mercado: USD 1,4 bilhões). A surpresa veio principalmente do maior déficit em Renda Primária, devido às maiores despesas com rendas de investimento direto. A balança comercial continua forte. Na conta financeira, os ingressos líquidos de IDP (Investimento Direto no País) acumulados em 12 meses atingiram USD 67,2 bilhões em abril (3,0% do PIB).

Os ingressos líquidos de IDP mantêm uma trajetória de recuperação, fortalecendo o balanço de pagamentos brasileiro. Nossa projeção para 2024 é de USD 67,0 bilhões, equivalente a 2,9% do PIB. Para a conta corrente, projetamos um déficit de USD 33,5 bilhões, ou 1,5% do PIB.

Cenário Internacional

 Sondagem PMI Mostra Atividade Resiliente nos EUA

Nos Estados Unidos, a sondagem PMI com gerentes de compras do setor industrial subiu para 50,9 pontos em maio. Um nível acima de 50 indica expansão da atividade do setor privado. O PMI de Serviços chegou a 54,8, superando as expectativas do mercado de 51,3. Este é o maior crescimento no setor de serviços privados dos EUA em um ano, mostrando a resiliência da economia do país.

Esse resultado pressionou as taxas de juros e afetou o mercado de ações, reforçando a percepção de que o banco central não se apressará para iniciar um ciclo de afrouxamento monetário.

 … E na Zona do Euro

O PMI industrial da Zona do Euro subiu para 47,4 em maio de 2024, seu nível mais alto em 15 meses, embora ainda abaixo da marca de 50 pontos. O PMI de Serviços permaneceu em 53,3 pontos, o nível mais alto em quase um ano, alinhado com as expectativas do mercado de 53,5. Este foi o quarto mês consecutivo de expansão no setor de serviços, indicando um certo ímpeto apesar das preocupações contínuas com o crescimento devido ao prolongado período de política restritiva do BCE.

Banco Popular da China Continua a Estimular a Economia Doméstica

O Banco Popular da China (PBoC) manteve inalteradas as taxas de juros de referência, em linha com as expectativas do mercado. A taxa básica de juros (LPR) de 1 ano, referência para a maioria dos empréstimos a empresas e famílias, foi mantida em 3,45%, enquanto a taxa de 5 anos, referência para hipotecas imobiliárias, permaneceu em 3,95%. Ambas as taxas estão em mínimos históricos. Além das taxas de juros, o governo ofereceu novos estímulos ao setor imobiliário.

A crise no setor imobiliário chinês ameaça a meta de crescimento de 5% do país. Outras medidas poderão ser implementadas para continuar estimulando a atividade econômica.

Presidente do Irã Morre em Acidente

O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, faleceu em um acidente de helicóptero no noroeste do país no último final de semana. O país é geopolíticamente relevante devido à sua posição estratégica no Golfo Pérsico, responsável por 25% da produção mundial de petróleo. Recentemente, o ataque do Irã a Israel chamou a atenção do mercado, que teme possíveis aumentos nos preços do petróleo com os conflitos.

 

A morte do presidente iraniano, contudo, teve impactos limitados nos mercados. O preço do barril de petróleo apresentou até uma leve queda ao longo da semana.

 Bolsas

O Ibovespa teve sua pior semana desde março de 2023, caindo 3,0% em reais e 3,8% em dólares, fechando aos 124.306 pontos. Globalmente, os destaques da semana foram a ata da reunião do Federal Reserve de 1º de maio, divulgada na quarta-feira, interpretada como mais dura, e o PMI composto dos EUA, divulgado na quinta-feira, que atingiu seu maior nível dos últimos 25 meses, enquanto as expectativas eram de um leve recuo. Esses dados pressionaram os mercados globais, apesar de um balanço positivo do 1T24 pela Nvidia, divulgado na quarta-feira, que impulsionou o índice Nasdaq a mais um recorde histórico.

No Brasil, o foco foi a projeção da taxa Selic e dados de inflação maiores que o esperado no Boletim Focus, divulgado na segunda-feira, indicando uma deterioração do cenário macroeconômico doméstico e reforçando o tom mais rigoroso da ata da última reunião do Copom, divulgada no dia 14.

A maior alta da semana foi da Yduqs (YDUQ3, +5,7%), após a empresa apresentar projeções de longo prazo positivas para os principais itens do balanço em seu Investor Day.

Em contrapartida, a maior queda da semana foi da Magazine Luiza (MGLU3, -17,0%), após o governo federal afirmar que vetará a taxação de compras internacionais de até 50 dólares, mas está aberto a discussões.

FONTE: https://conteudos.xpi.com.br/economia/economia-em-destaque-expectativas-de-inflacao-preocupam-o-banco-central/ https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resumo-semanal-da-bolsa-ibovespa-cai-30-na-semana-pressionado-por-macro-global-e-domestico/

 

Mateus H. Passero
Assessor de investimentos
4traderinvest.com.br
41 9 9890 9119

 

Deixe um comentário

Your email address will not be published.

Publicação anterior

Panorama de Mercado

Próxima publicação

Panorama de Mercado